A FORÇA DO BAIXADÊS II (… urupema, balaio, carrapeta, coxo …)

Por Zé Carlos Gonçalves

Após procurar “pano pra manga”, em A FORÇA DO BAIXADÊS I, fiquei “doidinho di vontade” de me encontrar entre os meus. E, “cumo isso tá muito difíci, fiz uma viági nu nosso linguajá”. Pelo menos, em pensamento, “vô matano um pôco a vontade lôca di ouvi, mi ouvino”.

E, de verdade, me peguei sorrindo das primeiras palavras, que “me lavaram a alma”. E não se tratam de palavrões. Mentalmente, comecei a balbuciar “urupema”. E, veio a imagem da peneira quadrada, a me espiar dali do gancho, a descansar no velho caibro, do centro da cozinha. E, a acompanhar e bem ilustrar o flashback, veio a figura da vovó Dedé, a preparar o “alguidar” de juçara, que ia se transformando no jantar, rico e delicioso, “bem acompanhado” da farinha e “da jabiraca”, que chiava, sendo “sabrecada”, na brasa, que estava, também, faminta de nossa iguaria.

O certo é que as palavras continuaram a jorrar, num turbilhão de emoções. Palavras fortes e tão familiares. E, por incrível que pareça, mesmo que não pareçam, são nossas. “Ananás, tipiti, peneira, urinó, mençaba, mucajuba, filhós …”
E, para se tornar mais fantástico ainda, “entrou em campo” a riqueza semântica, que permeia o BAIXADÊS e nos sustenta em nossas lembranças. E, veio “balaio”, a nos remeter à peneira, ou ao cesto, ou à “merenda”, ou “à expressão porreta”, “balaio de gatos”. E “capanga”, uma pequena bolsa, repleta de “soluções”; ou um reles guarda costas, “um puxa saco”, a não viver a própria vida.

E, para não supervalorizar “balaio e capanga”, vou puxar “carrapeta”. Um utensílio tão comum no universo das costureiras. Também, um brinquedo, subtraído de entre “os riris”, os botões, as linhas, as agulhas e os dedais, a criar confusão e alguns “cascudos”, que não eram peixes. Ou, ainda, a criança “traquina”, que passa a ser sinonimizada como “capeta, endemoniada, elétrica, faísca …” Barbaridade!

E, para fechar, “qui tal” fazer referência a “cocho”, a gerar “confusão” com sua homônima. Aquela, usada para a retenção de água ou comida, para animais; esta, “coxo”, vai se desdobrando em “cachibento, coxolé, capenga, manquitola, manco …” Eita, Santo Inácio de Loiola!
E, assim, “um tiquinho qui seja”, matei a vontade do meu BAIXADÊS! “Arre égua!”

A ACADEMIA PERIMIRIENSE É HOMENAGEADA POR ESCOLA MUNICIPAL EM DESFILE CÍVICO

A Escola Municipal Cecília Botão homenageou a Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) durante o Desfile Cívico promovido pela Escola no último dia 07 de setembro de 2024.

Foi formado um Pelotão de Desfile, composto por alunos da escola que exibiam o brasão da Academia, banner com foto de todos os acadêmicos e vestes nas cores da agremiação. A baliza do pelotão, Elisa Fernanda, do 6º ano B, portava o escudo da ALCAP, um dos símbolo da instituição representada. O desfile foi narrado pela professora Mara Edith Costa Costa, professora inclusiva.

O banner com as fotos dos acadêmicos foi conduzido pelos alunos Ana Sophia e Rhuann Vitor, ambos alunos do 6º ano B da Escola Cecília Botão.

O brasão da Academia portado pela baliza do pelotão, Elisa Fernanda, foi confeccionado por Fernanda Amorim. Segundo Fernanda, para confecção do brasão foram utilizados os seguintes materiais: isopor, EVA, as letras que compõem o nome da Academia, bem como o lema da Academia: “Vanguarda do Conhecimento” foram cotadas com tesourinha de unha. Uma verdadeira obra de arte que encanta todos que veem.

A homenagem à ALCAP se deu pela iniciativa inovadora em direção ao resgate, valorização e desenvolvimento da educação e cultura perimiriense, que se destaca na vanguarda, resgate das memórias perimirienses incentivando a nova geração.

Durante o desfile, com a narração perfeita e emocionante, foi registrado que a ALCAP é fruto de um sonho antigo de alguns conterrâneos notáveis e do professor (in memoriam) “João Garcia Furtado”, e sob a inquietação de criar e organizar uma instituição voltada para a valorização da cultura local, perimirienses reuniram-se para discutir a forma que poderiam contribuir para o resgate e a revitalização da história do município de Peri-Mirim.

A narrativa emocionante durante o desfile, em resumo, foi a seguinte:

Os fundadores da Academia abraçaram a ideia e aderiram ao projeto, surgindo assim a ALCAP, sob o lema – VANGUARDA DO CONHECIMENTO; esta, sendo uma instituição sem fins lucrativos que tem como objetivo promover a cultura por meio de suas diversas atividades.

Reforçando seu compromisso com a difusão do conhecimento e da produção artística, por meio de iniciativas como palestras, exposições e eventos culturais, fomentando o desenvolvimento cultural e intelectual da comunidade local promovendo o resgate e a valorização da literatura, das ciências e das artes.

A fundação da ALCAP ocorreu em 20 de maio de 2018 e a solenidade de posse foi realizada em 15 de dezembro do mesmo ano, composta por 28 membros, entre confrades e confreiras ocupando a cadeira de imortais ilustres.

E ainda, preocupando-se com os jovens na busca por transformar uma geração leitora, elabora projetos preparando os jovens para o futuro, inserindo-os no mundo da literatura. Dentre eles, o clube da leitura, concursos de poesias, crônicas, e desenho, contemplando toda faixa etária, sarau cultural.

Contribuindo, dessa forma, para o fortalecimento da ideia, a ALCAP planeja e executa várias ações, como o Plantio Solidário, e ainda, celebrou a inauguração da aquisição de uma biblioteca que recebe o nome em homenagem ao professor RAIMUNDO JOÃO SANTOS (in memoriam) vulgo, professor “Taninho”, esta, localizada no prédio do SINDPROESPEM (Sindicato dos profissionais da Educação e Servidores Municipais de Peri-Mirim).

Os nossos alunos apresentaram-se neste momento, vestidos com trajes semelhantes em homenagem à instituição referida e trazem nas mãos, palavras em que incentivam a busca pelo conhecimento e a relevância que tem na sociedade, visto que são norteadoras do desenvolvimento, possibilitando novas oportunidades, entre elas podemos citar:

Letras, Literatura, Artes, Ciências, Pesquisa, Preservação, Resgate, Memórias, Música, Obras literárias, Cultura, Criticidade, Vanguarda, Valores, Pertencimento, Educação, Ressignificar e Valorização.

Estreitando os laços, como forte tentativa de elevar a nossa história nas mais diversas áreas como as Letras, a literatura, o meio ambiente, a música, entre outras manifestações culturais.

E ainda, preocupando-se com os jovens na busca por transformar uma geração leitora, elabora projetos preparando os jovens para o futuro, inserindo-os no mundo da literatura. Dentre eles, Clube da Leitura, concursos de poesias, crônicas, e desenho, contemplando toda faixa etária, sarau cultural.

O presidente da ALCAP, Venceslau Pereira Júnior, em nome de todos os acadêmicos, agradeceu a linda homenagem da Escola Municipal Cecília Botão, afinal, a ALCAP somos todos nós!


Desfile Cívico – Edição 2024

Tema: Homenagem à ALCAP (Academia De Letras, Ciências e Artes Perimiriense).

Secretária Municipal de Educação: Zaine Campos Ferreira

Gestores e organizadores: Profª Juciléa de Jesus Ferreira Cabral, José Júlio Amorim Costa e Ângela Fabrícia Campos Almeida.

Texto em Homenagem à ALCAP: Redação da Professora Aldilene Pereira Azevedo, 40 anos, moradora do povoado Baiano, no quadro efetivo desde 2009, exerce a profissão há mais de 20 anos neste município e Pós-graduada em Docência na Educação Básica.

Frente Parlamentar em Defesa da Baixada amplia discussões sobre construção de Diques com Codevasf, Sema e Fórum da Baixada

A reunião do colegiado foi a continuidade dos diálogos iniciados sobre o empreendimento que está em processo de licenciamento ambiental.

A Frente Parlamentar em Defesa da Baixada Maranhense da Assembleia Legislativa do Maranhão promoveu, nesta quarta-feira (4), reunião com representantes da Superintendência Estadual da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codesvasf) e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) e o Fórum em Defesa da Baixada Maranhense (FDBM).

A reunião, conduzida pelo presidente da frente parlamentar, deputado Jota Pinto (Podemos), teve como objetivo dar continuidade aos diálogos sobre o projeto de construção dos diques da Baixada Maranhense, sendo um desdobramento da visita feita pelos parlamentares à Superintendência da Codevasf, semana passada. Naquela ocasião, foram informados de que o projeto de construção dos diques está na Sema, em processo de análise para licença ambiental.

“O objetivo deste encontro foi reunir a Assembleia Legislativa, Codevasf e a Sema para que possamos discutir o projeto dos diques da Baixada Maranhense que se encontra em análise na Sema e, a partir disso, vermos quais passos podemos avançar, reunindo, posteriormente, o Ministério Público e a bancada de deputados federais”, ponderou Jota Pinto.

A reunião contou ainda com as presenças dos deputados Júlio Mendonça (PCdoB), que é relator do colegiado, Florêncio Neto (PSB) e Mical Damasceno (PSD). O superintendente da Codevasf no Maranhão, Clóvis Luís Paz, e equipe, além do secretário adjunto de Licenciamento da Sema, Arthur Barros Fonseca Ribeiro e o Presidente do Fórum em Defesa da Baixada Maranhense, Expedito Moraes.

Desenvolvimento

Na ocasião, tanto a Codevasf quanto a Sema prestaram esclarecimentos, tiraram dúvidas, explicaram o rito do processo para o licenciamento ambiental, bem como outras ações necessárias para concretizar a obra que foi proposta em 2012 e que é considerada de grande importância para a Baixada Maranhense, com perspectivas de desenvolvimento social, econômico e ambiental para os municípios que integram a região.

Segundo Arthur Ribeiro, atualmente o projeto está na fase de organização das audiências públicas. “O passo atual é a definição dos municípios nos quais serão realizadas as audiências públicas, já que o empreendimento impacta oito municípios. A Sema vê com bons olhos este projeto, é muito importante, vai trazer benefícios nas áreas econômicas e sociais, mas, por outro lado, temos que observar todo o rito legal do processo de licenciamento”, observou o secretário adjunto.

De acordo com Arthur Ribeiro, após a realização das audiências, o próximo passo será a elaboração de parecer técnico sobre os estudos ambientais, ou seja, a conclusão sobre o processo que pode receber parecer favorável ou não.

Durante a reunião, o superintendente da Codevasf, Clóvis Paz, explicou que a atuação do órgão federal foi elaborar o projeto, bem como o estudo de impacto ambiental que foi apresentado à Sema. “Estas etapas são necessárias para a obtenção da licença e para que possamos dar continuidade na parte formal do projeto, até a sua efetiva construção. É um projeto muito representativo, importante para a Baixada, porque, em síntese, vai perenizar toda a água que é hoje captada por águas pluviais”.

Segundo Expedito Moraes, Presidente do Fórum em Defesa da Baixada:

O maior desafio: RECURSOS.
Como já tínhamos informado, a CODEVASF não dispõe de recursos próprios, depende de emendas parlamentares para elaboração e execução de projetos. De acordo com os deputados presentes pretendem uma ampla mobilização entre as bancadas estadual e federal para viabilizar tais recursos.

Disponibilidade hídrica

Os diques da Baixada Maranhense têm como objetivos proteger áreas mais baixas contra a entrada de água salgada pelos igarapés, decorrente das variações da maré, além de armazenar água pluvial nos campos naturais durante a estação chuvosa e, assim, aumentar a disponibilidade hídrica, em boas condições para usos na pesca artesanal, agricultura familiar irrigada, piscicultura e outros, aumentando a oferta de alimentos na região.

De acordo com o projeto, os diques terão uma extensão de 70,45 km e sua construção, estimada em 30 meses a partir do início das obras, está estimada em até R$ 350 milhões. Os recursos, segundo a Codevasf, deverão ser oriundos de emendas parlamentares.

A área beneficiará os municípios de Bacurituba, Cajapió, Matinha, Olinda Nova do Maranhão, São Bento, São João Batista, São Vicente Ferrer e Viana.

Fonte: https://www.al.ma.leg.br/sitealema/.

DIQUES DA BAIXADA: Mais uma Vez a Esperança se Renova

O Fórum em Defesa da Baixada (FDBM), a partir da sua instituição em 2016, vem lutando pela construção dos Diques da Baixada, desde então, acompanha os movimentos para construção da tão sonhada obra! As esperanças se renovaram após a reinstalação da Frente Parlamentar da Baixada Maranhense que está retomando os diálogos sobre esse assunto.

A retomada do diálogo sobre o projeto de construção dos Diques da Baixada foi destacada, durante a sessão plenária desta terça-feira (3/9/2024), pelo deputado Jota Pinto (Podemos), que é presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Baixada Maranhense.

Com o objetivo de retomar o diálogo sobre o projeto de construção dos diques da microrregião da Baixada, a Frente Parlamentar em Defesa da Baixada Maranhense, reuniu-se, em 29/08/2024, com a superintendência estadual da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codesvasf). O encontro ocorreu na sede do órgão federal, no bairro Areinha, em São Luís.

 O deputado ressaltou encontro, ocorrido na última sexta-feira (29), com o superintendente estadual da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codesvasf) no Maranhão, Clóvis Luís Paz. A reunião contou com presença do deputado Júlio Mendonça (PCdoB).

Frente Parlamentar em Defesa da Baixada Maranhense retoma diálogo sobre construção de diques
Deputados Jota Pinto e Júlio Mendonça durante a reunião com o superintendente da Codevasf no Maranhão, Clóvis Luís

Em seu pronunciamento, o deputado Jota Pinto informou que, nesta quarta-feira (4), às 15h, o superintendente Codevasf e o secretário estadual de Meio Ambiente, Pedro Chagas, estarão na Assembleia Legislativa para debater os impactos ambientais do projeto com a Frente Parlamentar.

 O projeto promete transformar a região com benefícios sociais, econômicos e ambientais. A ideia é represar água doce e impedir a invasão de água salgada nos campos, um marco no desenvolvimento sustentável da nossa terra.  Um avanço para garantir um futuro mais promissor e produtivo para todos na Baixada.

O objetivo é fazer uma força-tarefa com os segmentos envolvidos, inclusive a bancada federal, para que este projeto possa sair do papel, finalizou.

 O projeto Diques da Baixada foi proposto em 2012 e consiste em uma obra de engenharia que tem a previsão de alcançar 70,6 km em 11 municípios, permitindo a contenção de água doce nos campos naturais durante a estação chuvosa, retardando o seu escoamento para o mar sem alterar as cotas máximas de inundação.

APRESENTAÇÃO DIQUES DA BAIXADA DO MARANHÃO

#FrenteParlamentar #DiquesDaBaixada #DesenvolvimentoSustentável #BaixadaMaranhense

Fonte: https://www.al.ma.leg.br/

O BAIXADEIRO II

Por Zé Carlos Gonçalves

Cidadão, a desbravar “todos os mundos!”
Viajante, da liberdade plena, a viajar o silêncio das campinas, as veredas dos mistérios e os córregos dos mais nobres sentimentos, sob a sinfonia dos curiós, dos caboclinhos, das patativas e das graúnas.

Avoante, no voo da pipa, a riscar a imaginação em mil e tantas pinceladas, para contentar os olhos ansiosos e o coração acelerado, a explodir em tanta emoção.

Temente caminheiro, da mais demente carreira, a alimentar a curacanga com o profano fogo, devorador do puro coração de quem ama, sem medida, para se sabrecar no dantesco fogaréu da redenção.

Cativo menino, acorrentado à mansa correnteza e ao gritante sussurro do rio, a seguir guiado e abençoado em todas as suas sinas.

Pescador, iscante do voraz anzol, a sustentar os corpos mirrados, enrijecidos da labuta, bruta e implacável, a fim de alimentar a vontade de viver.

Carro de boi, chorante da dor da sequidão e do lamento das trombas d’água, a berrar a insana lida do “cabôco”, a não ter tempo de desanimar nem desistir.

Viandante, seguro em suas verdades, a se deliciar com as belezuras da “mãe Ci”. O LAGO DO FORMOSO, encantando com o encantamento do que não se vê, a florir nas imaginações ricas de tanto imaginar. O RIO MARACU, a vadiar em outras águas, emprenhado-se de mandis, lírio, mandubés e tubis, para despertar a sacra gula dos seus e o amor filial de Nonato Reis e Expedito Moraes. O PORTO DA RAPOSA, exportador de tantos “Manezinhos“, nos barcos infestados de arroz, farinha, milho e babaçu, a desbravar outros e tantos outros portos seguros. O AQUIRI, esplêndido, a se embalar na paz e na calma de César Brito. O RIO TURI, a vadiar, soberano, as fronteiras do além, se penitenciar no Rosário e correr ligeiro a abraçar a longínqua Turiaçu. O RIO PINDARÉ, berrante do berro, cheio de vida, da pororoca, a vagar faminta, da essência da terra e dos medos dos homens. O RIO PERICUMÃ, a se derramar da Lagoa da Traíra e a carregar todos os Zés, em suas dúvidas e fraquezas, para beijar o coração da baía de Cumã e para atestar a força, a hombridade e a fé do B A I X A D E I R O!

O BAIXADEIRO I

Por Zé Carlos Gonçalves

Da terra, a gema mais cara, teimosa e resistente. A mais pura e forte raiz. Liberto das camisas de força e das tantas e tantas algemas. O chorado suor do cavalo, a jorrar na carreira desembestada e na tração do arado; o lamentoso mugir do bezerro, tão saudoso da teta materna; a calejante e gemente enxada, a semear barriga cheia, no lastro do paiol; a mais plena e enfeitiçante lua, a guiar a sina, alegre-triste, de quem morre a cada quarto minguante.

A viva aquarela, pincelada na magia do mais intenso azul e do mais verdejante verde e no fascínio do horizonte infindo, que chama e enfeitiça.

A seiva, a brotar do cheiro da terra, nascido das primeiras e sacras chuvas, refrescantes e renovadoras.
A brisa marítima, trazedora de toda maré enchente, a se banhar nas águas doces do meu sustento.

O bom dia, de todo dia, franco e honesto, “a saudá us cumpádi i ais cumádi, cum us afilhado iscanchado nais cintura, tisga i faminta, mais parideira i dançante, devoradora dais gengiva dais tigela di café, a abençoá u mar di piquenos, ispalhados nus terreiro, qui queimaum eim tanta inergia”.

O eito voraz e implacável, a carcomer a alma, desprovida de todas as maldades do mundo.
A tapera resistente, pedinte de socorro, a fim de escapar da solidão e da fome do tempo, que casmurro lhe devora.
“Ais novena, ais incelência, ais desobriga, us culto, a roda do tambô di criôla, u cordão di São Gonçalo, a zabumba, a ciranda, u merengue, u reggae, u samba di roda, us fuzileiro du samba, a quadrilha, a bôca di forno, ais dificulidade, ais precisão, a quebra du côco babaçu, a meia quarta de açúcar, a tarrafa, u socó, u corral di peixe, u chibé, a jabiraca, u vinha d’alho, u buriti, a juçara, a bacaba, u murici, u mé di tiúba, i leithe di Janaúba, u azeite di carrapato” … a fé sem medida!

A poeira do caminho, a vestir com a teimosia a quem quer sobreviver, untado com o barro soprado pela graça divina.

A água salobra, a adoçar a terrível sede, que queima e solapa a velha carcaça, a sorrir da sorte, que não alivia nem brinca em serviço.

O torrão incremente, a povoar as enseadas e os baixios, esturricados e castigadores dos pés rachados, pelo calor perverso, que consome a força bruta, a berrar capoeira a dentro, na tentativa vã de domar rebeldes coivaras.

O grito da guariba, a reclamar a hora sagrada e a avivar a certeza de que é certeza a presença do pai eterno!
O joelho fincado no imaculado chão, à sagrada hora, “rezano i agradeceno, améim”, por ter nascido

B A I X A D E I R O!

Flávio Braga prepara-se para lançar livro sobre vultos ilustres da Baixada Maranhense

Flávio Braga  é autor do Dicionário do Baixadês, que é um best seller da Baixada, agora repara-se para lançar mais um livro sobre vultos ilustres da Baixada Maranhense.

O escritor Flávio Braga está às voltas com a revisão dos originais de sua mais recente obra, intitulada “Vultos Ilustres da Baixada Maranhense: Histórias e Legados de Grandes Personalidades”. Segundo ele, este livro é uma homenagem às contribuições de figuras proeminentes da Baixada Maranhense, apresentando o registro literário das trajetórias de personagens que marcaram a história da região, destacando seus feitos, lutas e o impacto duradouro de seus legados.

Por meio de uma pesquisa cuidadosa e relatos envolventes, a obra convida o leitor a explorar as raízes culturais, políticas e sociais da Baixada, oferecendo uma rica narrativa que preserva a memória e inspira futuras gerações.

O livro revela que a Baixada Maranhense já foi berço de sete governadores, dois interventores federais e dois presidentes da República, destacando a importância histórica e política da região no cenário estadual e nacional.

O próprio Flávio Braga, que participa de academias literárias, como a de São João Batista e de Peri-Mirim, também é vulto ilustre a serviço da Baixada Maranhense. Ele foi responsável pela instituição e foi o 1º presidente do Fórum em Defesa da Baixada. Foi idealizador do livro Ecos da Baixada (edição esgotada) que reuniu crônicas de baixadeiros. A referida publicação congregou uma plêiade de escritores baixadeiros, amantes da sua região de origem. A nova obra do imortal Flávio Braga, com certeza, repetirá o mesmo sucesso! Aguardemos!!!!

 

 

 

 

Fonte: Atos, Fatos & Baratos

DIRETORIA INTEGRADA DE BIBLIOTECAS DA UFMA DISCUTE COM O FÓRUM DA BAIXADA AÇÕES PARA PRESERVAR OBRAS LITERÁRIAS

Por Ana Creusa

Ontem tivemos a grata oportunidade de participar de uma reunião com a equipe de direção da Biblioteca Central da UFMA, a convite do Prof. Manoel Barros do Curso de História, com participação de César Castro e Carlos Martins, dirigentes da Biblioteca.

A proposta será efetivar um Convênio entre a UFMA e a Federação das Academias do Maranhão, a fim de realizar diversos eventos, utilizando o local privilegiado onde será instalado o Prédio da Biblioteca.

Decidimos ir trabalhando no planejamento para que já na inauguração da Biblioteca (em outubro), como atividade prevista para o início do ano letivo do ano que vem, provavelmente em abril de 2025, sejam implementadas algumas ações. A perspectiva é de que as obras da Biblioteca da UFMA serão finalizadas a qualquer momento, para ser entregue o prédio em outubro.

Depois disso é que será programada a inauguração

Várias ideias foram debatidas: 1) Café Literário; 2) Biblioteca itinerante; 3) Clube de Autores; 4) Visibilidades Baixadeiras (Baixada em tela); 5) Ano que vem (2025) terá uma ação com duração de um mês tematizando a Baixada; 6) Espaço para lançamento de livros e 7) Restaurante.

Presentes: Manoel Barros, Expedito Moraes, César Brito, Ana Creusa, Ana Régia, José Carlos e Alexandre Abreu.

O primeiro passo é fazer o Convênio com a Federação das Academias (FALMA), César Brito, presidente da entidade vai propor o Convênio imediatamente.

A ideia foi bem aceita pelos participantes da reunião que se disponibilizaram para trabalhar para que essas ideias sejam concretizadas.

Tive o prazer imenso de conhecer Carlos Wellington Soares Martins (Diretor  de Cultura e Convivência da Biblioteca da UFMA), que é neto de Procório Martins. Ele é bisneto de João de Deus, assim como eu. Conversamos bastante.

SUPERSTIÇÕES POPULARES NA BAIXADA MARANHENSE

Por Ana Creusa

No dia 17 de junho de 2024, Ana Creusa participou dos Diálogos Baixadeiros integrante da disciplina Baixada do Maranhão: trajetórias e perspectivas, ministrada pelo Doutor Manoel Barros Martins do curso de História da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). O tema do diálogo foi “Superstições Populares na Baixada Maranhense”. Ana Creusa selecionou várias superstições, as quais vivenciou durante a sua infância e adolescência passadas naquela região profícua em histórias e crendices populares.

“R A Í Z E S”, JOSÉ CARLOS LANÇARÁ MAIS DOIS LIVROS

Por Zé Carlos Gonçalves

De repente, pego-me em reminiscências tantas e serenas, as quais me remetem aos bons tempos em minha querida cidade de Pinheiro, onde a felicidade realmente cristalizava-se em brinquedos simples e funcionais, geralmente improvisados com quinquilharias encontradas nas ruas, nas despensas e nos imensos quintais das casas de nossos pais e arquitetados na nossa mais profícua engenharia pueril; em “peladas” diárias, “labutadas” nos terrenos baldios, nas quadras, nas praças, nas ruas ou às margens do rio; em banhos no rio, nosso regaço sagrado, saudado pelo fulgurante lusco fusco de mais um dia, bem vivido; em banhos na chuva, no mês de maio, nas “biqueiras” fantásticas, que faziam a nossa alegria e renovavam as nossas vidas; em festejos, quermesses, show de calouros, que nos irmanavam inapelavelmente em um apego sem limites por nossa terra (…)

Entretanto, às nossas jornadas, estava assegurado um futuro promissor; e essa paz perene, abruptamente, era quebrada, com a necessidade que tínhamos de alçar voos mais promissores, novas conquistas, novos conhecimentos; quando, aí, sim, começava uma verdadeira odisseia: a viagem à capital do estado, com o intuito de fazer cursinho e buscar uma vaga em uma universidade pública (UFMA ou UEMA).

“O cordão umbilical”, enfim, era irremediavelmente quebrado, e nos deparávamos com a real situação: sem o cotidiano pinheirense, sem irmãos, sem amigos, sem aurora, sem horizonte “infinito”, sem brinquedos, sem porto seguro. Eis que surge a primeira viagem longa e a mais dorida separação dos nossos, o que antes nunca havia sido, sequer, cogitado.

Nesse cenário, o meu desenlace deu-se nos anos 80, ao me mudar para São Luís, com o intuito de estudar, uma prática “normal”, naqueles tempos, quando tínhamos de enfrentar o Itaúna e ser massacrados por maruins, sedentos e implacáveis. Entretanto, o maior e mais apavorante desafio era atravessar o temível “bouqueirão”, em barcos ou lanchas, de madeira, rangentes, chorosos e insanos, em uma travessia insalubre, em um ambiente dantescamente sufocante pelo ar pesado, impregnado com óleo queimado, nauseabundo, provocador de vômitos, dores de cabeça, ânsias (… ) misturado aos odores, nem sempre agradáveis, de farinha, porcos, bodes, camarão, bodum e tantos e indecifráveis perfumes baratos, minâncora (…)

Eram sacolejares frenéticos, principalmente nas tardes bravias de agosto, quando os ventos tornavam-se rebeldes e as ondas gemiam em sinal de protesto, por serem interrompidas em suas sestas, sagradas e guardadas pelas bênçãos del rei Sebastião.

Somente após essa aventura, estávamos “batizados”, para enfrentar nova vida, novas descobertas, novos conhecimentos.

(Texto do livro RAÍZES – recortes de minha existência)
       Zé Carlos