O BAIXADEIRO II

Por Zé Carlos Gonçalves

Cidadão, a desbravar “todos os mundos!”
Viajante, da liberdade plena, a viajar o silêncio das campinas, as veredas dos mistérios e os córregos dos mais nobres sentimentos, sob a sinfonia dos curiós, dos caboclinhos, das patativas e das graúnas.

Avoante, no voo da pipa, a riscar a imaginação em mil e tantas pinceladas, para contentar os olhos ansiosos e o coração acelerado, a explodir em tanta emoção.

Temente caminheiro, da mais demente carreira, a alimentar a curacanga com o profano fogo, devorador do puro coração de quem ama, sem medida, para se sabrecar no dantesco fogaréu da redenção.

Cativo menino, acorrentado à mansa correnteza e ao gritante sussurro do rio, a seguir guiado e abençoado em todas as suas sinas.

Pescador, iscante do voraz anzol, a sustentar os corpos mirrados, enrijecidos da labuta, bruta e implacável, a fim de alimentar a vontade de viver.

Carro de boi, chorante da dor da sequidão e do lamento das trombas d’água, a berrar a insana lida do “cabôco”, a não ter tempo de desanimar nem desistir.

Viandante, seguro em suas verdades, a se deliciar com as belezuras da “mãe Ci”. O LAGO DO FORMOSO, encantando com o encantamento do que não se vê, a florir nas imaginações ricas de tanto imaginar. O RIO MARACU, a vadiar em outras águas, emprenhado-se de mandis, lírio, mandubés e tubis, para despertar a sacra gula dos seus e o amor filial de Nonato Reis e Expedito Moraes. O PORTO DA RAPOSA, exportador de tantos “Manezinhos“, nos barcos infestados de arroz, farinha, milho e babaçu, a desbravar outros e tantos outros portos seguros. O AQUIRI, esplêndido, a se embalar na paz e na calma de César Brito. O RIO TURI, a vadiar, soberano, as fronteiras do além, se penitenciar no Rosário e correr ligeiro a abraçar a longínqua Turiaçu. O RIO PINDARÉ, berrante do berro, cheio de vida, da pororoca, a vagar faminta, da essência da terra e dos medos dos homens. O RIO PERICUMÃ, a se derramar da Lagoa da Traíra e a carregar todos os Zés, em suas dúvidas e fraquezas, para beijar o coração da baía de Cumã e para atestar a força, a hombridade e a fé do B A I X A D E I R O!

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