Manifesto Contra a Linguagem Neutra e em Defesa da Tradição da Língua Portuguesa

Por Magno Pereira*

Eu, Professor Magno Pereira, como defensor da integridade e da tradição da língua portuguesa, venho expressar meu veemente repúdio à tentativa de impor a chamada “linguagem neutra “em nossa sociedade. A língua portuguesa, rica em sua história, cultura e estrutura gramatical, não pode ser arbitrariamente alterada para atender a modismos ideológicos que desconsideram sua essência e identidade.

A língua é um patrimônio cultural, um veículo de comunicação que nos une e nos permite transmitir ideias, valores e conhecimentos de geração em geração. Alterar as regras gramaticais da nossa língua, como a flexão do gênero, não é uma questão trivial. A tentativa de introduzir pronomes neutros e outras mudanças artificiais, desrespeita a lógica interna da nossa língua e gera confusão na comunicação.

A inclusão e o respeito à diversidade, são valores fundamentais. No entanto, esses valores não podem ser alcançados à custa da destruição da língua portuguesa, pois existem maneiras mais eficazes de promover a inclusão, sem desfigurar nosso idioma.

Este manifesto é um apelo à razão e ao bom senso, visto que devemos proteger nossa língua contra alterações que, longe de promoverem inclusão, apenas criam divisões e dificultam a comunicação. A língua é portuguesa é uma herança preciosa, e cabe a nós, educadores e cidadãos, defendê-la contra qualquer tentativa de mutilação.


* José Magno Pereira é natural de Peri Mirim/MA, professor de língua portuguesa, concursado nos municípios de Peri Mirim e Palmeirândia. Licenciatura em Letras e Pós graduação em Docência da Ensino Superior. Professor Magno Pereira (Defensor da Língua Portuguesa).


Comentários:

Lembrei agora do poema “Vício da fala” do Oswald de Andrade, que alude essa discussão do erudito versus o popular, o que, aliás, não deixa também de ser a oposição do Modernismo contra o Parnasianismo. O verso final bate o martelo sobre a discussão em seu ponto de vista:
“Para dizer telhado dizem teiado e vão fazendo telhados”
No meu entender, ele compreende que no final todos se entendem, independente do uso ou não da norma culta. Posso também citar o filósofo francês Giles Deleuze, que ao fazer a crítica dos conteúdos de filosofia eurocêntricos, alude os textos de Goethe (eruditos) e de Kafka (que por incrível que pareça, é uma leitura para o povão, pelo menos para época em que foi escrita). Enfim, a discussão sobre isso é antiga e usando norma culta ou não, continuamos dialogando e está tudo bem. Ainda que possa chocar o uso incorreto da nossa língua, ninguém falou em substituir a norma culta como padrão para a comunicação corriqueira ou até mesmo em concursos. Agora quando ouço falar em linguagem neutra, meu sentimento é diferente, porque não enxergo nela uma necessidade, mas uma vontade de demarcar algo. A alegação é que a língua é um instrumento de opressão, de exclusão, que privilegia o pátrio poder e que exclui o diferente. Não sou linguista, mas entendo que pronome indefinido “todos” consegue, com perfeição, incluir todos, todas e até aqueles que querem ser chamados de todes.

Thomaz Ribeiro.

A ESCOLA, DESCENDO A LADEIRA

Por Zé Carlos Gonçalves

Há dois dias, em uma fila de supermercado, vi um grupo de alunos radiantes. Animados ao extremo. Falastrões. Só sorrisos.
Também, me animei, ao lembrar de bons momentos, que vivi com os meus amigos, no ambiente escolar. Senti até o cheiro das minhas conversas no canto da praça, no fim da tarde, após uma maratona de aulas. Como se dizia “no meu tempo”, seis, “sem tirar de dentro”. E mais. “Sem choro e sem vela”.
Não quero ser desmancha prazeres, mas a verdade é que “a alegria de pobre dura pouco”. E a minha se diluiu, à medida que o papo avançou.
Naquela atmosfera de entusiasmo, comecei a entender o porquê de tamanha algaravia. E, mesmo sendo pecado jurar, juro que ouvi. E, definitivamente, me recusei a acreditar que a escola, que já apresentava sinal de falência, vem descendo a ladeira, feito um asteróide desgovernado, a não encontrar um freio de bom senso.
Acreditem. O cúmulo do absurdo. A escola não funcionou, porque não houve merenda. Eita inquestionável justificativa!
E, só aí, percebi que ali havia dois grupos de escolas distintas. Quando o outro grupo apontou a segunda justificativa de estar sem aula. O ar-condicionado quebrou! E, aí, como dizia minha avó, “babau”!
Babau, para a escola, que se transforma casa vez menos em centro irradiador de conhecimento. E se esquece da formação intelectual do cidadão.
Babau, para a escola, que se transforma em “mero restaurante” e em “refém de um arcom”!
Misericórdia, meu Santo Inácio de Loiola!

ABELHAS SÃO CAPAZES DE IMAGINAR, RECONHECER ROSTOS E TER EMOÇÕES, AFIRMA PESQUISADOR

Professor da Universidade Queen Mary de Londres estuda os insetos há mais de 30 anos e defende que eles têm algum nível de consciência.

O pesquisador Lars Chittka, professor de ecologia sensorial e comportamental da Universidade Queen Mary de Londres, acredita que as abelhas são capazes de imaginar, de reconhecer rostos, de ter algum nível de emoção e de aprender conceitos abstratos. Chittka pesquisa os insetos há mais de 30 anos e é autor do livro “The Mind of a Bee” (A mente de uma abelha, em tradução livre), que será lançado amanhã (19) no Reino Unido.

“Temos evidências sugestivas de que há algum nível de consciência nas abelhas – uma sensibilidade, que elas têm estados de emoção. Nosso trabalho e o de outros laboratórios mostraram que as abelhas são indivíduos muito inteligentes. Elas podem contar, reconhecer imagens de rostos humanos e aprender o uso de ferramentas simples e conceitos abstratos”, afirma o cientista em entrevista ao The Guardian.

Ele acredita que as abelhas têm emoções, podem planejar e imaginar coisas e podem se reconhecer como entidades únicas e distintas de outras abelhas. Chittka tira essas conclusões de experimentos em seu laboratório com abelhas operárias. “Sempre que uma abelha acerta em algo, ela recebe uma recompensa de açúcar. É assim que as treinamos, por exemplo, para reconhecer rostos humanos”.

Neste experimento, várias imagens monocromáticas de rostos humanos foram mostradas às abelhas, que descobrem que um deles está associado a uma recompensa de açúcar. “Então, damos a ela uma escolha de rostos diferentes e sem recompensas, e perguntamos: qual você escolhe agora? E, de fato, eles podem encontrar o correto”, explica o cientista.

As abelhas levam cerca de 12 a 24 sessões de treinamento para reconhecerem os rostos.

Em outra linha de pesquisa, Chittka descobriu que as abelhas também são capazes de imaginar como as coisas pareceriam: por exemplo, elas podiam identificar visualmente uma esfera que antes só sentiram no escuro – e vice-versa. E elas podiam entender conceitos abstratos como “igual” ou “diferente”.

Abelhas tem intencionalidade

O pesquisador começou a perceber que algumas abelhas eram mais curiosas e confiantes do que outras. As abelhas, descobriu, aprendem melhor observando outras abelhas completarem uma tarefa com sucesso, então “uma vez que você treina um único indivíduo na colônia, a habilidade se espalha rapidamente para todas as abelhas”.

Mas quando Chittka treinou uma “abelha demonstradora” para realizar uma tarefa de forma não tão excelente, a abelha que observava não imitou o demonstrador e copiou a ação que tinha visto, mas melhorou espontaneamente sua técnica para resolver o problema da tarefa de forma mais eficiente.

Isso revela não apenas que uma abelha tem “intencionalidade” ou uma consciência de qual é o resultado desejável de suas ações, mas que existe “uma forma de pensamento” dentro da cabeça da abelha. “É uma modelagem interna de ‘como vou chegar ao resultado desejado?’, em vez de apenas experimentá-lo”, explica Chittka.

Estados emocionais

Em um experimento, as abelhas sofreram um ataque simulado de aranha-caranguejo quando pousaram em uma flor. Depois, toda a conduta delas mudou. “Elas ficaram, em geral, muito hesitantes em pousar em flores e inspecionaram cada uma extensivamente antes de decidir pousar nelas”, observa Chittka.

As abelhas continuaram a exibir esse comportamento ansioso dias depois de terem sido atacadas, numa espécie de transtorno de estresse pós-traumático. “Elas pareciam mais nervosos e mostraram efeitos psicológicos bizarros de rejeitar flores perfeitamente boas, sem ameaça de predação. Depois de inspecionar as flores, elas voavam para longe. Isso nos indicou um estado emocional negativo”, diz o pesquisador.

Outro pesquisador ouvido pelo The Guardian, Jonathan Birch lidera um projeto sobre senciência animal na London School of Economics, e acredita que o nível de cognição sofisticada que as abelhas exibem indica que é muito improvável que elas não sintam nenhuma emoção.

“A senciência é sobre a capacidade de ter sentimentos”, diz.”E o que estamos vendo agora é alguma evidência de que existem esses estados emocionais nas abelhas”.

abelhas, bee, bees, abelha, insetos, (Foto: Unsplash)


Fonte: https://epocanegocios.globo.com/

PERI-MIRIM: Trilhando em Buritirana – uma manhã de alegria e conhecimento

Por Laércio Oliveira*

        Preservação do meio ambiente refere-se ao conjunto de práticas que visam proteger a natureza das ações que provocam danos ao meio ambiente. Devido ao atual modelo econômico, baseado em elevados níveis de consumo, o ser humano tem causado inúmeros prejuízos para a flora e fauna no planeta, ocasionando desequilíbrios ambientais, muitas vezes irreversíveis. Por isso, é fundamental a preservação para manter a saúde do planeta e de todos os seres vivos que  nele habitam.

        Apesar do protagonismo juvenil em questões ambientais ter se fortalecido nos últimos anos no Brasil, é preciso ainda investir em Educação sobre o tema para que essa grande parcela da sociedade possa se apropriar da questão. Isso é o que mostra a pesquisa “Juventudes, Meio Ambiente e Mudanças Climáticas”, divulgada em 4 de abril de 2023. O levantamento, conhecido pelo acrônimo “JUMA”, ouviu 5.150 pessoas com idades entre 15 e 29 anos, provenientes de todas as classes sociais e níveis de escolaridade nas várias regiões do Brasil, entre julho e novembro de 2022.

         Os resultados, considerados “curiosos e surpreendentes” pelos realizadores da pesquisa, revelam muito do que a juventude brasileira sabe e como ela é afetada pelas mensagens que recebem sobre meio ambiente e mudanças climáticas. Segundo o levantamento, 36% dos jovens respondentes não souberam identificar o bioma em que vivem.

        Nesse sentido, a Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), em parceria com a escola estadual Centro de Ensino Artur Teixeira de Carvalho (CEMA), instituição que trabalhei durante doze anos, promoveram no dia 30/06/2023, nos turnos matutino e vespertino, uma expedição ao Povoado Buritirana que fica a aproximadamente 9 km do centro de Peri-Mirim.

        A expedição em formato de trilha ecológica contou com a participação de membros da ALCAP, gestor, professores e de aproximadamente 30 alunos do 3º ano do ensino médio. Eu e meu filho Laerth, de 8 anos, participamos como convidados da ALCAP.

        Nossa expedição teve início às 08:00h quando saímos da escola em um ônibus em direção ao povoado Buritirana, percurso que durou trinta minutos. Na localidade funciona uma instituição de ensino que atende diversos alunos da Baixada Maranhense, com os cursos de Pedagogia e Agente Comunitário de Saúde. O local é muito bonito, repleto de árvores e animais situado à beira do campo, que nesta época do  ano  encontra-se  alagado devido ao período chuvoso. Uma paisagem digna de cartão-postal.

        Na chegada, fomos recebidos por dois funcionários da instituição que nos deram algumas orientações de como proceder na trilha. Após algumas recomendações dos instrutores, iniciamos nossa caminhada. A trilha pela mata fechada é muito estreita obrigando a nos manter sempre em fila, com o instrutor à frente. Em alguns pontos da trilha, parávamos para ouvirmos algumas curiosidades sobre a região. Uma delas é que pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) encontraram ali uma espécie de borboleta muito rara que já consideravam extinta. No percurso observamos grandes aranhas, abelhas e porcos do mato. A flora é predominantemente composta de babaçuais e outras palmeiras. Meu filho Laerth, muito curioso, escutava com atenção e questionava o instrutor.  A descontração e o entusiasmo dos alunos eram evidentes, alguns até faziam anotações, pois teriam que entregar um relatório da trilha como forma de avaliação. Após uma hora de trilha chegamos ao nosso ponto de partida onde descansamos e saboreamos um delicioso lanche. Às 11:00h retornamos à escola.

        De acordo com Sato (2004), “o aprendizado ambiental é um componente vital, pois oferece motivos que levam os alunos a se reconhecerem como parte integrante do meio em que vivem e faz pensar nas alternativas para soluções dos problemas ambientais e ajudar a manter os recursos para as futuras gerações”.

          Eu e meu filho Laerth agradecemos a amiga Ana Creusa, Presidente da ALCAP e Vice-Presidente do Fórum em Defesa  da Baixada Maranhense (FDBM), pelo convite.

          Agradecemos aos que participaram da expedição: Acadêmicos Ana Cléres, Diego e Ataniêta (Tata). Aos professores Fabio (gestor), André, Alex e Paula. Aos alunos do 3º ano do ensino médio e ao guia e instrutor Wanderson.


*Laércio Lúcio Oliveira é perimiriense, possui graduação em Matemática pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA (1997). Especialista em Docência do Ensino Superior-IESF (2008). Mestre em Ensino de Ciências e Matemática – UNICSUL(2012). Professor efetivo de Matemática (ensino médio) da rede estadual há vinte anos .Foi professor contratado da Universidade Estadual do Maranhão-UEMA, Programa Darcy Ribeiro de 2009 a 2012. Foi professor substituto da Universidade Federal do Maranhão-UFMA(2013 a 2015) Atualmente, Professor da Faculdade do Maranhão – FACAM nos cursos de Engenharia Civil , Engenharia de Produção e Análise e Desenvolvimento de Sistemas – ADS. Ministra aulas nas seguintes disciplinas : Cálculo Básico, Calculo I e II, Estatististica e Probablidade, Álgebra Linear e Geometria Analítica, Matemática Financeira. 

ACADEMIA PERIMIRIENSE INOVA EM EXPEDIÇÃO QUE PROMOVE A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Por meio do Projeto ALCAP Itinerante, a Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), em parceria com a escola estadual Centro de Ensino Artur Teixeira de Carvalho (CEMA), realizarão no próximo dia 30/06/2023 uma expedição ao Povoado Buritirana que fica a aproximadamente 9 km do centro de Peri-Mirim.

A expedição será em formato de trilha ecológica e atenderá a aproximadamente 160 alunos do 3º ano dos turnos matutino e vespertino da referida escola.


O espaço agroecológico Buritirana fica no povoado Buritirana, pertencente ao município de Peri-Mirim. Na localidade funciona uma instituição de ensino que atende diversos alunos da Baixada Maranhense, com os cursos de Pedagogia e Agente Comunitário de Saúde.

– A expedição ao povoado Buritirana ocorrerá em dois grupos: 1º (alunos do matutino) saída da escola às 07:30h e retorno às 10:30h;  2º (alunos do vespertino) saída da escola às 13:30h e retorno às 16:30h;
– A gestão da escola ficou responsável em repassar aos alunos e professores informações sobre a expedição, conseguir o transporte para locomoção, a autorização dos pais ou responsáveis dos alunos e o lanche para os alunos;
– Os alunos farão um relatório da trilha para entregar à escola como quesito de avaliação.

Logo, o percurso nas trilhas ecológicas, além da oportunidade de apreciar as belezas da fauna e flora do local, é uma estratégia de aprendizagem, que vem ao encontro às atuais necessidades educativas para construção de mudança de pensamento e de atitude, a partir dos preceitos propostos na Educação Ambiental, visando o desenvolvimento sustentável.

Dessa forma, o projeto ALCAP ITINERANTE visa contribuir com o ensino almejado em que se pretende, não só repassar informações dos acontecimentos que ocorrem no cotidiano e no mundo, mas, também, formar o participante, levando-o à prática do descobrir, refletir e discutir as ações e pensamentos resultantes da interação do homem com a natureza.

Poema de uma professora normalista publicado em 1925

Por Nila de Mendonça Ramos

SAUDAÇÃO

Aceita saudações, boa amiguinha

Pelo diploma que recebeste,

És bem uma criança, uma avezinha

Que de plumagem rica ora se veste!

Dos estudos, os louros que colheste,

Enfeitando-te a fronte inocentinha,

Dão-te o aspecto de visão celeste

E valem mais que a coroa de Rainha.

Prossegue na cultura do talento

De estudos mil povoa o pensamento,

Avante, Nila, assim não esmoreça!

Não desanime, pois, um só segundo,

Que todo esse ouro que contém o mundo,

Em face do saber desaparece …

Escrito pela normalista Nila de Mendonça Ramos, publicado no Jornal Folha do Povo, em 21 de novembro de 1925.

DESAFIO: Por onde andam os parentes de Nila de Mendonça Ramos?

 

PERI-MIRIM: Alunos do Jardim Pequeno Príncipe visitam o Sítio Boa Vista e conhecem o Baobá

Hoje (05/06/2023), no Dia Mundial do Meio Ambiente e Dia da Ecologia, professores e alunos do Jardim Pequeno Príncipe visitaram o Sítio Boa Vista, no Povoado São Lourenço, em Peri-Mirim. O Sítio Boa Vista está instalado em uma grande área de preservação ambiental, pertencente a Ana Cléres e Antônio Sodré. Ana Cléres é gestora do Projeto Plantio Solidário da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP).

As crianças tiveram a oportunidade de conhecer espécies vegetais raras como: Jaboticaba, Pitanga, Mucá, Café, Andiroba, e até o famoso e raro Baobá, que consta no livro O Pequeno Príncipe, que  inspirou o nome da escola. Os meninos comeram frutas, especialmente amoras.

Visitaram a horta de viveiro com as mudas de várias plantas. Ficaram curiosos com os galinheiros com ovos, muitas galinhas e chocadeira, alguns com os pintainhos já saindo da casca. Outra atração foi a criação de abelhas. Viram o entra-e-sai das abelhas aos enxames.

Brincaram no balanço. Foi um dia especial. Uma criança falou: “o melhor dia da minha vida”. De maneira organizada, fizeram o lanche na varanda da casa. Ana Cléres, emocionada, na saída disse: “meus meninos foram embora” e aguarda ansiosamente que a visita se repetia em breve.

O GRANDE AMOR DE GONÇALVES DIAS

Ana Amélia Ferreira do Vale nasceu em São Luís em 1831. Filha do comerciante português Domingos José Ferreira Vale e Lourença Francisca Leal Vale. Seu pai, Domingos nasceu na freguesia de Santa Isabel, cidade de Lisboa, no dia 18 de julho de 1785. Jovem veio com a família para o Maranhão. Trabalhou como caixeiro e depois contador da firma de Ricardo Nunes Leal, onde conseguiu sucesso e fortuna. Casou-se com Lourença, sobrinha de seu patrão Ricardo Leal, em 1813 em São Luís. Lourença Leal vem de uma família tradicional de ricos comerciantes estabelecidos no Maranhão. Filha do português Antônio Henriques Leal (o velho) e da maranhense Ana Rosa de Carvalho.

Fonte: https://eziquio.wordpress.com/

https://www.instagram.com/anacreusamartins/

GONÇALVES DIAS: O PEDIDO DE CASAMENTO

[São Luís, 1851]

A dona Lourença Ferreira do Vale,

Estou por momentos à espera do vapor, em que hei de partir para o Ceará: por este motivo, e porque a minha demora já tem sido bastante longa, não posso ir a Alcântara pedir-lhe as suas ordens nem para falar-lhe de um negócio que me interessa, e sobre o qual me permitirá de a ocupar por alguns momentos. Parecer-lhe-ei importuno e impertinente: por isso também para escrever-lhe esta, preciso de recordar-me da bondade suma com que me tem tratado.

Para lhe falar sem rodeios, a que estou pouco acostumado, eis o de que se trata: peço-lhe dona Ana Amélia em casamento. Fazendo-lhe semelhante pedido, quero, e é do meu dever, ser franco. Não tenho nem a ambição de figurar na política do meu país nem o amor de fazer fortuna, e quando se desse o contrário faltar-me-ia ainda a habilidade, o jeito para alcançar ambas, ou qualquer destas coisas. Assim parece-me que nem chegarei a ter mais do que hoje tenho, sendo difícil que venha a ter menos, nem valerei mais do que hoje valho, que é bem pouco. Não desconheço que outros, e decerto melhores partidos, se oferecerão para sua filha: a única compensação que lhe posso oferecer, mas que não sei se a julgará suficiente, é que me parece ter conhecido quanto ela por suas qualidades se recomenda, e querer lisonjear-me de que a trataria quanto melhor pu­desse, bem que não quanto ela merece. Rogo-lhe, pois, que não veja neste meu pedido atrevimento da minha parte; porém o desejo grande que tenho de me ver ligado com uma família, a quem por tantos motivos respeito e sou obrigado, e a uma pessoa a quem desejaria ter por companheira.

Sendo afirmativa a sua resposta, voltarei do Rio, tendo assegurado de alguma forma o meu futuro, e o mais breve que puder para aceitar o seu favor, e beijar-lhe as mãos por ele. No caso contrário posso asseve­rar-lhe que acostumado de há muito a sofrer reveses na vida, não será este dos menores. Procurarei persuadir-me que algum motivo mais forte que a sua natural bondade terá obstado ao seu consentimento, e consolar-me-ei com a lembrança de que me esforcei por alcançar a mão de sua filha, se não fui digno de a merecer.

Anais da Biblioteca Nacional: correspondência ativa de Gonçalves Dias. Rio de Janeiro: Divisão de Publicações e Divulgação de Biblioteca Nacional, 1971, p. 132. https://correio.ims.com.br/

 

GONÇALVES DIAS: A ESCRAVA

O biem qu’aucun bien ne peut rendre,
O Patrie, ó doux nom que l’exil fait comprendre!
Marino Faliero

Oh! doce país de Congo,
Doces terras d’além-mar!
Oh! dias de sol formoso!
Oh! noites d’almo luar!

Desertos de branca areia
De vasta, imensa extensão,
Onde livre corre a mente,
Livre bate o coração!

Onde a Ieda caravana
Rasga o caminho passando,
Onde bem longe se escuta
As vozes que vão cantando!

Onde longe inda se avista
O turbante muçulmano,
O Iatagã recurvado,
Preso à cinta do Africano!

Onde o sol na areia ardente
Se espelha, como no mar;
Oh! doces terras de Congo,
Doces terras d’além-mar!

Quando a noite sobre a terra
Desenrolava o seu véu,
Quando sequer uma estrela
Não se pintava no céu;

Quando só se ouvia o sopro
De mansa brisa fagueira,
Eu o aguardava — sentada
Debaixo da bananeira.

Um rochedo ao pé se erguia,
Dele à base uma corrente
Despenhada sobre pedras,
Murmurava docemente.

E ele às vezes me dizia:
— “Minha Alsgá, não tenhas medo:
Vem comigo, vem sentar-te
Sobre o cimo do rochedo.”

E eu respondia animosa:
— “Irei contigo, onde fores!”
E tremendo e palpitando
Me cingia aos meus amores.

Ele depois me tornava
Sobre o rochedo — sorrindo:
— “As águas desta corrente
Não vês como vão fugindo?

“Tão depressa corre a vida,
Minha Alsgá; depois morrer
Só nos resta!… — Pois a vida
Seja instantes de prazer.

“Os olhos em torno volves
Espantados — Ah! também
Arfa o teu peito ansiado!…
Acaso temes alguém?

“Não receies de ser vista,
Tudo agora jaz dormente;
Minha voz mesmo se perde
No fragor desta corrente.

“Minha Alsgá, por que estremeces?
Por que me foges assim?
Não te partas, não me fujas,
Que a vida me foge a mim!

“Outro beijo acaso temes,
Expressão de amor ardente?
Quem o ouviu? — o som perdeu-se
No fragor desta corrente.”

Assim praticando amigos
A aurora nos vinha achar!
Oh! doces terras de Congo,
Doces terras d’além-mar!

Do ríspido Senhor a voz irada
Rábida soa,
Sem o pranto enxugar a triste escrava
Pávida voa.

Mas era em mora por cismar na terra,
Onde nascera,
Onde vivera tão ditosa, e onde
Morrer devera!

Sofreu tormentos, porque tinha um peito,
Qu’inda sentia;
Mísera escrava! no sofrer cruento,
“Congo!” dizia.


Fonte: https://vinteculturaesociedade.wordpress.com/. Foto de destaque: Aqualtune foi uma princesa congolesa escravizada no Brasil e líder quilombola à frente de um dos 11 mocambos do Quilombo dos Palmares, que resistiu ao regime colonial por cerca de 130 anos, ela é avó de  Zumbi dos Palmares.

Foto de quadro em memorial na OAB/MA.