Participar do Fórum da Baixada é estar sempre aberto às novidades e emoções. Nos grupos, e em reuniões, compartilhamos nossas saudades, nossos sonhos de ver a Baixada Maranhense desenvolvida. Já despertamos o desejo de plantar algumas espécies raras como Paricás (plantamos um bosque em Paricatiua). Dessa espécie já há plantio no Santuário Ponta Grossa de César Brito em Matinha e no Santuário das Anas em Peri-Mirim; plantamos moringas em Peri-Mirim também; Dom Alexandre plantou pés de Ginjas amarelas e azedas (oriundas de Santana) nas terras da Família de Acrísio Mendonça em Matinha (cenário de capa do Livro Ecos da Baixada.
No Grupo do Ecos da Baixada, em que a saudade “rola solta”, os ecoeiros, como são chamados os autores das crônicas do livro Ecos da Baixada, foi falado que tinha um pé de Baobá em São Vicente Férrer. Gracilene Pinto, que é de lá, deu os detalhes da planta. Logo aguçou a curiosidade de todos. Eu pedi a um cunhado meu, que mora em São Vicente, que trouxesse sementes. A ideia era pedir ao Dr. Gusmão, forense e professor da UEMA que plantasse para nós, pois já sabíamos que o “bicho” era exigente, que não pegava fácil. Porém, meu cunhado me informou que a planta, de tão velha, não botava mais frutos.
Diante dessa impossibilidade, o jeito era comprar as sementes e pedir ao Dr. Gusmão que plantasse. Ele que já havia demonstrado perícia ao plantar os paricás, oriundos de Vitorino Freire, nos viveiros da UEMA e que foram replantados em Paricatiua Bequimão.
Entrei na internet, com a ansiedade no grau máximo e pedi “as sementes”, para providenciar o plantio com Dr. Gusmão. Eis que me chega a encomenda, abri o pacote e vejo um pacotinho de terra com uma haste de planta, como se tivesse hibernando. Era dia 22 de agosto de 2019. Passei mensagem para a empresa (Jardim Exótico em São Paulo), responderam afirmando que eu havia comprado uma muda, pois eles não vendem sementes.
Recorri à nossa especialista em plantas, idealizadora do Santuário das Anas, Ana Cléres, que mora no Sítio Boa Vista em Peri-Mirim, eu tinha viagem marcada somente para a noite do dia 24/08, para participação na reunião da Academia. Tirei a foto daquele embrulho e enviei para ela, que já estava muito feliz e ela falou: “ele suporta esse tempo”.
Chequei em Peri-Mirim já noite fechada, Ana Cléres retirou a muda da caixa e deixou na lavanderia, eu preocupada com os cachorros, mas ela disse que eles não mexeriam.
Dia seguinte, 25/08, houve reunião o dia todo, para discutir o Regimento Interno da Academia e o Contrato de Comodato do Farol de Educação, não plantamos a muda. Eu nem perguntava mais: a confiança é total na experiência da especialista.
Dia 26/08/2019 à tardinha, ela me chamou: tudo preparado, enfim, a muda foi posta em vaso, que ela já tinha falado que seria assim, mesmo antes de ler as recomendações.
E assim, todos os dias Ana Cleres Santos Ferreira tira foto da plantinha frágil, que está sob os cuidados de suas mãos de fada. Já firmamos o compromisso de comprar um companheiro para o solitário bebê Baobá.
Quem se interessar pelo assunto, recomendo a leitura abaixo:
“Nome científico: Adansonia digitata
Nativo das savanas quentes e secas do continente africano, o Imbondeiro ou Baobá é considerado árvore sagrada em muitas culturas, o que não se deve somente à sua longevidade milenar mas também às simbologias que assume para os povos negros. A lenda conta que foi a primeira criação de Deus, que ao lado de um Baobá criou um lago donde ele se mirava e, conforme iam aparecendo as demais criações divinas, o Baobá lamentava por não ter belas folhas ou flores, o que impacientou Deus que o virou de cabeça para baixo! Então muitos povos reúnem-se aos pés dessa árvore para escutarem seus conselhos. Na época da colonização, acabou sendo árvore do esquecimento, pois os escravos eram obrigados a ficar por muito tempo dando voltas em torno de um Baobá antes de serem embarcados nos navios…https://www.jardimexotico.com.br/baoba-africano.”
“O BAOBÁ DO MARANHÃO
Baobá, que veio de longe
E o oceano atravessou,
Tua história se confunde
Com a de um povo sofredor.
Um sacerdote africano
Em sua terra comprado
Trouxe na tanga uma fava
Como único legado,
E ao chegar em São Vicente,
Nas terras do Maranhão,
Já foi plantando a semente
Que brotou no fértil chão.
Ouvira ele que sua alma
Não iria sossegar
Se o seu corpo não tivesse
Por túmulo um baobá.
Já que fora escravizado,
Por sua infelicidade,
No baobá enterrado
Garantiria a eternidade.
Isto aprendera com os seus,
Ainda na terra natal,
Que o baobá era a árvore que vida
Garantia na eternidade, afinal!
E ele, que fora importante,
Já não tinha nem um lar,
Sua árvore da vida eterna
Aqui iria plantar.
E em paga do cativeiro
Como herança de antropocoria
Plantou no meio do terreiro
A semente que trazia.
E logo em frente à senzala,
Lembrança do antigo lar,
No chão vicentino se espalha
O africano baobá.
(Texto de Gracilene Pinto – Imagem Céu de São Vicente Férrer – Maranhão – Brasil a partir do quintal de Konsy em clic de Paulo Rocha)”
— com Ana Cleres Santos Ferreira e Ana Creusa.