Categoria: Artigos
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A FORÇA DO BAIXADÊS III (… o “F” de todos os Baixadeiros)
No sábado último, na AMEI, no lançamento do livro O ÓRFÃO E O JORNALISTA, mediado por Nonato Reis, tive “uma senhora conversa” com o mestre Manoel Barros. Ali, como não poderia deixar de ser, transpirou, vê só, a nossa querida BAIXADA. E, de verdade, coisas boas virão! Os DIÁLOGOS BAIXADEIROS vêm revigorados. Ou, como se diz no BAIXADÊS, “veim cum ‘fôça’ totá!”
O certo é que, nesse “falatório”, muita “futrica” saiu. E me veio a “fandanga” ideia de mergulhar no BAIXADÊS com a família do “F”, após sentir a vibração de algumas palavras com essa fricativa. Vamos ver o que vai dar! “Afiná, mi deo foi uma vontade doida” de brincar “um tiquinho”.
E, com “fé” em Santo Inácio de Loiola, vou “atentar”!
O ar de nossa Princesa anda muito “fuvêro”, com a “fuxicada” do período eleitoral, em que o que não falta são “os ‘faniquitos’, os ‘fala’ mansa, os ‘fulêros’, os ‘fofoqueiros”.
Mas não só de política o “F” se alimenta. De saudade, também.
A “Favêra” e o Oiteiro do “Finca” agonizam para sempre. Já são “finados” para nós, que os vimos vivos e os sentimos “firmes” sob os nossos pés.
Também se “faz” presente, ao nos oferecer, cantantes, as mais ricas pérolas “fonéticas”, que dançam em nossos ouvidos e nos embalam em nossas lembranças. Eita, “F,’ ‘fio’ di uma mãe!”
E, aí, as expressões “vãum si ‘fazeno” e nos “matando a vontade”. E só quem é BAIXADEIRO para entender a “profundeza” das mensagens; pois a mesma vem eivada de sentimentalidade. Afinal, quem nunca mediu a beleza dos seus com a máxima máxima. “Cara di um ‘focinho’ du ôto”. Ou “se quêxô” do desconforto “físico”, após um longo e árduo dia de trabalho duro. “Tô ‘fadigado’ i discaderado di ‘fazê’ tanta ‘força”.
O certo é que pululam as nossas identidades linguísticas. “Êsse piqueno é um ‘fuguete’, mais ‘fuçadô’ qui um quêxada”. E só aumentam. Na saúde e na doença. Na alegria e na tristeza. Nos sonhos e nas certezas do que somos. Misericórdia! Muito escutei, durante um resfriado. “Êssi muleque tá cum a venta qui paréci um ‘fole”. E, para depreciar alguém, o repertório se apresentava “farto’. ‘Fogoió’, ‘fio’ duma égua, ‘finório’, teim a mão ‘fina’, ‘féla’ da puta, é uma mulé di vida ‘fáci”.
Esse desfilar do “F” se impõe poderoso, em suas metáforas, que se potencializam, com a intenção do desprezo. “Êssi sujeitho num é neum galo, tá mais pra ‘frango”. Ou no ápice do desespero. “Só quiria sê, i ‘fincô’ u pé na merda”.
Também, em palavras, que se apresentam “fortes”, por si só. “Fundilho, faca pexêra, fajuto, furunco, fanhoso, fedorento …”
E, para fechar, uma das nossas construções mais fantásticas. “Dêxa di tua ‘fóba”.
Eita “F”, da gôta serena! Infitético!
O PAI PERDOA
Por W. Livingston Larned*
Escute, filho: enquanto falo isso, você está deitado, dormindo, uma mãozinha enfiada debaixo do seu rosto, os cachinhos louros molhados de suor grudados na fronte. Entrei sozinho e sorrateiramente no seu quarto. Há poucos minutos atrás, enquanto eu estava sentado lendo meu jornal na biblioteca, fui assaltado por uma onda sufocante de remorso. E, sentindo-me culpado, vim para ficar ao lado de sua cama.
Andei pensando em algumas coisas, filho: tenho sido intransigente com você. Na hora em que se trocava para ir à escola, ralhei com você por não enxugar direito o rosto com a toalha. Chamei-lhe a atenção por não ter limpado os sapatos. Gritei furioso com você por ter atirado alguns de seus pertences no chão.
Durante o café da manhã, também impliquei com algumas coisas. Você derramou o café fora da xícara. Não mastigou a comida. Pôs o cotovelo sobre a mesa. Passou manteiga demais no pão. E quando começou a brincar e eu estava saindo para pegar o trem, você se virou, abanou a mão e disse: “Thau, papai!” e, franzindo o cenho, em resposta lhe disse: “Endireite esses ombros!”
De tardezinha, tudo recomeçou. Voltei e quando cheguei perto de casa vi-o ajoelhado, jogando bolinha de gude. Suas meias estavam rasgadas. Humilhei-o diante de seus amiguinhos fazendo-o entrar na minha frente. As meias são caras – se você as comprasse tomaria mais cuidado com elas! Imagine isso, filho, dito por um pai!
Mais tarde, quando eu lia na biblioteca, lembra-se de como me procurou, timidamente, uma espécie de mágoa impressa nos seus olhos? Quando afastei meu olhar do jornal, irritado com a interrupção, você parou à porta:
– “0 que é que você quer?”, perguntei implacável.
Você não disse nada, mas saiu correndo num ímpeto na minha direção, passou seus braços em torno do meu pescoço e me beijou; seus braços foram se apertando com uma afeição pura que Deus fazia crescer em seu coração e que nenhuma indiferença conseguiria extirpar. A seguir retirou-se, subindo correndo os degraus da escada.
Bom, meu filho, não passou muito tempo e meus dedos se afrouxaram, o jornal escorregou por entre eles, e um medo terrível e nauseante tomou conta de mim. Que estava o hábito fazendo de mim? 0 hábito de ficar achando erros, de fazer reprimendas – era dessa maneira que eu o vinha recompensando por ser uma criança. Não que não o amasse; o fato é que eu esperava demais da juventude. Eu o avaliava pelos padrões da minha própria vida.
E havia tanto de bom, de belo e de verdadeiro no seu caráter. Seu coraçãozinho era tão grande quanto o sol que subia por detrás das colinas. E isto eu percebi pelo seu gesto espontâneo de correr e de dar-me um beijo de boa noite. Nada mais me importa nesta noite, filho. Entrei na penumbra do seu quarto e ajoelhei-me ao lado de sua cama, envergonhado!
É uma expiação inútil; sei que, se você estivesse acordado, não compreenderia essas coisas. Mas amanhã eu serei um papai de verdade! Serei seu amigo, sofrerei quando você sofrer, rirei quando você rir. Morderei minha língua quando palavras impacientes quiserem sair pela minha boca. Eu irei dizer e repetir, como se fosse um ritual: “Ele é apenas um menino – um menininho!”
Receio que o tenha visto até aqui como um homem feito. Mas, olhando-o agora, filho, encolhido e amedrontado no seu ninho, certifico-me de que é um bebê. Ainda ontem esteve nos braços de sua mãe, a cabeça deitada no ombro dela. Exigi muito de você, exigi muito.
Em lugar de condenar os outros, procuremos compreendê-los. Procuremos descobrir por que fazem o que fazem. Essa atitude é muito mais benéfica e intrigante do que criticar; e gera simpatia, tolerância e bondade. “Conhecer tudo é perdoar tudo”. Como disse o dr. Johnson: “0 próprio Deus, senhor, não se propõe julgar o homem até o final de seus dias”.
Então, por que eu e você deveríamos julgar?
*William Livingston Larned foi um autor e poeta americano. Ele é conhecido por suas obras “Father Forgets” e “Advertisement Illustration”. Em 1909, ele escreveu um poema intitulado “Flor do Estado da Flórida” para comemorar a designação da flor de laranjeira como a flor oficial do estado da Flórida.
A versão de Papai Perdoa publicado na revista Reader’s Digest também foi incluída no livro de Dale Carnegie, “Como fazer amigos e influenciar pessoas”. Carnegie descreveu isso como; Um dos escritos populares do jornalismo americano. Inicialmente, foi publicado como editorial em 1927 no People’s Home Journal. Desde então, foi impresso em inúmeras revistas, boletins informativos e jornais de todo o país, e também foi traduzido para vários idiomas estrangeiros. Além disso, foi apresentado em muitos programas e programas de rádio. Surpreendentemente, até mesmo publicações de faculdades e escolas secundárias compartilharam este poema.
PROJETO COERÊNCIA POR UM MUNDO MELHOR: Reino desunido não prospera!
Extraído do livro: COMO SE TORNAR SOBRENATURAL de Dr. Joe Dispenza
“Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá”. Mateus 12:25
Vivemos em um tempo de extremos, e esses extremos são reflexo de uma velha consciência que não pode mais sobreviver e de uma futura consciência na qual a própria Terra e todos no planeta estão se transformando. A velha consciência é movida por emoções de sobrevivência como ódio, violência, preconceito, raiva, medo, sofrimento, competitividade e dor, que servem para nos induzir a acreditar que estamos separados um do outro. A ilusão de separação sobrecarrega e divide indivíduos, comunidades, sociedades, países e a Mãe Natureza. A desatenção, o descuido, a ganância e o desrespeito à atividade humana ameaçam a vida como a conhecemos. Por simples questão de lógica e razão, esse tipo de consciência não pode se sustentar por muito mais tempo.
Como tudo caminha para polaridades extremas, é inegável que muitos dos sistemas atuais – políticos, econômicos, religiosos, culturais, educacionais, médicos ou ambientais – são desmontados à medida que paradigmas antiquados caem. Podemos ver isso de forma mais proeminente no jornalismo, em que ninguém mais sabe em que acreditar. Algumas mudanças refletem escolhas das pessoas, outras refletem níveis crescentes de consciência pessoal.
Uma coisa é óbvia: nessa era da informação, tudo o que não está alinhado com a evolução da nova consciência vem à tona. Se você não está ciente de que ocorre um aumento na frequência e energia neste momento – um aumento na ansiedade, tensão e paixão –, talvez não esteja prestando atenção ao seu estado de ser e à interconexão da humanidade com essa energia.
Além de agitações nos ambientes políticos, sociais, econômicos e pessoais, altamente carregados, muita gente também sente o tempo acelerando, ou que acontecimentos importantes estão ocorrendo a intervalos de tempo menores. Dependendo do ponto de vista, pode ser um momento histórico emocionante de despertar ou indutor de ansiedade. Independentemente disso, o velho deve desaparecer ou desmoronar para que algo mais funcional possa surgir. É assim que pessoas, espécies, consciência e o próprio planeta evoluem. A excitação energética nos seres humanos e na natureza gera várias perguntas: será que estão em cena influências maiores, que afetam a correlação da humanidade com violência, guerra, crime, terrorismo e, inversamente, paz, unidade, coerência e amor? Será que existe uma razão para tudo isso estar acontecendo neste momento específico?
Fonte: DISPENZA, Joe. Como se tornar sobrenatural : pessoas comuns realizando o extraordinário; tradução de Lúcia Brito. Porto Alegre: CDG, 2020.
JOE DISPENZA estudou bioquímica na Universidade Rutgers. Detém o grau de bacharel em ciência com ênfase em neurociência e obteve o título de doutor em quiroprática na Life University de Atlanta, Geórgia.
Diabetes: cientistas brasileiros criam óleo natural para tratar problemas causados pela doença
A patente protege o uso inédito de um óleo capaz de tratar um problema de saúde ainda sem medicamentos disponíveis.
A Universidade Estadual do Ceará (Uece) recebeu do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) aprovação de sua quarta carta-patente, que tem como título “Uso de extrato de plantas do gênero croton, uso de estragol, uso de anetol e método de tratamento de neuropatias”, de autoria dos pesquisadores Francisco Walber Silva, Vânia Ceccatto, Aline Alice Albuquerque, Morgana Oquendo, Flávio Henrique Macedo, Kerly Shamyra Alves, José Henrique Leal Cardoso e Andrelina Souza.
A patente foi resultado de tese de doutorado do autor principal, Francisco Walber, que explica: “é a patente da utilização de óleo essencial da planta croton zehntneri, também muito conhecida como canela de cunhã, encontrada principalmente no Nordeste. A nossa patente lida exatamente com a utilização desse óleo para a preparação, possivelmente em composição farmacêutica, no tratamento de neuropatias, mais especificamente a neuropatia devido ao diabetes, a neuropatia diabética. Então, nós desenvolvemos esse estudo, utilizamos óleo essencial em uma determinada concentração e conseguimos ver que o tratamento com óleo essencial dessa planta conseguiu reverter ou, pelo menos, atenuar, alguns problemas que o diabetes pode provocar devido à neuropatia em gânglios nervosos e em troncos nervosos”.
A pesquisa tem seu ineditismo considerando, principalmente, que o diabetes tem tratamento baseado no controle glicêmico, contudo, essa importante neuropatia causada pela doença ainda não dispõe de nenhum tratamento específico. O tratamento da neuropatia diabética é feito através do tratamento do diabetes ou tratamento sintomático, com controle da dor neuropática com analgésicos. O óleo essencial da canela de cunhã se candidata a ser um tratamento específico. De acordo com o orientador da pesquisa da Uece e um dos autores da patente, professor Henrique Leal, a neuropatia diabética é um problema grave e comum:
“A complicação mais grave do diabetes frequentemente é a neuropatia, que ocorre principalmente como lesão aos nervos mais longos do corpo, sendo um deles o nervo ciático, que vai desde a coluna até o pé. Esse nervo é atacado inicialmente no pé e depois essa lesão vai progredindo em direção às partes mais centrais do corpo. Então, esse é um acometimento muito grave, causando hipersensibilidade e até anestesia. A pessoa tropeça, fere o pé e não sente, sendo que no diabetes a cicatrização é mais difícil. Isso gera frequentemente um problema muito conhecido que é o pé diabético, em que a pessoa desenvolve úlceras no pé de difícil tratamento e de difícil cicatrização”. Ainda de acordo com o pesquisador, a cada 30 segundos, uma pessoa no mundo sofre uma amputação de membro inferior por causa do diabetes.
Os resultados positivos dos testes pré-clínicos, realizados em camundongos, no Laboratório de Eletrofisiologia (LEF/Uece), se deve ao alto teor (80%) de anetol, um composto vegetal presente na planta croton zehntneri, que ajuda a tratar as alterações neurais sem interferir na glicemia do paciente diabético.
De acordo com a também inventora, Andrelina Souza, encontrar tais resultados é algo de suma importância para os pesquisadores. “A proposta do nosso trabalho sempre foi descobrir substâncias que tivessem baixo custo, com pequena toxicidade, que fossem eficazes no tratamento da neuropatia diabética. Essa descoberta, para nós, é mais do que gratificante, uma vez que a gente já vem trabalhando com isso há muito tempo, e nós conseguimos mostrar, através de estudos científicos, que a croton zehntneri é uma planta rica em óleos essenciais, tem um rendimento muito grande, de fácil extração e que é baixo custo. Isso torna o medicamento mais acessível à sociedade”.
Sobre as patentes, a Uece obteve a primeira delas em 2021, seguindo uma nova obtenção a cada ano. Ao todo, a instituição recebeu do INPI até então, quatro patentes. Para o coordenador da Agência de Inovação da Uece (Agin), professor Jerffeson Teixeira, “a concessão dessa nova carta-patente é mais uma demonstração e reconhecimento da capacidade de inovação da nossa instituição, reforçando o nosso compromisso contínuo com a proteção de tecnologias que podem impactar positivamente a sociedade”.
Próximos passos
O LEF, vinculado ao Instituto Superior de Ciências Biomédicas (ISCB/Uece), tem à frente o professor Henrique Leal, que teve Walber como um de seus primeiros alunos de Doutorado na Uece, em 2008, por meio do Programa de Doutorado em Biotecnologia – Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio). Professor Henrique segue com as pesquisas relacionadas à patente, no LEF. Dessa vez com o aperfeiçoamento da dose de efeito do óleo. “Na dosagem inicialmente pesquisada, o óleo essencial já tem um excelente efeito anti-inflamatório. Então, nós decidimos experimentar baixar essa dose”, destaca o pesquisador.
Fonte:
Uece descobre óleo capaz de tratar problema causado pelo diabetes e obtém patente
Manifesto Contra a Linguagem Neutra e em Defesa da Tradição da Língua Portuguesa
Por Magno Pereira*
Eu, Professor Magno Pereira, como defensor da integridade e da tradição da língua portuguesa, venho expressar meu veemente repúdio à tentativa de impor a chamada “linguagem neutra “em nossa sociedade. A língua portuguesa, rica em sua história, cultura e estrutura gramatical, não pode ser arbitrariamente alterada para atender a modismos ideológicos que desconsideram sua essência e identidade.
A língua é um patrimônio cultural, um veículo de comunicação que nos une e nos permite transmitir ideias, valores e conhecimentos de geração em geração. Alterar as regras gramaticais da nossa língua, como a flexão do gênero, não é uma questão trivial. A tentativa de introduzir pronomes neutros e outras mudanças artificiais, desrespeita a lógica interna da nossa língua e gera confusão na comunicação.
A inclusão e o respeito à diversidade, são valores fundamentais. No entanto, esses valores não podem ser alcançados à custa da destruição da língua portuguesa, pois existem maneiras mais eficazes de promover a inclusão, sem desfigurar nosso idioma.
Este manifesto é um apelo à razão e ao bom senso, visto que devemos proteger nossa língua contra alterações que, longe de promoverem inclusão, apenas criam divisões e dificultam a comunicação. A língua é portuguesa é uma herança preciosa, e cabe a nós, educadores e cidadãos, defendê-la contra qualquer tentativa de mutilação.
* José Magno Pereira é natural de Peri Mirim/MA, professor de língua portuguesa, concursado nos municípios de Peri Mirim e Palmeirândia. Licenciatura em Letras e Pós graduação em Docência da Ensino Superior. Professor Magno Pereira (Defensor da Língua Portuguesa).
Comentários:
Lembrei agora do poema “Vício da fala” do Oswald de Andrade, que alude essa discussão do erudito versus o popular, o que, aliás, não deixa também de ser a oposição do Modernismo contra o Parnasianismo. O verso final bate o martelo sobre a discussão em seu ponto de vista:
“Para dizer telhado dizem teiado e vão fazendo telhados”
No meu entender, ele compreende que no final todos se entendem, independente do uso ou não da norma culta. Posso também citar o filósofo francês Giles Deleuze, que ao fazer a crítica dos conteúdos de filosofia eurocêntricos, alude os textos de Goethe (eruditos) e de Kafka (que por incrível que pareça, é uma leitura para o povão, pelo menos para época em que foi escrita). Enfim, a discussão sobre isso é antiga e usando norma culta ou não, continuamos dialogando e está tudo bem. Ainda que possa chocar o uso incorreto da nossa língua, ninguém falou em substituir a norma culta como padrão para a comunicação corriqueira ou até mesmo em concursos. Agora quando ouço falar em linguagem neutra, meu sentimento é diferente, porque não enxergo nela uma necessidade, mas uma vontade de demarcar algo. A alegação é que a língua é um instrumento de opressão, de exclusão, que privilegia o pátrio poder e que exclui o diferente. Não sou linguista, mas entendo que pronome indefinido “todos” consegue, com perfeição, incluir todos, todas e até aqueles que querem ser chamados de todes.
Thomaz Ribeiro.
O BAIXADEIRO II
Cidadão, a desbravar “todos os mundos!”
Viajante, da liberdade plena, a viajar o silêncio das campinas, as veredas dos mistérios e os córregos dos mais nobres sentimentos, sob a sinfonia dos curiós, dos caboclinhos, das patativas e das graúnas.
Avoante, no voo da pipa, a riscar a imaginação em mil e tantas pinceladas, para contentar os olhos ansiosos e o coração acelerado, a explodir em tanta emoção.
Temente caminheiro, da mais demente carreira, a alimentar a curacanga com o profano fogo, devorador do puro coração de quem ama, sem medida, para se sabrecar no dantesco fogaréu da redenção.
Cativo menino, acorrentado à mansa correnteza e ao gritante sussurro do rio, a seguir guiado e abençoado em todas as suas sinas.
Pescador, iscante do voraz anzol, a sustentar os corpos mirrados, enrijecidos da labuta, bruta e implacável, a fim de alimentar a vontade de viver.
Carro de boi, chorante da dor da sequidão e do lamento das trombas d’água, a berrar a insana lida do “cabôco”, a não ter tempo de desanimar nem desistir.
Viandante, seguro em suas verdades, a se deliciar com as belezuras da “mãe Ci”. O LAGO DO FORMOSO, encantando com o encantamento do que não se vê, a florir nas imaginações ricas de tanto imaginar. O RIO MARACU, a vadiar em outras águas, emprenhado-se de mandis, lírio, mandubés e tubis, para despertar a sacra gula dos seus e o amor filial de Nonato Reis e Expedito Moraes. O PORTO DA RAPOSA, exportador de tantos “Manezinhos“, nos barcos infestados de arroz, farinha, milho e babaçu, a desbravar outros e tantos outros portos seguros. O AQUIRI, esplêndido, a se embalar na paz e na calma de César Brito. O RIO TURI, a vadiar, soberano, as fronteiras do além, se penitenciar no Rosário e correr ligeiro a abraçar a longínqua Turiaçu. O RIO PINDARÉ, berrante do berro, cheio de vida, da pororoca, a vagar faminta, da essência da terra e dos medos dos homens. O RIO PERICUMÃ, a se derramar da Lagoa da Traíra e a carregar todos os Zés, em suas dúvidas e fraquezas, para beijar o coração da baía de Cumã e para atestar a força, a hombridade e a fé do B A I X A D E I R O!
O COLUN/UFMA SUPERA MÉDIA NACIONAL DO IDEB 2023
Desde 2011, o Colun tem obtido resultados acima da média nacional.
O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgaram, no último 14 de agosto, os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (ldeb) 2023. O Ideb, que é um indicador da qualidade da educação do Brasil, apontou o ensino de excelência oferecido pelo Colégio Universitário (Colun), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que, mais uma vez, se destacou no cenário nacional.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica é uma avaliação em larga escala que permite traçar metas de qualidade educacional para os sistemas de ensino. O indicador de qualidade é calculado com base nos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar e nas médias de desempenho no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que avalia os estudantes a cada dois anos em Leitura e Matemática. Em 2021, foram estabelecidas as metas para o país. Quanto maior o desempenho dos alunos e maior o número de alunos aprovados, maior será o Ideb.
No âmbito do ensino fundamental, o Colun obteve resultados acima da média nacional tanto nos anos iniciais quanto nos anos finais. A meta nacional prevista para os anos iniciais era de 6 pontos e o Colun atingiu 7,3 pontos. Para os anos finais a meta nacional era 5,5 pontos e Colégio Universitário alcançou 6,6 pontos. Desde 2011, o Colun tem se destacado, estando acima das médias nacional e estadual.
Segundo Fernanda Lopes Rodrigues, coordenadora do Ensino Fundamental do Colun, o resultado alcançado é fruto de um trabalho coletivo da família, escola e estudantes, tudo isso auxiliado pela infraestrutura disponível na escola, que favorece o desenvolvimento dos alunos. “Temos o privilégio de ter uma ampla participação dos familiares, que estimulam os alunos e apoiam as atividades desenvolvidas. Além disso, nossa escola conta com uma proposta pedagógica diferenciada por ser um colégio de aplicação. Aqui, prezamos pelo desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão, sendo um laboratório de práticas inovadoras. Além disso, o quadro docente, composto por professores e professoras com mestrado, doutorado e, até, pós-doutorado, colabora para uma prática docente diferenciada. Por fim, o Colun conta com uma infraestrutura minimamente adequada, com biblioteca, laboratórios de Ciências, Informática, Linguagens, Matemática etc…”, enumerou a coordenadora.
Os resultados relevantes do IDEB, tanto nos anos iniciais quanto nos finais, revelam o compromisso da UFMA, por meio do Colun, com uma educação cada vez melhor para crianças e adolescentes. E os resultados de 2023 comprovam esse compromisso.
Por fim, Fernanda parabeniza toda a comunidade escolar pelo resultado alcançado. “As médias obtidas são resultado de um trabalho coletivo, no qual toda a comunidade escolar colaborou com maestria. Aos servidores docentes, nossos parabéns por contribuírem com o processo formativos de nossos alunos e alunas, desenvolvendo ensino, pesquisa e extensão com o objetivo de oferecer educação de qualidade e com equidade para eles e elas. Parabéns aos nossos alunos e alunas que se dedicam e acreditam no poder transformador da educação. Parabéns às famílias que apoiam nossa escola e se envolvem nas atividades. Parabéns à UFMA por proporcionar as condições para o desenvolvimento de uma educação básica pública, democrática, inclusiva e de qualidade”, conclui Fernanda Lopes Rodrigues, coordenadora do Ensino Fundamental do Colun.
Mais sobre o Ideb
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado em 2007 e reúne, em um só indicador, os resultados de dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. O Ideb é calculado com base nos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e nas médias de desempenho no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
O Ideb agrega ao enfoque pedagógico das avaliações em larga escala a possibilidade de resultados sintéticos, facilmente assimiláveis, e que permitem traçar metas de qualidade educacional para os sistemas. O índice varia de 0 a 10. A combinação entre fluxo e aprendizagem tem o mérito de equilibrar as duas dimensões: se um sistema de ensino retiver seus alunos para obter resultados de melhor qualidade no Saeb, o fator fluxo será alterado, indicando a necessidade de melhoria do sistema. Se, ao contrário, o sistema apressar a aprovação do aluno sem qualidade, o resultado das avaliações indicará igualmente a necessidade de melhoria do sistema.
Por: Ingrid Trindade
Revisão: Jáder Cavalcante
Fonte: https://portalpadrao.ufma.br/site/noticias/
O BAIXADEIRO I
Da terra, a gema mais cara, teimosa e resistente. A mais pura e forte raiz. Liberto das camisas de força e das tantas e tantas algemas. O chorado suor do cavalo, a jorrar na carreira desembestada e na tração do arado; o lamentoso mugir do bezerro, tão saudoso da teta materna; a calejante e gemente enxada, a semear barriga cheia, no lastro do paiol; a mais plena e enfeitiçante lua, a guiar a sina, alegre-triste, de quem morre a cada quarto minguante.
A viva aquarela, pincelada na magia do mais intenso azul e do mais verdejante verde e no fascínio do horizonte infindo, que chama e enfeitiça.
A seiva, a brotar do cheiro da terra, nascido das primeiras e sacras chuvas, refrescantes e renovadoras.
A brisa marítima, trazedora de toda maré enchente, a se banhar nas águas doces do meu sustento.
O bom dia, de todo dia, franco e honesto, “a saudá us cumpádi i ais cumádi, cum us afilhado iscanchado nais cintura, tisga i faminta, mais parideira i dançante, devoradora dais gengiva dais tigela di café, a abençoá u mar di piquenos, ispalhados nus terreiro, qui queimaum eim tanta inergia”.
O eito voraz e implacável, a carcomer a alma, desprovida de todas as maldades do mundo.
A tapera resistente, pedinte de socorro, a fim de escapar da solidão e da fome do tempo, que casmurro lhe devora.
“Ais novena, ais incelência, ais desobriga, us culto, a roda do tambô di criôla, u cordão di São Gonçalo, a zabumba, a ciranda, u merengue, u reggae, u samba di roda, us fuzileiro du samba, a quadrilha, a bôca di forno, ais dificulidade, ais precisão, a quebra du côco babaçu, a meia quarta de açúcar, a tarrafa, u socó, u corral di peixe, u chibé, a jabiraca, u vinha d’alho, u buriti, a juçara, a bacaba, u murici, u mé di tiúba, i leithe di Janaúba, u azeite di carrapato” … a fé sem medida!
A poeira do caminho, a vestir com a teimosia a quem quer sobreviver, untado com o barro soprado pela graça divina.
A água salobra, a adoçar a terrível sede, que queima e solapa a velha carcaça, a sorrir da sorte, que não alivia nem brinca em serviço.
O torrão incremente, a povoar as enseadas e os baixios, esturricados e castigadores dos pés rachados, pelo calor perverso, que consome a força bruta, a berrar capoeira a dentro, na tentativa vã de domar rebeldes coivaras.
O grito da guariba, a reclamar a hora sagrada e a avivar a certeza de que é certeza a presença do pai eterno!
O joelho fincado no imaculado chão, à sagrada hora, “rezano i agradeceno, améim”, por ter nascido
B A I X A D E I R O!
Psiquiatra Sérgio de Paula Ramos apresenta impactos do consumo de maconha para a saúde
A convite da direção do Cremers, o psiquiatra Sérgio de Paula Ramos apresentou, nesta segunda-feira (01/07/2024), panorama dos impactos sociais e epidemiológicos do aumento do consumo de maconha.
Contando com 50 anos de trabalho com dependência química, Ramos, que é titular da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina e membro do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Estudos sobre o Álcool e outras Drogas (Abead), afirma que quanto menor for a percepção de risco maior será o consumo.
“Compartilho a preocupação com a recente decisão do Supremo Tribunal Federal em descriminalizar o porte de maconha. Em todos os lugares onde isso aconteceu o consumo disparou. Também aumentaram a dependência de drogas, as doenças psicológicas, as internações hospitalares, a de depressão e a ansiedade, as tentativas de suicídio e o suicídio, e os acidentes de trânsito”, apontou. “Qualquer uso de cannabis aumenta em 40% a chance de quadros psicóticos e, em dependentes de cannabis, 340%”, complementa.
O psiquiatra afirma que a média de idade do primeiro consumo de drogas no Brasil é de 13 anos. “Quem experimenta maconha nessa idade, aos 15 ou 16 vai querer outra droga. Descriminalizar o porte de drogas é diminuir a percepção de risco e, com isso, aumentar o consumo de drogas, fortalecendo o tráfico. Como médicos, nos preocupamos com a saúde da população e, por isso, essa decisão do STF merece ser contestada’’, enfatiza.
O presidente do Cremers, Eduardo Neubarth Trindade, agradeceu a contribuição de Ramos em compartilhar sua experiência de cinco décadas de trabalho com dependência química. “É necessário um debate profundo sobre o tema. A descriminalização do porte de maconha não é somente uma questão individual e de segurança, mas também social e de saúde pública, já que o uso leva ao vício, podendo, em muitos casos, ser necessário internação, gerando uma sobrecarga ainda maior ao sistema de saúde que já é insuficiente para atender à população”, afirma Trindade.
Texto: Jennifer Morsch
Edição: Sílvia Lago