UMA DÉCADA DE OURO EM PINHEIRO – MA (1920/1930)

Há algum tempo, venho me consumindo sobre a vida sócio-político-intelectual pinheirense. Fui à luta. Luta árdua, porque, mesmo que haja muitas publicações a respeito, há uma grande dificuldade em encontrá-las. O que não deixa de ser intrigante, face a riqueza bibliográfica existente. Algo não justificável; mas perfeitamente compreensível, uma vez que o poder público não tem a política (o legítimo compromisso) de levar aos seus cidadãos o conhecimento de sua história.
E, assim, os imediatos, e terríveis, reflexos são as nossas tradições, costumes, crenças caírem no ostracismo, principalmente, com uma juventude alheia à nossa riqueza cultural.
Como desabafo está bom!
A verdade é que se sabe que a nossa PINHEIRO, na BAIXADA MARANHENSE, originou-se de uma fazenda, implantada por Inácio Pinheiro, oriundo de Alcântara, no século XIX.
Mesmo enfrentando provações, as mais díspares; importantes e inúmeras conquistas “abraçam-lhe” nos aspectos sociais, políticos, históricos, urbanísticos, culturais; o que lhe vem conferindo um “ar” de “centro importante”, “socorrista”, influenciador e irradiador de novos hábitos e atividades, que a vem alcançando e afetando um extenso entorno, constituído por um número considerável de municípios (…).
Essa Pinheiro, progressiva e produtiva, “viveu”, na década de 20 (1920 / 1930), um momento ímpar, tão profícuo, “fértil”, implementador e disseminador de conhecimentos e ações, que, em definitivo, lhe vieram mudar os “caminhos”. Isso nos leva a classificá-la como a sua “Década de ouro”.
Época, em que Pinheiro teve a “sorte” de ser agraciada com a chegada do Dr. Elizabetho Barbosa de Carvalho, natural de Amarante, do estado do Piauí, que veio como juiz de direito e lhe promoveu uma saudável e avassaladora mudança no cotidiano pinheirense, dando-lhe uma nova dinâmica em todos os seus aspectos, com a amizade e o auxílio de alguns abnegados.
Os acontecimentos, buscados em Aymoré de Castro Alvim, Jornal Cidade de Pinheiro, Josias Peixoto de Abreu e IBGE, justificam nossa assertiva, haja vista serem os “protagonistas” da efervescência causada, na e para a cidade, mudando-lhe o comportamento, em definitivo, em suas mais variadas nuances; provocando e lhe garantindo o “aparecimento” de uma rica e consistente cultura, a qual vem “provendo” o Maranhão, o Brasil, quiçá, o mundo, de filhos capazes de serem os atores basilares, em todas as áreas de conhecimentos.

Senão, vejamos. No decurso da citada década, importantes acontecimentos vieram mudar, e para melhor, a realidade, de total isolamento, em que Pinheiro vivia.

Em 1920, iniciou-se o Movimento Cultural Pinheirense, promovendo o crescimento cultural, intelectual e artístico, de seus filhos; iniciativa do juiz Elizabetho Barbosa de Carvalho. Pinheiro foi elevada à categoria de Cidade. Fundou-se a Loja Maçônica Renascimento de Pinheiro.
Em 1921 – fundou-se o Jornal Cidade de Pinheiro, por Dr. Elizabetho, Clodoaldo Cardoso e Brasiliano Barroca. Fundou-se o teatro Guarany. Dr. Elizabetho e alguns companheiros fundaram uma Escola Noturna.
Em 1922 – implantou-se a luz elétrica; luta do prefeito Josias Peixoto de Abreu e colaboração, com um empréstimo, de Albino Rodrigues de Paiva. Dr. Elizabetho Barbosa de Carvalho contribui na elaboração de um projeto urbanístico e o novo Código Municipal de Posturas. Instalou-se o Instituto Pinheirense, com os cursos de primeiras letras, primário e secundário, para ambos os sexos.
Em 1923 – instalaram-se, por Dr. Elizabetho, a Biblioteca Popular e o Salão de Leitura.
Em 1924 – fundou-se o Casino Pinheirense.
Em 1924 – Domingos de Castro Perdigão fundou o primeiro salão de leitura, a “Biblioteca Popular”.
Em 1925 – José Alvim fundou o semanário A Vanguarda. Fundou-se a Escola Antônio Souza, para crianças pobres, pela Maçonaria.
Em 1926 – fundaram-se o Teatro Santo Inácio e a Escola Normal;
Em 1927 – fundou-se o Grupo Escolar Odorico Mendes. Veio-lhe o primeiro veículo motorizado, um caminhão. Instalou-se a Usina dos Franceses, na região da Chapada, beneficiando o coco babaçu e produzindo coque (carvão), ácido acético, álcool metílico e alcatrão.
Em 1929 – fundou-se o Guarany Esport Club, o primeiro time de futebol de campo, presidido pelo Dr. Elizabetho Barbosa de Carvalho; trazendo junto o primeiro teatro, o Guarany, e uma escola noturna.


Diante de tão magníficos feitos, resta-nos agradecer a todos os que nos deram desenvolvimento e engrandecimento. Entretanto, uma dorida constatação: o “desprezo” e o esquecimento, por completo, de nosso maior benfeitor, que teve sua última referência, no cotidiano pinheirense, transformada em um camelódromo.
Uma pena!

PERI-MIRIM/MA: Olimpíada do Tesouro Direto de Educação Financeira premia alunos do Colégio ARC

Por Edna Jara Abreu Santos

Com quase quinze disciplinas envolvidas no currículo escolar, os alunos do 6º e 7º ano do Colégio Alda Ribeiro Corrêa (ARC), participaram das suas primeiras Olimpíadas: DesafiEI 2024, a maior Olimpíada de Desafios para o desenvolvimento de competências e habilidades socioemocionais do Brasil, realizada pela Escola da Inteligência – alcançando 71.800 pontos e com a posição 08 entre as escolas de todo o Brasil, sendo a primeira do Maranhão na classificação geral – e a Olimpíada do Tesouro Direto de Educação Financeira – OLITEF.
Foram eles:
🏅AFONSO PEREIRA LOPES NETO (7º ano)
🏅ALICE SANTOS LOPES (7º ano)
ANDRE LEONARDO GOMES DE MOURA (6º ano)
BRUNO GHABRYEL GOMES PEREIRA (7º ano)
DANRLYANDERSON PEDRO BARROS FRANCA (7º ano)
DAVY PIETRO LOPES ROCHA (7º ano)
ELENY PINHEIRO BARBOSA (7º ano)
GABRYEL BOTAO CAMPELO LEITE (7º ano)
JOAO PEDRO LOPES CASTRO (7º ano)
KESLEY VITORIA PEREIRA SILVA (7º ano)
LIVIA CORREA AMORIM PEREIRA (7º ano)
LUCAS MANOEL LAGO LOPES (6º ano)
MARIA VITORIA FRANCA LOPES (7º ano)
SAFIRA DA CONCEICAO SILVA FRANCA (6º ano)
YASMIN CUTRIM AZEVEDO (7º ano).

A OLITEF premiou a aluna Alice Santos Lopes (7º ano), líder de turma, com a Medalha de Ouro, o aluno Afonso Pereira Neto (7º ano), vice-líder, ganhou a Medalha de Honra ao Mérito e os demais alunos foram agraciados com o Certificado de Participação na Olimpíada.

A Olimpíada do Tesouro Direto de Educação Financeira – OLITEF consolidou-se como a maior Olimpíada de Educação Financeira do Brasil e é voltada para estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e 1º ano do Ensino Médio de escolas públicas e privadas de todo o Brasil. Nessa primeira edição, mais de 9 mil escolas se inscreveram e mais de 700 mil alunos fizeram a prova.

O Colégio Alda Ribeiro Corrêa – ARC que começou suas atividades educativas em 2021, com aulas regulares no Ensino Infantil, Ensino Fundamental (1º ao 9º ano) e cursos preparatórios, vem obtendo resultados positivos no desenvolvimento de alta qualidade de ensino no município de Peri-Mirim – MA.

Neste ano letivo (2024), algumas datas comemorativas envolvendo a família na escola foram prestigiadas, como: Páscoa, homenagem às mães, aos avós, pais, estudantes, professores e etc., muita recreação também com a Mochila maluca, semana da criança, formatura do ABC, palestras com profissionais e turismo; alguns projetos internos foram aplicados nas turmas, cita-se: o Banco do Saber, Soletrando em Língua Portuguesa, Soletrando em Inglês, Feira Literária, Estante Mágica – Noite de autógrafos e entregas de medalhas para alunos nota 10.

Ainda este ano, a diretora Alda Ribeiro Corrêa ganhou em 1º lugar o prêmio de Empreendedora Feminina, oferecido pelo Banco do Nordeste, concorrendo com outras 56 histórias. A professora Alda, que também é membro da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) fala sobre a missão do Colégio:

A missão é oportunizar uma educação alicerçada na educação cristã, na conservação de valores humanísticos e éticos, promover um ambiente dinâmico e integrador para formar alunos com autonomia intelectual e condições de prosseguir na vida. Nosso colégio ainda é jovem, mas sempre busca investir em práticas de ensino inovadoras com metodologias ativas, capacitação de professores, trazendo o lúdico para a sala de aula e disciplinas atualizadas, como Educação Socioemocional, Educação financeira, aulas de línguas estrangeiras (Inglês e Espanhol), LIBRAS, Escola da Inteligência – EI, Informática, Ballet e outras… Conectando ainda a família à escola e sempre melhorando a qualidade escolar, assim é possível alcançarmos os resultados esperados.

E é com grande alegria e espírito de gratidão que, em nome de todo corpo escolar do Colégio ARC, agradecemos a Deus pelas bênçãos recebidas durante todo ano letivo, agradecemos pelo apoio incondicional dos pais dos nossos alunos e de todos os parceiros e amigos da escola.

Desejamos a todos um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de esperanças, alegrias, conquistas, saúde e principalmente, que sejamos sempre receptáculos do amor e perdão de Deus.

Diretor Regional das Comunidades do Governo dos Açores visita São Luís

Por José Andrade*
Intervenção proferida esta terça-feira (24/09/2024), na cidade de São Luís, a capital do Estado do Maranhão 🇧🇷, que foi organizada por açorianos há mais de 400 anos:
A relação histórica entre Açores e Maranhão é fundamental, tanto para os Açores quanto para o Maranhão.
Para os Açores, ela inaugura o movimento emigratório que levaria uma parte importante do povo açoriano para o Brasil em geral, mas também, depois e sobretudo, para os Estados Unidos e Canadá.
Para o Maranhão, ela representa o início formal da própria organização da cidade de Sao Luiz. E isso nem sempre é devidamente conhecido e reconhecido.
Por isso, começo por citar o historiador maranhense Euges Lima, antigo presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.
No congresso internacional comemorativo dos 400 anos de presença açoriana no Maranhão, aqui realizado em 2019 por ocasião da fundação da Casa dos Açores do Maranhão, ele demonstra o essencial dessa nossa relação histórica, assim resumida:
A colonização açoriana no Maranhão e, em especial, em São Luís, é um tema que ficou meio esquecido da história e memória da cidade“.
Raramente se remete aos colonizadores açorianos, sua importância e legado, que para cá imigraram nos primeiros decénios dos seiscentos.
Talvez a explicação para esse esquecimento seja o mito da fundação francesa que foi inventado há mais de cem anos pela historiografia, ofuscando e deslocando o legado concreto dos portugueses para um “legado” imaginário e inexistente da contribuição francesa na origem da cidade.
Os açorianos foram os responsáveis pelos primeiros passos da municipalidade e início da cidade. A instalação do primeiro Senado da Câmara de São Luís foi obra deles.
Em 1619, Simão Estácio da Silveira – um dos pioneiros da colonização portuguesa no Maranhão, de origem açoriana, chega aqui e se torna o primeiro presidente da Câmara de São Luís.
A festa do Divino Espírito Santo foi trazida por eles;
A arquitetura das antigas casas rurais de São Luís e de várias regiões do interior do Estado são de origem açoriana – possivelmente o Bairro do Desterro, um dos mais antigos da cidade, foi fundado por eles.
São esses portugueses das ilhas que vão iniciar o processo de colonização civil da cidade de São Luís, após a expulsão dos franceses por Portugal em 1616.
Os portugueses que vieram para cá eram militares, faziam parte dessas expedições lusas de reconquista. É com a primeira leva de colonos açorianos em 1619, depois a segunda em 1621 e por aí em diante, que o projeto de colonização civil de São Luís tem início efetivamente.
A intensificação do fluxo migratório de açorianos para o Brasil, principalmente para o Maranhão e Grão-Pará, se deu na conjuntura da expulsão dos franceses do Norte do Brasil, da Ilha de São Luís.
Para a coroa portuguesa nesse momento de União Ibérica, a consolidação da colonização portuguesa na região da bacia e foz do Amazonas era uma prioridade. Portanto, era necessário a implantação de núcleos de povoamento na região e o recrutamento de açorianos foi a solução encontrada.
Um dos capitães e líderes desse processo migratório foi Simão Estácio da Silveira, que era capitão de navio, professor de agricultura, cronista, desenhista, desbravador e procurador das coisas do Maranhão. Ele chegou aqui, possivelmente, por volta de 11 de abril de 1619. Era capitão de um navio com quase 300 pessoas.
Vieram para o Maranhão e Grão-Pará, com essa primeira leva, cerca de 200 casais açorianos, mas só desembarcaram no porto de São Luís 95 casais com alguns solteiros, num total de 461 almas. São essas as primeiras famílias de açorianos que vão colonizar São Luís.
A organização urbana e a origem da municipalidade de São Luís começam efetivamente a partir daí, com a instalação do Senado da Câmara. A criação do estado colonial do Maranhão, separado do estado do Brasil, surgiu nesse contexto, como uma forma de desenvolvimento da região. Simão Estácio da Silveira foi um entusiasta da colonização do Maranhão e do Pará.
O livro “Relação Sumária das Cousas do Maranhão”, uma espécie de material publicitário para atrair novos colonos, sua obra de maior vulto, foi publicada em Lisboa, em 1624 – este ano está completando 400 anos de sua primeira edição.” Fim de citação.
É por tudo isso que estamos aqui, 400 anos depois. De facto, vivemos nos Açores há quase 600 anos, desde 1427, e há mais de 400 anos que saímos dali, primeiro, em 1629, acrescentando às nove ilhas do Atlântico Norte uma décima ilha de São Luiz na América do Sul.
Na sua fase inicial, a emigração açoriana dirige-se para a região do nordeste brasileiro, para o Maranhão.
O historiador açoriano Luís Mendonça, no seu livro “História da Emigração Açoriana – Séculos XVII a XX”, que tive o gosto de apresentar este mês na Casa dos Açores em Lisboa, identifica alguns desses primeiros movimentos transatlânticos:
Em meados do século XVII, partem para o Maranhão 100 casais da Ilha De Santa Maria, que contavam de 500 a 600 pessoas;
Em 1675, seguem da Ilha do Faial para o Pará 50 casais com 234 pessoas e há outros 200 casais que trocam a pequena ilha Graciosa pelo grande território do Maranhão;
Em 1722, a ilha do Pico regista mais de 300 casais alistados para passarem a viver no Maranhão com mais de 1700 pessoas, o equivalente a cerca de 20% da população então residente na ilha montanha dos Açores.
O Maranhão marca assim a emigração açoriana até meados do século XVIII, com três caraterísticas específicas:
Em primeiro lugar, era uma emigração de casais e, inclusive, por ilhas, com o duplo propósito de servir a política colonizadora da Coroa portuguesa e de facilitar o espírito de união entre os que partiam.
Em segundo lugar, não havia, por conseguinte, uma emigração livre – as pessoas só iam se e para onde a Coroa achava conveniente, no sentido de melhor servirem os interesses nacionais.
Em terceiro lugar, e por norma, eram situações excecionais – como calamidades naturais ou miséria comprovada das populações – que motivavam os movimentos de emigração ou colonização entre os Açores e o Maranhão.
O Maranhão foi a porta de entrada da emigração açoriana no Brasil, mas os açorianos dispersaram-se um pouco por todo o imenso território brasileiro.
No século XVIII, chegámos ao Brasil meridional para povoar Santa Catarina, em 1748, e Rio Grande do Sul, em 1752.
E fomos ainda mais longe, até ao Uruguai, para fundar a cidade de San Carlos, em 1763.
No segundo ciclo da emigração açoriana para o Brasil, já no século XIX, chegámos ao Rio de Janeiro, a São Paulo, a Salvador da Bahia e já antes havíamos marcado presença noutros estados brasileiros como Minas Gerais ou Espírito Santo.
Em resultado e como testemunho dessa relação histórica entre Açores e Brasil, existem já sete “embaixadas” simbólicas da herança cultural açoriana na grande nação brasileira:
A Casa dos Açores do Rio de Janeiro, fundada em 1952;
As Casas dos Açores de São Paulo e da Bahia, fundadas ambas em 1980;
A Casa dos Açores de Santa Catarina, em 1999;
A Casa dos Açores do Estado do Rio Grande do Sul, em 2003;
A Casa dos Açores do Maranhão, em 2019;
E a Casa dos Açores do Espírito Santo, em 2022.
Sendo embora uma das mais recentes das 18 Casas dos Açores no mundo – em Portugal, Brasil, Estados Unidos, Canadá, Uruguai e Bermuda – a Casa dos Açores do Maranhão, historicamente, devia ter sido a primeira de todas. A sua criação há cinco anos, assinalando quatro séculos de presença açoriana no Maranhão, foi um ato de justiça histórica.
Estão, por isso, todos de parabéns – desde o seu presidente fundador e agora presidente honorário, Paulo Matos, até ao seu atual presidente, Raphael Guará, passando pelo conselheiro da diáspora açoriana que representa os demais Estados do Brasil, Aristides Bittencourt, entre outros.
Mas a criação da Casa dos Açores do Maranhão não foi um ponto de chegada. Ela é um ponto de partida. Por isso estamos aqui, para reiterar e reforçar a relação do Governo dos Açores com o Estado do Maranhão.
Em breve teremos uma Praça dos Açores na cidade de São Luís e uma sede própria para a Casa dos Açores, provando, afinal, que o nosso passado tem presente e que o nosso presente tem futuro.
Muito obrigado por serem o testemunho dos Açores no Maranhão!”

A FORÇA DO BAIXADÊS III (… o “F” de todos os Baixadeiros)

Por Zé Carlos Gonçalves

No sábado último, na AMEI, no lançamento do livro O ÓRFÃO E O JORNALISTA, mediado por Nonato Reis, tive “uma senhora conversa” com o mestre Manoel Barros. Ali, como não poderia deixar de ser, transpirou, vê só, a nossa querida BAIXADA. E, de verdade, coisas boas virão! Os DIÁLOGOS BAIXADEIROS vêm revigorados. Ou, como se diz no BAIXADÊS, “veim cum ‘fôça’ totá!”
O certo é que, nesse “falatório”, muita “futrica” saiu. E me veio a “fandanga” ideia de mergulhar no BAIXADÊS com a família do “F”, após sentir a vibração de algumas palavras com essa fricativa. Vamos ver o que vai dar! “Afiná, mi deo foi uma vontade doida” de brincar “um tiquinho”.
E, com “fé” em Santo Inácio de Loiola, vou “atentar”!
O ar de nossa Princesa anda muito “fuvêro”, com a “fuxicada” do período eleitoral, em que o que não falta são “os ‘faniquitos’, os ‘fala’ mansa, os ‘fulêros’, os ‘fofoqueiros”.
Mas não só de política o “F” se alimenta. De saudade, também.
A “Favêra” e o Oiteiro do “Finca” agonizam para sempre. Já são “finados” para nós, que os vimos vivos e os sentimos “firmes” sob os nossos pés.
Também se “faz” presente, ao nos oferecer, cantantes, as mais ricas pérolas “fonéticas”, que dançam em nossos ouvidos e nos embalam em nossas lembranças. Eita, “F,’ ‘fio’ di uma mãe!”
E, aí, as expressões “vãum si ‘fazeno” e nos “matando a vontade”. E só quem é BAIXADEIRO para entender a “profundeza” das mensagens; pois a mesma vem eivada de sentimentalidade. Afinal, quem nunca mediu a beleza dos seus com a máxima máxima. “Cara di um ‘focinho’ du ôto”. Ou “se quêxô” do desconforto “físico”, após um longo e árduo dia de trabalho duro. “Tô ‘fadigado’ i discaderado di ‘fazê’ tanta ‘força”.
O certo é que pululam as nossas identidades linguísticas. “Êsse piqueno é um ‘fuguete’, mais ‘fuçadô’ qui um quêxada”. E só aumentam. Na saúde e na doença. Na alegria e na tristeza. Nos sonhos e nas certezas do que somos. Misericórdia! Muito escutei, durante um resfriado. “Êssi muleque tá cum a venta qui paréci um ‘fole”. E, para depreciar alguém, o repertório se apresentava “farto’. ‘Fogoió’, ‘fio’ duma égua, ‘finório’, teim a mão ‘fina’, ‘féla’ da puta, é uma mulé di vida ‘fáci”.
Esse desfilar do “F” se impõe poderoso, em suas metáforas, que se potencializam, com a intenção do desprezo. “Êssi sujeitho num é neum galo, tá mais pra ‘frango”. Ou no ápice do desespero. “Só quiria sê, i ‘fincô’ u pé na merda”.
Também, em palavras, que se apresentam “fortes”, por si só. “Fundilho, faca pexêra, fajuto, furunco, fanhoso, fedorento …”
E, para fechar, uma das nossas construções mais fantásticas. “Dêxa di tua ‘fóba”.
Eita “F”, da gôta serena! Infitético!

O PAI PERDOA

Por W. Livingston Larned*

Escute, filho: enquanto falo isso, você está deitado, dormindo, uma mãozinha enfiada debaixo do seu rosto, os cachinhos louros molhados de suor grudados na fronte. Entrei sozinho e sorrateiramente no seu quarto. Há poucos minutos atrás, enquanto eu estava sentado lendo meu jornal na biblioteca, fui assaltado por uma onda sufocante de remorso. E, sentindo-me culpado, vim para ficar ao lado de sua cama.

Andei pensando em algumas coisas, filho: tenho sido intransigente com você. Na hora em que se trocava para ir à escola, ralhei com você por não enxugar direito o rosto com a toalha. Chamei-lhe a atenção por não ter limpado os sapatos. Gritei furioso com você por ter atirado alguns de seus pertences no chão.

Durante o café da manhã, também impliquei com algumas coisas. Você derramou o café fora da xícara. Não mastigou a comida. Pôs o cotovelo sobre a mesa. Passou manteiga demais no pão. E quando começou a brincar e eu estava saindo para pegar o trem, você se virou, abanou a mão e disse: “Thau, papai!” e, franzindo o cenho, em resposta lhe disse: “Endireite esses ombros!”

De tardezinha, tudo recomeçou. Voltei e quando cheguei perto de casa vi-o ajoelhado, jogando bolinha de gude. Suas meias estavam rasgadas. Humilhei-o diante de seus amiguinhos fazendo-o entrar na minha frente. As meias são caras – se você as comprasse tomaria mais cuidado com elas! Imagine isso, filho, dito por um pai!

Mais tarde, quando eu lia na biblioteca, lembra-se de como me procurou, timidamente, uma espécie de mágoa impressa nos seus olhos? Quando afastei meu olhar do jornal, irritado com a interrupção, você parou à porta:

– “0 que é que você quer?”, perguntei implacável.

Você não disse nada, mas saiu correndo num ímpeto na minha direção, passou seus braços em torno do meu pescoço e me beijou; seus braços foram se apertando com uma afeição pura que Deus fazia crescer em seu coração e que nenhuma indiferença conseguiria extirpar. A seguir retirou-se, subindo correndo os degraus da escada.

Bom, meu filho, não passou muito tempo e meus dedos se afrouxaram, o jornal escorregou por entre eles, e um medo terrível e nauseante tomou conta de mim. Que estava o hábito fazendo de mim? 0 hábito de ficar achando erros, de fazer reprimendas – era dessa maneira que eu o vinha recompensando por ser uma criança. Não que não o amasse; o fato é que eu esperava demais da juventude. Eu o avaliava pelos padrões da minha própria vida.

E havia tanto de bom, de belo e de verdadeiro no seu caráter. Seu coraçãozinho era tão grande quanto o sol que subia por detrás das colinas. E isto eu percebi pelo seu gesto espontâneo de correr e de dar-me um beijo de boa noite. Nada mais me importa nesta noite, filho. Entrei na penumbra do seu quarto e ajoelhei-me ao lado de sua cama, envergonhado!

É uma expiação inútil; sei que, se você estivesse acordado, não compreenderia essas coisas. Mas amanhã eu serei um papai de verdade! Serei seu amigo, sofrerei quando você sofrer, rirei quando você rir. Morderei minha língua quando palavras impacientes quiserem sair pela minha boca. Eu irei dizer e repetir, como se fosse um ritual: “Ele é apenas um menino – um menininho!”

Receio que o tenha visto até aqui como um homem feito. Mas, olhando-o agora, filho, encolhido e amedrontado no seu ninho, certifico-me de que é um bebê. Ainda ontem esteve nos braços de sua mãe, a cabeça deitada no ombro dela. Exigi muito de você, exigi muito.

Em lugar de condenar os outros, procuremos compreendê-los. Procuremos descobrir por que fazem o que fazem. Essa atitude é muito mais benéfica e intrigante do que criticar; e gera simpatia, tolerância e bondade. “Conhecer tudo é perdoar tudo”. Como disse o dr. Johnson: “0 próprio Deus, senhor, não se propõe julgar o homem até o final de seus dias”.

Então, por que eu e você deveríamos julgar? 


*William Livingston Larned foi um autor e poeta americano. Ele é conhecido por suas obras “Father Forgets” e “Advertisement Illustration”. Em 1909, ele escreveu um poema intitulado “Flor do Estado da Flórida” para comemorar a designação da flor de laranjeira como a flor oficial do estado da Flórida.

A versão de Papai Perdoa publicado na revista Reader’s Digest também foi incluída no livro de Dale Carnegie, “Como fazer amigos e influenciar pessoas”. Carnegie descreveu isso como; Um dos escritos populares do jornalismo americano. Inicialmente, foi publicado como editorial em 1927 no People’s Home Journal. Desde então, foi impresso em inúmeras revistas, boletins informativos e jornais de todo o país, e também foi traduzido para vários idiomas estrangeiros. Além disso, foi apresentado em muitos programas e programas de rádio. Surpreendentemente, até mesmo publicações de faculdades e escolas secundárias compartilharam este poema.

PROJETO COERÊNCIA POR UM MUNDO MELHOR: Reino desunido não prospera!

Extraído do livro: COMO SE TORNAR SOBRENATURAL de Dr. Joe Dispenza

“Todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá”. Mateus 12:25

 

Vivemos em um tempo de extremos, e esses extremos são reflexo de uma velha consciência que não pode mais sobreviver e de uma futura consciência na qual a própria Terra e todos no planeta estão se transformando. A velha consciência é movida por emoções de sobrevivência como ódio, violência, preconceito, raiva, medo, sofrimento, competitividade e dor, que servem para nos induzir a acreditar que estamos separados um do outro. A ilusão de separação sobrecarrega e divide indivíduos, comunidades, sociedades, países e a Mãe Natureza. A desatenção, o descuido, a ganância e o desrespeito à atividade humana ameaçam a vida como a conhecemos. Por simples questão de lógica e razão, esse tipo de consciência não pode se sustentar por muito mais tempo.

Como tudo caminha para polaridades extremas, é inegável que muitos dos sistemas atuais – políticos, econômicos, religiosos, culturais, educacionais, médicos ou ambientais – são desmontados à medida que paradigmas antiquados caem. Podemos ver isso de forma mais proeminente no jornalismo, em que ninguém mais sabe em que acreditar. Algumas mudanças refletem escolhas das pessoas, outras refletem níveis crescentes de consciência pessoal.

Uma coisa é óbvia: nessa era da informação, tudo o que não está alinhado com a evolução da nova consciência vem à tona. Se você não está ciente de que ocorre um aumento na frequência e energia neste momento – um aumento na ansiedade, tensão e paixão –, talvez não esteja prestando atenção ao seu estado de ser e à interconexão da humanidade com essa energia.

Além de agitações nos ambientes políticos, sociais, econômicos e pessoais, altamente carregados, muita gente também sente o tempo acelerando, ou que acontecimentos importantes estão ocorrendo a intervalos de tempo menores. Dependendo do ponto de vista, pode ser um momento histórico emocionante de despertar ou indutor de ansiedade. Independentemente disso, o velho deve desaparecer ou desmoronar para que algo mais funcional possa surgir. É assim que pessoas, espécies, consciência e o próprio planeta evoluem. A excitação energética nos seres humanos e na natureza gera várias perguntas: será que estão em cena influências maiores, que afetam a correlação da humanidade com violência, guerra, crime, terrorismo e, inversamente, paz, unidade, coerência e amor? Será que existe uma razão para tudo isso estar acontecendo neste momento específico?

Fonte: DISPENZA, Joe. Como se tornar sobrenatural : pessoas comuns realizando o extraordinário; tradução de Lúcia Brito. Porto Alegre: CDG, 2020.


JOE DISPENZA estudou bioquímica na Universidade Rutgers. Detém o grau de bacharel em ciência com ênfase em neurociência e obteve o título de doutor em quiroprática na Life University de Atlanta, Geórgia.

Diabetes: cientistas brasileiros criam óleo natural para tratar problemas causados pela doença

A patente protege o uso inédito de um óleo capaz de tratar um problema de saúde ainda sem medicamentos disponíveis.

A Universidade Estadual do Ceará (Uece) recebeu do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) aprovação de sua quarta carta-patente, que tem como título “Uso de extrato de plantas do gênero croton, uso de estragol, uso de anetol e método de tratamento de neuropatias”, de autoria dos pesquisadores Francisco Walber Silva, Vânia Ceccatto, Aline Alice Albuquerque, Morgana Oquendo, Flávio Henrique Macedo, Kerly Shamyra Alves, José Henrique Leal Cardoso e Andrelina Souza.

A patente foi resultado de tese de doutorado do autor principal, Francisco Walber, que explica: “é a patente da utilização de óleo essencial da planta croton zehntneri, também muito conhecida como canela de cunhã, encontrada principalmente no Nordeste. A nossa patente lida exatamente com a utilização desse óleo para a preparação, possivelmente em composição farmacêutica, no tratamento de neuropatias, mais especificamente a neuropatia devido ao diabetes, a neuropatia diabética. Então, nós desenvolvemos esse estudo, utilizamos óleo essencial em uma determinada concentração e conseguimos ver que o tratamento com óleo essencial dessa planta conseguiu reverter ou, pelo menos, atenuar, alguns problemas que o diabetes pode provocar devido à neuropatia em gânglios nervosos e em troncos nervosos”.

A pesquisa tem seu ineditismo considerando, principalmente, que o diabetes tem tratamento baseado no controle glicêmico, contudo, essa importante neuropatia causada pela doença ainda não dispõe de nenhum tratamento específico. O tratamento da neuropatia diabética é feito através do tratamento do diabetes ou tratamento sintomático, com controle da dor neuropática com analgésicos. O óleo essencial da canela de cunhã se candidata a ser um tratamento específico. De acordo com o orientador da pesquisa da Uece e um dos autores da patente, professor Henrique Leal, a neuropatia diabética é um problema grave e comum:

“A complicação mais grave do diabetes frequentemente é a neuropatia, que ocorre principalmente como lesão aos nervos mais longos do corpo, sendo um deles o nervo ciático, que vai desde a coluna até o pé. Esse nervo é atacado inicialmente no pé e depois essa lesão vai progredindo em direção às partes mais centrais do corpo. Então, esse é um acometimento muito grave, causando hipersensibilidade e até anestesia. A pessoa tropeça, fere o pé e não sente, sendo que no diabetes a cicatrização é mais difícil. Isso gera frequentemente um problema muito conhecido que é o pé diabético, em que a pessoa desenvolve úlceras no pé de difícil tratamento e de difícil cicatrização”. Ainda de acordo com o pesquisador, a cada 30 segundos, uma pessoa no mundo sofre uma amputação de membro inferior por causa do diabetes.

Os resultados positivos dos testes pré-clínicos, realizados em camundongos, no Laboratório de Eletrofisiologia (LEF/Uece), se deve ao alto teor (80%) de anetol, um composto vegetal presente na planta croton zehntneri, que ajuda a tratar as alterações neurais sem interferir na glicemia do paciente diabético.

De acordo com a também inventora, Andrelina Souza, encontrar tais resultados é algo de suma importância para os pesquisadores. “A proposta do nosso trabalho sempre foi descobrir substâncias que tivessem baixo custo, com pequena toxicidade, que fossem eficazes no tratamento da neuropatia diabética. Essa descoberta, para nós, é mais do que gratificante, uma vez que a gente já vem trabalhando com isso há muito tempo, e nós conseguimos mostrar, através de estudos científicos, que a croton zehntneri é uma planta rica em óleos essenciais, tem um rendimento muito grande, de fácil extração e que é baixo custo. Isso torna o medicamento mais acessível à sociedade”.

Sobre as patentes, a Uece obteve a primeira delas em 2021, seguindo uma nova obtenção a cada ano. Ao todo, a instituição recebeu do INPI até então, quatro patentes. Para o coordenador da Agência de Inovação da Uece (Agin), professor Jerffeson Teixeira, “a concessão dessa nova carta-patente é mais uma demonstração e reconhecimento da capacidade de inovação da nossa instituição, reforçando o nosso compromisso contínuo com a proteção de tecnologias que podem impactar positivamente a sociedade”.

Próximos passos

O LEF, vinculado ao Instituto Superior de Ciências Biomédicas (ISCB/Uece), tem à frente o professor Henrique Leal, que teve Walber como um de seus primeiros alunos de Doutorado na Uece, em 2008, por meio do Programa de Doutorado em Biotecnologia – Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio). Professor Henrique segue com as pesquisas relacionadas à patente, no LEF. Dessa vez com o aperfeiçoamento da dose de efeito do óleo. “Na dosagem inicialmente pesquisada, o óleo essencial já tem um excelente efeito anti-inflamatório. Então, nós decidimos experimentar baixar essa dose”, destaca o pesquisador.

Fonte:

Uece descobre óleo capaz de tratar problema causado pelo diabetes e obtém patente

Manifesto Contra a Linguagem Neutra e em Defesa da Tradição da Língua Portuguesa

Por Magno Pereira*

Eu, Professor Magno Pereira, como defensor da integridade e da tradição da língua portuguesa, venho expressar meu veemente repúdio à tentativa de impor a chamada “linguagem neutra “em nossa sociedade. A língua portuguesa, rica em sua história, cultura e estrutura gramatical, não pode ser arbitrariamente alterada para atender a modismos ideológicos que desconsideram sua essência e identidade.

A língua é um patrimônio cultural, um veículo de comunicação que nos une e nos permite transmitir ideias, valores e conhecimentos de geração em geração. Alterar as regras gramaticais da nossa língua, como a flexão do gênero, não é uma questão trivial. A tentativa de introduzir pronomes neutros e outras mudanças artificiais, desrespeita a lógica interna da nossa língua e gera confusão na comunicação.

A inclusão e o respeito à diversidade, são valores fundamentais. No entanto, esses valores não podem ser alcançados à custa da destruição da língua portuguesa, pois existem maneiras mais eficazes de promover a inclusão, sem desfigurar nosso idioma.

Este manifesto é um apelo à razão e ao bom senso, visto que devemos proteger nossa língua contra alterações que, longe de promoverem inclusão, apenas criam divisões e dificultam a comunicação. A língua é portuguesa é uma herança preciosa, e cabe a nós, educadores e cidadãos, defendê-la contra qualquer tentativa de mutilação.


* José Magno Pereira é natural de Peri Mirim/MA, professor de língua portuguesa, concursado nos municípios de Peri Mirim e Palmeirândia. Licenciatura em Letras e Pós graduação em Docência da Ensino Superior. Professor Magno Pereira (Defensor da Língua Portuguesa).


Comentários:

Lembrei agora do poema “Vício da fala” do Oswald de Andrade, que alude essa discussão do erudito versus o popular, o que, aliás, não deixa também de ser a oposição do Modernismo contra o Parnasianismo. O verso final bate o martelo sobre a discussão em seu ponto de vista:
“Para dizer telhado dizem teiado e vão fazendo telhados”
No meu entender, ele compreende que no final todos se entendem, independente do uso ou não da norma culta. Posso também citar o filósofo francês Giles Deleuze, que ao fazer a crítica dos conteúdos de filosofia eurocêntricos, alude os textos de Goethe (eruditos) e de Kafka (que por incrível que pareça, é uma leitura para o povão, pelo menos para época em que foi escrita). Enfim, a discussão sobre isso é antiga e usando norma culta ou não, continuamos dialogando e está tudo bem. Ainda que possa chocar o uso incorreto da nossa língua, ninguém falou em substituir a norma culta como padrão para a comunicação corriqueira ou até mesmo em concursos. Agora quando ouço falar em linguagem neutra, meu sentimento é diferente, porque não enxergo nela uma necessidade, mas uma vontade de demarcar algo. A alegação é que a língua é um instrumento de opressão, de exclusão, que privilegia o pátrio poder e que exclui o diferente. Não sou linguista, mas entendo que pronome indefinido “todos” consegue, com perfeição, incluir todos, todas e até aqueles que querem ser chamados de todes.

Thomaz Ribeiro.

O BAIXADEIRO II

Por Zé Carlos Gonçalves

Cidadão, a desbravar “todos os mundos!”
Viajante, da liberdade plena, a viajar o silêncio das campinas, as veredas dos mistérios e os córregos dos mais nobres sentimentos, sob a sinfonia dos curiós, dos caboclinhos, das patativas e das graúnas.

Avoante, no voo da pipa, a riscar a imaginação em mil e tantas pinceladas, para contentar os olhos ansiosos e o coração acelerado, a explodir em tanta emoção.

Temente caminheiro, da mais demente carreira, a alimentar a curacanga com o profano fogo, devorador do puro coração de quem ama, sem medida, para se sabrecar no dantesco fogaréu da redenção.

Cativo menino, acorrentado à mansa correnteza e ao gritante sussurro do rio, a seguir guiado e abençoado em todas as suas sinas.

Pescador, iscante do voraz anzol, a sustentar os corpos mirrados, enrijecidos da labuta, bruta e implacável, a fim de alimentar a vontade de viver.

Carro de boi, chorante da dor da sequidão e do lamento das trombas d’água, a berrar a insana lida do “cabôco”, a não ter tempo de desanimar nem desistir.

Viandante, seguro em suas verdades, a se deliciar com as belezuras da “mãe Ci”. O LAGO DO FORMOSO, encantando com o encantamento do que não se vê, a florir nas imaginações ricas de tanto imaginar. O RIO MARACU, a vadiar em outras águas, emprenhado-se de mandis, lírio, mandubés e tubis, para despertar a sacra gula dos seus e o amor filial de Nonato Reis e Expedito Moraes. O PORTO DA RAPOSA, exportador de tantos “Manezinhos“, nos barcos infestados de arroz, farinha, milho e babaçu, a desbravar outros e tantos outros portos seguros. O AQUIRI, esplêndido, a se embalar na paz e na calma de César Brito. O RIO TURI, a vadiar, soberano, as fronteiras do além, se penitenciar no Rosário e correr ligeiro a abraçar a longínqua Turiaçu. O RIO PINDARÉ, berrante do berro, cheio de vida, da pororoca, a vagar faminta, da essência da terra e dos medos dos homens. O RIO PERICUMÃ, a se derramar da Lagoa da Traíra e a carregar todos os Zés, em suas dúvidas e fraquezas, para beijar o coração da baía de Cumã e para atestar a força, a hombridade e a fé do B A I X A D E I R O!

O COLUN/UFMA SUPERA MÉDIA NACIONAL DO IDEB 2023

Desde 2011, o Colun tem obtido resultados acima da média nacional.

O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgaram, no último 14 de agosto, os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (ldeb) 2023. O Ideb, que é um indicador da qualidade da educação do Brasil, apontou o ensino de excelência oferecido pelo Colégio Universitário (Colun), da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), que, mais uma vez, se destacou no cenário nacional.

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica é uma avaliação em larga escala que permite traçar metas de qualidade educacional para os sistemas de ensino. O indicador de qualidade é calculado com base nos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar e nas médias de desempenho no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que avalia os estudantes a cada dois anos em Leitura e Matemática. Em 2021, foram estabelecidas as metas para o país. Quanto maior o desempenho dos alunos e maior o número de alunos aprovados, maior será o Ideb.

No âmbito do ensino fundamental, o Colun obteve resultados acima da média nacional tanto nos anos iniciais quanto nos anos finais. A meta nacional prevista para os anos iniciais era de 6 pontos e o Colun atingiu 7,3 pontos. Para os anos finais a meta nacional era 5,5 pontos e Colégio Universitário alcançou 6,6 pontos. Desde 2011, o Colun tem se destacado, estando acima das médias nacional e estadual.

Segundo Fernanda Lopes Rodrigues, coordenadora do Ensino Fundamental do Colun, o resultado alcançado é fruto de um trabalho coletivo da família, escola e estudantes, tudo isso auxiliado pela infraestrutura disponível na escola, que favorece o desenvolvimento dos alunos. “Temos o privilégio de ter uma ampla participação dos familiares, que estimulam os alunos e apoiam as atividades desenvolvidas. Além disso, nossa escola conta com uma proposta pedagógica diferenciada por ser um colégio de aplicação. Aqui, prezamos pelo desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão, sendo um laboratório de práticas inovadoras. Além disso, o quadro docente, composto por professores e professoras com mestrado, doutorado e, até, pós-doutorado, colabora para uma prática docente diferenciada. Por fim, o Colun conta com uma infraestrutura minimamente adequada, com biblioteca, laboratórios de Ciências, Informática, Linguagens, Matemática etc…”, enumerou a coordenadora.

Os resultados relevantes do IDEB, tanto nos anos iniciais quanto nos finais, revelam o compromisso da UFMA, por meio do Colun, com uma educação cada vez melhor para crianças e adolescentes. E os resultados de 2023 comprovam esse compromisso.

Por fim, Fernanda parabeniza toda a comunidade escolar pelo resultado alcançado. “As médias obtidas são resultado de um trabalho coletivo, no qual toda a comunidade escolar colaborou com maestria. Aos servidores docentes, nossos parabéns por contribuírem com o processo formativos de nossos alunos e alunas, desenvolvendo ensino, pesquisa e extensão com o objetivo de oferecer educação de qualidade e com equidade para eles e elas. Parabéns aos nossos alunos e alunas que se dedicam e acreditam no poder transformador da educação. Parabéns às famílias que apoiam nossa escola e se envolvem nas atividades. Parabéns à UFMA por proporcionar as condições para o desenvolvimento de uma educação básica pública, democrática, inclusiva e de qualidade”, conclui Fernanda Lopes Rodrigues, coordenadora do Ensino Fundamental do Colun.

Mais sobre o Ideb

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado em 2007 e reúne, em um só indicador, os resultados de dois conceitos igualmente importantes para a qualidade da educação: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. O Ideb é calculado com base nos dados sobre aprovação escolar, obtidos no Censo Escolar, e nas médias de desempenho no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).

O Ideb agrega ao enfoque pedagógico das avaliações em larga escala a possibilidade de resultados sintéticos, facilmente assimiláveis, e que permitem traçar metas de qualidade educacional para os sistemas. O índice varia de 0 a 10. A combinação entre fluxo e aprendizagem tem o mérito de equilibrar as duas dimensões: se um sistema de ensino retiver seus alunos para obter resultados de melhor qualidade no Saeb, o fator fluxo será alterado, indicando a necessidade de melhoria do sistema. Se, ao contrário, o sistema apressar a aprovação do aluno sem qualidade, o resultado das avaliações indicará igualmente a necessidade de melhoria do sistema.

Por: Ingrid Trindade

Revisão: Jáder Cavalcante

Fonte: https://portalpadrao.ufma.br/site/noticias/