O Cametá dos Martins Santos

Por Ana Creusa

Cametá é um Povoado do município de Peri-Mirim/MA, que fica a cinco quilômetros da rede do município.

Os três irmãos da Família Santos: Ricardina, Cota e Siríaco eram os antigos proprietários do pedaço de terra denominado Cametá.

As zonas limítrofes do Povoado são: Ao Norte, fica a Ilha Grande, separada por uma pequena barragem; ao Leste e Sul se limita com a Ponta do Poço, e a oeste com a Carnaúba dos Nunes.

Os irmãos Santos resolveram dividir a área em três porções. Apenas Ricardina iria permanecer no lugar, onde já tinha casa. As outras duas porções foram colocadas à venda. O compadre de Ricardina, João Pedro[1], encarregou-se do negócio.

Quem se interessou pela compra do local foi Benvindo Mariano Martins, filho de João de Deus Martins[2], fazendeiro do Feijoal. A Ilha Grande já estava em posse de outro filho de João de Deus, Manoel Martins.

Era tradição naquela época que, após o casamento, com consentimento ou arranjado pelos pais, os filhos ganhavam seu quinhão de terra e cabeças de gado para começarem a nova vida.

Como João de Deus teve muitos filhos, o Feijoal já não era suficiente para abrigar a sua grande descendência. Por esse motivo, seus filhos e netos passaram a povoar outras terras, tudo sob o comando do patriarca João de Deus.

Vendo que seus filhos já contraiam núpcias e que precisava aumentar as suas terras, Benvindo adquiriu dois terços do Cametá que estavam à venda. Como a parte da frente das terras faziam fronteira com a Ilha Grande de Manoel Martins, Benvindo adquiriu essa parte.

Ocorre que Ricardina – a única proprietária que iria continuar nas terras – já morava nessa parte do terreno, isto é, na Ponta – onde atualmente pertence à família de tio Santinho[3].

O negócio com João Pedro recaiu exatamente sobre a parte da frente – a Ponta, onde Ricardina morava com seus primeiros filhos. Ela não sabia que o negócio seria com essa parte e que teria que se mudar para o fundo da enseada, no Sítio Jurema, onde hoje é realizada a Ação de Graças, idealizada pelo filho de Ricardina, José dos Santos.

Pois bem, com a mudança de Ricardina (Santoca), que desmanchou sua casa, que tinha uma bela vista para o campo, teve que construir uma casinha improvisada no fundo de enseada. Como no local tinha muitos arbustos de Jurema, passou a chamar aquele local de Jurema.

Os filhos de Benvindo passaram a ocupar a nova terra. Raimundo João Martins (Santinho), instalou-se na Ponta. João de Jesus Martins (Zozoca) e Benvindo Martins Filho (Benvindinho) instalaram-se na parte oeste do terreno, que também tinham uma boa vista para o campo.

Existia uma outra ponta, ao leste que era chamada Ponta da Capoeira que era destinada a Maria Amélia, também filha de Benvindo. Mas Maria Amélia casou-se com José dos Santos, o qual preferiu fazer casa nas terras da sua mãe Ricardina, que ficava no lado sul do Cametá, também na enseada.

Anos depois, Maria Amélia perdeu seu filho mais velho, Ademir de Jesus, e nunca mais teve alegria naquela casa bem-feita pelo seu marido trabalhador que nas horas vagas do seu labor da roça, fazia telhas e tijolos.

Com esse desgosto, Maria Amélia resolveu ocupar o seu terreno na Ponta da Capoeira (local onde atualmente é de Lélio de Walton Barreira). Cometeram o desatino de desmanchar a casa da Enseada e foram viver em uma casa de taipa, construída às pressas. Esse fato desanimou José, que nunca mais teve saúde e nunca terminou a construção da casa.

As famílias Martins Santos entrelaçaram-se. Os irmãos João de Jesus (Zozoca) e Maria Amélia Martins casaram-se com Maria e José Santos, respectivamente, de forma que as terras quase voltaram a formar um todo novamente.

Ricardina vivia com seus filhos nesse quinhão de terra chamado Jurema e lá faleceu, deixando os filhos menores sob os cuidados de Maria e José Santos.

Os Guerreiros da Jurema merecem muitas homenagens e seus legados haverão de ser transmitidos por muitas gerações, por meio de atos e palavras e pela Ação de Graças na Jurema.

[1] Coincidentemente, João Pedro é também o nome do pai de Ricardina.

[2] João de Deus Martins é avô da esposa de José dos Santos.

[3] Raimundo João Martins (Santinho) é irmão de Maria Amélia, esposa de José dos Santos.

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