A SÉTIMA AÇÃO DE GRAÇAS NA JUREMA VEM AÍ

A Família Santos e Amigos já se preparam para a VII Ação de Graças na Jurema que será realizada no dia 16 de novembro de 2024. José dos Santos  idealizou o evento, prevendo que, uma vez por ano, fosse realizada uma reunião na Comunidade do Cametá, no mesmo local em que foi criado, denominado Sítio Jurema. Ao completar 90 (noventa) anos, José apressou-se em construir uma casinha para homenagear a sua mãe, por meio de uma missa em Ação de Graças. A casinha ficou pronta e, quando José completou 94 (noventa e quatro) anos, seu sonho foi realizado. Vestido em seu terno arvo, recebeu os familiares e amigos para comemorar seu aniversário, a fim que se reunissem para celebrar a união e gratidão pelas pessoas do lugar.

A imagem abaixo demonstra a fala de José dos Santos durante a comemoração do seu aniversário de 94 anos na Jurema. José dos Santos era conhecido por gestos suaves e estar sempre elevando as mãos aos altos para agradecer.

Ao evento deu-se o nome de Ação de Graças na Jurema. José faleceu antes que fosse realizada a 1.ª Ação de Graças que idealizou para que fosse realizado todo ano no último sábado do mês de julho. No dia 29 de julho de 2017 foi realizada a 1.ª Ação de Graças na Jurema; a 2.ª Ação de Graças 28 de julho de 2018; a 3.ª em 27 de julho de 2019;  em 2020 não houve devido a Pandemia da Covid-19; a 4.ª em 20 de novembro de 2021; a 5ª em 19 de novembro de 2022; a 6ª em 14 de outubro de 2023 e 7ª foi realizada em 16 de novembro de 2024.


A foto de destaque é da  comemoração dos 80 (oitenta) anos de José Santos. Nesta foto, ele está ladeado pelas duas irmãs Zoelzila e Maria Santos e pelos dois irmãos Alípio e João Pedro. Os demais irmãos: Izidório, Antônio e Manoel já haviam falecido. Hoje 06/11/2024, apenas João Pedro permanece entre nós.

PERI-MIRIM: II Festival de Cultura já tem data marcada

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) e parceiros promoverão no dia 14 de novembro de 2024, o II Festival de Cultura. O referido festival é um grande encontro de manifestações culturais que surgiu com o objetivo de promover um evento democrático de ampla participação popular que incentive a prática e vivência da cultura como expressão artística, contribuindo para a difusão cultural e o desenvolvimento regional por meio da cultura tradicional.

Na 1ª edição do festival, realizada no dia 07 de junho de 2019 em Peri-Mirim, criou-se um espaço para a divulgação da cultura e arte local. A praça central da cidade recebeu atrações como música, poesia, tambor de crioula, capoeira, artistas da terra, exposições, estande de venda de livros, feira gastronômica, roda de conversa e lançamento da 2ª edição do livro “Dicionário do Baixadês”, do escritor e acadêmico Flávio Braga.

Nesta 2ª edição, prevista que ocorrerá no dia 14 de novembro de 2024 na Praça da Igreja da Matriz de São Sebastião, estima-se receber um grande público que prestigiará várias atrações, conforme Programação abaixo:

16h – ABERTURA DA FEIRA CULTURAL: Exposição artística, fotográfica, literária, artesanal, plantas, cerâmicas, gastronomia

17h – ABERTURA DA TENDA CULTURAL COM OS DESBRAVADORES (IASD): Coral Infantil  Cantos de Alma, Apresentação teatral (EMCB), Coreografia (UMADPM), Dança contemporânea

17:40h -MANIFESTAÇÕES CULTURAIS

18:30h – POESIA E MÚSICA

19h – GRANDE ENCONTRO DOS ARTISTAS DA TERRA: Carlos Pique, Santiago, Paim, Edeilson, Paulo Sérgio e Frank Wilson

20:30h – APRESENTAÇÃO TEATRAL NO SINDPROESPEM (vagas limitadas*): 1) 0 Menestrel -Shakespeare (Thyago Alves) e 2) Espetáculo Curacanga (IFMA).

PROJETO PLANTIO SOLIDÁRIO DA ALCAP: Promoverá Troca de Mudas e Sementes durante a VII Ação de Graças na Jurema

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense  (ALCAP) promoverá a quarta Edição da Feira de Troca de Mudas, Sementes e Saberes, em parceria com a VII Ação de Graças na Jurema, que será realizada no dia 16 de novembro de 2024, no Sítio Jurema, Povoado do Cametá, no município de Peri-Mirim-MA.

A referida feira será realizada por meio do Projeto Plantio Solidário “João de Deus Martins”, que tem como gestora, Ana Cléres Santos Ferreira, que sempre contou a colaboração de Maria do Carmo Pinheiro, ambas amigas da ALCAP, as quais preparam um ambiente aprazível para receber a comunidade. A Ação de Graças na Jurema foi idealizada por José dos Santos, para promover a União em sua Comunidade.

Por iniciativa da acadêmica Jessythannya Santos, o objetivo da feira é auxiliar na preservação da biodiversidade, promover a educação ambiental, bem como estimular a alimentação orgânica e saudável. As mudas serão fornecidas pelo Jardim Botânico da Vale S.A. Porém, a maioria das mudas são oriundas do Sítio Boa Vista, de propriedade da gestora do Projeto.

Além de mudas de hortaliças, legumes e outros vegetais, serão trocadas/disponibilizadas plantas ornamentais, mudas de árvores frutíferas e não frutíferas, plantas medicinais, sementes e muito conhecimento e diversão. Esperamos contar com a participação de engenheiro agrônomo ou outro especialista, para orientar as pessoas.

O ITERMA fez a entrega do título das terras do Quilombo Pericumã

Por Maninho Braga

Na sexta-feira, dia 1°de novembro, o ITERMA fez a entrega do título das terras do Quilombo Pericumã. Foi um momento histórico para comunidade. A ação faz parte do programa do governo Paz no Campo. Com a titulação de Pericumã, agora são 7 as comunidades do Território Quilombola Pericumã que já estão tituladas.

Nosso agradecimento especial à equipe do ITERMA, na pessoa do seu coordenador Anderson Ferreira e da coordenadora das comunidades tradicionais Laisse. Nosso agradecimento especial, também, para a amiga Rosa Pinheiro, que muito se empenhou para esta grande conquista da comunidade. No ato, a direção da AMQUIPÉ fez um reconhecimento especial ao saudoso Simeão Soares Gonçalves que muito se dedicou não só para as conquistas de Pericumã, mas pra todas as outras comunidades do Território Quilombola Pericumã. Agradecemos, também, de forma especial ao companheiro Fábio Silva do Movimento Quilombola de Bequimão (Moqbeq) que sempre esteve nos acompanhando. Por último, fizemos um reconhecimento à nossa grande artista popular Lenir que se manifestou cantando várias músicas o que emocionou a todos.

O TIO BOBO (… e o vizinho di cara limpa!)

Por Zé Carlos Gonçalves*

Após “um longo e tenebroso inverno”, de ausência, recebi um verdadeiro abraço do tio Bobo, que logo veio se queixando da minha ingratidão. Aí, só me restou “ficá muchinho, vermelhinho di vergonha” e balançar a cabeça concordando. De verdade, andei sumido, dando finalização ao livro, em que trago as peripécias do meu querido amigo.

E, em meio a essa “matada di sordade”, o tio Bobo, “elétrico, falano cumuma matraca”, vai logo “dispejano uma dais sua”.

Nos últimos tempos, vinha em conflito com um vizinho, que lhe “cunsumia a pacênça”. Tudo por causa de “uns parmo di terra”. O “discarado” invadiu o terreno do tio Bobo, “cu’um cercadinho indecente”. Mas a reação do tio foi imediata. Arrancou o madeirame e fez uma fogueira imensa. E, “pra si impô”, se sentou debaixo do pé de manga, no seu terreiro, “acompanhado de sua bate bucha”, para não deixar dúvida de sua intenção.

Ao vizinho, saliente, só restou se recolher ao silêncio, ciente de que “com o tio não se brinca, não!” E o tio, ainda colérico, se derramou em lamento.

“Queim teim pena du miserávi fica nu lugá dêli. Êssi aí vivia morreno à míngua. Asdepois di minh’ajuda, né qui êssi patife si isqueceo du qui li fiz. Passa têso irguá um caniço i neim um bom dia mi dá. Qui vá prus quinto du inferno êssi cavalo batizado”.

Até tentei lhe tirar dessas lamúrias, convidando-o a tomar umas doses do milagroso São João da Barra, mas a ira não o “largava” e ele continuou.

“Mais, Zé, sô passado na casca du alho, nunca qui vô perdê pr’um malandro dêssi. Inda mais dum muleque qui neim saiu dus cuêro. Um bêsta fera dêssi, qu’inda neim é pinto i já quê sê galo. Purisso, li chamei na chincha i li falei todas ais verdádi”.

Como percebi que não tiraria o tio Bobo daquele estado, resolvi ir embora. Mas lhe escutei, ainda, um último protesto.

“Êssi sacana, pensano qui veim mi avacalhá, tá é perdido. Num tenho mêdo dum trombôio dêssi di cara lisa. Um pésti dêssi!”
Aí, já não havia mais o que fazer. O tio “tava possesso!”

Diretor Regional das Comunidades do Governo dos Açores visita São Luís

Por José Andrade*
Intervenção proferida esta terça-feira (24/09/2024), na cidade de São Luís, a capital do Estado do Maranhão 🇧🇷, que foi organizada por açorianos há mais de 400 anos:
A relação histórica entre Açores e Maranhão é fundamental, tanto para os Açores quanto para o Maranhão.
Para os Açores, ela inaugura o movimento emigratório que levaria uma parte importante do povo açoriano para o Brasil em geral, mas também, depois e sobretudo, para os Estados Unidos e Canadá.
Para o Maranhão, ela representa o início formal da própria organização da cidade de Sao Luiz. E isso nem sempre é devidamente conhecido e reconhecido.
Por isso, começo por citar o historiador maranhense Euges Lima, antigo presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.
No congresso internacional comemorativo dos 400 anos de presença açoriana no Maranhão, aqui realizado em 2019 por ocasião da fundação da Casa dos Açores do Maranhão, ele demonstra o essencial dessa nossa relação histórica, assim resumida:
A colonização açoriana no Maranhão e, em especial, em São Luís, é um tema que ficou meio esquecido da história e memória da cidade“.
Raramente se remete aos colonizadores açorianos, sua importância e legado, que para cá imigraram nos primeiros decénios dos seiscentos.
Talvez a explicação para esse esquecimento seja o mito da fundação francesa que foi inventado há mais de cem anos pela historiografia, ofuscando e deslocando o legado concreto dos portugueses para um “legado” imaginário e inexistente da contribuição francesa na origem da cidade.
Os açorianos foram os responsáveis pelos primeiros passos da municipalidade e início da cidade. A instalação do primeiro Senado da Câmara de São Luís foi obra deles.
Em 1619, Simão Estácio da Silveira – um dos pioneiros da colonização portuguesa no Maranhão, de origem açoriana, chega aqui e se torna o primeiro presidente da Câmara de São Luís.
A festa do Divino Espírito Santo foi trazida por eles;
A arquitetura das antigas casas rurais de São Luís e de várias regiões do interior do Estado são de origem açoriana – possivelmente o Bairro do Desterro, um dos mais antigos da cidade, foi fundado por eles.
São esses portugueses das ilhas que vão iniciar o processo de colonização civil da cidade de São Luís, após a expulsão dos franceses por Portugal em 1616.
Os portugueses que vieram para cá eram militares, faziam parte dessas expedições lusas de reconquista. É com a primeira leva de colonos açorianos em 1619, depois a segunda em 1621 e por aí em diante, que o projeto de colonização civil de São Luís tem início efetivamente.
A intensificação do fluxo migratório de açorianos para o Brasil, principalmente para o Maranhão e Grão-Pará, se deu na conjuntura da expulsão dos franceses do Norte do Brasil, da Ilha de São Luís.
Para a coroa portuguesa nesse momento de União Ibérica, a consolidação da colonização portuguesa na região da bacia e foz do Amazonas era uma prioridade. Portanto, era necessário a implantação de núcleos de povoamento na região e o recrutamento de açorianos foi a solução encontrada.
Um dos capitães e líderes desse processo migratório foi Simão Estácio da Silveira, que era capitão de navio, professor de agricultura, cronista, desenhista, desbravador e procurador das coisas do Maranhão. Ele chegou aqui, possivelmente, por volta de 11 de abril de 1619. Era capitão de um navio com quase 300 pessoas.
Vieram para o Maranhão e Grão-Pará, com essa primeira leva, cerca de 200 casais açorianos, mas só desembarcaram no porto de São Luís 95 casais com alguns solteiros, num total de 461 almas. São essas as primeiras famílias de açorianos que vão colonizar São Luís.
A organização urbana e a origem da municipalidade de São Luís começam efetivamente a partir daí, com a instalação do Senado da Câmara. A criação do estado colonial do Maranhão, separado do estado do Brasil, surgiu nesse contexto, como uma forma de desenvolvimento da região. Simão Estácio da Silveira foi um entusiasta da colonização do Maranhão e do Pará.
O livro “Relação Sumária das Cousas do Maranhão”, uma espécie de material publicitário para atrair novos colonos, sua obra de maior vulto, foi publicada em Lisboa, em 1624 – este ano está completando 400 anos de sua primeira edição.” Fim de citação.
É por tudo isso que estamos aqui, 400 anos depois. De facto, vivemos nos Açores há quase 600 anos, desde 1427, e há mais de 400 anos que saímos dali, primeiro, em 1629, acrescentando às nove ilhas do Atlântico Norte uma décima ilha de São Luiz na América do Sul.
Na sua fase inicial, a emigração açoriana dirige-se para a região do nordeste brasileiro, para o Maranhão.
O historiador açoriano Luís Mendonça, no seu livro “História da Emigração Açoriana – Séculos XVII a XX”, que tive o gosto de apresentar este mês na Casa dos Açores em Lisboa, identifica alguns desses primeiros movimentos transatlânticos:
Em meados do século XVII, partem para o Maranhão 100 casais da Ilha De Santa Maria, que contavam de 500 a 600 pessoas;
Em 1675, seguem da Ilha do Faial para o Pará 50 casais com 234 pessoas e há outros 200 casais que trocam a pequena ilha Graciosa pelo grande território do Maranhão;
Em 1722, a ilha do Pico regista mais de 300 casais alistados para passarem a viver no Maranhão com mais de 1700 pessoas, o equivalente a cerca de 20% da população então residente na ilha montanha dos Açores.
O Maranhão marca assim a emigração açoriana até meados do século XVIII, com três caraterísticas específicas:
Em primeiro lugar, era uma emigração de casais e, inclusive, por ilhas, com o duplo propósito de servir a política colonizadora da Coroa portuguesa e de facilitar o espírito de união entre os que partiam.
Em segundo lugar, não havia, por conseguinte, uma emigração livre – as pessoas só iam se e para onde a Coroa achava conveniente, no sentido de melhor servirem os interesses nacionais.
Em terceiro lugar, e por norma, eram situações excecionais – como calamidades naturais ou miséria comprovada das populações – que motivavam os movimentos de emigração ou colonização entre os Açores e o Maranhão.
O Maranhão foi a porta de entrada da emigração açoriana no Brasil, mas os açorianos dispersaram-se um pouco por todo o imenso território brasileiro.
No século XVIII, chegámos ao Brasil meridional para povoar Santa Catarina, em 1748, e Rio Grande do Sul, em 1752.
E fomos ainda mais longe, até ao Uruguai, para fundar a cidade de San Carlos, em 1763.
No segundo ciclo da emigração açoriana para o Brasil, já no século XIX, chegámos ao Rio de Janeiro, a São Paulo, a Salvador da Bahia e já antes havíamos marcado presença noutros estados brasileiros como Minas Gerais ou Espírito Santo.
Em resultado e como testemunho dessa relação histórica entre Açores e Brasil, existem já sete “embaixadas” simbólicas da herança cultural açoriana na grande nação brasileira:
A Casa dos Açores do Rio de Janeiro, fundada em 1952;
As Casas dos Açores de São Paulo e da Bahia, fundadas ambas em 1980;
A Casa dos Açores de Santa Catarina, em 1999;
A Casa dos Açores do Estado do Rio Grande do Sul, em 2003;
A Casa dos Açores do Maranhão, em 2019;
E a Casa dos Açores do Espírito Santo, em 2022.
Sendo embora uma das mais recentes das 18 Casas dos Açores no mundo – em Portugal, Brasil, Estados Unidos, Canadá, Uruguai e Bermuda – a Casa dos Açores do Maranhão, historicamente, devia ter sido a primeira de todas. A sua criação há cinco anos, assinalando quatro séculos de presença açoriana no Maranhão, foi um ato de justiça histórica.
Estão, por isso, todos de parabéns – desde o seu presidente fundador e agora presidente honorário, Paulo Matos, até ao seu atual presidente, Raphael Guará, passando pelo conselheiro da diáspora açoriana que representa os demais Estados do Brasil, Aristides Bittencourt, entre outros.
Mas a criação da Casa dos Açores do Maranhão não foi um ponto de chegada. Ela é um ponto de partida. Por isso estamos aqui, para reiterar e reforçar a relação do Governo dos Açores com o Estado do Maranhão.
Em breve teremos uma Praça dos Açores na cidade de São Luís e uma sede própria para a Casa dos Açores, provando, afinal, que o nosso passado tem presente e que o nosso presente tem futuro.
Muito obrigado por serem o testemunho dos Açores no Maranhão!”

Parte da Herança de Jô Soares vai para organizações sociais de apoio a autistas

Pouco mais de dois anos após sua morte, Jô Soares segue ajudando instituições sociais. Parte da herança do artista foi dividida em doações para organizações sem fins lucrativos em São Paulo, no Amazonas, em Rondônia e no Mato Grosso.

Todas essas instituições se destinam a cuidar de pessoas com TEA, transtorno do espectro autista. Segundo a ex-mulher de Jô Soares, Flávia Esdras, a herança dele está estimada em R$ 50 milhões pela B&MC News.

A Associação de Pais e Amigos do Autista de Campo Grande (AMA) está entre cerca de 80 entidades beneficiadas pela herança do artista.

Cuidados com carinho 

Jô Soares morreu em 2022 em decorrência de uma série de problemas de saúde.

Antes, porém, Jô perdeu o único filho Rafael Soares, em 2014.

O artista sempre se referia ao filho com carinho e mencionava sua condição com TEA. Rafael morreu aos 50 anos.

A escolha das instituições  

Flávia revelou em entrevista, no mês passado, que a escolha foi motivada pela necessidade de apoiar organizações em regiões com menor acesso a recursos especializados, como o Centro-Oeste e a Amazônia

A seleção das entidades foi feita a partir de uma análise criteriosa e muitas entrevistas.

A organização do Mato Grosso faz um trabalho social voltado para crianças, adolescentes e jovens com o diagnóstico de autismo. Também mantém uma rede de apoio às famílias, de acordo com Campo Grande News.

Jô Soares foi pai de um único menino: Rafael por causa de série de problemas físicos. Foto: AME/ @caras

Jô Soares foi pai de um único menino: Rafael por causa de série de problemas físicos, ele morreu em 2015. Tinha diagnóstico de autismo.

Fonte: https://www.sonoticiaboa.com.br/2024/09/25/heranca-de-jo-soares-vai-para-organizacoes-sociais-de-apoio-a-autistas-video

A FORÇA DO BAIXADÊS III (… o “F” de todos os Baixadeiros)

Por Zé Carlos Gonçalves

No sábado último, na AMEI, no lançamento do livro O ÓRFÃO E O JORNALISTA, mediado por Nonato Reis, tive “uma senhora conversa” com o mestre Manoel Barros. Ali, como não poderia deixar de ser, transpirou, vê só, a nossa querida BAIXADA. E, de verdade, coisas boas virão! Os DIÁLOGOS BAIXADEIROS vêm revigorados. Ou, como se diz no BAIXADÊS, “veim cum ‘fôça’ totá!”
O certo é que, nesse “falatório”, muita “futrica” saiu. E me veio a “fandanga” ideia de mergulhar no BAIXADÊS com a família do “F”, após sentir a vibração de algumas palavras com essa fricativa. Vamos ver o que vai dar! “Afiná, mi deo foi uma vontade doida” de brincar “um tiquinho”.
E, com “fé” em Santo Inácio de Loiola, vou “atentar”!
O ar de nossa Princesa anda muito “fuvêro”, com a “fuxicada” do período eleitoral, em que o que não falta são “os ‘faniquitos’, os ‘fala’ mansa, os ‘fulêros’, os ‘fofoqueiros”.
Mas não só de política o “F” se alimenta. De saudade, também.
A “Favêra” e o Oiteiro do “Finca” agonizam para sempre. Já são “finados” para nós, que os vimos vivos e os sentimos “firmes” sob os nossos pés.
Também se “faz” presente, ao nos oferecer, cantantes, as mais ricas pérolas “fonéticas”, que dançam em nossos ouvidos e nos embalam em nossas lembranças. Eita, “F,’ ‘fio’ di uma mãe!”
E, aí, as expressões “vãum si ‘fazeno” e nos “matando a vontade”. E só quem é BAIXADEIRO para entender a “profundeza” das mensagens; pois a mesma vem eivada de sentimentalidade. Afinal, quem nunca mediu a beleza dos seus com a máxima máxima. “Cara di um ‘focinho’ du ôto”. Ou “se quêxô” do desconforto “físico”, após um longo e árduo dia de trabalho duro. “Tô ‘fadigado’ i discaderado di ‘fazê’ tanta ‘força”.
O certo é que pululam as nossas identidades linguísticas. “Êsse piqueno é um ‘fuguete’, mais ‘fuçadô’ qui um quêxada”. E só aumentam. Na saúde e na doença. Na alegria e na tristeza. Nos sonhos e nas certezas do que somos. Misericórdia! Muito escutei, durante um resfriado. “Êssi muleque tá cum a venta qui paréci um ‘fole”. E, para depreciar alguém, o repertório se apresentava “farto’. ‘Fogoió’, ‘fio’ duma égua, ‘finório’, teim a mão ‘fina’, ‘féla’ da puta, é uma mulé di vida ‘fáci”.
Esse desfilar do “F” se impõe poderoso, em suas metáforas, que se potencializam, com a intenção do desprezo. “Êssi sujeitho num é neum galo, tá mais pra ‘frango”. Ou no ápice do desespero. “Só quiria sê, i ‘fincô’ u pé na merda”.
Também, em palavras, que se apresentam “fortes”, por si só. “Fundilho, faca pexêra, fajuto, furunco, fanhoso, fedorento …”
E, para fechar, uma das nossas construções mais fantásticas. “Dêxa di tua ‘fóba”.
Eita “F”, da gôta serena! Infitético!

O PAI PERDOA

Por W. Livingston Larned*

Escute, filho: enquanto falo isso, você está deitado, dormindo, uma mãozinha enfiada debaixo do seu rosto, os cachinhos louros molhados de suor grudados na fronte. Entrei sozinho e sorrateiramente no seu quarto. Há poucos minutos atrás, enquanto eu estava sentado lendo meu jornal na biblioteca, fui assaltado por uma onda sufocante de remorso. E, sentindo-me culpado, vim para ficar ao lado de sua cama.

Andei pensando em algumas coisas, filho: tenho sido intransigente com você. Na hora em que se trocava para ir à escola, ralhei com você por não enxugar direito o rosto com a toalha. Chamei-lhe a atenção por não ter limpado os sapatos. Gritei furioso com você por ter atirado alguns de seus pertences no chão.

Durante o café da manhã, também impliquei com algumas coisas. Você derramou o café fora da xícara. Não mastigou a comida. Pôs o cotovelo sobre a mesa. Passou manteiga demais no pão. E quando começou a brincar e eu estava saindo para pegar o trem, você se virou, abanou a mão e disse: “Thau, papai!” e, franzindo o cenho, em resposta lhe disse: “Endireite esses ombros!”

De tardezinha, tudo recomeçou. Voltei e quando cheguei perto de casa vi-o ajoelhado, jogando bolinha de gude. Suas meias estavam rasgadas. Humilhei-o diante de seus amiguinhos fazendo-o entrar na minha frente. As meias são caras – se você as comprasse tomaria mais cuidado com elas! Imagine isso, filho, dito por um pai!

Mais tarde, quando eu lia na biblioteca, lembra-se de como me procurou, timidamente, uma espécie de mágoa impressa nos seus olhos? Quando afastei meu olhar do jornal, irritado com a interrupção, você parou à porta:

– “0 que é que você quer?”, perguntei implacável.

Você não disse nada, mas saiu correndo num ímpeto na minha direção, passou seus braços em torno do meu pescoço e me beijou; seus braços foram se apertando com uma afeição pura que Deus fazia crescer em seu coração e que nenhuma indiferença conseguiria extirpar. A seguir retirou-se, subindo correndo os degraus da escada.

Bom, meu filho, não passou muito tempo e meus dedos se afrouxaram, o jornal escorregou por entre eles, e um medo terrível e nauseante tomou conta de mim. Que estava o hábito fazendo de mim? 0 hábito de ficar achando erros, de fazer reprimendas – era dessa maneira que eu o vinha recompensando por ser uma criança. Não que não o amasse; o fato é que eu esperava demais da juventude. Eu o avaliava pelos padrões da minha própria vida.

E havia tanto de bom, de belo e de verdadeiro no seu caráter. Seu coraçãozinho era tão grande quanto o sol que subia por detrás das colinas. E isto eu percebi pelo seu gesto espontâneo de correr e de dar-me um beijo de boa noite. Nada mais me importa nesta noite, filho. Entrei na penumbra do seu quarto e ajoelhei-me ao lado de sua cama, envergonhado!

É uma expiação inútil; sei que, se você estivesse acordado, não compreenderia essas coisas. Mas amanhã eu serei um papai de verdade! Serei seu amigo, sofrerei quando você sofrer, rirei quando você rir. Morderei minha língua quando palavras impacientes quiserem sair pela minha boca. Eu irei dizer e repetir, como se fosse um ritual: “Ele é apenas um menino – um menininho!”

Receio que o tenha visto até aqui como um homem feito. Mas, olhando-o agora, filho, encolhido e amedrontado no seu ninho, certifico-me de que é um bebê. Ainda ontem esteve nos braços de sua mãe, a cabeça deitada no ombro dela. Exigi muito de você, exigi muito.

Em lugar de condenar os outros, procuremos compreendê-los. Procuremos descobrir por que fazem o que fazem. Essa atitude é muito mais benéfica e intrigante do que criticar; e gera simpatia, tolerância e bondade. “Conhecer tudo é perdoar tudo”. Como disse o dr. Johnson: “0 próprio Deus, senhor, não se propõe julgar o homem até o final de seus dias”.

Então, por que eu e você deveríamos julgar? 


*William Livingston Larned foi um autor e poeta americano. Ele é conhecido por suas obras “Father Forgets” e “Advertisement Illustration”. Em 1909, ele escreveu um poema intitulado “Flor do Estado da Flórida” para comemorar a designação da flor de laranjeira como a flor oficial do estado da Flórida.

A versão de Papai Perdoa publicado na revista Reader’s Digest também foi incluída no livro de Dale Carnegie, “Como fazer amigos e influenciar pessoas”. Carnegie descreveu isso como; Um dos escritos populares do jornalismo americano. Inicialmente, foi publicado como editorial em 1927 no People’s Home Journal. Desde então, foi impresso em inúmeras revistas, boletins informativos e jornais de todo o país, e também foi traduzido para vários idiomas estrangeiros. Além disso, foi apresentado em muitos programas e programas de rádio. Surpreendentemente, até mesmo publicações de faculdades e escolas secundárias compartilharam este poema.

A FORÇA DO BAIXADÊS II (… urupema, balaio, carrapeta, coxo …)

Por Zé Carlos Gonçalves

Após procurar “pano pra manga”, em A FORÇA DO BAIXADÊS I, fiquei “doidinho di vontade” de me encontrar entre os meus. E, “cumo isso tá muito difíci, fiz uma viági nu nosso linguajá”. Pelo menos, em pensamento, “vô matano um pôco a vontade lôca di ouvi, mi ouvino”.

E, de verdade, me peguei sorrindo das primeiras palavras, que “me lavaram a alma”. E não se tratam de palavrões. Mentalmente, comecei a balbuciar “urupema”. E, veio a imagem da peneira quadrada, a me espiar dali do gancho, a descansar no velho caibro, do centro da cozinha. E, a acompanhar e bem ilustrar o flashback, veio a figura da vovó Dedé, a preparar o “alguidar” de juçara, que ia se transformando no jantar, rico e delicioso, “bem acompanhado” da farinha e “da jabiraca”, que chiava, sendo “sabrecada”, na brasa, que estava, também, faminta de nossa iguaria.

O certo é que as palavras continuaram a jorrar, num turbilhão de emoções. Palavras fortes e tão familiares. E, por incrível que pareça, mesmo que não pareçam, são nossas. “Ananás, tipiti, peneira, urinó, mençaba, mucajuba, filhós …”
E, para se tornar mais fantástico ainda, “entrou em campo” a riqueza semântica, que permeia o BAIXADÊS e nos sustenta em nossas lembranças. E, veio “balaio”, a nos remeter à peneira, ou ao cesto, ou à “merenda”, ou “à expressão porreta”, “balaio de gatos”. E “capanga”, uma pequena bolsa, repleta de “soluções”; ou um reles guarda costas, “um puxa saco”, a não viver a própria vida.

E, para não supervalorizar “balaio e capanga”, vou puxar “carrapeta”. Um utensílio tão comum no universo das costureiras. Também, um brinquedo, subtraído de entre “os riris”, os botões, as linhas, as agulhas e os dedais, a criar confusão e alguns “cascudos”, que não eram peixes. Ou, ainda, a criança “traquina”, que passa a ser sinonimizada como “capeta, endemoniada, elétrica, faísca …” Barbaridade!

E, para fechar, “qui tal” fazer referência a “cocho”, a gerar “confusão” com sua homônima. Aquela, usada para a retenção de água ou comida, para animais; esta, “coxo”, vai se desdobrando em “cachibento, coxolé, capenga, manquitola, manco …” Eita, Santo Inácio de Loiola!
E, assim, “um tiquinho qui seja”, matei a vontade do meu BAIXADÊS! “Arre égua!”