PERI-MIRIM: Benedito de Jesus Costa Serrão

Por Cintia Cristina Martins Serrão

Benedito de Jesus Costa Serrão nasceu no povoado Centro dos Coelhos, município de Palmeirândia, no dia 20 de dezembro de 1933. Filho de Frederico Alves Serrão e Celestina Costa, teve três irmãos: José Beijamim, Maria José e Onélio Costa.

Em 1965, Benedito de Jesus, conhecido como De Jesus Serrão, mudou-se para o povoado Três Marias para trabalhar como benfeitor do senhor Jaime Martins Corrêa (conhecido como Jair), um importante produtor de cana-de-açúcar da região, que possuía alambiques, engenho e fabricava cachaça e mel de cana.

Foi nesse período que De Jesus conheceu a senhora Carmem Martins, no povoado Tijuca. Juntos, decidiram viver em união e constituíram família, tendo três filhos: Cíntia, Benedito Filho e Weliton. Ele já tinha outros filhos de relacionamentos anteriores: Celico, Nazaré, Ana Lucia, Marileia, Laudilene Josely, Fideles, Suely, Helio, Heliezer, Ivanilde, Elisabethe e Francisco.

Após se estabelecer em Três Marias, De Jesus propôs a compra de um pedaço de terra ao senhor Durans, que aceitou a negociação. No terreno adquirido, localizado à direita da propriedade, construiu sua casa e fixou residência definitiva.

Em 1970, iniciou seus próprios negócios, abrindo um comércio de compra e venda de arroz e babaçu, contando com o apoio da esposa Carmem e do sócio Cosme Duarte, apesar de continuar colaborando com o senhor Jair. Sua postura prestativa e a disposição em ajudar a comunidade fizeram com que De Jesus se tornasse conhecido em diversos povoados vizinhos.

Por morar próximo à estrada que ligava vários municípios, De Jesus conheceu Geraldino e Isaac Dias, importante político da cidade de São Bento. A amizade com Isaac cresceu a ponto de ele se tornar padrinho de um de seus filhos. Reconhecendo seu potencial, Isaac incentivou De Jesus a ingressar na política, convidando-o a filiar-se a um partido no município de Peri-Mirim.

Dessa forma, começou sua trajetória política. Em 1972, candidatou-se pela primeira vez ao cargo de vereador, ficando na suplência. A partir dessa data continuou persistente, não desistiu. A convite do prefeito João Pereira foi trabalhar na prefeitura de Peri-Mirim no ano de 1978, lá conheceu a Eloisa que é a sua atual companheira com quem teve dois filhos Salma e Yuri. e, em 1982, foi eleito prefeito de Peri-Mirim, exercendo um mandato de seis anos. Em 1988, a sua sucessora foi a senhora Carmem Martins, e em 1996, retornou ao cargo de prefeito, conquistando novamente a confiança da população.

Durante seus mandatos, realizou obras de grande impacto para o município, como a construção de postos de saúde, escolas, prefeitura, câmara municipal, mercado municipal e jardins de infância, além de trazer diversos outros benefícios para a população.

De jesus tem um grande legado na politica do município de Peri-Mirim, com pessoas da sua família à frente de algumas gestões, a sua ex companheira Carmem Martins, o seu filho Yury e o atual prefeito Heliezer.

De Jesus, como é carinhosamente conhecido, continua entre nós e é reconhecido como um dos grandes políticos que marcaram a história do município, deixando um legado de trabalho e dedicação ao povo de Peri-Mirim.

A FORÇA DO “TÁ”!

Lendo um texto de um amigo querido, ao ser provocado, para tecer uma crítica à sua nova obra, deparei-me com a familiar forma “TÁ”, persistente e tão sorridente, a me chamar às origens. E, aí, encontrei a deixa, a me fazer ir em busca de maravilhosas estruturas, que me marcaram a infância / adolescência na Baixada maranhense. Estruturas, que, para os autênticos baixadeiros, tão distantes e saudosistas, muitas vezes, ainda “escapolem” e vão se fazendo presentes. Não surpreendem nem se tornam estranhas. Pelo contrário, satisfazem “o pensar alto”, de quem se permitia “se achar, ser o que a folhinha não marcava, ser o lindão, ser a última bolacha do pacote” e que, para isso, empregava “Tá se achano, tá nos pano, tá na crista da onda”. E, se fosse um pouquinho mais ousado, apelava a “tá facinho, tá só safadeza, tá no viço, tá na vala, tá na vida”. E, se se fechasse em copas, a dureza e a insensibilidade do sentir vinham. “Tá cum um coração de pedra, tá um coração de gelo, tá na rua da amargura”.

E, nessa perspectiva, íamos colecionando “TÁS”. Assim, o encontrar um amigo magro se traduzia em “tá só urelha, tá só couro e osso, tá só o curéu, tá só o talo, tá só a titela, tá só o cambito, tá cumeno vento, tá passano fome, tá sumino”. E, na inversão do peso, choviam elogios. “Tá bunito, tá sadio, tá passano beim, tá de bucho cheio, tá rico”. Era como se “a miséria e a fartura” fossem se concretizando com a mesma gana. Esta, com euforia; aquela, com comiseração.

E o desfile continuava a se fazer. A ira e a danação se enfeixavam em uma aliança perfeita. “Tá cum sangue no ôlho, tá impussívi, tá de ovo virado, tá pintano o sete, tá com o dhiabo no côro, tá ispritado, tá indemonhado, tá virado no cão”.

O ingênuo e o descompensado se identificavam, no mesmo compasso. “Tá com cara de nhô zé, tá de ovo virado, tá de miolo mole, tá chiladinho, tá zorongo, tá muchinho da silva, tá tanso, tá no mundo da lua, tá biruta, tá lelé da cuca”.

“A belezura”, também, não se fazia de rogada e se insinuava em cândidas sentenças. “Tá na flor da idade, tá um pedaço de mau caminho, tá chêrano a leite”. Mas, de verdade, o menosprezo vinha forte. “Tá cum o rei na barriga, tá mais liso que peixe de água doce, tá mintino de cara limpa, tá faltando com a verdade, tá sortano cachorro cum linguiça, tá contano lorota”.

Já “a desboniteza” se fazia cruel, a se utilizar de uma máxima assustadora e açoitante. “Tá o cão chupano manga”. E a ambiguidade dançava entre o reprovável e o aceitável. Ficava ao gosto do freguês. “Tá a cara dum e fucinho dôto ou tá cuspido e iscarrado o tio”. Torcíamos para “a simpatia” do tio. Misericórdia!

Para não esquecer, uma sentença, tão significativa e espetacular, se traduzia no desprezo, no tanto fazia, no não ligava, no cúmulo da indiferença. “Tá cagano e andano pra tu!”

E, nessa sequência de TÁS, a gradação se tornava vibrante, a narrar o infortúnio e a graça eterna de um indivíduo. “Tá no istaleiro, tá disinganado, tá só esperano a hora, tá na hora da morte, tá incumendado, tá na pedra, tá morto e interrado, tá morando com Deus!” Cruzincredo! “Tá repreendido!”

… DO FUNDO DO BAÚ!

Por Zé Carlos

“Um dia dêssi”, eu, desligado, “meio aluado”, ruminando umas ideias um tanto esquisitas, ia andando distraído, por uma ruazinha, e fui despertado por um conversote, alegre e camarada. Presenciei uma senhorinha a se desculpar, com a sua comadre, por ter “perdido a hora”. Bendito atraso, a me levar ao reino das boas e eficientes expressões, que nos afirma(ra)m como baixadeiros, da gema. E não foi difícil. Bastou que ela tivesse dito que o atraso foi por causa de “um trespasso!”

E, de verdade, se houve “um trespasso”, só o baixadeiro para saber “dibulhá sua semânquica”. E não é “nenhum’ palavrão cabeludo”. Ou algo que abale a moral e os bons costumes. “Nadica de nada disso, ora sô!”

E, nessa digressão, “proveitei i tive meo trespasso”. E com muitos sonhares. Estive no baú das boas lembranças. Até vi, quando “nãu vevíamo aduecido neim abarrotávo us consultóro i us pôsto de saúde”. Ali, era “saúde pra mais de metro! Saúde de ferro!” À base de muito “bulão di terra”, leite, manga, banana, carambola, bacurizinho, goiaba, jenipapo, ingá, araticum, tucum, juçara, pandu de café, pirão … E, com toda certeza, éramos imunes a maioria “dais duença” (….)

Relembrei, também, que no máximo podíamos ficar “necessitado de um AS”, por estarmos um “pôquinho isbandalhado ou iscangalhado, cum dô nais cadêra”. E, se fosse “AS infantil”, ia até com farinha! E, só se forçássemos muito, na bruta e árdua labuta, podíamos ficar “discaderado”. Aí, “o bicho pegava”. O problema se tornava mais sério. E só restava apelar à jalapa ou ao azeite de carrapato ou a “uma piula” Paulo Famoso ou a uma garrafada. “Era batata!”

E, “quano eo já ia dispertano”, ainda pude vislumbrar uma zelosa e brava “mãizinha”, com “o infaro” de toda mãe, “a berrá” com o filho para “pará di sê isgulepe, pra nãu ficá privado i intalado, já qui vêvi maquinano, só u qui nãu prestha”.
“Eita”, que Deus “nusacuda!”

“I u incapetado du muleque si fingio di surdo, si impanturrô inté nãu pudê mais i iscapô di uma sinhora pisa”. Valei-me, Santo Inácio de Loiola!

E, para não faltar nada, “cum um ôio abêrto i ôto fêchado, eo inda ouvi ortas coisinha”. Nem vou falar. É melhor. E, como “nãu quero incumpridá cunversa, s’inda tivê arguéim, aí , qui fala fundilho, intertela ou ri ri” … saiba “qui sêmo du mermo tempo!”

ALCAP Lança o III Prêmio Naisa Amorim com Foco na Cultura Popular do Brasil e do Maranhão

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (SEMED), lança a terceira edição do Prêmio ALCAP Naisa Amorim, consolidando-se como uma das principais ações de incentivo à arte, à leitura e à escrita no município de Peri-Mirim. As inscrições estarão abertas de 27 a 30 de outubro de 2025, com premiações em dinheiro, certificados e placas de reconhecimento.

Com o tema “Cultura Popular: Heranças e Tradições do Brasil e do Maranhão”, o concurso busca valorizar as manifestações culturais que compõem a identidade do povo brasileiro, especialmente do Maranhão. Alunos da rede pública e particular de ensino do município poderão participar em quatro modalidades: Desenho, Poesia, Crônica e Escola Criativa.

MODALIDADES E PÚBLICO-ALVO:

Desenho: para estudantes do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental.

Poesia: para estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e EJA.

Crônica: para estudantes do 1º ao 3º ano do Ensino Médio e EJA.

Escola Criativa: voltada para instituições que desenvolverem ações de mobilização para o concurso.

As escolas participantes devem promover oficinas de produção artística e literária, realizar a seleção dos trabalhos e efetuar as inscrições presencialmente na Biblioteca ALCAP Prof. Taninho, localizada no prédio do SINDPROESPEM, nos turnos da manhã e tarde.

PREMIAÇÃO

Os primeiros, segundos e terceiros colocados de cada categoria receberão prêmios em dinheiro, que variam de R$ 150,00 a R$ 500,00 além de certificados e placas de reconhecimento. Também serão homenageados os professores orientadores e as escolas envolvidas.

Como forma de promoção da equidade, pelo menos uma das vagas premiadas de cada categoria será destinada a estudantes das escolas da zona rural.

EVENTOS DA PREMIAÇÃO

Os trabalhos premiados serão apresentados publicamente em um evento cultural a ser anunciado em breve, com a presença dos autores e professores. A participação nesse momento é obrigatória para recebimento do prêmio.


O III Prêmio Naisa Amorim é uma homenagem à educadora perimiriense que marcou gerações com seu amor pela educação e pela cultura. A ALCAP reforça o convite a todas as escolas para se engajarem nessa iniciativa que fortalece os laços entre educação, arte e identidade cultural.

Inscrições: 27 a 30 de outubro de 2025
Local: Biblioteca ALCAP Prof. Taninho – Rua Desembargador Pereira Júnior, s/n – Prédio do SINDPROESPEM
📩 Dúvidas: academiaperimiriense@gmail.com | (98) 98123-5629

Confira o Edital nos Links abaixo:

EDITAL III PRÊMIO

RESUMO

BENDITA SUPERSTIÇÃO

Por Zé Carlos

Há muito tempo, e muitas vezes, venho narrando sobre os costumes da Baixada. E, como é assunto “pra mais de metro”, sigo em minha deliciosa lida.

E, dessa forma, me embrenho em lembranças, que resgatam, mesmo que um pouquinho, as superstições, que embala(ra)m as crendices, de quem quer(ia) acreditar.

Além da “chinela imborcada”, a que já me referi várias vezes, presenciei a gana de adivinhar o futuro, associada a um misto de curiosidade e temor, que as mãos suadas e trêmulas bem atestavam. E, aí, se “punha a mesa”, para se jogar o jogo com uma tesoura ou com um copo. E, na ineficiência deste, se corria às cartas, que, sisudas, iam revelando o que se queria ouvir.

E, “nessa toada”, para não se perder de vista o período junino, hoje, “duplo”, quem mais sofre é Santo Antônio. Afogado no desespero da solterice ou dependurado de cabeça para baixo, vai tecendo casamentos, que, geralmente, se enredam em meras promessas.

E, para não ficar só em meras promessas, o perigo, palpável e temido, rondava “o sucesso alheio” e, principalmente, as plantas. Afinal, quem já não tremeu ante um “ôio di secá pimentêra?!” E esse temor podia ir além. Conheci uma senhorinha, simpática e afável, mas que “mi mitia muitho mêdo”. O pessoal “diziam” que ela deixava uma cobra hirta, “durinha da silva”, só pelo olhar. Misericórdia! Até esconjuro, com o poder de meu santinho Santo Inácio de Loiola!

E, para fechar, com o maior respeito, eu respeitava muito um velho e sábio amigo, que, a partir das 6 horas da tarde, não deixava que se pegassem frutas em seu quintal. Curioso, “qui só”, e, até certo ponto, ingênuo, fui inquiri-lo. A resposta veio certeira, e certa. “Ais pranta tãu durmino!!!” Que fantástico!
Bendita superstição!

Biografia de José Ribamar Pires Collins

José Ribamar Pires Collins* foi um brasileiro, pensador e produtor rural de índole e por opção. Foi um dos primeiros a defender o conceito de Desenvolvimento Sustentável na agricultura e pecuária. Nasceu em 08 de fevereiro de 1937. Filho de Graciliano da Silva Collins que era vaqueiro e proprietário rural e de Zayde Ferreira Gomes Pires, professora e costureira.

Destacou-se pelo caráter nacionalista e social. Pires Collins como gostava de ser chamado ao falar de suas origens afirma que o homem não é filho de onde ele nasce propriamente, mas de onde ele é reconhecido e se realiza. Partindo dessa linha de raciocínio, embora tendo nascido na Fazenda Santo Antônio, situada no distrito de Mucambo, atualmente pertencente ao município de Santa Rita, sente-se como filho de Paço do Lumiar.

Alfabetizado pela mãe, logo despertou o gosto pela leitura, lendo todos os livros e revistas de sua mãe como por exemplo Vida Doméstica e Seleções. Desde menino já mostrava seu temperamento curioso e atento aos trabalhos de seu pai. Fez o curso primário em Codó, concluindo em 1946. Com 11 anos foi estudar em São Luís, no Colégio Marista onde se identificou muito com autores jovens da época como Paulo Freire, Darcy Ribeiro e Celso Furtado. Se destacava na prática de esportes, em especial no Basquete com participação nos Grêmios Estudantis da época, sendo fundador da UESSMA (União dos Estudantes Secundaristas do Maranhão).

Posteriormente, em virtude do trabalho se transferiu para o Liceu noturno onde concluiu o secundário. Trabalhou como representante de laboratórios farmacêuticos, dentre eles Eduardo Bezerra (Ceará) e Moura Brasil – Orlando Rangel (Rio de Janeiro).

Marcou a sociedade ludovicense quando em setembro de 1955 comprou a Farmácia Conceição localizada no bairro do Anil onde prestava serviço para as regiões que hoje formam os municípios de São Luís, Paço do Lumiar, Raposa e São José de Ribamar. Realizando desde trabalhos como aplicação de soro e injeções até primeiros socorros 24 horas por dia. Aos 26 anos já conferia mais de 250 afilhados.

Sob influência das lideranças estudantis, com 18 anos ingressou na política filiando-se ao (PSP) Partido Social Progressista que posteriormente foi substituído por (ARENA) Aliança Renovadora Nacional onde candidatou-se a Deputado Estadual em companhia de Henrique De La Rocque e Clodomir Teixeira Millet. Destacava em seus discursos a ignorância do caboclo, criticando as queimadas e a miséria que tornava incapaz o desenvolvimento da agricultura e pecuária na região. Sendo eleito Deputado Estadual em 1966 numa votação recorde como o segundo mais votado.

Teve sua trajetória política marcada pela criação da Lei de Terras que, através da Comarco abriu a venda das terras devolutas dando assim origem ao capital do Banco de Desenvolvimento do Estado do Maranhão (BDM). Autor também de Lei de Organização Judiciária que aumentou de 10 para 15 desembargadores no Estado do Maranhão e, consequentemente, gerou o aumento do número de Varas nas Comarcas do interior. Causou enorme espanto entre os parlamentares de sua época quando no final da década de 1970, diante da possibilidade de aposentadoria pela Assembleia, abriu mão do benefício.

Em 1966 fundou sua segunda empresa que se deu por meio da apresentação de um projeto para a Sudene se propondo a implantar uma fazenda onde se desenvolveria a Bubalinocultura (criação de búfalos) e a Rizicultura (plantação de arroz irrigado). Empresa esta que está em pleno funcionamento até os dias atuais.

Pires Collins esteve casado em 2 oportunidades, primeiramente em 1955 aos 18 anos com Maria Benedita de Castro e Costa com quem teve 3 filhos: George Davi, Rachel Eliza e Heloisa Augusta. Posteriormente, já com 55 anos casou-se com Nazaré Bezerra Carvalho, com quem teve Judá Bezerra Carvalho Pires Collins.

Ele participou ativamente do Fórum em Defesa da Baixada, onde lutava com a força de um guerreiro e o sonho de um menino pelas causas defendidas pela instituição, como os Diques da Baixada, transporte digno nos ferrys boats, construção de estradas e, principalmente pelo desenvolvimento econômico sustentável da região. Na agremiação, ele ganhou a alcunha de Príncipe Collins, pela sua forma educada e decidida de expor as reinvindicações da nação baixadeira.

Após uma trajetória de sucesso, José Ribamar Pires Collins faleceu em São Luís, no dia 17 de maio de 2020, deixando um legado para as gerações futuras, registrando a sua marca positiva em forma de exemplo que transcende o tempo.

* Biografia escrita por José Ribamar Pires Collins e seu filho Judá Collins.

PERI-MIRIM: Ana Cléres Santos Ferreira

Ana Cléres Santos Ferreira nasceu no Povoado Cametá, Peri-Mirim/MA, em 30 de setembro de 1964. Filha de José Santos e Maria Amélia Martins Santos. Casada com Antônio Campos Sodré Ferreira, com quem tem dois filhos: José Sodré Ferreira Neto e Paulo Victor Santos Ferreira. Educou, desde pequena Ana Carolina Silva Martins, filha do seu irmão caçula que veio a óbito em 05 de setembro de 2011. Tem uma neta, filha do seu filho mais velho e de sua nora Cibelle Rocha: Manuela Rocha Santos Sodré, que mora em Fortaleza/CE.

Ana Cléres é a nona filha de uma prole de onze irmãos: 1) Francisco Xavier Martins dos Santos; 2) Ademir João Martins dos Santos (in memoriam); 3) Cleonice de Jesus Martins Santos; 4) Edmilson José Martins dos Santos; 5) Ricardina Militina Martins dos Santos; 6) Ademir Martins Santos; 7) Maria do Nascimento Martins dos Santos; 8) Ana Creusa Martins dos Santos; 9) Ana Cléres Santos Ferreira; 10) José Maria Martins Santos e 11) Carlos Magno Martins Santos (in memoriam).

Estudou as primeiras letras na Escola Sá Mendes, no Povoado Ilha Grande. Com seis anos de idade foi estudar a 1ª série no Grupo Escolar Carneiro de Freitas, tendo que caminhar 10 km para ir e vir à Escola. Por ser muito pequena, suas pernas doíam e ela tinha que ser carregada pelos irmãos mais velhos: Edmilson e Ademir. Também tinha muita dificuldade para acordar às quatro horas da manhã para tomar banho e depois tomar o café e caminhar os 5km entre o Cametá e a sede do município. Seu pai, sempre carinhoso, a estimulava a tomar banho, enquanto exibia a batata ou macaxeira fumegante para acompanhar o café da manhã. Na saída, os pais sempre estavam à porta para abençoar os filhos, desejando boa sorte e falando para prestarem bastante atenção às aulas. Por volta das 13h chegavam em casa de volta.

Aos domingos toda a família ia aos cultos, na Ilha Grande, ou na casa de Santinho no Cametá. O culto era celebrado, ou por seu pai José Santos, ou por Pedro Martins. Uma vez por mês, o Padre Gerard Gagnon celebrava a Santa Missa. Ana Cléres logo se destacou para compor o Coral, viajava para sede de Peri-Mirim para treinar os cânticos com Ana Lúcia e equipe.

Nos cultos Ana Cléres era destaque com sua bela voz entoando os cânticos de Entrada, Ofertório, Comunhão e Cântico Final. Aquele momento para as crianças servia mais como diversão que, verdadeiramente, ato de Fé. Para José Santos e sua família, o domingo era sagrado, naquele dia não se fazia o trabalho duro da roça. Somente à tarde José se liberava um pouco para exercer a barbearia, pois, cortava o cabelo dos amigos que o visitavam, sempre acompanhado de longas conversas e gargalhadas. A criançada ficava sentada no chão para ouvir as conversas e sair em disparada carreira caso José pedisse água – aquele momento era disputadíssimo para beberem o restinho de água que ficava no copo.

Sua mãe se ocupava de fazer pequenas consertos de roupas, dobrar roupas e conversar sobre histórias de príncipes e princesas. Todos dormiam cedo. A mãe falava “hora de se agasalhar”. A reza do terço e da oração ao Anjo da Guara eram sagrados, não dormiam sem rezar, para não terem pesadelos e serem protegidos: “Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarda, me governa, me ilumina. Amém”, todos entoam ao mesmo tempo.

A religiosidade era marcante na década de 60 e 70. Na Comunidade do Cametá e Ilha Grande, no final do ano, armava-se o Presépio para homenagear o nascimento do Menino Jesus. Geralmente o presépio era levantado nas casas de Maria de Nhonhô ou de Lourdes de Pedro Martins. Era pura diversão para crianças e jovens. Antes da reza, faziam muitas brincadeiras. Depois da reza, sempre se servia um lanche, fornecido por um novenário. No dia 6 de janeiro (no dia de Reis) era desmontado o Presépio e queimadas as palhinhas, levantando um cheiro maravilhoso da murta usada no presépio. Era um momento muito triste, em que se cantava: “adeus meu menino, adeus meu amor; até para o ano se eu viva for”.

Ana Cléres gostava de histórias de lobisomem, mula sem cabeça e outras “visagens”. Ela se disfarçava de criaturas “do outro mundo” usando um lençol branco sobre um socó na cabeça e uma lamparina.

Quanto à sua vida escolar, Ana Cléres cursou parte do primário no Colégio Carneiro de Freitas em Peri-Mirim (1ª à 3ª série). A 4ª série cursou em São Luís, no Colégio Ivan Saldanha, na época residia com sua irmã Cleonice na Rua da Estrela, no Centro da cidade. Retornou a Peri-Mirim para cursar a 6ª e 7ª séries do Ginásio na Escola Municipal Cecília Botão e a 8ª cursou no CEMA em São Luís, onde as aulas eram televisionadas, tendo apenas um orientador fisicamente.

Após concorrida seleção, foi aprovada e estudou o primeiro ano do Ensino Médio no Liceu Maranhense. O 2º e 3º ano do Ensino Médio, foi selecionada para estudar na Escola Técnica Federal, no curso técnico de Agrimensura. Lembra com carinho dessa época em que fez muitas amizades, as quais mantém até os dias de hoje.

Em 1986 teve seu primeiro filho José Sodré Ferreira Neto. Em 1988 foi aprovada em 1º lugar no Concurso do Banco do Brasil. Foi lotada no município de São Luís Gonzaga. Teve de deixar seu filho com apenas dois anos de idade aos cuidados dos seus avós maternos e de sua irmã Cleonice. Apesar da confiança, foi um tempo muito sofrido, pois, somente via seu filho nos finais de semana. Seu filho, aos dois anos foi estudar no Colégio Menguinho e logo depois, no Colégio Marista, onde terminou o ensino médio. Quando Sodrezinho tinha sete anos, o levou a São Luís Gonzaga para estudar a primeira série. Ele que era um menino muito esperto, não quis ficar, pois, percebeu que o ensino estava muito aquém daquele que costumou ter no Colégio Marista.

Paulo Victor que nasceu 1991 ficou com Ana Cléres e por lá estudou as primeiras letras, depois, foi para São Luís estudar no Colégio Dom Bosco. Seus dois filhos biológicos são formados em Direito e nessa área construíram suas carreiras.

Quanto à sua vida laboral, Ana Cléres era conhecida como trabalhadora, muito esperta, sabia montar a cavalo, empurrar canoa, correr pelos campos atrás de gado, sabia laçar, enfim, era uma menina destemida.

Sua vida profissional no Banco do Brasil foi marcada por muitos desafios e alegrias – amava o seu trabalho. Após aprovação no concurso, tomou posse no município maranhense de São Luís Gonzaga em 14 de março de 1988, ficando na Agência até abril de 2004, transferindo-se para Pinheiro no dia 12 de abril de 2004.

Sua trajetória de funções no Banco do Brasil foram: inicialmente, Escriturária, depois, cargo de Caixa Efetivo. Em 1994 houve reestruturação da Agência, o quadro foi reduzido onde atuavam em todos os setores de Caixa, Supervisor e até Gerente Geral. Depois de anos foi efetivada como Gerente de Serviço.

Em abril 2004, foi transferida para Pinheiro como Caixa Executivo, sendo cedida para Agência de Alcântara para implantação daquela agência. Retornou à Agência Pinheiro, tempo depois assumiu a Gerência de Expediente. No dia 18 de dezembro de 2016 aposentou-se, encerrando um ciclo de muito aprendizado e, ao final, encerrou a carreira com a sensação do “dever cumprido”.

Atualmente, Ana Cléres dedica-se às obras sociais, especialmente em sua comunidade, às atividades de agricultura e pecuária no Sítio Boa Vista em Peri-Mirim. Ela é feliz com o que faz, e sente-se grata pelo ambiente acolhedor em que vive. Ela plantou um bosque ao qual denominou Santuário das Anas, em homenagem às várias Anas da família. Cultiva um grande jardim com muitas espécies de flores. Ela é gestora do Projeto Plantio Solidário da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) e presidente da Associação Ação de Graças na Jurema.

Peri-Mirim, 106 anos de história, luta e amor!

Por Charles Antoine*

Neste centésimo sexto aniversário da nossa amada Peri-Mirim, celebramos mais do que uma data: celebramos um povo forte, uma terra de tradições e uma história construída com suor, fé e esperança.

É com muito orgulho que, pelo terceiro ano consecutivo, fazemos um abadá em homenagem à nossa terra. Uma forma simples, mas cheia de simbolismo, de declarar o nosso amor por esse chão que tanto nos orgulha.

Já contribuímos de formas e em cargos diversos, e seguimos firmes, lado a lado com os amigos, os povoados, as famílias — sempre presentes, sempre comprometidos com o bem da nossa terra. Meu compromisso com Peri-Mirim é permanente: apoiar, somar, contribuir — sempre com responsabilidade, carinho e respeito à nossa tradição.

Parabéns, Peri-Mirim! Que tua história continue sendo escrita com dignidade, trabalho e a força dos que verdadeiramente te respeitam.

*Charles Antoine Nunes Almeida, advogado e ex-vereador de Peri-Mirim.

PERI-MIRIM: Academia Promoverá Eleição de Novos Patronos

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) realizará, no dia 21 de abril de 2025, a eleição dos patronos para preenchimento de 11 (onze) cadeiras vagas na instituição. O processo ocorrerá em sessão secreta, garantindo transparência e legitimidade à escolha dos homenageados.

Os patronos serão escolhidos entre pessoas já falecidas, com base em critérios que consideram a relevância histórica, cultural e social de cada personalidade para Peri-Mirim. Para ser indicado, o patrono deve ter tido contribuição significativa para a literatura, ciência, arte, educação, cultura ou desenvolvimento econômico da cidade. A iniciativa visa preservar a memória desses personagens e fortalecer a identidade cultural local.

A lista de nomes aptos à eleição conta com 19 personalidades, entre escritores, políticos, educadores, religiosos, artistas e figuras que marcaram a trajetória da cidade. As biografias dos indicados estão no site da Academia, basta clicar no nome para acessar as respectivas biografias. Os indicados são:

01 Afonso Pereira Lopes
02 Adelar José Álvares Mendes (Dedeco)
03 Carlos Antônio Almeida
04 Carmem Martins (Mamãe Carmem)
05 Fernando Ribamar Lobato Viana
06 Floriano Pereira Mendes
07 Jaime Lima Campos
08 João Batista Pinheiro Martins
09 José de Jesus Pereira Campos (J. Campos)
10 José do Carmo França
11 Luiz Gonzaga Campos (Luiz Bode)
12 Maria de Jesus Castro Martins (Dona Morena)
13 Maria Madalena Nunes Corrêa
14 Nelsolino Silva
15 Manoel Lopes (Nhozinho Lopes)
16 Pe. João Helder
17 Raul Pinheiro Mendes
18 Raimundo Martins Nunes (Sipreto)
19 Zaira Miranda Ferreira

A presidente da ALCAP, Jessythannya Carvalho Santos, reforça a importância do momento, afirmando que:

A eleição dos patronos é uma forma de celebrar aqueles que ajudaram a construir a nossa identidade cultural. Com essa iniciativa, a ALCAP reafirma seu compromisso em valorizar a história e as raízes do povo perimiriense.

A Academia convida toda a comunidade a acompanhar esse importante marco na preservação da memória local.

ANIVERSÁRIO DE PERI-MIRIM

Por Francisco Viegas Paz

Hoje, Peri-Mirim está completando 106 anos de emancipação política. É mais uma data que tem a marca registrada da Lei nº 850 de 31 de março de 1919, assinada pelo então presidente do Estado do Maranhão, Raul da Cunha Machado.

A inauguração do Município de Macapá se deu em 07 de agosto de 1919, com muita festa. Afinal a sua independência era motivo de alegria, propagada pelos estampidos do foguetório e os mais calorosos discursos dos senhores: Urbano Santos, Coronel Brício de Araújo, Raul da Cunha Machado, Coronel Carneiro de Freitas, Carlos Reis, etc.

Macapá teve o nome substituído para Peri-Mirim, por meio do Decreto-Lei 820 de 30 de dezembro de 1943, assinado pelo Governador Paulo Martins de Souza Ramos. E o motivo da substituição do nome de Macapá para Peri-Mirim, está contido nas páginas 25 a 30 do livro Peri-Mirim, Cem Anos de Emancipação deste autor.

A população ficaria muito grata à Administração, se, em cada aniversário fosse inaugurada uma obra para o enaltecimento do Município.

Peri-Mirim, 31 de março de 2025.