HISTÓRIA DO HINO NACIONAL

Por Wybson Carvalho*

Hoje (13 de abril) é dia do Hino Nacional Brasileiro e, através do qual, nós, maranhenses, e, particularmente, caxienses, estamos eternizados numa das suas estrofes com dois versos extraídos da Canção do Exílio – escrita por Gonçalves Dias – …: Nossos têm mais vida / Nossa vida “em teu seio” mais amores.

História do Hino Nacional

O Hino Nacional do Brasil, na forma como conhecemos, só passou a existir oficialmente a partir de 1909, e sua oficialização enquanto tal deu-se somente em 1922, por ocasião do centenário da independência do Brasil. Esse importante símbolo, no entanto, começou a nascer em 1831, ainda no século XIX.

Em 7 de abril de 1831, d. Pedro I abdicou do trono brasileiro, e, como forma de celebrar esse acontecimento, o compositor Francisco Manuel da Silva decidiu criar uma canção que ficou conhecida como “Hino ao 7 de abril”. A composição de Francisco Manuel foi acompanhada de duas letras diferentes ao longo do período imperial.

A primeira letra é de 1831 e foi criada por Ovídio Saraiva de Carvalho, um juiz que a escreveu com base em um sentimento antilusitano. A segunda letra é de 1841, de autor desconhecido, e passou a ser utilizada em homenagem à coroação de d. Pedro II. Essa última só era cantada por artistas profissionais que dominassem técnicas de canto e só era executada em teatros.

Hino Nacional na República
Em 15 de novembro de 1889, aconteceu no Brasil a Proclamação da República, evento que colocou fim na monarquia brasileira. Esse evento, tido pelos historiadores como um golpe, deu início a profundas transformações em nosso país. Os símbolos nacionais, naturalmente, sofreram modificações porque o novo governo desejava apagar as referências existentes ao antigo regime.

Prédios públicos tiveram seus nomes alterados, assim como ruas; a Bandeira Nacional foi modificada, mantendo o seu esqueleto original, mas com a ausência do símbolo monarquista nela. No caso do Hino Nacional, decidiu-se por realizar um concurso para escolher a melodia que acompanharia os versos do poeta Medeiros e Albuquerque.

O concurso recebeu 29 composições, com um vencedor que seria divulgado em janeiro de 1890. Entretanto, iniciou-se uma campanha encabeçada por alguns intelectuais para impedir que o concurso elegesse o novo hino. Um dos representantes dessa oposição foi Oscar Guanabarino, que argumentou que o hino existente era tradicional e havia liderado o país em glórias expressivas, como as vitórias militares na Guerra do Paraguai.

Deodoro da Fonseca, presidente do governo provisório, foi convencido, e a composição criada por Francisco Manuel da Silva foi mantida como a melodia do nosso Hino Nacional. O resultado do concurso fez com que a melodia de Leopoldo Miguez fosse a vencedora, e, por meio do Decreto nº 171, de 20 de janeiro de 1890, foi determinado que a composição de Miguez se tornaria o Hino da Proclamação da República. Esse decreto também oficializou a manutenção da composição de Francisco Manuel da Silva.

Quem escreveu o Hino Nacional?
Assim, no período republicano, o Hino Nacional manteve-se apenas como uma composição instrumental, pois não possuía letra. A partir de 1906, o maestro Alberto Nepomuceno passou a envolver-se com a elaboração de uma letra para o hino.

Em 1909, ele mobilizou seu amigo, o poeta Joaquim Osório Duque-Estrada, para escrevê-la. Como resultado disso, sua letra, produzida ainda naquele ano, popularizou-se, mas não foi oficializada pelo governo brasileiro. Ainda assim, o governo decidiu pagar cinco contos de réis ao poeta como recompensa.

Foi durante o governo de Epitácio Pessoa (1919-1922) que a letra do Hino Nacional, escrita por Joaquim Osório Duque-Estrada.

O centenário da independência criou as condições políticas para que a letra de Osório Duque-Estrada fosse oficializada como parte do Hino Nacional, pois não havia tempo para um novo concurso.

Assim foi emitido o Decreto nº 15.671, em 6 de setembro de 1822. Por meio dele, o governo de Epitácio Pessoa comprou definitivamente a letra, pagando mais cinco contos de réis para Osório Duque-Estrada, e tornou-a oficialmente parte do Hino Nacional do Brasil.

Dia do Hino Nacional
O Hino Nacional brasileiro tem uma data comemorativa celebrada anualmente. Trata-se do dia 13 de abril, sendo a escolha dele uma referência ao fato de que a melodia de Francisco Manuel da Silva foi tocada pela primeira vez em 13 de abril de 1831. Isso aconteceu no Teatro São Pedro de Alcântara, no Rio de Janeiro.

Letra: Hino Nacional

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante,
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó Liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido,
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo
És mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,
“Nossos bosques têm mais vida”,
“Nossa vida” no teu seio “mais amores”.

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
— Paz no futuro e glória no passado.

Mas se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo
És mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

* Wybson José Pereira Carvalho é membro fundador da Academia Caxiense de Letras, foi radialista, jornalista. Atualmente é escritor, poeta e funcionário público. Participou de duas antologias nacionais e de grandes saraus na capital São Luís. Gosta de escrever gêneros literários, contos e poesias.

A “SOFRÊNCIA” DOS BAIXADEIROS

Por Graça Leite*

A história dos transportes para a Baixada Maranhense sempre foi um drama para os habitantes daquela região.

Ainda conservo no olfato o cheiro horrível de vômito misturado ao odor das amêndoas do coco babaçu, quando em barcos a vela, atravessávamos a baía de São Marcos.

Depois vieram os barcos a motor diminuindo o tempo da travessia, aumentando o medo e os banzeiros na fúria do mar. Sta Rita de Cássia foi uma tentativa de introduzir lanchas no percurso, mas a velha lancha de madeira até gemia quando açoitada pelas fortes ondas. Lanchas voadeiras também se aventuravam, mas não suportaram, não deu certo. Era muita maresia no Boqueirão.

Foi na década de 70 que o então governador do, Maranhão Dr. Pedro Neiva de Santana instalou o sistema de ferry boot. O baixadeiro respirou feliz. Parecia um sonho entrar em um carro em São Luís e desembarcar na porta de casa, na cidade de Pinheiro.

Logo no início o transporte era precário. Viajava obedecendo ao fluxo das marés; embarcações pequenas, sem acomodação para passageiros, mas, como o nosso  tirocínio nessa área era de “sofrência”, achávamos maravilhoso passar as noites no Porto do Itaúna, matando muriçocas e maruins, aguardando o horário da travessia.

Aos poucos a empresa concessionária da linha foi-se ajustando, embarcações maiores e mais confortáveis foram adquiridas e chegamos a ter 12 viagens diariamente entre idas e vindas. Sempre havia um ferry-boat cruzando com outro na baía de S. Marcos. Desconheço os acordos entre as empresas Trans-ferry e Continental com o Governo do Estado. Sei somente que ambas as empresas estão sucateadas e entraram em colapso assim como as viagens também. São filas intermináveis de carros e caminhões, ambulâncias, motos, nos dois portos: Ponta da Espera, aqui no Itaqui e Cujupe, no município de Alcântara. Doentes agonizam em ambulâncias; caminhões carregados de alimentos perecíveis apodrecem nas filas que chegam a durar 48 horas. São empresários que deixam de cumprir com seus compromissos, dando  prejuízos para a já enfraquecida economia da região. E pior que tudo: não temos a quem pedir socorro, já que os nossos gestores oficiais não estão nem aí. Alguns deles, só conhecem a baía de São Marcos de cima, quando atravessam em seus confortáveis aviões, não temos representantes legítimos nem na Câmara Estadual, nem Federal, pois os nossos votos são sempre negociados politicamente com ilustres desconhecidos, sem vínculo afetivo com a terra que representam, ignorando os nossos problemas.

Até quando os interesses políticos, a ganância e a irresponsabilidade daqueles que nos dirigem vão prevalecer ante as nossas necessidades?

Até quando o pobre filho da Baixada do Maranhão vai ter que passar por tanto desconforto? Será que mesmo em um ano eleitoral não haja um só político capaz de pedir SOS.pelo nosso ferry_ boat ? Nós baixadeiros somos gente ,merecemos um pouco de respeito.

●      Como diz o nosso caboclo baixadeiro estamos no mato sem cachorro.

TOADA PERIGOSA

Por Gracilene Pinto

Sobre a questão de toadas na Baixada Maranhense, tem uma história, com H mesmo, de dois homens de um município vizinho que fizeram uma viagem à Viana. Chamavam-se Benedito e Nicolau (os nomes são fictícios para preservar a identidade dos protagonistas).

Lá, Benedito “tomou gosto com uma viúva”. Ela contou para seus irmãos, que a orientaram a marcar um encontro depois das 22 horas em sua residência com o saliente. A mulher marcou o encontro e os irmãos ficaram de tocaia dentro da casa esperando o sujeito, que chegou acompanhado do parceiro.

Logo, a dupla estava amarrada igual a porcos para o abate. Sobre a mesa havia, de um lado uma faca e um revólver destinados ao Benedito, por ser o autor do insulto. Do outro lado, um prato de pimenta malagueta e uma garrafa de azeite de carrapato, à espera de Nicolau. Os dois teriam que escolher a sentença que mais lhes conviria. Benedito, optou pela faca. Deixaria um importante pedaço em Viana, mas preservaria a vida. Curau, preferiu o azeite de carrapato à pimenta malagueta, pois, além de não arder ainda faria uma limpeza intestinal. Terminado o serviço os vianenses soltaram a dupla, que caiu no mundo, voada.

Seguiram a longa estrada de volta pra casa, Benedito se esvaindo em sangue e Nicolau em merda. Benedito, quase não resistiu, mas como não era ainda sua hora, não morreu. Nicolau, intestino limpo, a saúde melhorou. Os dois até engordaram, depois do evento. Os cantadores de boi tiveram novo assunto para inspira-los, e no São João matracas e pandeirões apanharam na homenagem aos dois “heróis”:

“Eu não vou mais em Viana
Que é lugar de gente mau,
Caparam Benedito
E deram azeite a Nicolau”.

(Imagem Lago de Viana – Maranhão em clic de Richard Leite).

O FAMINTO ESCAMPO SE MODERNIZOU

Por Zé Carlos Gonçalves

Um dia desses, estando na fila de um supermercado, me peguei longe, muito longe, ao ver as filas se arrastarem e se alimentarem, como se nunca fim tivessem. E, para surpresa minha, começaram a desfilar, em minha mente, cenas, que muito presenciei em minha infância.

Bons exemplos disso eram o preguiçoso e gemente rodar dos carros de boi, a “chiar” as mais tristes cantigas, quando o dia se iniciava, a invadir as sacras veredas da Baixada; e o compassado e leve andar dos bois cavalo e da mulas, “surgentes” no horizonte azul, inflados e perdidos em meio às gigantescas cargas; para depois, tão chochos, voltarem engolidos pelas magricelas cangalhas, como se fossem vítimas de uma bem sucedida bariátrica. E o “franzino e rijo cabôco” a acompanhar, no mesmo passo, se deixando levar em moroso marasmo, como se parasse a vida para lhe dar passagem.

O mais cruel, no entanto, era espiar “a deslealdade feroz do escambo”, a devorar a força bruta e a dignidade daqueles, que já eram, impiedosamente, castigados por tão implacável lida no eito. Quão trucidados eram “pela fome, sem fim, do comércio”. Muitos e muitos quilos de babaçu; e somente “uminha” quarta de café, meio quilo de açúcar, “um litro de criosene”, um pedacinho de “fumo de mólho”. O único alento, que lhe restava, era o “olhá cumprido pru lado dum vivo ispelinho, tão cobiçada e cara joia, qui discansava nais imundas partileiras”. Só um sonho, a mais, adiado.

E, no fim das contas, restava o sofrido e cansado “cabôco”, que, para piorar, “inda ia ser anotado no vil, amarrotado e ladravaz caderninho”, do qual nada desconfiava “nem tinha ciência” daquele conteúdo tão voraz. Sempre “devente”, até o suspiro final.

E eu, na bendita fila, a achar “qui us tempo são ôtos”. Que, por depravada ironia, estamos progredindo. Mas … o certo, o certo mesmo, é que o faminto escambo se modernizou!

O RIO SÓ QUER PASSAR

Por Gracilene Pinto

       É triste e realmente de se lamentar a situação dos ribeirinhos que passam pela tribulação das enchentes.

        De fato, isso ocorre de forma cíclica em todos os lugares onde moradias são erguidas às margens de rios e lagos.

        Mas é um fato também que o próprio homem cria essa situação para si.

        Todos sabem que na estação chuvosa os rios engrossam seu caudal. É o ciclo das águas, que faz parte da dinâmica da Natureza.

         Sabem também que nos anos mais rigorosos a pancada de chuva é violenta. No Maranhão, às vezes quase diluviana.

         Por tais razões, o leito dos rios não pode ser medido pelo que apresenta na estação seca.

         Desta forma, quem constrói nas proximidades das margens durante a estação seca, fatalmente estará sujeito à invasão das águas nos períodos de chuvas copiosas,  porque invadiu uma área que pertence ao rio. Simples assim!

           O leito é o domicílio natural do rio, mesmo quando não o está ocupando. Tanto quanto ninguém deixa de ser proprietário da sua casa quando está fora dela.

            A Natureza exige respeito, mas o ser humano não considera isso. Então, nos períodos de maior intensidade de chuvas, quando se enchem as cabeceiras dos rios, a água desce com violência, também sem consideração pelo que está à frente.

            É o ciclo natural das águas. É natureza cobrando o seu tributo, já que, verdadeiramente, foi ela a invadida em sua propriedade. O rio só quer passar!

            Eu só desejo que a misericórdia divina venha em socorro da insensatez humana e que se consiga socorrer aos atribulados sem vítimas e com o mínimo de prejuízo material.

O CICLO DAS ÁGUAS

Por Gracilene Pinto

É triste e realmente de se lamentar a situação dos ribeirinhos que passam pela tribulação das enchentes.

De fato, isso ocorre de forma cíclica em todos os lugares onde moradias são erguidas às margens de rios e lagos.

Mas é um fato também que o próprio homem cria essa situação para si.

Todos sabem que na estação chuvosa os rios engrossam seu caudal. É o ciclo das águas, que faz parte da dinâmica da Natureza.

Sabem também que nos anos mais rigorosos a pancada de chuva é violenta. No Maranhão, às vezes quase diluviana.

Por tais razões, o leito dos rios não pode ser medido pelo que apresenta na estação seca.

Desta forma, quem constrói nas proximidades das margens durante a estação seca, fatalmente estará sujeito à invasão das águas nos períodos de chuvas copiosas, porque invadiu uma área que pertence ao rio. Simples assim!

O leito é o domicílio natural do rio, mesmo quando não o está ocupando. Tanto quanto ninguém deixa de ser proprietário da sua casa quando está fora dela.

A Natureza exige respeito, mas o ser humano não considera isso. Então, nos períodos de maior intensidade de chuvas, quando se enchem as cabeceiras dos rios, a água desce com violência, também sem consideração pelo que está à frente.

É o ciclo natural das águas. É natureza cobrando o seu tributo, já que, verdadeiramente, foi invadida em sua propriedade.

Eu só desejo que a misericórdia divina venha em socorro da insensatez humana, e que se consiga socorrer aos atribulados sem vítimas e com o mínimo de prejuízo material.

AMAR

Por Zé Carlos Gonçalves

AMAR

Não é tão fácil …

na ciranda do amar,
são trucidados os cultores

da soberba
do egoísmo
do machismo
da infantilidade
da depravação
das neuroses
do silêncio
do ódio

em suas sutilezas
implacáveis!

inexistem fórmulas
prontas
milagrosas
e
detalhadas

para

os árduos caminhos
as horas preguiçosas
os momentos decisivos
as decisões amarguradas
os segredos invioláveis
a ansiedade sufocante
a vigília solitária!

amar não é vaticinado
numa roleta
nem
na dubiedade de palavras
jogadas à sorte
das
cartas e runas

também

não se arquiteta
em invencionices!

amar é para os fortes

de

espírito
vontade
humildade
bondade
respeito!

amar é enxergar o próximo
em suas diversas nuances:
da fortaleza às dúvidas
do medo à certeza
da alegria aos sonhos
do cansaço ao riso
da bonança à tristeza
das lágrimas à compreensão!

amar é

acolhida
tolerância
companhia
cumplicidade
serenidade
respeito
partilha
querer
seriedade
passo a passo
mão com mão
arrelias e risadas!

O APLAUSO

Por Tom Sales*

Certa feita fui tocar
Levantei o meu trompete
Assoprei tão delicado
Que nem suponha sonhar

Era num espaço bonito
Ambiente festejado
Entre os acordes tocados
Aos ouvintes escutados
Que por fim paralisados
Sem aplausos a soar

O aplauso não é buscado
Ele é o resultado
Do bem que gestou bem dado
Do fundo do coração
Que leva a comunhão
Entre a mensagem emitida
E ao ouvinte sentida
A transmutação da paixão

E o aplauso vibrante?
Que só pertence a quem dá
Que não enaltece o cantante
Mas tolas as ideias no ar
É o aplauso ideológico
Que destina sempre o óbvio
De seres tão inelógicos
Que nos faz ri e chorar

Tem o aplauso generoso
Por pura educação
Esmaga-se o que se pensa
Na palma de nossa mão
Prá não dizer o indizível
Pra evitar confusão

Mas o idiota aplaudido
Pensa que é para si
Infla o peito orgulhoso
Não ouve o riso maldoso
De quem dá ouro de tolo
Sem cometer nem um dolo
Deixando o bobo andar e tropeçar
Pensando ser venturoso
Não enxerga o quão pomposo
E seu ínfimo, Intalentoso
Que pena, chega a dar.

* Antônio Francisco de Sales Padilha é natural de São Bento/MA, Doutor em Música e Mestre em Direção Musical pela Universidade de Aveiro. Trompetista, Maestro, compositor e arranjador do Grupo Metal & Cia com dois CDs gravados – Interlúdio para uma Garota Bonita e Cidade do Sonhos. Diretor Musical da Orquestra de Sopro de São Luís – OSSL. Diretor e Arranjador da Big Show Band e Professor Associado da UFMA, membro da Academia Sambentuense de Artes e Letras, autor do livro Pietas e Labor.

Salve o Dia da Poesia!

Por Gracilene Pinto

Ao poeta condoreiro no Dia da Poesia

Uma chama fugaz brilhou na terra,
Teve até quem não visse o seu brilhar,
Distraída demais a vista erra
Sem o que vale a pena observar.

Assim passou também o condoreiro
Sem que o mundo notasse o seu valor,
Embora de janeiro a janeiro
Estivesse poetando sobre o amor.

Morreu como vivera, sufocado,
Pelas desilusões que a vida traz,
Possa o poeta ter na morte encontrado
Fartura de deleite, amor e paz.


Salve o Dia da Poesia!

O poeta é um duende que voa
Com a asa da imaginação,
Vê beleza em qualquer coisa atoa
E transforma a beleza em canção.

O poeta é um ente que habita
Em um jardim de enorme esplendor,
Na harmonia de sons e perfumes,
Nos cambiantes de vida e de cor.

Que, exaltado,
Em vã tentativa
Quer em rosa a vida colorir.

Que passeia entre sonhos
E que voa
Na asa multicor de um colibri.

(Gracilene Pinto in NA ASA DE UM COLIBRI – imagem da autora com sua obra na livraria AMEI).

“IMODÉSTIA”

Por Zé Carlos Gonçalves

Já, por longo tempo, venho observando e à busca de, um pouquinho que seja, entender “a ‘imodéstia’ e o desrespeito”, que vem dominando o nosso tão corrido cotidiano. O que deveria não acontecer. Afinal, nós estamos “ilhados” por informações. O que deveria, teoricamente, ser um indício bom de que não deveriam existir “tolos”. “Mas, porém, contudo, entretanto, todavia”, a realidade é bem outra. E, aí, né, como já dizia o sábio tio Bobo “queim teim besta num dévi comprá cavalo.” E, aí, entre bestas e cavalos, de um lado ou do outro, a situação está periclitante!

A verdade é que há quem se satisfaz, “goza”, ao diminuir, menosprezar e desmerecer o semelhante. Há até quem se acha intocável e humilha os menos esclarecidos, numa crueldade atroz. Imperdoável isso!

Em minhas peregrinações últimas, por repartições, na saga, e que maçante saga, por alguns documentos, vi e ouvi “absurdos” absurdos. Na minha adolescência, até se diziam “cabeludos”! Da mudez ao chão. Sim, senhor, o chão! Nunca eu entendi por que a maioria dos (des)atendentes procuram “o improcurável”, ao nos dirigirmos a eles. O olhar foge para o chão, como se se transportassem à dimensão “chãozística”. Até inventei um adjetivo. Que pilantra!

Absurdos, a irem da bandida arrogância, ao tratar o irmão funcionário, muitas vezes, do mesmo órgão, às vazias e intermináveis conversações ao celular. Ou “engabelação”, apenas. Até falam a ninguém. E da má vontade, “estampada no rosto”, mal acordado, para não dizer o que pensando estou, ao “mercado negro” de roupas, de “cosmésticos”, de bijus e de uma parafernália infernal. É … não é piada! A “feirinha rola solta”, em frente “ao aviso tão ameaçador”, que ameaça quem desrespeitar, vejam só, “o desrespeitador”. Acho que enrolei tudo. Assim, também, é a intenção de quem não respeita o próximo.

O pior é que esse mal se enraizou e se fincou em tudo. Nas repartições públicas, nos hospitais, nos consultórios, no comércio, nos escritórios. E, “a mais irônica ironia”, nas conversas. Há verdadeiros monólogos, em que sempre o mais sabido, o manipulador, é, também, o mais tolo.

No entanto o que mais me entristece é saber que nas salas de aula se encontram uns, que se acham “os caras”. Ou “os malas”. Se acham os donos da caneta, do saber e da vida. E, em um massacre inominável, se prestam a um desserviço imperdoável. À educação e à vida.

Graças ao bom Deus, este grupelho é insignificante ante a grandeza da doação, da empatia, do compromisso da esmagadora maioria dos docentes, que não dormem, a formar cidadãos!

Falo apenas dos antipáticos, medíocres, tiranos e imorais, que buscam refúgio em um autoritarismo canhestro e doentio, utilizado como única arma, a camuflar uma gritante insegurança, ou, quem sabe, verdadeiramente, a atestar incompetência.

Esse é o comportamento, que me enerva e me aniquila, principalmente quando vem à memória cena “dantesca”, no sentido literal do adjetivo, que testemunhei. Acreditem. Isso não é ficção. Verdade! Assisti à chegada de uma professora, para assumir uma sala, que já estava há algum tempo sem regente. E, ao se apresentar, mandou direto. “Se vocês não conhecem o diabo, cheguei”. Agora, imaginem a situação dos alunos. Agora, imaginem a matéria. Só … o terror dos terrores!” Matemática. Agora , imaginem que a Matemática, mesmo sem ter como mestre “o catebau”, já “mete medo”; imaginem … Imaginem, ainda por cima, “qui tamo viveno im ‘tempos modernos(os)!”
É … depois que até o demo se imiscuiu na crônica, “vô pará”. Afinal, não quero ficar mais “imodesto” do que já fui até aqui.

Foto da internet (https://sergiomerola85.jusbrasil.com.br/).