Peri-Mirim: OSVALDO ALVES

Por Ana Creusa e Ana Cléres

Osvaldo Alves, conhecido como Brigador, nasceu na sede de Peri-Mirim, em 19 de agosto de 1932. Filho de Mundico Castro e Juliana Maria Lopes Alves. Trabalhava com agricultura e pesca, mas, sua atividade principal era trabalhar com o gado de propriedade de Vadico, irmão de Cotinha de Osmar. Estudou até o 1º ano primário na Casa de Santinha Miranda, a educação era “na palmatória”. Teve que parar de estudar para poder trabalhar e ajudar sua mãe.

Perguntado sobre a sua alcunha de Brigador, Osvaldo falou que morava com sua mãe no local onde depois residiu Sipreto, saía escondido de casa e ia lutar com os amigos no Bairro Campo de Pouso, onde era conhecido como bom de briga.

Casou-se com Nelci, com quem teve 09 (nove) filhos: José Luís Lopes Alves (in memoriam); João Pedro; Osvaldo Alves Filho; Nilton; Francite; Marinete; Lucinete; Carlos Alberto e Josuel.

A casa de Osvaldo e Nelci, localizada na entrada da cidade, era utilizada para abrigar alunos da zona rural, especialmente dos povoados: Poções, Ponta D´Poço, Cametá e Ilha Grande. Os filhos de Zé Santos, Santinho, Dico Nunes e outros, sempre tomavam banho e trocavam roupas para irem à Escola. A criançada eram bem tratada pelo casal.

Perguntado sobre as suas lembranças sobre os prefeitos de Peri-Mirim, Osvaldo respondeu que lembra de Tarquínio de Souza, que morava na Tijuca, tinha engenho, onde um macaco de ferro era utilizado como ferramenta. Muita gente trabalhava nos engenhos do Rio da Prata, Teresópolis e do Engenho Queimado que, segundo Osvaldo, ainda existe.

Também mantém fortes lembranças de Agripino Marques, Ademar Peixoto e Zé Bacaba. Ele destaca que Agripino construiu o Cemitério, a Delegacia, o Colégio Carneiro de Freitas e a Barragem do Defunto (hoje Maria Rita) em regime de mutirão, onde ele participou dos trabalhos como voluntário, assim com Zé Santos e outros. No mutirão ganhavam apenas comida e cachaça. A comida era servida em folha de bananeira. Contou que Agripino indicou a hora exata de fazer a tapagem da barragem. O barro ficou todo acumulado ao lado do canal e foi colocado todo de uma vez, segurando a maresia. Sobre Zé Bacaba, Osvaldo destaca que no seu governo foi instalado o motor de luz elétrica que funcionava somente até as dez horas da noite.

Quanto às tradições, recorda Osvaldo, com saudade, que era brincador de Bumba Boi, que nas apresentações sempre era chamado a participar de lutas como diversão para os presentes, mas para ele era sério, pois, não admitia perder e assim mantinha a sua fama de brigador. Também gostava de brincar Carnaval e do festejo de São Sebastião, cujas roupas eram compradas em São Bento, sempre feitas no capricho pelo alfaiate Antônio Porca e os sapatos, por Antônio de Coió e Chico Putuca. No Festejo de São Sebastião sempre caprichava no paletó.

Conta que era compadre de Jacinto Pinto, padrinho do seu filho Carlos Alberto. Seu compadre foi morto no Povoado Xavi na véspera de ano novo. O corpo passou em sua porta, foi motivo de muita tristeza e comoção.

Osvaldo, com sua memória prodigiosa, falou sobre o carpinteiro Antoninho Lobato, dos marceneiros Jair Amorim e Albino, seus colegas de festas. Afirmou que conheceu Naísa Amorim, que era professora, morava no mesmo local onde posteriormente viveu Paulo Dentista, em frente à casa de Dedeco Mendes. Disse, ainda que conheceu os filhos de João de Deus do Feijoal, especialmente: Manoel Martins, Procório, Benvindo e Isabel Nunes. Conheceu também o Coronel Carneiro de Freitas, que quando vinha a Peri-Mirim, sempre se hospedava na casa de José Gomes, que era irmão de Miguel Gomes que, por sua vez, era marido de Mundica Gomes, mãe de Chiquinho e Borges Gomes.

Recorda com carinho da sua mãe que educava os filhos com rigor, mas não costumava bater. Ele é o 2º filho. Sua mãe os colocava nos trabalhos da roça, tinha muita fartura, fazia farinha na casa de Zé Barreira.

A convite da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), no dia  25/01/2024, Osvaldo Alves participou da Expedição com acadêmicos, professores, alunos e idosos, participou da visita às obras da Barragem Maria Rita. Osvaldo, visivelmente emocionado, comentava cada momento marcante que o fez voltar ao tempo em que participou da construção da barragem, que àquela época levava o nome de Barragem de Defunto.

Nonato Reis lançará livro no Fórum Desembargador Sarney Costa

O jornalista e escritor vianense Nonato Reis lançará o livro Vida de Oficial – Era só uma intimação nesta terça-feira (25), às 10h, no Fórum Desembargador Sarney Costa, no Calhau – Auditório Madalena Serejo. Segundo Nonato, no dia 25 de março – Dia do Oficial de Justiça, é mais uma forma de homenagear essa importante profissão.

lançamento,  A obra será lançada nesta terça-feira (25), às 10h, no Fórum Desembargador Sarney Costa, no Calhau – Auditório Madalena Serejo.

 Vida de Oficial é um relato das histórias envolvendo cumprimento de mandados judiciais e o que se busca com isso é, através dessas narrativas de situações que envolvem esse cumprimento, mostrar como essa função, de oficial de justiça, é indispensável para a efetivação das ordens judiciais”, explicou Nonato Reis ao programa ‘Café com Notícias’ na segunda-feira (24), na TV Assembleia. O livro conta com textos assinados por oficias de justiça de todo o país e que trazem relatos diversos sobre a profissão.

PERI-MIRIM: Clube de Leitura da ALCAP promove atividades

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) convida todos os amantes da literatura para o Clube de Leitura “Professor João Garcia Furtado”, um espaço dedicado à leitura, ao debate e à valorização do patrimônio cultural brasileiro. Com encontros bimestrais, o clube abordará o tema “Cultura Popular: Heranças e Tradições do Brasil e do Maranhão“, promovendo uma imersão nas lendas, mitos, religiosidades e manifestações culturais do nosso país.
📖 Como funciona?
O clube é aberto a estudantes, professores, membros da ALCAP e toda a comunidade, incluindo crianças, jovens e adultos. Os encontros acontecerão de forma presencial e virtual, promovendo discussões guiadas sobre as obras selecionadas e incentivando a produção literária e artística dos participantes, finalizando com um momento cultural.
Como incentivo, as melhores produções serão apresentadas durante os encontros e serão publicadas em um livro digital e/ou impresso.

Local dos encontros: Sindicato dos Profissionais da Educação e Servidores Municipais de Peri-Mirim (SINDPROESPEM)
📅 Cronograma de Atividades:
📌 1º Encontro – 30 de março de 2025 (15h às 18h)
Tema: Introdução às Lendas Maranhenses
Livro: “Passeios pela história e cultura do Maranhão”, de Wilson Marques.

📌 2º Encontro – 18 de maio de 2025 (15h às 18h)
Tema: Arte e Devoção na Cultura Maranhense
Livro: “Arte e Devoção”, de Joana Bittencourt.

📌 3º Encontro – 13 de julho de 2025 (15h às 18h)
Tema: A Literatura Maranhense: Entre o Real e o Mítico
Livro: “Úrsula”, de Maria Firmina dos Reis.

🎭 Atividade Prática – 25/07/2025
Roteiro cultural em São Luís e bate-papo com autor
🔗 Inscreva-se agora!
Garanta sua participação acessando o https://forms.gle/i7Xt64yXNksgPWMs8

Venha fazer parte deste encontro enriquecedor e fortaleça sua conexão com a literatura e a cultura do Maranhão!

Mais sugestões de leitura disponível para empréstimo na Biblioteca ALCAP Prof. Taninho:
Literatura em minha casa: quatro mitos brasileiros – Mônica Stahel
Um saci no meu quintal: mitos brasileiros – Mônica Stahel
A história do boizinho de brinquedo – Joana Bittencourt
Literatura em minha casa: bazar do folclore – Ricardo Azevedo
Brincando de folclore – Maurício de Sousa
📩 Para mais informações, visite nosso Instagram@bibliotecaalcap ou entre em contato pelo e-mail: academiaperimiriense@gmail.com

PERI-MIRIM: ACADEMIA NOMEIA DIRETORIA E CONSELHO DA BIBLIOTECA

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) torna pública a nomeação dos novos membros do Conselho da Biblioteca ALCAP Prof. Taninho, conforme Edital de Convocação nº 001/2025 e Portaria nº 02/2025, de 10 de fevereiro de 2025, assinados pela Presidente da ALCAP, Jessythannya Carvalho Santos.

Após o período de inscrições e análise das candidaturas, os nomes indicados foram submetidos à deliberação da Assembleia Geral da ALCAP, em conformidade com o Regimento de Funcionamento da Biblioteca. O Conselho tem papel fundamental na formulação de políticas que incentivem o acesso à leitura e ao conhecimento, além de acompanhar projetos e fortalecer a integração entre a Biblioteca e a comunidade.

I – Diretoria da Biblioteca: Direção Geral: Ana Creusa Martins dos Santos; Assistência à Direção: Nani Sebastiana Pereira da Silva; Supervisão de Projetos e Convênios: Diêgo Nunes Boaes; Sessão de Apoio Administrativo: Giselia Pinheiro Martins; Sessão de Apoio Administrativo: Jaílson de Jesus Alves Sousa e Atendimento ao Público

II – Conselho da Biblioteca: Presidente da ALCAP: Jessythannya Carvalho Santos; Vice-Presidente da ALCAP: Manoel de Jesus Andrade Braga; Tesoureiro da ALCAP: Edna Jara Abreu Santos e Representante da Comunidade Geral: Lourivaldo Diniz Ribeiro; Representante da Comunidade Estudantil: Alice Santos Lopes.

A ALCAP parabeniza os eleitos e reforça seu compromisso com o fortalecimento da Biblioteca Prof. Taninho como um espaço de cultura, aprendizado e integração social.

Acesse a Portaria de nomeação: PORTARIA Nº 02 DE 10.02.2025

 

BARRAGEM DO PERICUMÃ: Comissão realiza vistora técnica

 A Barragem do Rio Pericumã recebeu na tarde do dia 05 de fevereiro a visita de uma comissão composta por técnicos, professores, ambientalistas, estudantes, lideranças de comunidades ribeirinhas e representantes de entidades ligadas à Pesca. A Barragem do Rio Pericumã fica localizada no município de Pinheiro, no Maranhão.

Com o objetivo de efetuar uma avaliação prévia, seguida da elaboração de um manifesto à sociedade civil e às autoridades, clamando por um posicionamento sobre ações urgentes a serem tomadas pela manutenção e preservação desse importante instrumento público, responsável pela contenção das águas e o desenvolvimento sustentável na Baixada Maranhense.

A Barragem enfrenta sérios problemas estruturais e operacionais, Veja os principais problemas detectados:

– As eclusas e cabos de sustentação estão comprometidos, apresentando sinais evidentes de desgaste e fragilidade;

– As roldanas estão danificadas, prejudicando o controle do fluxo de água;

– O maquinário encontra-se totalmente inoperante, agravando a situação;

– A parte estrutural da barragem mostra pilares expostos e comprometidos;

– As comportas estão visivelmente enferrujadas, aumentando o risco de falhas críticas;

– Sem contar que a estrada está intrafegável.

A deterioração geral demanda medidas emergenciais para evitar danos ambientais e riscos à segurança da população. Com a palavra, a prefeitura de Pinheiro, o DNOCS, deputados estaduais e federais da região e governo do Estado.

Sobre a vistoria realizada pela comissão técnica, o Presidente do Fórum da Baixada, Expedito Moraes, manifestou-se dizendo que: “Só para lembrar aos companheiros que realizaram essa providencial expedição à Barragem de PERICUMÃ e produziram um excelente laudo de vistoria, que esse caso, está contido nas reivindicações deste FÓRUM e fará arte da Agenda estratégica de Desenvolvimento da Baixada, documento que será apresentado às autoridades municipais, estaduais e federais no I ENCONTRO DA BAIXADA”.

Fonte: https://www.maranhaoaz.com.br/.

ALCAP: um legado em Peri-Mirim

Durante o II Festival ALCAP de Cultura ocorrido em 14 de novembro de 2024, no largo da Praça São Sebastião, vários alunos da rede municipal e particular de ensino revelaram seus talentos em várias áreas da literatura, arte e cultura. A poesia abaixo é de Bruna Carla.


ALCAP: um legado em Peri-Mirim (Por Bruna Carla Silva França)

Em 28 de maio foi criada

A Academia de Letras, Ciências e Arte perimiriense

Uma esperança no território da baixada

A fim de promover a educação a seus discentes.

 

Composta por 28 membros

Assim ela se faz

Escritores, Professores, Acadêmicos formados…

Verdadeiros profissionais.

 

Preocupados com o futuro da cidade

Se juntaram em prol da educação

Todos juntos em uma só voz

Todos juntos em união.

 

Naisa Amorim, mulher guerreira

Ǫue se empenhou com força e determinação

Uma professora de coragem

Ǫue deixou nos perimirienses o sentimento de gratidão.

 

Não podemos esquecer do eterno Bordalo

Ǫue partiu para o céu em 2023

Deixando conosco a saudade, um belíssimo legado

E os trabalhos que em Peri-Mirim ele fez.

 

E mais uma vez, me regozijo em participar

De mais um evento e poder citar

Grandes nomes da ALCAP

Ǫue ajudaram a elevar a educação deste lugar.

PERI-MIRIM: II Festival de Cultura já tem data marcada

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) e parceiros promoverão no dia 14 de novembro de 2024, o II Festival de Cultura. O referido festival é um grande encontro de manifestações culturais que surgiu com o objetivo de promover um evento democrático de ampla participação popular que incentive a prática e vivência da cultura como expressão artística, contribuindo para a difusão cultural e o desenvolvimento regional por meio da cultura tradicional.

Na 1ª edição do festival, realizada no dia 07 de junho de 2019 em Peri-Mirim, criou-se um espaço para a divulgação da cultura e arte local. A praça central da cidade recebeu atrações como música, poesia, tambor de crioula, capoeira, artistas da terra, exposições, estande de venda de livros, feira gastronômica, roda de conversa e lançamento da 2ª edição do livro “Dicionário do Baixadês”, do escritor e acadêmico Flávio Braga.

Nesta 2ª edição, prevista que ocorrerá no dia 14 de novembro de 2024 na Praça da Igreja da Matriz de São Sebastião, estima-se receber um grande público que prestigiará várias atrações, conforme Programação abaixo:

16h – ABERTURA DA FEIRA CULTURAL: Exposição artística, fotográfica, literária, artesanal, plantas, cerâmicas, gastronomia

17h – ABERTURA DA TENDA CULTURAL COM OS DESBRAVADORES (IASD): Coral Infantil  Cantos de Alma, Apresentação teatral (EMCB), Coreografia (UMADPM), Dança contemporânea

17:40h -MANIFESTAÇÕES CULTURAIS

18:30h – POESIA E MÚSICA

19h – GRANDE ENCONTRO DOS ARTISTAS DA TERRA: Carlos Pique, Santiago, Paim, Edeilson, Paulo Sérgio e Frank Wilson

20:30h – APRESENTAÇÃO TEATRAL NO SINDPROESPEM (vagas limitadas*): 1) 0 Menestrel -Shakespeare (Thyago Alves) e 2) Espetáculo Curacanga (IFMA).

PROJETO PLANTIO SOLIDÁRIO DA ALCAP: Promoverá Troca de Mudas e Sementes durante a VII Ação de Graças na Jurema

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense  (ALCAP) promoverá a quarta Edição da Feira de Troca de Mudas, Sementes e Saberes, em parceria com a VII Ação de Graças na Jurema, que será realizada no dia 16 de novembro de 2024, no Sítio Jurema, Povoado do Cametá, no município de Peri-Mirim-MA.

A referida feira será realizada por meio do Projeto Plantio Solidário “João de Deus Martins”, que tem como gestora, Ana Cléres Santos Ferreira, que sempre contou a colaboração de Maria do Carmo Pinheiro, ambas amigas da ALCAP, as quais preparam um ambiente aprazível para receber a comunidade. A Ação de Graças na Jurema foi idealizada por José dos Santos, para promover a União em sua Comunidade.

Por iniciativa da acadêmica Jessythannya Santos, o objetivo da feira é auxiliar na preservação da biodiversidade, promover a educação ambiental, bem como estimular a alimentação orgânica e saudável. As mudas serão fornecidas pelo Jardim Botânico da Vale S.A. Porém, a maioria das mudas são oriundas do Sítio Boa Vista, de propriedade da gestora do Projeto.

Além de mudas de hortaliças, legumes e outros vegetais, serão trocadas/disponibilizadas plantas ornamentais, mudas de árvores frutíferas e não frutíferas, plantas medicinais, sementes e muito conhecimento e diversão. Esperamos contar com a participação de engenheiro agrônomo ou outro especialista, para orientar as pessoas.

O TIO BOBO (… e o vizinho di cara limpa!)

Por Zé Carlos Gonçalves*

Após “um longo e tenebroso inverno”, de ausência, recebi um verdadeiro abraço do tio Bobo, que logo veio se queixando da minha ingratidão. Aí, só me restou “ficá muchinho, vermelhinho di vergonha” e balançar a cabeça concordando. De verdade, andei sumido, dando finalização ao livro, em que trago as peripécias do meu querido amigo.

E, em meio a essa “matada di sordade”, o tio Bobo, “elétrico, falano cumuma matraca”, vai logo “dispejano uma dais sua”.

Nos últimos tempos, vinha em conflito com um vizinho, que lhe “cunsumia a pacênça”. Tudo por causa de “uns parmo di terra”. O “discarado” invadiu o terreno do tio Bobo, “cu’um cercadinho indecente”. Mas a reação do tio foi imediata. Arrancou o madeirame e fez uma fogueira imensa. E, “pra si impô”, se sentou debaixo do pé de manga, no seu terreiro, “acompanhado de sua bate bucha”, para não deixar dúvida de sua intenção.

Ao vizinho, saliente, só restou se recolher ao silêncio, ciente de que “com o tio não se brinca, não!” E o tio, ainda colérico, se derramou em lamento.

“Queim teim pena du miserávi fica nu lugá dêli. Êssi aí vivia morreno à míngua. Asdepois di minh’ajuda, né qui êssi patife si isqueceo du qui li fiz. Passa têso irguá um caniço i neim um bom dia mi dá. Qui vá prus quinto du inferno êssi cavalo batizado”.

Até tentei lhe tirar dessas lamúrias, convidando-o a tomar umas doses do milagroso São João da Barra, mas a ira não o “largava” e ele continuou.

“Mais, Zé, sô passado na casca du alho, nunca qui vô perdê pr’um malandro dêssi. Inda mais dum muleque qui neim saiu dus cuêro. Um bêsta fera dêssi, qu’inda neim é pinto i já quê sê galo. Purisso, li chamei na chincha i li falei todas ais verdádi”.

Como percebi que não tiraria o tio Bobo daquele estado, resolvi ir embora. Mas lhe escutei, ainda, um último protesto.

“Êssi sacana, pensano qui veim mi avacalhá, tá é perdido. Num tenho mêdo dum trombôio dêssi di cara lisa. Um pésti dêssi!”
Aí, já não havia mais o que fazer. O tio “tava possesso!”

A FORÇA DO BAIXADÊS III (… o “F” de todos os Baixadeiros)

Por Zé Carlos Gonçalves

No sábado último, na AMEI, no lançamento do livro O ÓRFÃO E O JORNALISTA, mediado por Nonato Reis, tive “uma senhora conversa” com o mestre Manoel Barros. Ali, como não poderia deixar de ser, transpirou, vê só, a nossa querida BAIXADA. E, de verdade, coisas boas virão! Os DIÁLOGOS BAIXADEIROS vêm revigorados. Ou, como se diz no BAIXADÊS, “veim cum ‘fôça’ totá!”
O certo é que, nesse “falatório”, muita “futrica” saiu. E me veio a “fandanga” ideia de mergulhar no BAIXADÊS com a família do “F”, após sentir a vibração de algumas palavras com essa fricativa. Vamos ver o que vai dar! “Afiná, mi deo foi uma vontade doida” de brincar “um tiquinho”.
E, com “fé” em Santo Inácio de Loiola, vou “atentar”!
O ar de nossa Princesa anda muito “fuvêro”, com a “fuxicada” do período eleitoral, em que o que não falta são “os ‘faniquitos’, os ‘fala’ mansa, os ‘fulêros’, os ‘fofoqueiros”.
Mas não só de política o “F” se alimenta. De saudade, também.
A “Favêra” e o Oiteiro do “Finca” agonizam para sempre. Já são “finados” para nós, que os vimos vivos e os sentimos “firmes” sob os nossos pés.
Também se “faz” presente, ao nos oferecer, cantantes, as mais ricas pérolas “fonéticas”, que dançam em nossos ouvidos e nos embalam em nossas lembranças. Eita, “F,’ ‘fio’ di uma mãe!”
E, aí, as expressões “vãum si ‘fazeno” e nos “matando a vontade”. E só quem é BAIXADEIRO para entender a “profundeza” das mensagens; pois a mesma vem eivada de sentimentalidade. Afinal, quem nunca mediu a beleza dos seus com a máxima máxima. “Cara di um ‘focinho’ du ôto”. Ou “se quêxô” do desconforto “físico”, após um longo e árduo dia de trabalho duro. “Tô ‘fadigado’ i discaderado di ‘fazê’ tanta ‘força”.
O certo é que pululam as nossas identidades linguísticas. “Êsse piqueno é um ‘fuguete’, mais ‘fuçadô’ qui um quêxada”. E só aumentam. Na saúde e na doença. Na alegria e na tristeza. Nos sonhos e nas certezas do que somos. Misericórdia! Muito escutei, durante um resfriado. “Êssi muleque tá cum a venta qui paréci um ‘fole”. E, para depreciar alguém, o repertório se apresentava “farto’. ‘Fogoió’, ‘fio’ duma égua, ‘finório’, teim a mão ‘fina’, ‘féla’ da puta, é uma mulé di vida ‘fáci”.
Esse desfilar do “F” se impõe poderoso, em suas metáforas, que se potencializam, com a intenção do desprezo. “Êssi sujeitho num é neum galo, tá mais pra ‘frango”. Ou no ápice do desespero. “Só quiria sê, i ‘fincô’ u pé na merda”.
Também, em palavras, que se apresentam “fortes”, por si só. “Fundilho, faca pexêra, fajuto, furunco, fanhoso, fedorento …”
E, para fechar, uma das nossas construções mais fantásticas. “Dêxa di tua ‘fóba”.
Eita “F”, da gôta serena! Infitético!