CAUSOS DA BAIXADA MARANHENSE: APELIDOS QUE MATAM

Por Expedito Moraes

Lá prás bandas do Pulidoro, povoado fora da zona Urbana de Cachoeira, teve um fato acontecido assim:

Quem nos relata e espalha pelo mundo inteiro é o influente blogueiro Zé Minhoca. Porém, nessa época, apesar do avanço tecnológico extraterreno dos cachoeirenses, Zé Minhoca era chamado mesmo era de Linguarudo e Fuxiqueiro.

Pois bem, a notícia correu igual a Curacanga nos campos secos do verão ou a Pororoca em noite de lua cheia no leito raso do rio Pindaré.

Segundo o Linguarudo, Tonico Isca de Piaba, apelido que lhe foi dado na infância por ser o sujeito gordinho e batorezinho, era desaforado, não “injeitava” uma discussão e briga. Era metido a valente. Andava pelos campos a cavalo com um facão Colin maior do que ele do lado. Mas, se aparecesse um cabra pra lhe chamar pelo apelido… Ave Maria!… Tonico ficava doido. Se atirava do cavalo em baixo, já tirando o facão da bainha, fazia um “rapa pé”, e a molecada caía no mato.

Tonico ficava “bufando de raiva”. E foi numa dessas vezes que Tonico “dançou”.
Empolgado com tanta gente lhe ouvindo antes de começar a ladainha na casa de D. Hipólita, Zé Minhoca, com ar de apresentador da GLOBO, dizia que Tonico tinha se casado há pouco com Maroca, uma moça que “caiu na vida” após ter sido vista deitada e abraçada por trás de uma moita com um tal de “Porco D’dágua”, barqueiro que desembarcou no porto de Djalma Moreno para dançar no “arrasta pé” de Olegário.

Existe um “dito” popular naquelas bandas de que as mulheres dali não podem ver um embarcadiço de fora que ficam doidinhas da cabeça.

Ora, com o calor do belo corpo e dos rebolados de Maroca dançando “Pisa na Fulô”, suando tanto que o azeite de carrapato do cabelo escorria pela blusa e também pela camisa do barqueiro, o cabra ficou doido. E ela também. Saíram do salão pra mijar. Só que quem percebeu a fuga, para o azar deles, foi o Fuxiqueiro.

Não demorou “uma hora de relógio”, e só duas pessoas sabiam do acunticido – Deus e o mundo. A moça ficou tão “mal falada” que, depois disso, só quem a quis como esposa foi “Isca de Piaba”.

Mesmo assim, MAROCA pediu um juramento dele: – Tonico, tu pra mim é só TONICO, entendeu? No dia que um “filho de corno” lhe chamar desse seu apelido, tu vai me prometer que vai dar uma surra em quem quer que seja ele. Se tu não fizer isso, eu te largo.

Tonico, já totalmente “inrabichado” por ela, sacudiu com a cabeça e saiu sisudo e triste, lembrando de Ariston, cabra valente acostumado a gritar na beira do campo de bola o apelido de um outro sujeito brabo. Ariston levava sempre com ele um patacho, desse de roçar, que servia para cortar a carne do churrasco que ele fazia e, ao mesmo tempo, se proteger quando gritava o apelido: “Zé da Burra”.

Tonico já estava acostumado com os gritos de Ariston: “- segura essa bola “Isca de Piaba!”. Ficava desajeitado, isso ficava, mas também gostava, e muito, da feijoada que Ariston fazia e oferecia aos atletas.

Nesse dia, teve vontade de conversar com Ariston e lhe falar sobre a conversa. Depois, pensou que não ia adiantar. Ariston era gozador e a coisa podia até piorar.

Resolveu se aconselhar com Olímpio para lhe pedir que conversasse com Ariston. Mas, esse daí ainda era pior. De vez em quando, além de chamá-lo pelo apelido, ainda lhe tratava de coisa pior. Desistiu. Ocorre que, no sábado seguinte à conversa, Maroca fez um mocotó reforçado, com macaxeira, banana, tutano, e muito nervo. Só coisas que faziam mal pra Tonico.

Semanas antes, Tonico fora levado às pressas ao posto médico, quase enfartando. A pressão estava 22/8. O médico lhe aconselhou a se alimentar de coisas leves e a suspender o cigarro, a cachaça, e outras coisas:
– Mulher, tu te esqueceu do que o médico disse?! Essa comida não é muito pesada?
– Tonico, tu não vai jogar bola hoje? Isso tudo aí tu vai “disgastar” rapidinho.

Tonico até pensou que a mulher queria que ele morresse. Mas, terminou achando que ela estava era cuidando bem dele.
Só que o “Capeta é muleque”. E quando Tonico chegou na beira do campo, olha quem ele encontra: Olímpio e Ariston. Olímpio ainda fumando e tomando cachaça de Ipixuna. Os dois logo o cumprimentaram chamando pelo apelido.
Tonico pediu para falarem baixo. Disse que a mulher não gostava.
Piourou.
Olímpio lhe ofereceu um cigarro e uma talagada de cachaça.
O jogo ia começar.

Ariston lhe ofereceu um copo de cerveja. Tonico, ao que parece, se esqueceu do médico. Tomou tudo e fumou.
Botaram Tonico no ataque. O sujeito parecia Bimbinha. Baixinho, corria muito, driblava o time inteiro e gol… nadica de nada.
Maroca, resolveu visitar a tia que morava ao lado do campo.

No minuto que ela ia passando pelo campo, viu Tonico driblar um, dois… a defesa adversária toda. Até o goleiro. E chutou a bola…. pra fora.
Aí, a pessoal da barreira inteira gritou “VAI TE LASCAR, ISCA DE PIABA!”.
Maroca, vermelha igual a pescoço de galo carioca, tentou se esconder. Não adiantou. Ariston já tinha lhe olhado e, virando pra ela, gritou: “Senhora, este seu Isca de Piaba não serve nem pra fazer gol, imagina pra lhe fazer um filho!”
Nessa hora, o sangue de Tonico explodiu no corpo inteiro, subiu à cabeça, estancou pelo coração, e o pulso latejava igual venta de cavalo cansado.

Maroca, sem poder falar, aponta pra ele e faz um sinal de quem corta alguma coisa com um patacho e, lívida, gritou pro marido: “Vou voltar e arrumar tua trouxa”.
Tonico não ouviu mais nada, teve um ataque de coração fulminante.

Segundo Zé Minhoca, os culpados por Tonico ter “batido as botas” e se mudado para a “cidade de pé junto”, são: Maroca, Ariston e Olímpio.

O pobre nem teve tempo de pegar sua trouxa, mas Maroca preparou uma bem bonitinha, com tudo dele, e jogou dentro da cova.

Expedito Moraes, 11.02.23

O TIO BOBO: E o diacho da tevê

Um dia desses, encontrei um presentinho, que ganhei do tio Bobo. “Um chocalhinho de cascavel”, que, segundo ele, “era batata, pra muitas coisa; mais o principá era fechá u côrpu”. Ainda que eu nunca tenha sabido, e não saiba até hoje, o que isso quer dizer, aceitei. Ora, se não. E, durante muito tempo, acreditei nisso.
“Aí, né , já sabe, a memória se remexeu toda” e …

Encontrei o tio Bobo no Fula e “não é qui andamo tomano uns cunhaque cum leite”. Depois de “uns cinco quartos, o papo foi surgino lêvi.” Extremamente agradável.

O tio Bobo falou-me, muito emocionado, das saudades, “de quando era muleque”.
Eu só lhe fiz uma pergunta. E precisou de nada mais.”Ele se destrambelhou a falar”.
– De que o senhor sente mais falta?
– Du contato cum gênti, meu fio. Du ôlhu nu ôlhu. Ôji, si conversa olhano pro ispaço. Parece qui tá todo mundo cu’um medo do cão do ôto. Ou cum os ôios grudado na praga dêssi aparelhinho, qui vocêis uso. É muita farta de respeito. Nu meu tempo, si conversava cum queim fosse pareceno. Pur ixemplo, os vendedor ambulante. Ero bom de papo, pra misera. Chegavo carregado di panela, papeiro, bacia, urinó. Trazio só corte, qui dava inté gosto de vê. E as novidade?! Inté da istranja. Mais o qui mais eu gustava ero das nutícia dus ôtos lugar. Informavo nóis, né?!

Rum! Num sei pur que tu fica quereno sabê dessas coisa. Dêvi sê pra fazê, mais tarde, gatimonha cumigo. Rum!

Tu é muito minino pra sabê disso. Mais vô ti dizê umas coisinha. Tinha, tombéim, os retratista com os cavalinho de madeira, qui er’aligria das criança e u disispero dus pai. Batio di porta im porta. Mais, côndi tava cum diabo nu côro, io era pra iscola i fazio uns retrato feio qui dói, qui botavo na sala. Só muleque cum a cabeçona inorme, cum uma cara de mucura, da pêsti. Inté ôji, ainda teim uns puraí. Acho qui só pr’espantar moroçoca.

Agora, vô ti dizê uma coisa. Eu num gustava di ir assistir era novela na casa du vizinho, qui sêmpri apagava a tevê nu mió. Na fuça di todo mundo. E num é que nu ôto dia tava tudo lá, na maiô cara dura.
Nóis era filiz, mais o diacho da tevê veio pra acabá cum nossas amizade.
Eita, tio Bobo sabido!

O Conselho Deliberativo do Sebrae recebe membros do Fórum da Baixada

Ontem (09/02/2023), representantes do Fórum da Baixada Maranhense (FDBM) reuniram-se com o Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae/MA, Dr. Celso Gonçalo de Sousa assessorado pelo Chefe de Gabinete, Antônio Paixão Garcês. O FDBM foi representado pelo presidente da instituição, Expedito Nunes Moraes e dois dois vice-presidentes, Ana Creusa Martins dos Santos e Antônio Lobato Valente.

“O objetivo do encontro foi visando revitalizar a excelente parceria entre as duas instituições iniciada logo após a criação do FÓRUM DA BAIXADA. Naquele período o Presidente do SEBRAE era o companheiro João Martins que disponibilizou o Dr. Tadeu Edson Borba para, com a participação dos forenses, construírem o PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA BAIXADA MARANHENSE, de lá para cá, tivemos pandemia, eleições e muitas indefinições políticas, de modo que agora com o cenário mais estabilizado reiniciaremos a construção de novas parcerias e revitalização das já existentes.

Atualmente, com o SEBRAE reiniciaremos já com a proposta de reavaliar e atualizar o Plano, adaptar aos Eixos definidos pela atual Gestão e assim traçarmos estratégias eficazes e possíveis para a execução dos nossos objetivos.

O vetor principal para essa mobilização é a capacitação de pessoas para a inserção nas novas oportunidades que advirão para o Estado, óbvio, focando fundamentalmente nos investimentos previstos para a Região da Baixada e Litoral Ocidental, como exemplo: Centro Espacial de Alcântara (CEA), TAP, ferrovias, produção e indústrias de pescados, exploração da Bacia Petrolífera Maranhão/Pará, etc.” enfatizou o Presidente Expedito Moraes.

A reunião ocorreu em clima de extrema positividade. O Presidente Celso e Garcês, além de receptivos demostraram conhecedores da Baixada, lembrando que o sucesso de Itans deve-se muito a essa instituição.

Outros projetos nos foram apresentados, como exemplo: a industrialização e aproveitamento pleno do Abacaxi, do Coco Babaçu em Palmeirândia, entre outros.

O FORÚM convidou o SEBRAE para fazer parte do Passeio Turística que promoverá nos dias 21 e 22 de abril nos lagos de Viana até Cajari (roteiro em formatação).

Os representantes do Fórum da Baixada foram surpreendidos pelo nível de conhecimento do Conselheiro sobre os assuntos atinentes à microrregião da Baixada e Litoral Ocidental, motivo pelo qual todos saíram com a certeza de que formarão ampla parceria com a nova direção do Sebrae, mantendo a tradição da parceria em muitos projetos e ações.

 

A roça e suas histórias …

Por Eni Amorim

Tomar banho de rio nos dias quentes;
Tomar banho de chuva na época das chuvas;
Fazer guerra de lama;
Descer a ladeira deslizando na caçapa de anajá;
Tirar tucum do tucunzeiro, quebrar e se deliciar com o coquinho;
Brincar de balanço;
Enterrar-se na areia e ficar só com a cabeça de fora;
Brincar de burra (geringonça feita de caule de juçareira que girava no sentido horário) até sair tonto, cambaleando;
Brincar de cavalo-cego (foto)
Ter fazendas cheias de boizinhos montados com manguinhas ou carambolas;
Comer farofa de bicho de coco babaçu;
Prender a cabra do vizinho para tirar leite (escondido dos pais);
Subir nas fruteiras para comer frutas lá em cima;
Fazer espiga de milho de bonecas (meninas);
Guardar comida para brincar de comidinha;
Colocar comida para as formigas só para vê-las levar para o Formigueiro;
Prender o besouro na flor de salsa para ouvi-lo enfurecido tentando fugir;
Conversar com as joaninhas;
Correr atrás dos Vagalumes para capturá-los;
Colocar o besouro dentro da caixa de fósforo para fazer um radinho;
Jogar sal nos sapos para vê-los sair pulando;
Virar carambella (ponta à cabeça) no Areal;
Fazer batalha com carrapatos (Mamonas);

Mas, os tempos evoluíram, e até as crianças do campo já brincam com os brinquedos industrializados.
Já não se ouve suas risadas,
Suas correrias de um lado para outro…
Agora as crianças do campo,
Já brincam como as crianças da Cidade,
Ao som eletrônico dos bips video games, jogos de computador, tablets e smartphones;
Mas da janela do seu quarto,
Ainda se pode ouvir um pássaro cantar na rua…

Prefeitura de Anajatuba promove encontro com lideranças comunitárias e quilombolas

A Prefeitura de Anajatuba, por meio da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social e Coordenação de Igualdade Racial, realizou um encontro com lideranças comunitárias e quilombolas com o objetivo de avaliar ações que foram executadas em 2022 e discutir os projetos para 2023.
Essa interação foi importantíssima pois, além de fazerem um balanço das ações do ano passado, discutiram sobre os projetos para 2023.
Estiveram presentes o Prefeito Hélder Aragão, a Secretária de Assistência Social, Lucilandia Mendes e sua equipe, o Superintendente de Assuntos Internos, José Oliveira e representes de 27 comunidades quilombolas.
Fonte: Prefeitura de Anajatura no Facebook – 03/02/2023

O MARANHÃO REAL E O VIRTUAL

Por Expedito Moraes

O Estado do Maranhão já era há 8 anos, o penúltimo estado mais pobre do Brasil, todos os governantes juraram, nos seus discursos de posse, tirar o estado dessa terrível situação. Podem até terem tido essa intenção, entretanto, o resultado tem sido desastroso. Atualmente, batemos recorde em todos os índices negativos, mantendo-nos em estado de pobreza e miséria, nossa Baixada no bolo.

Nas beiradas dos campos, nas capoeiras, nas beiras do rios, no meio da seca e dos alagados; crianças dormem com fome, sofrem com ataques de verminose, com corpos esquálidos, desnutridos, sem assistência médica onde, ainda, a ambulância é uma rede velha pendurada num pau carregada pelos caminhos de lama ou torrão. Ao chegar ao hospital na sede do município é colocado numa ambulância para transportá-lo pelas estradas esburacadas e pelo Ferry, até o Socorrão. Chega vivo, porém, pior do que estava.

E a Educação? Bem, neste item continuamos sendo os piores. Razão, pela qual, fica impossível superar a barreira da pobreza.

Somos impotentes para resolver isto? Acredito que não. Falta de recurso não é. As transferências federais e estaduais para o Estado e os municípios nunca deixaram de chegar. Essas transferências são constitucionais, em hipótese alguma um governante pode deixar de cumprir. O Maranhão é um dos estados que depende destas transferências; imaginem nossos municípios.

O Maranhão tem o maior índice de famílias beneficiadas pelo Auxílio Brasil (Bolsa Família), são 1,22 milhão de famílias contempladas, um investimento federal de R$ 743,3 milhões. Entre os lares beneficiados pelo programa permanente de transferência de renda do Ministério da Cidadania, mais de 1 milhão, ou 82,5%, têm uma mulher como responsável financeira. Levando em consideração 5 pessoas por família são mais de 5 milhões de pessoas beneficiadas. Ou seja, aproximadamente, 70% da população. Na capital São Luís, 123,7 mil famílias são beneficiadas, fruto de um investimento de R$ 74,4 milhões.

Para se ter uma ideia, em boa parte dos municípios do Estado, principalmente os da Baixada o volume de recursos proveniente desta transferência são maiores do que o FPM (Fundo de Participação dos Municípios).

O paradoxo é que estes recursos não ficam nos municípios e nem no Estado.

O Desafio é transformar o virtual em real. No virtual tá tudo muito lindo, mas o real é assustador. Vamos à luta!

Expedito Moraes, fevereiro/2023

SAUDADES DA MINHA TERRA QUERIDA: OUTRA OUTRORA

Por Zé Carlos Gonçalves

Outrora,

na minha terra,

vinha o silencioso luar
namorar,
no apogeu do plenilúnio;

e

o riacho passeante,

em suas áridas entranhas,

enebriava-se com tamanha
pujança
mistérios
e
maravilhas;

e

as curacangas,

sedentas das batinas,

tornavam-se devoradoras
das almas,
sedentas dos pecados;

também,

o estio abrasante,
explodia prenhe
em todas os tons,
a colorir a fome

dos pássaros,
que “avoavam” os voos
leves e alegre

e

dos animais,
que tateavam as madrugadas,
pródigas em sementes!

Hoje,

na minha terra,

ainda,

há palmeiras,
que somem
na velocidade da ganância.

sumiram …

o curió
o azulão
o totoriá
a patativa
o “caboquinho”

… na gula das gaiolas.

o nambu
a jaçanã
a siricora
a marreca
a surulina
a japeçoca

… na gula das espingardas!

Paradoxalmente, restam

as “galças”,
desconfiadas das maldades
humanas,

e

os “arubus”,
fingindo-se ingênuos,
a dominarem a cidade!

EDUCAÇÃO DE PERI-MIRIM É O TEMA DO II PRÊMIO NAÍSA AMORIM

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), por meio da confreira Edna Jara Abreu (cadeira 25), apresentou o Projeto do II Concurso Artístico e Literário “PRÊMIO ALCAP NAISA AMORIM” com o tema: EDUCAÇÃO DE PERI-MIRIM: HISTÓRIA E EVOLUÇÃO no dia 30, 31 de janeiro e dia 02 de fevereiro, durante as reuniões de Formação Pedagógica da Escola Alda Regina CORRÊA – ARC; no Encontro Pedagógico da SEMED e na Jornada Pedagógica do Centro Educacional “Artur Teixeira de Carvalho”, respectivamente.

Tendo em vista o grande sucesso da primeira edição em 2019, em que o empenho e dedicação de alunos, professores e apreciação da sociedade superou as expectativas, por isso, a intenção é repetir as ações.

O projeto é destinado aos alunos do ensino fundamental e ensino médio, incluída a modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), inseridos em escolas da rede municipal, estadual de ensino e particular, sediadas no município. Parceria já firmada com a Secretaria Municipal de Educação de Peri-Mirim e estende-se com o prazo máximo a participação de patrocinador(es) neste evento até 15 de março de 2023.

O objetivo do Projeto “PRÊMIO ALCAP NAISA AMORIM” visa incentivar o gosto pela leitura e pela escrita, dar visibilidade às produções artísticas, bem como provocar nos alunos a compreensão da importância do contexto histórico para a educação atual do município.

São categorias do concurso deste ano: Desenho (alunos participantes 1° ao 5° Ano); Poema (alunos participantes 6° ao 9° Ano), Crônica (alunos participantes 1° ao 3° Ano do Ensino Médio), neste ano, a ALCAP traz uma novidade: a Categoria Escola Criativa.

As inscrições já estão abertas e irão até o dia 15 de março. Local de entrega dos trabalhos na sua Escola. 

As inscrições serão feitas no site oresgate.net.br  ou no link abaixo:

Veja detalhes do Projeto:

Projeto II Prêmio ALCAP Naisa Amorim – 2023

PINICÃO: Um adeus ou um até logo?!

Por Zé Carlos Gonçalves

Recebo a notícia de que nosso carnaval ficará órfão do Pinicão. Uma tragédia! Tragédia, porque os pinheirenses, há algum tempo, estamos sempre perdendo.

Qual pinheirense que retorna à terrinha, única e amada, que não se dilacera com tanto descaso. O pior é que começa logo na entrada. Continua nas artérias. Em todas as artérias. E vai reafirmar-se nos seus limites. Não sei qual o pior. A saída para Pacas ou a saída para Santa Helena.

Perdendo a nossa certeza de que temos o torrão natal, que possa nos abraçar, tão carentes o buscamos. Perdendo a noção de nossas lembranças, que se apresentam tão desbotadas, quando nos deparamos com a carcaça maltrapilha de nossa Princesa-mãe, que parece afogar-se na angústia de cada filho seu.

Perdendo os nossos entes, os nossos bens culturais, a nossa identidade. Ou não?!
Perdendo o melhor do carnaval, que perde e se perde nas ondas gigantes de tanta mediocridade musical.

Perdendo o último reduto de resistência carnavalesca, que engole esse mar de incompetência. Tanto lúdica quanto administrativa.
Uma pena!
Que não seja um adeus. Apenas um breve até logo!

O TIO BOBO: O DADOR DE CONSELHOS

Ontem, estive muito saudoso do amado tio Bobo que “inté” me peguei conversando com ele, durante um “trespasso”, pós o almoço. Penso até que minha casa me achou “vário”, no mínimo. “Falano só”. Uma prática, sadia e comum, de todo bom baixadeiro. Não é mesmo?!

Mas, o que interessa é que lembrei um encontro, em que o tio Bobo se apresentou tal um conselheiro amoroso. E, “porreta”. Disse-me que, em vários casos, atuou como um sério confidente. Confidente, sim, “dos cumpadinhos e, até, das cumadinhas”. “Coisas de arrupiá os cabelo”, e “outras coisinhas mais”.

Aí, fiquei curioso. Mas, como ele era um homem honrado e um ferrenho guardador de segredos, “nadica de nada lhe escapou”. Fez-se um sisudo túmulo.”Um boca dura”, como dizia minha mãe. De verdade, não “soltou a língua, de jeito nenhum”. “Me deixô, sim, foi chupano os dedo”, ou melhor, sem unhas. Roí todas. E, nada soube das “cumade”. “Neim us limpo, neim us pôdi”.

Abriu uma exceção, porém. Falou do vizinho, porque era nosso parceiro no dominó. E, em tom de confidência, disse que “o dito cujo” vivia era, ali, “aperriano a pacença aleia”. “Quexoso, qui só, da fulga da muié dêli cu’u padero”. “Er’um churume só. Si cunsumino irgá bezerro dismamado”.

O certo é que o tio Bobo se mostrou um autêntico “dador de conselhos”. Acreditem só. Pediu ao “infiliz” que fosse, e logo, procurar um amor novo, e verdadeiro. Disse mais. As pessoas, que sumiam, “davo um alívio”, uma melhor vida, ao abandonado. E, assim, “ia seguino com o seu rosário de recomendações”, ou, como ele mesmo dizia, com ” o seu rosário de bondades”.

“Como o diabo é moleque”, não me contive. “Dei uma de de doido e caí na asneira” de lhe tecer alguns elogios. E “foi a gota d’água, para ele perder a paciência”

Dirigiu-se a mim com firmeza e “soltou a ladainha”:
– Tu quê sê ingeno. Veim, aí, sêmpri cum tuas tolice. Não vê, meu fio, qui êssi coitado dêvi dexá di sê besta e largá di saí contano coisa pra tôdu mundo. É só pra nóis que si dêvi derramá nossas lágrima. Argumas pessoa num merece neim dêvi di vê nosso sofrê. Ais nossas coisa importante dêvi sê só nossa. Filho d’égua argum dêvi sabê. Tom’um conselho. Si tu quê guardá u segredo teu, não pensa neim alto qui tua boca pôdi ti traí. Tendeu?! E vamo bebê, né, qui queim gosta de lero, lero é Valero! I vê si aprêndi i vai criá juízo!
Que cara “mofético”, é esse tio Bobo!