ABENÇOADA SEMANA (… que vontade de “me baixadear”)

Por Zé Carlos Gonçalves

Começo a semana com vontade de “me baixadear” e gritar que ainda resisto. Primeiro, saudade do falar cantado, da beleza de tão sábias expressões, de fazer o “i” tinir “nuzouvido”. Segundo, “fiz ano” ontem.

Sem motivo algum para festejar, em meio a tantas perdas; mas um bom e decisivo motivo para rever os cálculos, dos meus dezoito anos, que, contra a pujança do viver, me “encucavam”, perseguiam e vaticinavam “trintinha”. E, só! Muita loucura!

Logo, nessa perspectiva, estou no lucro! E em um bom lucro. Razão mais que suficiente para gritar. Gritar e, sem modéstia alguma, vislumbrar “mais trintinha”; pois aprendi, em minha jornada, “a ansiar” por mais “um tiquinho”. Sem ganância nem prepotência. Apenas no meu silêncio, na cadência do tempo e, em definitivo, na vontade divina.

Assim, sigo. Sigo ciente de que o “caminho du feio é pur ôndi veio”. No mais fantástico epitáfio. “Da terra à terra!”

Como sei que o destino é imutável, nunca “vô pudê capá o gato”. Nem posso “tirá pra fora”. Nem “vazá”. Trago, até aqui, a certeza, única e certa, de que “não virarei pedra”. Resta-me, sim, seguir “no bom caminho” e na minha fé; pois, quando já “tivé cum a vida ganha”, “vô aculá”, “vô bem ali”, ao encontro do REDENTOR!

Espero, em abençoada semana, continuar em minha jornada e “já, já”, sob a graça de Deus, “pudê iscrevinhá outras croniquinha”! Assim seja!


Amém, amigo Zé Carlos! É sobre estar vivo e jovem na alma. Não importa se se tem trintinha ou três vezes isso. Devemos viver plenamente e aurir até a última gota desse bálsamo divino que, tão generosamente, nos é ofertado. Escreva, escreva e escreva suas croniquinhas, poeminhas, e tudo que lhe inspirar essa criatividade abençoada que Deus lhe deu, porque suas obras, e somente elas, serão a grande prova que imortalizará sua passagem neste momento da sua trajetória divina. Parabéns! Um grande abraço baixadeiro! Gracilene Pinto

MARANHÃO É O ESTADO COM MAIOR PORCENTAGEM DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE POBREZA

Segundo dados divulgados pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), seis em cada 10 maranhenses vivem em situação de pobreza. Os dados são do levantamento realizado pelo Instituto Jones dos Santos Neves, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

A proporção da população que vive abaixo da linha de pobreza no estado é de 58,9%. Em seguida vem o Amazonas, com 56,7%, e Alagoas, com 56,2%.

Apesar do resultado negativo, a pesquisa mostra que o indicador local melhorou, passando de 67,5% em 2021, para 58,9% em 2022.

Fonte: http://www.universidadefm.ufma.br/;

TAPERA

Por Zé Carlos Gonçalves

… longe está o esplendor
do teu sorriso,
finado em teu ausente
telhado,
em tuas desmaiadas
paredes,
em tuas desdentadas
portas
e
janelas!

… sábio é o tempo,
que resiste e repousa,
a te testemunhar
e
a te carregar em doridas
lembranças!

… perdida no espaço,
penas às duras penas,
a resistir às intempéries
e
a gargalhar das fraquezas
humanas!

… assombrada,
amargas as tuas mágoas,
a arrastar as tuas dores
e
a assombrar os meus
passos!

… sisuda,
vives as tuas fraquezas,
a alimentar os fantasmas
do abandono!

… muda,
rota tapera,
fechas-te em silêncio,
a berrar por tuas origens
e
a sugerir a tua história,
que te mantém viva!

José e seus cofinhos

Por Ana Creusa

José dos Santos era um contador de histórias, hábito que herdou de sua mãe Ricardina. Algumas histórias eram fruto da literatura infantil, outras oriundas de vivências de sua infância. A primeira história que lhes conto agora “aconteceu de verdade”, como se diz no linguajar popular. A história relata a experiência – que tinha tudo para ser traumática -, que José viveu para aprender a arte de tecer cofos.

Sua mãe era carinhosa, mas muito exigente no quesito transmissão de valores, como boas maneiras, estudo e trabalho, principalmente a preocupação que tinha para que seus filhos aprendessem um ofício.

A história relata o aprendizado do menino José na tarefa de tecer cofos, que é uma espécie de cesto para carregar e guardar vários mantimentos, são feitos da folha da palmeira de babaçu, típica da Baixada Maranhense.

Pois bem, mais ou menos aos oito anos de idade, os filhos daquela época eram chamados a aprender a fazer cofos. Chegou a vez de José e quem se encarregou dessa tarefa foi sua mãe, que chamou o filho e começou a ensinar-lhe. Ele, apesar de inteligente, não conseguia aprender a tarefa. Ricardina, já sem paciência e com uma “taca” nas mãos começou a ameaçar o filho que cada vez sabia menos, nem se lembrava mais como se segurava a palha nas mãos para fazer o traçado do cofo.

A mãe, irritada, resolveu “largar de mão” e disse aquilo que não se pode dizer a um filho:

– Vai, você nunca vai aprender!!

José, cabisbaixo, seguiu para a mata e voltou depois de várias horas. A mãe já estava preocupada com o sumiço do filho. O menino retornou com vários cofinhos, de admirável beleza. Com isso, ao longo de sua vida, José ficou conhecido como quem fazia os mais belos cofos do lugar e ainda abanos e mensabas.

Eu tinha meu cofinho, usado como mala, na qual guardava minhas roupas. Ele tinha o aroma dos trevos do campo, para perfumar as peças do meu singelo vestuário.

Com esta história de vida, aprende-se que nunca se deve pressionou os filhos para aprender. José somente aprendeu a fazer cofos na tranquilidade da natureza. Sua mãe feliz, não se cansava de elogiar a inteligência do filho amado.

Médico vianense morre em queda de avião no Amazonas

O médico brasiliense Roland Montenegro Costa, do Hospital de Base de Brasília, está entre as vítimas da queda do avião no Amazonas, na tarde deste sábado (16/9), na região de Barcelos, próximo de Manaus. Além dele, outras 13 pessoas morreram no acidente aéreo. Gutemberg Fialho, presidente do Sindicato dos Médicos do Distrito Federal, lamenta e confirma a morte do cirurgião. Tanto ele como as demais vítimas estavam no local para a prática de pesca esportiva. Roland era médico cirurgião do aparelho digestivo, pioneiro dos transplantes em Brasília.

O médico nasceu em Viana (MA) e formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Maranhão, em 1978. Ele fez residência médica em cirurgia geral no Hospital de Base do Distrito Federal, de 1979 a 1981.

O dono do clube de pesca para o qual o médico se dirigia, Anízio Marreco, conta que há mais de 20 anos Roland frequentava a cidade de Barcelos para a prática do esporte. “Ele vinha todos os anos, era um cara que gostava muito da pesca”, relata.

Em busca do aperfeiçoamento na carreira, foi estagiário em Cirurgia Geral no Hospital Klinikum Steglitz, da Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, de 1987 a 1988, e fellow em transplante de órgãos abdominais pela Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia, nos Estados Unidos, de 1991 a 1993. Exerceu também a função de professor de ensino em Cirurgia Geral do Hospital de Base do Distrito Federal.

… VOLTAREI A SER MENINO

Por Zé Carlos Gonçalves

Quando eu voltar a ser
menino,
e as minhas pernas,
vagarosas,
não me levarem longe,
ainda serei!

(in)consciente, tecerei
caminhos errantes,
falarei o indecifrável
e
sorrirei de minhas
bobagens;

mijarei a rede,
cheirando à jardineira,
comerei angu com isca
e
beberei chá de erva
cidreira;

banharei com o sol
das nove,
escutarei os segredos,
mortais e mais sagrados,
em minha pretensa
surdez
e
sentirei vontade
de dizer o que o não devo!

Quando eu voltar a ser
menino,
nada me assustará:
os horrores não chocarão,
os lamentos descansarão
em lampejos de certezas,
os sorrisos perder-se-ão
na conta da demência
e
a minha fé será única!

Quando eu voltar a ser
menino,
apreciarei a beleza
da chuva,
viverei a noite
em sua calmaria

e

as lembranças serão
as minhas companheiras
fiéis!

… voltarei a ser menino!

Grupo de alunos de Penalva (MA) concorre a prêmio da Samsung com protótipo de biogás e biofertilizante

Equipe é semifinalista na 10ª edição do Solve For Tomorrow Brasil, programa de cidadania corporativa da Samsung que incentiva a criação de projetos por escolas públicas.

Um grupo de cinco alunos do Centro de Ensino Antero Câmara Penha, na comunidade Jacaré, em Penalva, Maranhão, ficou entre os 20 semifinalistas da 10ª edição do Solve For Tomorrow Brasil, com um projeto de produção de biogás e biofertilizante como alternativa sustentável para a comunidade. O programa de cidadania corporativa da Samsung é conhecido por estimular alunos e professores da rede pública de ensino a criarem soluções para demandas reais utilizando a abordagem STEM (sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática).

O projeto de cunho investigativo e avaliativo, visa a produção de biogás por meio de uma vegetação típica da região, chamada Eichhornia crassipes – também conhecida como aguapé – que é associada a outras biomassas locais. O projeto visa beneficiar a comunidade com baixo poder aquisitivo, bem como reduzir a poluição causada pelo gás de cozinha comum e pela queima da madeira e outros componentes. A princípio, para uma melhor definição de como esse biogás será produzido, a equipe composta por cinco alunos do 1º ano do ensino médio buscou entender a dimensão da vegetação encontrada na comunidade rural em que a escola está localizada.

Segundo Geovane Santos Muniz, professor de biologia e orientador da equipe, a ideia surgiu a partir de um trabalho na grade curricular dos alunos dentro da temática de sustentabilidade, no qual o grupo teve um primeiro contato com projetos envolvendo o estudo de microorganismos. “Primeiro tivemos que fazer alguns experimentos e fizemos uma pesquisa de campo com o envolvimento da própria comunidade rural. Um diferencial importante do projeto é a meta de reduzir o uso de plástico, por isso reutilizamos garrafas PET na construção do nosso protótipo. Além disso, usamos a horta da escola, que chamamos de horta pedagógica, para realizar experimentos com fertilizantes”, explica.

A solução apresentada pelos alunos de Penalva mostra como a ciência e a criatividade fazem diferença na vida das pessoas. E é muito gratificante observar como o Solve For Tomorrow Brasil se tornou uma importante ferramenta não apenas para contribuir com o desenvolvimento acadêmico desses jovens estudantes, mas também para sanar problemas e demandas que impactam verdadeiramente o dia a dia em suas comunidades”, afirma Anna Karina Pinto, diretora de Marketing Corporativo da Samsung Brasil. “O Solve For Tomorrow é uma iniciativa que reflete a visão global de cidadania corporativa da Samsung – ‘Together for Tomorrow! Enabling People’, que contribui com a capacitação de jovens estudantes e investe em soluções de impacto positivo para a sociedade e para o planeta”.

“O projeto da equipe de Penalva põe em prática preceitos fundamentais do Solve for Tomorrow Brasil, como o protagonismo juvenil, a criatividade, a inovação e a sustentabilidade”, destaca Beatriz Cortese, Diretora Executiva do Cenpec, organização responsável pela coordenação geral do programa. “É um projeto que olha para os desafios e para as potencialidades do território, e que relaciona os conteúdos trabalhados na escola com a possibilidade de solucionar problemas reais. É muito gratificante ver escolas públicas fazendo ciência com o objetivo de melhorar a vida de todas e todos”.

A equipe já realizou pelo menos três testes e todos com resultados bastante positivos. O grupo está checando, principalmente, os fatores de volume da biomassa usada na produção do biogás. “Fiquei bastante otimista com o resultado, mas continuamos trabalhando para melhorar. Ainda temos etapas importantes a concluir e estamos com altas expectativas em relação ao uso dessa ideia na comunidade. Nesse caso precisaremos de um protótipo maior, como um fogão, e estamos trabalhando muito para atingir esses objetivos”, afirma Geovane.

O professor conta que os alunos ficaram muito contentes e surpresos por se destacarem entre os 20 semifinalistas do programa. “A escola toda ficou em festa. Estamos representando nosso estado, apesar das limitações de uma escola pública na zona rural da baixada maranhense. É uma satisfação participar do Solve For Tomorrow Brasil, pois é um programa que incentiva e estimula as escolas e os envolvidos nos projetos. É muito motivador, principalmente porque colocamos esses alunos, muitas vezes carentes de atuação científica, em contato com a pesquisa e a ciência de forma prática. Acredito que sairemos dessa experiência com uma bagagem muito rica. Além disso, o time do Cenpec e da Samsung tem nos dado toda a atenção e suporte. Tem sido muito gratificante”.

Sobre o Solve For Tomorrow

O Solve For Tomorrow está no Brasil desde 2014 e, na edição atual, tem uma programação diversa composta por webinars, workshops e mentorias para ajudar os participantes a alcançarem seus objetivos aplicando possíveis melhorias a seus projetos. No total, a iniciativa já envolveu 173 mil estudantes, mais de 36 mil professores, e mais de 6.600 mil escolas públicas. E, em 2023, registrou um aumento de 50,92% no número de alunos inscritos, em comparação ao ano anterior.

A edição brasileira do Solve For Tomorrow conta com uma rede de parceiros, como a representação no Brasil da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO no Brasil), da Rede Latino-Americana pela Educação (Reduca) e da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI), além do apoio do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a coordenação geral do Cenpec.

Para saber mais sobre o programa, acesse https://respostasparaoamanha.com.br/ ou acompanhe o Solve For Tomorrow nas redes sociais. A iniciativa está presente no FacebookInstagram e YouTube.

Fonte: https://news.samsung.com/br/. Foto da Internet (Blog do Jaílson).

“DIÁLOGOS BAIXADEIROS – FALAS SOBRE A BAIXADA” É TEMA DE RODAS DE CONVERSA EM SÃO LUÍS

Diversos olhares, percepções, vivências e memórias marcam o evento “Diálogos Baixadeiros – Falas sobre a Baixada”, Projeto de Extensão do Departamento de História da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) que ganhará nova edição em São Luís, a partir desta quinta-feira (14), das 14h às 17h30, com entrada gratuita.

Com o eixo central “Falas sobre a Baixada”, em cada um dos seis encontros, a segunda edição terá sempre quatro temas centrais, com convidados especiais, autoras e autores oriundos da Baixada. No primeiro encontro, os temas são: “A Baixada do Maranhão em serões e outras falas”, com Gracilente Pinto (de São Vicente Ferrer); “Vislumbres de Viana sob o olhar de Assis Galvão”, com Adalzira Galvão e Michela Galvão (de Viana); “Anajatuba e nossas esperanças”, com Mauro Rêgo (de Anajatuba); e “Linguajar típico da Baixada”, com Flávio Braga (de Peri Mirim).

Sob organização do professor Manoel de Jesus Barros Martins, do Departamento de História da UFMA, o evento conta com o apoio do Departamento de História, do Curso de História, do Centro de Ciências Humanas e do Centro Pedagógico Paulo Freire – local onde será realizado o evento, na sala 101, Asa Norte, a partir das 14h.

Para Manoel Martins, o evento é um importante espaço para que professores, alunos e o público em geral possa debater e conhecer mais sobre essa importante região do Maranhão.

“A Baixada conta com um quantitativo expressivo de autoras e autores cujas obras remetem ao entendimento de facetas muito caras à formação social maranhense, porém essa produção e seus autores nem sempre são reconhecidos”, afirma o professor.

“Diálogos Baixadeiros – Falas sobre a Baixada” será realizado em formato presencial, na UFMA. As Rodas de Conversa serão gravadas e disponibilizadas a seguir pelo canal oficial do evento no YouTube, pelo link: https://youtube.com/@BaixadadoMaranhao.

Histórico dos Diálogos Baixadeiros
A partir de maio deste ano, foram realizadas as primeiras Rodas de Conversa, no âmbito da disciplina “Baixada do Maranhão: trajetórias e perspectivas”, com o tema “Diálogos Baixadeiros”. Diferente da atual edição, que será realizado em seis datas, às quintas feiras, de 14.09 a 09.11, o evento de estreia foi realizado em cinco datas – nos dias 5, 12, 19 e 26 de maio e 2 de junho.
Os vídeos da primeira edição podem ser encontrados no YouTube, no canal @BaixadadoMaranhao. Para mais informações, entre em contato pelo e-mail baixadadoma@gmail.com.

Fontes: sites O Resgate e FDBM.

Organização de Direitos Humanos “cancela” Lula por apoio a Venezuela, China, Rússia e outras ditaduras

Por Carinne Souza* (01/09/2023 15:07)

A Human Rights Watch, uma das principais organizações que trabalha em defesa dos direitos humanos e que frequentemente é usada pela esquerda para atacar seus opositores, fez uma série de críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela política de “dois pesos, duas medidas” que o petista tem adotado. De acordo com a instituição, Lula não deveria ignorar os crimes contra os direitos humanos cometidos pelos governos da Venezuela, Cuba, Nicarágua, China e outros países que o brasileiro tem se aproximado.

As afirmações da ONG foram divulgadas em uma nota contra a candidatura do Brasil para liderar o Conselho de Direitos Humanos da ONU, que terá eleições em outubro. A declaração da Human Rights Watch é mais um indício de que, ao se aliar informalmente à Rússia e à China, Lula vem sofrendo um processo de “cancelamento” pelas democracias liberais do Ocidente.

Ele já havia perdido o protagonismo na área ambiental e agora deve ser descartado na área de defesa dos direitos humanos. A Rússia, a quem Lula vem apoiando, invadiu a Ucrânia e cometeu milhares de crimes de guerra, como fuzilamento de civis e rapto de crianças para adoção por famílias russas. Ele também tem sido uma voz solitária na defesa do ditador Nicolás Maduro, responsável por assassinatos políticos e pela fome em segmentos da população venezuelana.

“Esperávamos que V. Exa. [Lula] tivesse aproveitado as recentes interações com autoridades chinesas e a renovada relação diplomática com a Venezuela para condenar os graves abusos de direitos humanos que ocorrem sob esses governos e também promover sua não repetição”, diz o documento publicado pela instituição.

No caminho oposto a condenações, o mandatário brasileiro fez diversas afirmações contraditórias sobre regimes ditatoriais nos últimos meses. Em uma delas, Lula disse que a situação na Venezuela “não passa de uma narrativa”, além de ter relativizado o significado de democracia ao comentar o autoritarismo de Daniel Ortega na Nicaragua.

Lula disse que uma das prioridades do seu terceiro mandato como presidente do Brasil seria defesa dos direitos humanos, mas suas atitudes mostram que o critério do petista é seletivo. Candidato a assumir o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas pelos próximos dois anos, Lula demonstra fazer distinções ao condenar regimes autocratas.

Em um desses movimentos, o governo anunciou recentemente que o Lula é um dos confirmados na Cúpula do G7, que acontece em Cuba. O ditador cubano, Miguel Díaz-Canel, na presidência rotativa do grupo, foi quem convidou o mandatário brasileiro. O grupo reúne alguns dos países que despontam como os menos democráticos do mundo, de acordo com ranking feito pelo jornal inglês The Economist.

“Gostaríamos de encorajar seu governo a garantir que o Brasil desempenhe protagonismo na promoção dos direitos humanos em todo o mundo, conforme estabelece sua própria Constituição, abordando os abusos de direitos humanos de forma principiológica e consistente, independentemente da ideologia de qualquer governo específico, não movida por interesses geopolíticos, e baseada nos princípios de universalidade e imparcialidade, os quais o Brasil destaca em seus compromissos voluntários”, diz a carta endereçada a Lula.

Brics e o “grupo de ditaduras”
O posicionamento da HRW vem logo após a 15ª Cúpula dos Brics, que aconteceu na última semana. Na ocasião, os cinco países-membros [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul] anunciaram a inclusão de seis novos países ao grupo: Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã. Países que, em sua maioria, considerados não democráticos.

“Entendemos que, se eleito [para o Conselho de Direitos Humanos], o Brasil estará em posição privilegiada para usar o seu assento no Conselho, para influenciar outros países – particularmente seus vizinhos latino-americanos e os países membros ou que buscam aderir ao BRICS – a assumirem compromissos concretos de direitos humanos”, ainda sugere a HRW.

O documento também critica a “vista grossa” que o governo tem adotado ao regime autocrata comunista de Xi Jinping na China: “Poderia também comprometer-se a trabalhar com Estados de todos os grupos regionais para dar seguimento ao contundente relatório da ONU sobre Xinjiang (China), o qual concluiu que o governo chinês tem cometido violações de direitos humanos que poderiam constituir crimes contra a humanidade”.  Pequim tem abusado da minoria uigur por ser muçulmana com prisões e conversão religiosa forçada (que a China chama de reeducação).
A carta também criticou o posicionamento do brasileiro em relação à guerra da Ucrânia. “Considerando ainda que V. Exa. demonstrou reiterado interesse em liderar diálogos de paz para pôr fim ao conflito Rússia-Ucrânia, esperávamos que pudesse ter incluído no centro dos seus apelos a necessidade de responsabilização por crimes tão graves”, diz.

* Carinne SouzaCarinne Aparecida de Souza Carvalho é Repórter e editora na Gazeta do Povo. /https://www.instagram.com/carinnesouzac/


 

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/humans-right-watch-critica-politica-de-dois-pesos-duas-medidas-adotada-por-lula/. Copyright © 2023, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

O GATO DO HOMEM

Por: Ana Creusa

A história se passou em Peri-Mirim, no povoado Feijoal, em meados da década de 1920.

Aquela época era marcada pelo culto à família patriarcal, em que as mulheres deviam muito respeito ao marido e se encarregavam apenas das tarefas domésticas e da educação dos filhos, enquanto o homem era provedor da casa.

Naquele tempo, havia pais que não sabiam os nomes completos dos seus filhos, imagina lembrar as datas dos seus nascimentos? Frequentemente, confundiam os nomes dos filhos.

Um casal, porém, destacava-se pela união. Pedro e Maria Rosa eram diferentes. Recém-casados, ainda não tinham filhos.

O marido era visto de mãos dadas com a esposa nas festividades. Era motivo de críticas e elogios por parte dos correligionários.

Moravam em uma casa confortável. O marido trabalhava com gado, quinhão que recebera do pai pela ocasião do casamento.

No verão – campo seco – Pedro levava o gado para o campo de Pericumã ou Cafundoca em Palmeirândia, em busca de pasto abundante.

Certo dia, chegou um gato na casa do casal. Miau, miau, insistia o gato faminto. O gato logo começou a se roçar nas pernas do Pedro e o seguir por toda a casa e quintal. Demonstrando muita afeição pelo mancebo.

Sempre que Pedro chegava à sua casa, depois do trabalho, lá estava o gato miando, como se tivesse passado o dia inteiro sem comer nada: miau, miau … O jovem colocava a comida para o gato e ele comia como um esfomeado.

Pedro já estava desconfiado que a esposa não estava pondo comida ao bichano e pedia:

– Mulher, por favor, coloca comida para meu gato. No que ela respondia:

– Incrível, eu coloco comida para esse gato e ele não come. É só você chegar que ele come desse jeito! Eu não sei mais o que fazer: ele não come a comida que eu coloco.

– Oh, Rosinha, insistia o marido. Fico triste em ver meu gato sempre com fome; Maria Rosa, por favor, coloca comida para meu gato, quando eu chegar, não quero encontrar meu gato com fome.

Ela falava:

– Marido, eu sempre coloco comida para seu gato, ele é que não come. Não sei o porquê.

– Não parece, ele está sempre com fome. Falou o marido em tom ríspido.

Passados alguns dias, Pedro teria que levar o gado para Cafundoca. Juntou os animais e seguiu viagem com outros vaqueiros do lugar. Antes de sair, com o gato nas mãos, chamou a esposa e disse:

– Cuida do meu gato, eu vou demorar uns três dias.

– Não se preocupes, Pedro, que esse gato há de comer!

– Mulher, não deixe meu gato passar fome. Falou o marido zangado e não deu o tradicional beijo e abraço de despedida na esposa.

Pedro deixou o gado no Cafundoca, voltou sozinho. Os companheiros não quiseram voltar naquele dia que era sexta-feira, dia 13, pois, saindo àquela hora, iriam passar pela mata de João de Deus Martins durante a noite, o que era assustador.

Pedro, preocupado com seu gato de estimação, com receio que a esposa não gostasse do gato, não poderia demorar, pois temia que seu gato já estivesse morto, por falta de alimento e pensava:

– Que mulher traiçoeira que fui me casar! Ela não coloca comida para meu gato, só para me irritar.

Altas horas, passou pela mata, uma área preservada, floresta com espécies diversificadas. Apesar da lua cheia, o caminho estava escuro pelas copas das árvores.

Pedro, destemido, montado em seu cavalo alazão, sela e cochinil alvinho que Maria Rosa cuidava para o marido ficar feliz. Pedro era um jovem de vinte e cinco anos, moreno, alto e sorridente.

Durante a viagem, passando por uma moita de Tucunzeiro, famosa por ser mal-assombrada. Havia relatos que daquela touceira sairiam conversas de seres encantados.

Ao ouvir as vozes, Pedro arrepiou-se. Desembainhou o facão bem afiado. Parou e ouviu uma conversa nítida de aproximadamente três vozes distintas. Diziam elas, em meio às gargalhadas:

– Eu já estou garantido!

– Eu também estou, dizia outro. Pedro apurou os ouvidos e ouviu a terceira voz:

– Eu, com certeza estou garantido. Hoje ganho mais uma alma. Estou disfarçado de gato e quando o marido sai de casa eu não como mais nada, estou magrinho que dá dó. O marido está viajando. Quando ele chegar e me ver naquela situação, com certeza vai bater na mulher. Talvez até matá-la.

Pedro, por pouco, não caiu do cavalo e concluiu, sem sombra de dúvidas:

– Essa história é comigo – é o gato que está na minha casa e olha o que ele quer? Que eu mate a minha esposa e vá para o Inferno.

O rapaz, com o coração aos pulos, pensando nas injustiças que cometera com a esposa, fez uma oração. Pediu perdão a Deus, que o protegesse e seguiu viagem.

Chegou a casa, foi recebido pelo gato, que estava só pele e osso; quase não conseguia mais miar de tanta fome.

A esposa olhava a cena e lembrava de tudo que fez para aquele maldito gato comer e ele se recusava; fazia comida especial, e nada! O bicho parecia fazer de propósito para que o marido pensasse que ela estava mentindo.

O marido baixou a cabeça, olhou para a esposa e o gato mal conseguia caminhar. Pedro tirou o facão da cintura e partiu o gato ao meio[1].

Maria Rosa encolheu-se toda e pensou: – eu sou a próxima! Não conseguia sair do local, sem ação, esperou a reação do marido, ao tempo em que pediu que Deus orientasse seu esposo que estava prestes a cometer uma grande injustiça.

Pedro fitou a esposa e disse:

– Meu Amor, perdoe-me, eu errei contigo. Aquele gato era um demônio disfarçado. Contou à Rosinha a conversa que ouvira na mata. Pensava a esposa: – agora fazia todo o sentido o comportamento daquele gato endemoniado.

O Amor venceu, o casal foi feliz para sempre. Tiveram filhos e filhas. Nunca esqueceram o grande desafio que passaram em suas vidas. Aprenderam a lição de que “nem tudo que parece é”.


[1] Dessa forma foi contado pelo meu pai. Tive vontade de mudar para que o Pedro apenas se afastasse do gato, ralhasse para que ele se afastasse. Recomendo a quem desejar contar essa estória a crianças pequenas, que altere esse fato. Ademais, nunca é bom que se atribua efeitos demoníacos aos gatos, pode-se dizer que o Demônio pode usar qualquer um, até as pessoas, basta que permitamos com más ações e atitudes