PINICÃO: Um adeus ou um até logo?!

Por Zé Carlos Gonçalves

Recebo a notícia de que nosso carnaval ficará órfão do Pinicão. Uma tragédia! Tragédia, porque os pinheirenses, há algum tempo, estamos sempre perdendo.

Qual pinheirense que retorna à terrinha, única e amada, que não se dilacera com tanto descaso. O pior é que começa logo na entrada. Continua nas artérias. Em todas as artérias. E vai reafirmar-se nos seus limites. Não sei qual o pior. A saída para Pacas ou a saída para Santa Helena.

Perdendo a nossa certeza de que temos o torrão natal, que possa nos abraçar, tão carentes o buscamos. Perdendo a noção de nossas lembranças, que se apresentam tão desbotadas, quando nos deparamos com a carcaça maltrapilha de nossa Princesa-mãe, que parece afogar-se na angústia de cada filho seu.

Perdendo os nossos entes, os nossos bens culturais, a nossa identidade. Ou não?!
Perdendo o melhor do carnaval, que perde e se perde nas ondas gigantes de tanta mediocridade musical.

Perdendo o último reduto de resistência carnavalesca, que engole esse mar de incompetência. Tanto lúdica quanto administrativa.
Uma pena!
Que não seja um adeus. Apenas um breve até logo!

O TIO BOBO: O DADOR DE CONSELHOS

Ontem, estive muito saudoso do amado tio Bobo que “inté” me peguei conversando com ele, durante um “trespasso”, pós o almoço. Penso até que minha casa me achou “vário”, no mínimo. “Falano só”. Uma prática, sadia e comum, de todo bom baixadeiro. Não é mesmo?!

Mas, o que interessa é que lembrei um encontro, em que o tio Bobo se apresentou tal um conselheiro amoroso. E, “porreta”. Disse-me que, em vários casos, atuou como um sério confidente. Confidente, sim, “dos cumpadinhos e, até, das cumadinhas”. “Coisas de arrupiá os cabelo”, e “outras coisinhas mais”.

Aí, fiquei curioso. Mas, como ele era um homem honrado e um ferrenho guardador de segredos, “nadica de nada lhe escapou”. Fez-se um sisudo túmulo.”Um boca dura”, como dizia minha mãe. De verdade, não “soltou a língua, de jeito nenhum”. “Me deixô, sim, foi chupano os dedo”, ou melhor, sem unhas. Roí todas. E, nada soube das “cumade”. “Neim us limpo, neim us pôdi”.

Abriu uma exceção, porém. Falou do vizinho, porque era nosso parceiro no dominó. E, em tom de confidência, disse que “o dito cujo” vivia era, ali, “aperriano a pacença aleia”. “Quexoso, qui só, da fulga da muié dêli cu’u padero”. “Er’um churume só. Si cunsumino irgá bezerro dismamado”.

O certo é que o tio Bobo se mostrou um autêntico “dador de conselhos”. Acreditem só. Pediu ao “infiliz” que fosse, e logo, procurar um amor novo, e verdadeiro. Disse mais. As pessoas, que sumiam, “davo um alívio”, uma melhor vida, ao abandonado. E, assim, “ia seguino com o seu rosário de recomendações”, ou, como ele mesmo dizia, com ” o seu rosário de bondades”.

“Como o diabo é moleque”, não me contive. “Dei uma de de doido e caí na asneira” de lhe tecer alguns elogios. E “foi a gota d’água, para ele perder a paciência”

Dirigiu-se a mim com firmeza e “soltou a ladainha”:
– Tu quê sê ingeno. Veim, aí, sêmpri cum tuas tolice. Não vê, meu fio, qui êssi coitado dêvi dexá di sê besta e largá di saí contano coisa pra tôdu mundo. É só pra nóis que si dêvi derramá nossas lágrima. Argumas pessoa num merece neim dêvi di vê nosso sofrê. Ais nossas coisa importante dêvi sê só nossa. Filho d’égua argum dêvi sabê. Tom’um conselho. Si tu quê guardá u segredo teu, não pensa neim alto qui tua boca pôdi ti traí. Tendeu?! E vamo bebê, né, qui queim gosta de lero, lero é Valero! I vê si aprêndi i vai criá juízo!
Que cara “mofético”, é esse tio Bobo!

É TEMPO DE CARNAVAL (ME DÁ UM DINHEIRO, AÍ!)

Por Zé Carlos Gonçalves

Peguei-me lembrando das marchinhas dos carnavais, que muito embalaram minhas memoráveis vesperais.

Que gritante diferença das baboseiras de hoje, perdidas num barulho infernal. Uma gritaria desenfreada, que diz nada, a se perder nos apelos dos “rebolations” e das “tão desrespeitadas bundas”, a despencarem até o chão.

Tenho a impressão de que, talvez, fosse inocente. Mas, era, certamente, em minha maior parte, emoção. Afinal, só muita emoção, para me enebriar com simplicidade, tanta, “ao ‘marmanhar’ a uma mãe uma mamada, ou apenas uma chupeta, pra não chorar”, e, ainda, pular “bêbedo de alegria”.

Ou delirar “na sacra vibe” de um chop, estupidamente gelado, com a mais inocente das ironia, a pretender “raspar as boas e pensantes cabeças femininas”, que “paparam tão feroz e assustadora ‘fera’, o vestibular”. Vestibular, que, hoje, “não dá mais samba”.

Ou me anestesiar com uma faísca, ou com um leite de onça, ou com um Caldezano, ou com um quebra-queixo, a fim de me tornar “a mais viva personagem” dos flashes da realidade reinante, em que não era crime, muito menos cancelamento, “ser o tenente interventor da extraterrestre mulata, a fazer inveja à lua”, que também vinha me espiar, para me livrar da cruel dúvida entre “o voraz alambique, que vertia cachaça; e o manso ribeirão, que produzia água!”.

Quem sabe ser, até mesmo, um fantasmagórico folião, preso à ingenuidade de poder admirar “a boniteza do meu verdadeiro amor, a simples Jardineira”, depois que “dois suspiros ceifaram a vida da Camélia, que, por vil ironia, não sabia ‘trepar’ … no galho, ‘ora sô”! Ou um louco varrido, na mais tênue lucidez, para, “no cúmulo da ingenuidade”, fazer “chantagem barata” por “um dinheiro, aí”, que me pudesse manter sóbrio e não me levasse a “cair … na farra”, outra vez !
Eita, delírios de saudades dos meus carnavais!

O DIA DO AZAR: Perdido no mato sem cachorro!

O dia mais aziago do ano é 24 de agosto, dia de São Bartolomeu, quando o diabo se solta do inferno.

Dia 24 de agosto de 1572, dia de São Bartolomeu, foi considerado pelos povos da Europa, como o dia do demo. Mas, a tradição de dias azarentos existe desde os romanos, que tinham uma tabela de sacrifícios para as horas más, criando também, as “horas abertas”, no Brasil e em Portugal.

Agosto é um mês marcado por fatos trágicos de relevância para a História. Em 1572, na noite de 23 para 24, teve início em Paris, por ordem da rainha Catarina de Médici, o massacre dos protestantes, fato que perdurou até outubro.

O episódio entrou para a História como “A Noite de São Bartolomeu”. Foi um verdadeiro banho de sangue que impregnou na mente dos não católicos da Europa a convicção de que o Catolicismo era uma religião sanguinária e traiçoeira. Para comemorar o feito o Papa Gregório XIII, entre outras homenagens, enviou ao rei da França a condecoração da Rosa de Ouro.

Séculos depois, os dois maiores conflitos da humanidade tiveram início nesse fatídico mês: a Primeira Guerra em 1914, no dia 1º, e a Segunda em meados desse mês com o deslocamento das tropas alemãs para a fronteira com a Polônia. Segundo Leonardo Mota:

 Agosto é o mês desmancha-prazeres da humanidade.

O mês de Agosto também é marcado por acontecimentos tristes na memória do povo  brasileiro, especialmente no campo político. Foi em agosto de 1976 que o ex-presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira morreu em um trágico acidente na via Dutra. Também em agosto, em 1961, o presidente Jânio Quadros renunciou à presidência da República mergulhando o país numa das mais graves crises institucionais de sua história.

No campo artístico, nunca é demais lembrar a morte súbita da intérprete brasileira mais conhecida no exterior, Carmen Miranda, ocorrida em agosto de 1955. Porém, o fato mais chocante ocorreu no dia 24 de agosto de 1954. Naquela data o presidente Getúlio Dorneles Vargas emocionou o país ao praticar o suicídio em pleno exercício do cargo.

Expressões para o dia aziago: A coisa está feia; Atolado até o pescoço; Má sorte; Comer o pão que o diabo amassou; Descer ao fundo do poço; A vaca foi pro brejo; Dar com os burros n´água; Mensageiro do apocalipse; A bruxa está solta; Maré de azar; Na lama; Na pior; Maré de azar; Desceu a ladeira; Mau pedaço; Na pior; Estar lascado; De mal a pior; Dar sopa para o azar; Cair do cavalo; Em maus lençóis; Maré não está para peixe; Estar numa fria; Entrar pelo cano; Quando a porca torce o rabo; Na merda; Entrar pelo cano; Perdido no mato sem cachorro; Beco sem saída; Sem luz no fim do túnel; Vida de cão; Azar no jogo; Era tão azarado que, se quisesse achar uma agulha no palheiro, era só sentar-se nele; Se bater na madeira afasta o azar então tó precisando desmatar a Amazônia na base da porrada; A diferença entre uma pessoa de sorte e uma azarada é simples: a de sorte joga na Mega-Sena e ganha o prêmio entre milhões de jogadores; a azarada descobre que tem uma doença rara que atinge uma a cada 10 milhões de pessoas; Eu só posso ter picado salsicha na tábua dos 10 mandamentos pra sofrer assim…; Sou tão azarada que se inventassem uma pílula da imortalidade, eu morreria engasgada com ela; Tenho tanto azar que pra acertar os 6 números na megasena é fácil, só preciso marcar os números e guardar sem jogar; Mudar de fila faz com que imediatamente a fila de onde você saiu comece a andar mais depressa do que a sua; Se você chega cedo, o espetáculo será cancelado. Se você se mata para chegar na hora, terá que esperar. Se você chega atrasado, começou na horas; Sempre que aponto algum favorito, ele dança antes da hora; O pão do pobre quando cai no chão é sempre do lado da manteiga; Se tenho algo confidencial, esqueço na máquina de xerox; Lei da experiência: não vai funcionar; A adversidade é nossa mãe, a prosperidade é apenas uma madrasta; “A vida é um jogo de azar, e as probabilidades de ganhar são impossíveis”. No caminho, um táxi passou a toda velocidade, determinado, numa poça d’água e encharcou seu terno; Sempre recolho moedas do chão. Deixei cair moedas da minha carteira e as chutei; É tudo muito simples, uma situação que pode ser resumida em duas palavras: A-ZAR; Se o caso é ganhar ou perder, você perde; Você erra, todos julgam. Você acerta, ninguém vê; Tenho azar no amor e sorte no azar; Talvez tenha azar no amor, mas sempre tive sorte na descoberta de desamores complicados!.

Neste dia (24 de agosto), festejamos a santidade de vida de São Bartolomeu, apóstolo de Jesus Cristo, que na Bíblia é citado com o nome de Natanael (que significa dom de Deus), a liturgia sobre o Santo nos convida a escapar das superstições com a seguinte lição: “Livrem-se destes fardos inúteis, subamos com pressurosa esperança a escada de Jacó: o Filho do Homem, que associa a família humana à divina família do Pai”.

Fontes: https://www.pensador.com/; https://www.hnt.com.br/; https://miltonparron.band.uol.com.br/; https://www.recantodasletras.com.br/; https://padrepauloricardo.org/; https://conventodapenha.org.br/ e https://moraisvinna.blogspot.com/. Imagens da Internet. Pesquisa realizada por Ana Creusa

Laélia Alcântara, a primeira senadora negra

A baiana Laélia Contreiras Agra de Alcântara, nascida em Salvador em 7 de julho de 1923 é a primeira mulher negra a exercer o mandato de Senadora Federal, eleita pelo Acre, na época, território federal.

Filha de Júlio e Beatriz Contreiras Agra, formou-se médica em 1949, pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Da academia, transferiu-se para o Acre, que tinha apenas seis médicos! Lá, ela especializou-se em atendimentos nas áreas de obstetrícia e pediatria e deu aula de puericultura na Escola Normal de Rio de Branco.

Sua carreira política começa em 1962, quando é eleita suplente de deputado federal em 1962, pelo PTB,  migrou para o antigo MDB, após o bipartidarismo decretado pelos militares em 1965.

Em 1974, em nova eleição, conquista outra suplência. Desta vez do senador Adalberto Sena.

Com a volta do pluripartidarismo em 1980, acompanha o partido na mudança da sigla. E é como peemedebista que ela se torna a primeira mulher senadora da República, num mandato de cinco meses, de abril a agosto de 1981, devido o afastamento o titular, por questões de saúde.

Adalberto Sena retoma seu mandato, mas em janeiro de 1982 vem a falecer, confirmando seu pioneirismo na câmara alta do Congresso Nacional.

Ao ser efetivada, Laélia de Alcântara torna-se, também, a terceira senadora de nossa história.

Como curiosidade, vale saber, que a Princesa Isabel foi a primeira mulher senadora do Brasil, por direito dinástico, durante o Império. A segunda foi Eunice Michiles, do PDS do Amazonas.

Isabel, em sua passagem pelo Congresso Nacional, posicionou-se contra o aborto, contra o racismo e apresentou emendas permitindo o ingresso de mulheres na Força Aérea Brasileira.

Presidente do Conselho Regional de Medicina do Acre, Laélia também atuou como secretária de Saúde entre maio e setembro de 1987, ocasião em que encerrou sua carreira política.

Laélia morreu em 30 de agosto de 2005 no Rio de Janeiro.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/La%C3%A9lia_de_Alc%C3%A2ntara

http://www.fgv.br/cpdoc/

Laélia Alcântara, a primeira senadora negra

11 de agosto: Dia do Estudante, do Advogado e do Magistrado

A história de como surgiram o Dia do Estudante, do Advogado e do Magistrado nos remete à data de 11 de agosto de 1827, quando o Imperador D. Pedro I instituiu no Brasil os dois primeiros cursos de ciências jurídicas e sociais do país, em São Paulo e Olinda (mais tarde transferido para Recife). Até esse dia, quem estivesse interessado em obter um curso superior, teria que ir à Coimbra, em Portugal, onde se localizava a faculdade mais próxima. 

Como os homenageados do dia de hoje são todos estudantes, vale ressaltar, que o Brasil ainda está muito longe de oferecer uma boa educação aos jovens estudantes, tendo em vista a qualidade baixa do ensino.  Há falta de verbas para que as instituições públicas propiciem o mínimo de conforto e segurança adequados para os estudantes. Muitos enfrentam longos caminhos de suas casas até suas escolas. Também trabalham para ajudar  na renda familiar, mesmo sendo menores de idade. Outros dedicam muitas horas do seu dia ao estudo para alcançar suas metas ou se separam de seus entes queridos para estudar em outros países. Pela ambição, coragem e perseverança desses alunos, e também por representar a futura geração de cidadãos profissionais e governantes do nosso país, a existência de uma data para homenageá-los torna-se de fundamental importância, justa e merecida.

Oração do estudante

Senhor, eu sou estudante, e por sinal, inteligente.
Prova isto o fato de eu estar aqui, conversando com você.
Obrigado pelo dom da inteligência e pela possibilidade de estudar.
Mas, como você sabe, Cristo, a vida de estudante nem sempre é fácil.
A rotina cansa e o aprender exige uma série de renúncias: o meu cinema, o meu jogo preferido, os meus passeios, e também alguns programas de TV .
Eu sei que preparo hoje o meu amanhã.
Por isso lhe peço, Senhor, ajuda-me a ser bom estudante.
Dê-me coragem e entusiasmo para recomeçar a cada dia.
Abençoe a mim, a minha turma e os meus professores. Amém.

Coração de Estudante – Milton Nascimento

Fonte: http://www2.portoalegre.rs.gov.br/ e http://www.tjmt.jus.br/. Foto autorizada de Netinha de Peri-Mirim/MA, com o livro “Cem Anos de Gratidão”, de autoria de Ana Creusa.

10 hábitos diários simples para uma vida mais feliz

  • Beba água todos os dias, no mínimo 2L, ou faça o cálculo de 0,40 ml multiplicado pelo seu peso;
  • Elogie as pessoas de maneira sincera;
  • Limpe sua casa todo dia, ao menos, por 10 minutos;
  • Mova seu corpo, pratique exercícios diários, corra e se movimente;
  • Busque coisas divertidas que te façam rir diariamente;
  • Tenha um hábito de leitura, pois pelo menos uns 30 minutos diários te farão mais feliz;
  • Silencie tudo que te deixa pra baixo nas redes sociais. Notícias tristes, pessoas modificadas digitalmente e tudo que dê gatilhos para memórias ruins;
  • Ouça boas músicas. Escutar músicas libera dopamina, que deixa seu cérebro mais contente com a vida;
  • Durma entre 8 a 9 horas toda noite;
  • Aceite que a felicidade é um estado e os momentos tristes da vida são importantes e não são eternos. Depois da tempestade, há sempre o sol para aproveitar a boa vida.

 

Os filósofos gregos, como Aristóteles, por exemplo, já diziam que a felicidade não é algo perene: ela é um estado da vida. Assim como a tristeza é fundamental para entendermos o que é felicidade, ela é importante para termos alegria na vida.

Assim, alguns hábitos diários podem tornar a nossa vida mais alegre e nos proporcionar momentos de felicidade ao longo do tempo.

A felicidade é um estado da vida. Ela não é eterna e precisa ter momentos de balança entre a tristeza para que possamos entender a importância de sermos felizes. Uma vida feliz passa por tranquilidade emocional e física.

Portanto, é preciso estar com a saúde mental em dia, ter bons amigos e uma boa companhia para trocar os melhores momentos da vida. Pratique os hábitos acima.

Fonte: https://escolaeducacao.com.br/

A Baixada Maranhense esqueceu o Dia de Reis?

O dia de Reis foi criado para lembrar a data em que os três Reis Magos entregaram presentes ao Menino Jesus. É uma festa da Igreja Católica Apostólica Romana, realizada entre os dias vinte e quatro de dezembro e 06 de janeiro, o dia da comemoração.

Trazida pelos portugueses na época da colonização do Brasil, a folia de reis é um movimento cultural onde os grupos saem caminhando a pé pelas ruas das cidades, para levar às pessoas as bênçãos do menino Jesus.

Os participantes saem a caráter, cada personagem possui roupas próprias, deixando a folia com um ar mais animado.

Dentre os personagens que aparecem na festa temos: mestre, contramestre, músicos, tocadores, reis magos, palhaço e outras pessoas, donas de conhecimentos da data.

Na história do natal os reis magos foram guiados por uma estrela até chegarem ao local onde Maria estava com seu filho, na presença de José. O caminho percorrido foi longo, pois cada um estava em uma localidade, por isso demoraram cerca de doze dias para chegar a Belém.

Gaspar partiu da Ásia, levando incenso para proteger o Messias. Sua utilidade é espantar insetos com o aroma espalhado pelo ar, fazendo também do objeto uma reprodução da fé e da espiritualidade.

Da Europa, o enviado foi Belchior ou Melchior. Seu presente, o ouro, era oferecido apenas para os deuses, motivo pelo qual o ofertou para Jesus, simbolizando a riqueza, a realeza.

A mirra não foi esquecida. Baltazar levou-a da África, como a lembrança oferecida aos profetas. É um óleo ou resina extraído de uma planta, utilizado para o preparo de medicamentos.

Em agradecimento ao cortejo e às bênçãos recebidas, as donas das casas deixam vários tipos de alimentos prontos, para oferecer aos personagens do cortejo. Como estes saem pelas ruas das cidades, desde bem cedo, vão recebendo desde lanches, café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar.

Com a folia, encerram-se as comemorações natalinas em todo o mundo, podendo desmanchar as árvores de natal e retirar todos os enfeites que representam a festa. O importante é abençoar a todos com a festa!

Segundo Airton Luís Martins Mota, estudioso do assunto:

A estrela guia só aparece a cada 20 anos.

Apareceu no dia em que Jesus nasceu e indicou pra quem estava em Jerusalém o local do seu nascimento.

Última vez que apareceu foi em 21 de dezembro de 2020.

Trata-se de uma estrela bem brilhante no céu e é o resultado do alinhamento de Júpiter e Saturno com a terra e, para nós, ocupam o mesmo ponto no céu no dia do seu aparecimento.

Era tradição na Baixada Maranhense mandar reis pedindo presente, ou fazendo declaração de Amor. Eram feitos em papel de seda e dobrados em formato de coração. Seguem alguns versos de Reis.

As estrela do céu brilham.

Brilham todas duma vez.

Assim brilha seu coração

Se apagar esse Reis.

 

Meus olhos pro ti gela

Meus olhos por ti são

Tomara que teu pai já queira

Me dar teu coração.

 

Pedir Reis não é vergonha,

vergonha é não pagar,

um coração como o seu

a mim não pode pagar.

 

Escrevi este Reis

nas asas de um urubu

Espero ganhar da sua mão

uma lata de talco Tabu.

 

Escrevo este Reis

na asa de um morcego

Se não pagar este ano

No outro não terá sossego.

 

Escrevo este Reis

Com amor pela Baixada

Espero de sua mão

Um cofo cheio de piaba.

 

Eu fiz este Reis

com Amor no coração

Quero que tu me pague

Com um vidro de loção.

 

Escrevo este Reis

Olhando para o mato

Espero da sua mão

Um vidro de esmalte.

 

Escrevo este Reis
Olhando para o chão
Espero da sua mão
Um vidro de loção.

 

Escrevi este Reis

Olhando para o céu azul

Espero de sua mão ganhar 

Um corte de seda azul.

 

Escrevi este Reis

Toda garbosa e cheirosa

Espero de sua mão ganhar 

Um vidro de leite de rosa.

Escrevi este Reis

Pensando em uma taboca

Espero de sua mão ganhar

Um bolo de tapioca.

 

         Escrevi este lindo Reis

Pensando no meu amor

Espero ganhar de ti

Um sabonete senador.

 

Escrevi este Reis

Debaixo de um pé de café

Espero ganhar de tuas mãos

Um prato de acarajé.

 

Escrevi este Reis

Olhando uma estrelinha

Pra comer com juçara

Preciso de um pouco de farinha.

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Fonte: https://mundoeducacao.uol.com.br/. Os versos de Reis foram escritos por Ana Cléres, Eni Amorim, Elinajara, Expedito Moraes, Gracilene e João Silveira; Nasaré Silva; Gisele Martins e Jaílson da Academia de Peri-Mirim. Os versos foram compartilhados nos grupos de WhatsApp do Fórum da Baixada e da Academia de Peri-Mirim. Pesquisa feita por Ana Creusa.

Natalino Salgado deseja feliz natal a correligionários e amigos

O nascimento do Deus-menino como cumprimento da promessa de um tempo de paz e amor.
É a lembrança desse episódio, que alterou para sempre a história da humanidade, que nos desperta para a importância desta época, quando cristãos mundo afora desejam uns aos outros e rogam aos céus por dias melhores, mais cheios de harmonia e união.

Como no conto de natal de Tolstói, no qual um aldeão ampara um ambulante, uma mulher e uma criança e atende indiretamente ao próprio Cristo, desejo que nossas ações beneméritas sejam expressões que possam alcançar reconhecimento e que perpassem nossa mera existência.

Se os tempos não se mostram alvissareiros, os votos não desanimam. Machado de Assis, preocupado com a realidade, em soneto, pergunta: mudou o natal ou mudei eu? A este respondo: continuamos iguais nos votos, a esperança é nossa guia. Rogo a Deus por mais investimento e incentivo para nossa ciência, que revelou sua altivez e bravura nestes pandêmicos tempos.

Aos profissionais de saúde, em especial, minha eterna gratidão, por serem a expressão do cuidado maior. Faço votos de mais compromisso com a arte, a literatura, a música e todas as demais expressões da arte que nos ultrapassam para além das cinzas das horas. Que a solidariedade, a fraternidade e a igualdade sejam prioridades, na terra, mormente para com os mais fragilizados, para que, assim, a paz possa se tornar um bem acessado pelos corações de todos aqueles de boa vontade.

Que Deus nos conceda um Natal alegre e um 2022 cheio de boas experiências em família, amadurecida a percepção de que só o compartilhamento é capaz de espelhar em nós a fraternidade cristã.
Natalino & Família.

O cangaço na Baixada Maranhense: Pavor e sangue na noite em Teresópolis

Por Aymoré Alvim*

A fazenda Teresópolis fica em terras do município de Peri-Mirim, na borda do campo do Pericumã, distante alguns quilômetros, no sentido nordeste, da cidade de Pinheiro.

Inicialmente, foi ali desenvolvida pelo seu proprietário, Sr. Antônio Souza, uma próspera agroindústria com ênfase na produção de açúcar de cana. Depois, passou por alguns outros donos e, atualmente, é apenas uma fazenda de criação de gado.

O destaque histórico que lhe vem sendo dado pela curiosidade popular, desde as primeiras décadas do século passado, é devido ao fato de ter sido palco de uma das mais violentas incursões do banditismo que proliferou, nessa época, na Baixada Maranhense.

Desafiando a segurança pública, na Região, bandos armados apavoravam fazendeiros e moradores, invadindo suas propriedades, saqueando-as e matando com extrema crueldade quem se interpusesse às suas ações.

Destes grupos, o mais temido era o do perigoso e violento Tito Silva. Naquela fatídica noite que se perde, nos últimos meses de 1921, um pesado silêncio caia sobre a fazenda Teresópolis. Calmo ninguém estava, pois o dono era um dos desafetos do facínora que lhe jurara vingança.

Após o jantar, alguns vaqueiros e outros serviçais trocavam um dedo de prosa, na sala do andar térreo da casa principal da fazenda. O assunto, como sempre, girava em torno dos crimes que grupos de bandoleiros armados vinham praticando, na região.

Relatos dessa época deixados, principalmente, pelo Tenente Francisco de Araújo Castro, o Chico Castro, então Delegado de Polícia de Pinheiro, e pelo Juiz de Direito local, Dr. Elizabetho Barbosa de Carvalho, contam que por volta das nove horas daquela noite os bandidos invadiram a casa grande, atirando para todos os lados. Os empregados apavorados se dispersaram buscando proteção contra as balas. Um deles ao tentar subir as escadas foi, mortalmente, baleado.

Outros, no entanto, escaparam e correram até Pinheiro, chegando à casa do delegado lá pelas vinte e três horas. Muito cansados, tentaram relatar o que presenciaram, sem contudo saber o que realmente havia acontecido. De imediato, com o delegado Chico Castro, todos rumaram para a casa do Juiz. Ali, as duas autoridades planejaram algumas medidas que pela urgência o caso exigia.

Na primeira hora da madrugada, o delegado à frente de soldados e de vários voluntários em armas, reunidos à ultima hora, chegaram a Teresópolis.

Chico Castro entrou e logo, no andar térreo, foi encontrando alguns corpos. Subiu ao andar superior e se deparou com o corpo do fazendeiro Antônio Souza ainda na rede onde antes repousava. Mais adiante, no mesmo andar, estavam os corpos de uma criança e de uma senhora paralítica, já avançada em idade, que moravam na casa.

Ruídos, em um quarto ao lado, chamaram a atenção do delegado. Pela janela, retirou o filho do proprietário, o jovem Lauro Souza e um amigo seminarista de nome Pitágoras que ali se encontrava a passeio. Disseram não ter visto nada.

Assim que ouviram os tiros, pularam a janela e se esconderam no telhado. Os primeiros depoimentos ali tomados dos sobreviventes que, pouco a pouco, iam chegando, dão conta de que o bando era do Tito Silva e que a motivação era vingança. O delegado deu, então, ordens para que fossem recolhidos os corpos e levados para Pinheiro para serem sepultados.

Pela manhã, ainda sob o impacto emocional da noite passada, chegou a notícia de que o bando, logo após a chacina, rumara para Cabeceiras, hoje, Bequimão, onde Tito Silva foi ajustar contas com um comerciante e delegado do local por nome José Castro. Após haver sido acordado juntamente com a família, foi levado para a via pública e ali assassinado. Por fim, dizem que o Tito Silva cortou-lhe uma das orelhas e a levou consigo.

Esse foi mais um problema, no complicado ambiente político-social da Região, naquela época, que exigia solução imediata por parte das autoridades.

Rixas, ambições, rancores e mágoas foram os fortes ingredientes que alimentaram as atividades desses facínoras que espalharam, naquelas populações, pavor e ódio, em cujo epicentro está Teresópolis, pela frieza e covardia com que manifestaram sua agressividade e expressaram toda a sua violência.

Tempos depois, chegou a Pinheiro a notícia de que outro bando, comandado por João Mole, prendeu Tito e o entregou às autoridades.

Transferido para São Luís, o mesmo foi recolhido à Penitenciária e, pelo que falam os mais antigos, ninguém mais soube do seu paradeiro.

Algumas outras diligências levaram as autoridades de Pinheiro a desmantelar os últimos grupamentos de bandidos que operavam, nas proximidades do Bom Viver, fazendo, assim, que a paz e a tranquilidade voltassem à cidade e ao seu povo.

*Aymoré de Castro Alvim, Natural de Pinheiro-MA, formado em Medicina, Aymoré é professor adjunto IV do Departamento de Patologia da Universidade Federal do Maranhão, aposentado. Ele tem especialização em Biologia Parasitária, membro da Academia Pinheirense de Letras, Artes e Ciências (Aplac), autor do livro Contos e Crônicas de um Pinheirense.