Há algum tempo … muito tempo, venho matutando a respeito das peculiaridades linguísticas em nosso estado. Um campo vasto para uma pesquisa significativa. Entretanto, encantei-me pelo “hum, (r)hum”. Onomatopeia, por demais curta, e estupidamente poderosa, que em lugar algum “do mundo” apresenta-se envolta em tanto mistério, graça e vigor como aqui, no Maranhão.
Duvido se há algum maranhense, que nunca entendeu e/ou se fez entender com um “hum, (r)hum”. É-lhe, sem dúvida, um patrimônio sagrado. Um “patrimônio material”, haja vista a sua “onipresença” em cada ladeira, cada esquina, cada beco, cada escadaria (…). Verdadeiramente, a “maranhensidade!”, para “ficar na moda”.
Acontecimento linguístico, único e “multifacetado” (a polissemia é-lhe pouco), traduzido em um impassível olhar, um suspiro, um leve meneio de cabeça, um espichar de beiços, um “sorriso amarelo”, um descontentamento, um palavrão, uma apoplexia (…). Com certeza, tudo se fala, e pode, com o “hum, (r)hum”.
A sua força impõe-se silenciosa e definitiva, a nos encantar com o seu ciciar, ou com os seus sussuros, ou com os seus muxoxos, ou com os seus gritos silenciosos. Também, a nos dominar com a sua simplicidade; e a nos guiar com a sua bonomia; e a nos “enigmar” com as suas reticências.
Enigma que torna o “hum, (r)hum” o mais espetacular e indecifrável possível, ao ser empregado, quando se fala ao telefone. Afinal, a expressão facial é “a alma do negócio”; e quem não vê cara, não poderá ler fielmente os traços do “destino”.
Assim, a imaginação “viaja” – “livre, leve e solta” – sem idear, com precisão, se a certeza vem na mesma medida da dúvida; ou se o suspense não “cora” nem “dá fuga ao sangue”; ou se a preguiça tornou-se menos enfadonha; ou se, até, o “papo” descontraído virou uma contrita conversa com Deus!
Então, é melhor ficar “cada um em seu canto”. “Hum, (r)hum”, “tá reno”, nem te digo nada!
Há algum tempo, por estar distante, venho sendo acometido da “síndrome da Baixada”, se é que tal doença “existe”. Porém, dói, e muito. A “boca seca”, a “vista turva”, o ar “escasseia”, a saudade “aperta”!
Então, só me resta buscar algumas fagulhas, paradoxalmente vorazes e insaciáveis, que me “pescam” o sono, madrugadas inteiras, e me transportam ao vigor do Pericumã, à tranquilidade da Faveira, aos afagos da mais materna relva e ao “calor humano” dos baixadeiros.
Quanta “loucura”! Quantos devaneios! Quanto “sonhar acordado”! E, sonhando acordado, me pego resgatando alguns e maravilhosos “ditos”, motes, “relaxos”, provérbios, anexins (“que chique”), que me acompanharam a infância/adolescência inteira; e que me levam ao riso, às vezes, em local e situações inapropriados.
Mas, como ficar “sério”, quando “me vem à mente”, tal uma cena, no “Cine Iaci”, de um trabalhador já “liso” e desesperado, ante a insistência de um filho – pidão, choroso, teimoso e “turrão” – por “uns vínti conto” ou por um mero “trocado”. Trocado que “se escafedeu e ganhou o mundo”, antes do fim do mês!!! Muitas explicações. Muitas negativas. Até se ir embora toda a paciência paterna, que se traduz em um aterrador “só se eu tirar do cu com gancho”. Fantástico!
Encerrada a “questão”. Não havia mais o que fazer. “Caminho do feio por onde veio”. Consolo, único e certo, “procurar a rede” e ficar “curtindo” a vontade de “peruar” o “bailho”. Ou, ainda, me imaginando com a sorte, do outro Zé, de ter nascido com “a bunda virada pra lua”. O que muito “me incuca”: por que logo a bunda?! Não é mais lógico a “cuca”?! “Cucas”, que “encheram” de “pérolas” a nossa abençoada região, onde é possível se “quebrar ou ‘drobar’ o canto”; ir “apressado” e não se “comer cru”; “passar sabão na cara do cavalo”; e, na volta, escolher entre “ficar com cara de cachorro pidão” ou “de um santo sacana”! “É cada uma que parece duas!”
Alguns “ditados”, no entanto, apresentam-se não recomendados, nem recomendáveis. “Iscritinho” quando “vaca não reconhece mais o bezerro”. Tudo pode “ficar remoso”; e não quero sair apavorado como o cachorro que pensa que “o seu rabo é um relho”. Melhor “deixar de nigrinhagem” e não correr o “risco” de escutar, de novo, “esse minino só se encasqueta com o que não presta!”
Eita, Baixada “danisca”, que me traz e me leva a/em seus mistérios; e bem poderia ser traduzida na mais perfeita “máxima”, do meu primo Antônio Capilobo: “justo e abotoado quem não tem cabelo é careca!”
Durante o verão, as brincadeiras das crianças da Baixada Maranhense mudam para um areal que se forma à frente das casas localizadas à beira do Campo. Ali praticam competição de corrida, jogo de bola, queimado e pega-pega.
Quando as crianças caem ao chão, sempre sorrindo pela diversão, percebem que a areia é salgada, como as areias das praias. Como assim, salgada? se o campo é formado por água doce?
José Santos explicava a seus filhos que aquele campo já fora mar no passado e que, depois de muitos anos, pode voltar a ser mar novamente. Mais tarde aprenderam que a Baixada Maranhense localiza-se abaixo do nível do mar e por causa dos tesos e outros elementos geográficos, a água do mar não penetra nos campos, formando uma grande piscina de água doce, constituída pela água da chuva caída no inverno.
Com a degradação ambiental, a água do mar está invadindo os campos e provocando a salinização dos campos, inclusive do lençol freático.
A continuar esse processo, os campos irão misturar-se ao mar e uma nova paisagem se formará, com mudança do ecossistema, a partir de desmatamentos, queimadas, etc. Estas mudanças têm afetado a duração e o nível das inundações e permanência da água nos campos.
Mas por que os baixadeiros lutam para que o processo de salinização dos campos não ocorra de forma brusca e lutam pela construção dos Diques da Baixada?
A resposta é simples: a necessidade humana é por água doce, como afirma Alexandre Abreu, forense especialista nos Diques da Baixada, que publicou no site do Fórum da Baixada, um artigo intitulado, Diques da Baixada na Ponta da Língua.
O projeto dos Diques da Baixada foi concebido há mais de quarenta ano e até hoje não saiu do papel.
Os baixadeiros pretendem continuar com a praia no verão e não a cada vazante da maré. Não querem que a Baixada vire mar, para serem mais um vivente perdido à beira do mar. Querem, pois, a singularidade da região: no inverno, campo cheio e no verão, torrão e praia. Cada estação diferente e não a previsibilidade do mar, imenso e igual. #Diques da Baixada Já!
Brincadeira de Queimado, realizada no Povoado Cametá/Peri-Mirim/MA/Brasil, no dia 15 de novembro de 2019.
A primeira vez em que vi Doegnes, foi ali num palco do Fesmap, cantando “Mamãe eu tô com uma vontade louca de ver o dia sair pela boca”, clássico de César Teixeira, no disco Bandeira de Aço. A minha irmã Ducarmo Cardoso me arrastava sempre para esses eventos culturais, onde fui conhecendo os artistas da minha cidade. Fiquei paralisado ao vê-lo soltar a aquela voz tão bonita e rara, que todo pinheirense reconhece como a alma da nossa cidade. Uma África tão nossa, amalgamada nos tambores, carnavais e bumba-meu-boi do Maranhão. Depois o reconheci frequentando a nossa casa, só então descobri que ele e Ducarmo eram parceiros na música desde a escola Anchieta.
Um dia aconteceu algo inexplicável, um milagre diante de mim, ainda com olhos e ouvidos de menino. Ele chegou numa bicicleta em nossa casa e entregou uma letra que Gico havia compilado do livro As Veias Abertas da América Latina, do intelectual uruguaio Eduardo Galeano. Ducarmo, compositora que é, foi olhando e compondo ali mesmo, sem instrumento algum. Logo, estavam ensaiando, os dois decidindo partes e vozes, numa das músicas mais bonitas que já ouvi. Parceiros perfeitos!
Quando cresci me tornei compositor e a nossa relação se estreitou. Bastava pisar em Pinheiro, e lá estávamos reunidos em cantorias e boemias, lá por casa, bares e na beira do rio Pericumã. Num desses encontros, Tontom que era anfitrião e cinegrafista, achou de gravar no seu quintal um momento em que Doegnes se mostra em plenitude. Com um balde na mão entoa a toada Batalhão do Amor, do meu irmão Abraão Cardoso. Um canto que emociona todo mundo que assiste, e ao fim se derrama em seus bordões e brincadeiras, como era de sua alma, música e alegria como uma coisa só. “Urubu levou a chave”! E explodimos em gargalhadas.
Estávamos preparando uma gravação para o dia 13 de maio deste ano, em homenagem ao Festival Ginga Zé Macaco, quando a sua família realiza o maior festival de tambor-de-crioula do Maranhão, mas a pandemia adiou este encontro. Há poucos anos, aproveitando que todos estávamos nessa data por lá, o seu irmão Gilmar, idealizou o Tributo à Doegnes, sempre no dia anterior, 12 de maio. Na última edição, já com o dia clareando na praça do Centenário, sem ninguém querer dormir, ele sorrindo me disse: Meu preto, nós vamos ter que mudar essa data, que assim não tem quem aguente. Todo ano a gente amanhece, e hoje ainda tem o festival!
Doegnes é um ícone para o Maranhão, na dimensão de mestre da cultura popular, que se sentia à vontade numa festança de tambor-de-crioula, num bumba-meu-boi, numa roda de samba, ou num palco diante de uma multidão no carnaval. É daqueles artistas em qualquer lugar em que estivesse, emocionava. Com a corda na cintura, esmurrando um tambor grande, e soltando a voz, a gente compreendia mais facilmente como a arte é necessária aos homens. De onde vinha aquela voz? A transcendência do canto e das mãos? A ginga de tantas ancestralidades, numa cantorias de muitos povos que para cá vieram, nos ensinamentos do pai Zé Macaco e tantos outros.
Em qualquer lugar do mundo, um pinheirense hoje guardará a tua presença, pois não será fácil a tua despedida tão inesperada e breve. A cidade chora, o Pericumã desce mais lento, os campos perdem um pouco do verde, e o azul do céu fica mais pálido. Mas sabemos que vai para um lugar melhor, e a vida que escreveu diante de tanta gente, só nos tornou melhores e mais alegres. A grandeza de alguém está em como chega às outras pessoas, e tu tão bem sabia chegar para nunca mais partir.
Imagino meu preto, tu chegando no céu. São Benedito de braços abertos, numa roda de tambor, com teu o pai Zé Macaco, Dona Catarina, Venâncio, Coisinha, e tantos mestres da cultura te recebendo, e tu pronunciando alegre aquele teu Oiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Que beleeeezaaaa! Depois, já com a corda na cintura e sentado no tambor grande, dá aquela gargalhada que Deus te emprestou e que agora recebe.
Vá em paz, meu preto, mas tu continua na gente para sempre porque a tua música e a tua simplicidade, te fazem uma luz na eternidade!!!
Elizeu Cardoso, professor, músico, compositor, poeta e escritor.
“A degeneração de um povo, de uma nação ou raça, começa pelo desvirtuamento da própria língua”. Ruy Barbosa
Os sexos masculino e feminino serão “perseguides” e depois “abolides”.
Sim, a questão de identidade de gênero invadiu a Língua Portuguesa. Para não dizer, que é coisa tupiniquim, o fenômeno espalhou-se pelo mundo.
A adaptação à linguagem neutra será fácil para os que já utilizam o “todos e todas” em sua comunicação, basta dizer “todes”. Entretanto, quem ainda não se acostumou a essa modernidade, precisará de maior esforço. Fique tranquilo, não é difícil: basta substituir as palavras terminadas nas vogais “O” e “A” pela vogal “E”, que é considerada neutra.
Também não precisa preocupar-se, pois os corretores de texto serão adaptados. E caso você não siga a sugestão e insistir em chamar menino de menino e menina de menina, sofrerá uma advertência das suas redes sociais e, se persistir no erro, será bloqueado e, se reincidir, cancelado.
As vovós do Zap podem, na dúvida, substituir o “O” ou “A” pelo “X”, sem risco de punição, ou podem recorrer à linguagem do personagem Mussum dos Trapalhões, que já estava atualizado na linguagem da substituição. Quem não lembra do famoso “tudes”? À época era engraçado. Agora, não ouse brincar com isso. Não é nada engraçado, é sério!
Você que ainda não se atualizou com a últimas reformas ortográficas, pode continuar usando o trema sem punição. O risco é usar “o” ou “a” no final dos vocábulos, pois pode sofrer bloqueio e até cancelamento nas suas redes sociais, o que seria equivale à pena de morte na atualidade. Imagine se a comunicação progressista iria admitir preconceitos e ignorar a identidade de gêneros?
Para aqueles que dizem: “quando isso ocorrer, já gostaria de ter feito minha passagem”, cabe a advertência:
– Não diga isso, pois, São Pedro já está atualizado e vai lhe perguntar:
– “Filhe, como você se comportou na terre?”. Se você responder “fui bem comportado”, o Santo o mandará direto para o Inferno, porque preconceito é pecado. Somente os que responderem “fui bem comportade” ficarão no Céu.
Vale lembrar que a Língua Portuguesa sofrerá muitas adaptações para a linguagem neutra. Começando pela nomenclatura das classes gramaticais. A sugestão é ir logo treinando: substantivo será “substantive”; verbo, “verbe”; artigo, “artigue” e assim por diante.
Fique atento, ou melhor, “atente”, só não pode questionar. É assim, e pronto! Não gostou, talvez, quando você morrer, pelas suas boas ações; mereça o purgatório, para expiar a sua culpa por “preconceite”. É isso “mesme”!
Intensificaram-se as provocações aos religiosos, bastou o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kássio Nunes Marques liberar, com ressalvas, a realização de cultos e missas, respeitadas as medidas sanitárias.
A interpretação errônea da decisão, dá a entender que o Ministro Kássio Nunes Marques em decisão liminar nos autos da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), ignorou a existência da pandemia e liberou sem ressalvas a realização de cultos religiosos, longe disso, pois, a decisão estabeleceu que é preciso respeitar medidas sanitárias como forma de tentar evitar a disseminação do novo coronavírus, entre as quais 25% de ocupação, distanciamento, ambiente arejado, álcool em gel, uso de máscaras e aferição de temperatura.
O Ministro expressou na decisão que: “Reconheço que o momento é de cautela, ante o contexto pandêmico que vivenciamos. Ainda assim, e justamente por vivermos em momentos tão difíceis, mais se faz necessário reconhecer a essencialidade da atividade religiosa, responsável, entre outras funções, por conferir acolhimento e conforto espiritual”.
Em outra decisão, o também ministro do STF, Gilmar Mendes, denominou, de forma indireta, o Ministro Kássio Nunes Marques de negacionista. A colunista e repórter da TV Globo, Eliane Cantanhede, em sua coluna diário no Estadão, diz textualmente no título da matéria que: “Liberar cultos e aglomerações equivale a mandar gado para o matadouro“.
Os agressores dão a entender que a decisão só abrange os cultos evangélicos e que o Ministro Nunes Marques liberou os cultos sem ressalvas. Isso é má-fé. Pois a decisão do Ministro libera com ressalvas as missas e cultos. Tanto que o Santuário de Aparecida funcionou no domingo de Páscoa, seguindo os protocolos sanitários.
Também é necessário registrar que a maioria dos municípios já permitem a realização de cultos e missas, antes mesmo da decisão do Ministro, seguidas as medidas sanitárias.
Já se fala que a Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure) não é competente para propor a Ação de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF). Porém, o Ministro Barroso reconheceu a legitimidade de entidade LGBT (ADPF 527 MC/DF) para propor ação de controle de constitucionalidade, superando jurisprudência, nessa decisão Barroso ampliou o conceito de “entidade de classe”, antes restrito a entidades econômicas ou profissionais. Mas, os críticos da decisão de Nunes Marques esqueceram dessa decisão e já consideram a Anjure ilegítima para propor ação idêntica.
O Ministro Marco Aurélio, em tom de deboche, falou sobre o Ministro Nunes, que: “não sabia que era tão religioso” e se apressou em alegar a ilegitimidade da Anjure para propor a ação.
O Plenário STF vai se manifestar nesta quarta-feira (7) sobre as decisões de Nunes Marques e Gilmar Mendes, pois são conflitantes. A tendência é que o entendimento de Gilmar Mendes seja vencedor.
Por tudo, há que se reconhecer que o preconceito é contra os religiosos, especialmente, os evangélicos.
Por Ana Creusa Martins dos Santos, bacharel em Direito e Ciências Contábeis pela UFMA.
Fontes de Pesquisa: https://portal.stf.jus.br/; https://www.migalhas.com.br/. Estadão. Foto: Gazeta.
O meu afeto por Belarmino Gomes vem de muito longe. É uma mistura de respeito, carinho e gratidão. Lembro do dia em que, ainda menino, o meu pai chegou em casa todo feliz, avisando que os nossos dias de dificuldade estavam contados. Fora Belo – assim todos o conheciam – quem lhe dera a notícia. Meu pai, que tivera um braço amputado por conta de uma terrível gangrena, cumpria os requisitos para aposentadoria pelo recém-criado Funrural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural).
Belarmino era então o responsável pela administração da seção municipal do Funrural, e coube a ele dar início ao processo de aposentadoria do meu pai, que foi, afinal, deferida dois anos depois, dando ao velho o direito à percepção de meio salário mínimo por mês. Com o dinheiro retroativo dos dois anos de tramitação do processo, ele pôde enfim construir uma casinha em alvenaria, em substituição ao casebre de tábuas e palha de babaçu em que morávamos.
A partir dali nascia em mim um sólido reconhecimento por Berlarmino Gomes, mesmo a distância e de forma anônima. Contato com ele eu só passei a ter depois que comecei a assinar uma coluna aos domingos no Jornal Pequeno, e da qual ele se tornou leitor assíduo.
Anos depois, fui apresentado a ele durante uma festa de aniversário do advogado Pedro Leonel, em Viana. Qual não foi a sua surpresa ao saber que o jornalista que escrevia os seus textos preferidos era filho do Renato, lá do Ibacazinho.
Entre surpreso e feliz, pegou-me pelo braço e me apresentou a sua esposa Rosa Maria, procuradora aposentada, também ela minha leitora de carteirinha. Não esqueço as suas palavras de apresentação a dona Rosa. “Olha, Rosa, este é o Nonato Reis, que escreve no Jornal Pequeno. Ele é filho de Renato, aquele que só tem um braço e morava no Ibacazinho”.
Ali começava uma amizade simples e verdadeira. No lançamento do meu primeiro livro “Lipe e Juliana”, vibrei de emoção ao ver os dois perfilados nas primeiras filas do auditório da Livraria AMEI. Veio o segundo livro, A Saga de Amaralinda, e lá estavam eles no Café Literário do Multicenter Sebrae.
Um dia fiz-lhes uma visita em sua casa no Calhau, e dona Rosa, pegando-me pelo braço, levou-me para conhecer a sua biblioteca, com uma seção só de escritores vianenses. Disse-me, apontando um espaço: “Tá vendo ali, são todos os teus livros”.
Cerca de dois meses atrás fui à agência do Banco do Brasil, no Renascença, e, ao fazer uma operação no autoatendimento, dei com a mão de Belo nos meus ombros. Feliz e preocupado, chamei-lhe a atenção. “Belo, o que você faz aqui? Isto é perigoso, você não deve se expor. Vá para casa, meu amigo!”. Como que caído em si mesmo, concordou comigo e prometeu ir logo embora.
Semanas depois, fui informado que ele lutava contra a Covid em um hospital de São Luís. Passei a acompanhar seu estado de saúde diariamente, por meio dos seus parentes. Chegou a dar sinais de recuperação, e isso me encheu de esperanças. Hoje, porém, fui atingido com a notícia do seu falecimento. Quase sem palavras, só me ocorre dizer, “que pena!”.
Deus, que é todo-sabedoria e todo-bondade, receba a sua alma em sua infinita misericórdia e conforte o coração dos seus entes queridos. Belo foi grande na Terra, porque soube ser humilde e humano.
* Nonato Reis é natural de Viana. Jornalista, poeta e escritor. Foi correspondente em São Luís da Folha de São Paulo em 1993 e colunista do Jornal Pequeno, no período de 2011 a 2017.
“A única coisa que sabemos sobre o futuro é que ele será diferente” Peter Drucker.
Para nós, baixadeiros, a expressão “vai chover na minha roça” significa a certeza que de que haverá fartura. É a garantia de boa colheita. Da mesma forma, costumamos usá-la quando vislumbramos uma oportunidade de ganhar dinheiro, obter melhoria e prosperidade.
Entretanto, para que haja fartura, o pedaço de terra precisa estar roçado, capinado, destocado, limpo e cercado, para quando as primeiras chuvas caírem ter início o plantio. A colheita, para ser boa, depende de planejamento, ainda que mínimo, e noção das condições naturais. Vários fatores devem ser observados antes, durante e depois do plantio. O roceiro ou lavrador, em primeiro lugar, precisa definir o que vai plantar e para isso precisa saber o que “vai dar dinheiro” na próxima safra. Se não tiver uma boa semente e quantidade necessária para produzir o quanto deseja, terá que comprar.
Ter um pedaço de terra “que tudo dá” é fundamental. Precisa saber o momento exato do plantio e evitar pragas e ervas daninhas. E, finalmente a colheita, o armazenamento e a comercialização. Enfim, o lavrador, para fazer uma roça e ser bem sucedido, depende de um certo aprendizado. Aprendizado este passado de pai pra filho.
Precisamos, urgente, aprender a produzir mais e melhor. Para mudar, precisamos fazer o que sempre fizemos de modo diferente. Precisamos de novos conhecimentos, tecnologia e eficácia. A busca da produção eficaz implica em constante aprimoramento do processo produtivo. E isto só é possível por meio de conhecimento, capacitação e vontade firme para quebrar paradigmas.
Bill Gates afirma que, para se ter sucesso nos negócios, basta perceber para onde o mundo se dirige e chegar lá primeiro e Adam Smith dizia que a geração de riqueza de uma nação depende do desenvolvimento e crescimento econômico de cada cidadão.
A nossa roça são as microrregiões da Baixada e Litoral Ocidental, esse imenso território que vai receber “chuva” de investimentos nos próximos anos. Bilhões de reais serão investidos em projetos grandiosos. Anunciam o CEA-CENTRO ESPACIAL DE ALCÂNTARA, o TAP-TERMINAL PORTUÁRIO DE ALCÂNTARA, a BR-308, a PONTE LIGANDO BACABEIRA A CAJAPIÓ, OS DIQUES DA BAIXADA e outros que serão agregados a esses MEGAS PROJETOS. Sonho? Com certeza, não.
Este texto eu publiquei há mais ou menos 2 ou 3 anos. O objetivo era alertar para esta realidade. O Fórum da Baixada, no final de 2019, já procurando antecipar-se à implantação destes projetos, iniciou um processo de Cooperação Técnica com a UFMA (criamos um Grupo de Trabalho); no Centro de Lançamento de Alcântara fomos gentilmente recebidos em visita técnica e iniciamos tratativas de parcerias; estamos permanentemente acompanhando o processo de elaboração do projeto dos Diques da Baixada junto à CODEVASF. Fala-se em criação de consórcios de municípios em várias regiões, nos parece bom.
OBS: Nesta semana o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marcos Pontes, esteve em São Luís e ouviu isto da FIEMA, leiam a matéria no seguinte link: https://globoplay.globo.com/v/9244852/
Visita do Fórum da Baixada ao DNITVisita do Fórum da Baixada ao Centro de AlcântaraVisita do Fórum da Baixada ao DNIT
*Expedito Nunes Moraesé natural do povoado Cachoeira em Cajari (MA). Graduado em Administração (UEMA). Foi deputado estadual entre 1995 a 1997 e empresário da construção civil. Exerceu vários cargos na administração pública do Maranhão. Presidente de Honra do Fórum da Baixada (gestão 2016/2017); 1º Vice Presidente (gestão 2019/2021).
Sinto saudades de mim. Um profundo vazio, uma ausência, uma eterna saudade. Aonde me perdi? O sonho, o desejo de vitória, a luta, aonde estão? Fui definhando devagar na busca do esvaziamento do meu Ser, agora sinto que a existência é um pesadelo do qual não quero sair.
Não consigo despertar do sono profundo. Encontro uma saída, a única saída, que jamais poderia ser considerada solução é, antes de tudo a negação plena, a insatisfação do meu ser. Fui embora e, longe de mim, é mais fácil lidar comigo, fora do controle vital da minha existência vazia e sem graça!
A reprovação da existência, a derrota em uma luta em vão, o escapismo do vazio daquilo que nunca tive, quem eu sou? Não quero sentir essa dor, mas, combatê-la é inútil. Vou ficar no meio do caminho da existência inútil que nada faz sentido! Fui e não consigo voltar. Ah, quem me dera poder sentir o ar puro e libertador do fim, ah, que alívio …
Vou e não volto mais, quero beber na fonte do defunto que não pode mais sofrer, em que a vida é passado e que nada mais faz sentido, o sofrimento é passado, pois a luta é um devaneio dos vivos e infelizes – sou o passado de uma vida sem sentido, sem lógica, que já era! Quero a fila da indigência para pedir que me deixem morrer em Paz, que não sou nada, nem busco nada! Não quero mais viver e pronto!”
As linhas acima fazem parte do depoimento de alguém à beira do suicídio, que só não se concretizou porque a pessoa encontrou na família o único sentido da sua vida. Cinco anos depois, Maria Antônia é feliz e cheia de planos.
Perde-se o sentido da vida em qualquer etapa da existência. Pode-se ter uma vida de sucesso e depois não encontrar mais o suspiro de vida, por um trauma, desemprego ou qualquer outra alteração brusca na vida. É necessário que a família e os amigos próximos estejam atentos para perceber o recolhimento, a tristeza da pessoa vítima de depressão e outros transtornos d´alma para poder ajudar.
A ajuda não pode ser aleatória, deve contar com a assistência de profissional, de preferência Psiquiatra, pois em casos agudos da doença psicossomática, o uso de medicação é imprescindível.
O pedido para que a pessoa reaja, em certos casos, até agrava a situação pois o depressivo sente-se ainda mais incapaz, ao saber que não pode reagir. Ajude-o, leve ao psiquiatra. Evite pedir algo em troca, apenas ajude incondicionalmente. Sente com a pessoa na cama, leve-o ao médico, compre os remédios, acompanhe o uso da medicação e aguarde os resultados. Mais uma vida cheia de sonhos pode ser salva com pequenos gestos.
Baseado em uma história real. Nome fictício para preservar a identidade da pessoa.
A Ciência não disse, então, qualquer um pode dizê-lo, sem medo de errar. Mas será criticado, com certeza.
Quem se aventurar a dizer a data que considera adequada para o retorno às aulas, será contraditado pelo interlocutor que o acusará de não ser especialista no assunto.
Afinal, quem vai dizer quando voltar às aulas? Serão os secretários de Educação, os reitores, os pais ou os alunos? Qualquer um desses, menos os professores que já foram silenciados: fala-se em aula dia sim, dia não, mas não se fala em dobrar o número de professores.
Seja pai, aluno ou professor, não poderá opinar. Tem que deixar esse assunto com a Ciência. Mas a Ciência foi silenciada pelo medo. Como o medo é inimigo do conhecimento, o retorno às aulas pode ser qualquer dia.
A Ciência que deveria opinar, tirou férias forçadas pelo sistema de inquisição de ideias.
Há uma saída: perguntar ao Supremo Tribunal Federal (STF), o onipresente, onisciente e onipotente, para que ele edite a norma dos governadores e prefeitos e determine a data correta para a volta às aulas.
Como ninguém deve se atrever em criticar as decisões das vossas excelências, é seguro que a data determinada pelo Supremo, é a única que pode ser praticada sem críticas. Com a palavra, o STF, o silenciador geral da República.
Texto de Ana Creusa Martins dos Santos, Advogada. Foto de destaque For Educator.