Por Zé Carlos
Há algum tempo, por estar distante, venho sendo acometido da “síndrome da Baixada”, se é que tal doença “existe”. Porém, dói, e muito. A “boca seca”, a “vista turva”, o ar “escasseia”, a saudade “aperta”!
Então, só me resta buscar algumas fagulhas, paradoxalmente vorazes e insaciáveis, que me “pescam” o sono, madrugadas inteiras, e me transportam ao vigor do Pericumã, à tranquilidade da Faveira, aos afagos da mais materna relva e ao “calor humano” dos baixadeiros.
Quanta “loucura”! Quantos devaneios! Quanto “sonhar acordado”!
E, sonhando acordado, me pego resgatando alguns e maravilhosos “ditos”, motes, “relaxos”, provérbios, anexins (“que chique”), que me acompanharam a infância/adolescência inteira; e que me levam ao riso, às vezes, em local e situações inapropriados.
Mas, como ficar “sério”, quando “me vem à mente”, tal uma cena, no “Cine Iaci”, de um trabalhador já “liso” e desesperado, ante a insistência de um filho – pidão, choroso, teimoso e “turrão” – por “uns vínti conto” ou por um mero “trocado”. Trocado que “se escafedeu e ganhou o mundo”, antes do fim do mês!!! Muitas explicações. Muitas negativas. Até se ir embora toda a paciência paterna, que se traduz em um aterrador “só se eu tirar do cu com gancho”. Fantástico!
Encerrada a “questão”. Não havia mais o que fazer. “Caminho do feio por onde veio”. Consolo, único e certo, “procurar a rede” e ficar “curtindo” a vontade de “peruar” o “bailho”.
Ou, ainda, me imaginando com a sorte, do outro Zé, de ter nascido com “a bunda virada pra lua”. O que muito “me incuca”: por que logo a bunda?! Não é mais lógico a “cuca”?!
“Cucas”, que “encheram” de “pérolas” a nossa abençoada região, onde é possível se “quebrar ou ‘drobar’ o canto”; ir “apressado” e não se “comer cru”; “passar sabão na cara do cavalo”; e, na volta, escolher entre “ficar com cara de cachorro pidão” ou “de um santo sacana”! “É cada uma que parece duas!”
Alguns “ditados”, no entanto, apresentam-se não recomendados, nem recomendáveis. “Iscritinho” quando “vaca não reconhece mais o bezerro”. Tudo pode “ficar remoso”; e não quero sair apavorado como o cachorro que pensa que “o seu rabo é um relho”. Melhor “deixar de nigrinhagem” e não correr o “risco” de escutar, de novo, “esse minino só se encasqueta com o que não presta!”
Eita, Baixada “danisca”, que me traz e me leva a/em seus mistérios; e bem poderia ser traduzida na mais perfeita “máxima”, do meu primo Antônio Capilobo: “justo e abotoado quem não tem cabelo é careca!”
Que interessante, amei!!!!