Saudades de mim

Sinto saudades de mim. Um profundo vazio, uma ausência, uma eterna saudade. Aonde me perdi? O sonho, o desejo de vitória, a luta, aonde estão? Fui definhando devagar na busca do esvaziamento do meu Ser, agora sinto que a existência é um pesadelo do qual não quero sair.

Não consigo despertar do sono profundo. Encontro uma saída, a única saída, que jamais poderia ser considerada solução é, antes de tudo a negação plena, a insatisfação do meu ser. Fui embora e, longe de mim, é mais fácil lidar comigo, fora do controle vital da minha existência vazia e sem graça!

A reprovação da existência, a derrota em uma luta em vão, o escapismo do vazio daquilo que nunca tive, quem eu sou? Não quero sentir essa dor, mas, combatê-la é inútil. Vou ficar no meio do caminho da existência inútil que nada faz sentido! Fui e não consigo voltar. Ah, quem me dera poder sentir o ar puro e libertador do fim, ah, que alívio …

Vou e não volto mais, quero beber na fonte do defunto que não pode mais sofrer, em que a vida é passado e que nada mais faz sentido, o sofrimento é passado, pois a luta é um devaneio dos vivos e infelizes – sou o passado de uma vida sem sentido, sem lógica, que já era! Quero a fila da indigência para pedir que me deixem morrer em Paz, que não sou nada, nem busco nada! Não quero mais viver e pronto!”

As linhas acima fazem parte do depoimento de alguém à beira do suicídio, que só não se concretizou porque a pessoa encontrou na família o único sentido da sua vida. Cinco anos depois, Maria Antônia é feliz e cheia de planos.

Perde-se o sentido da vida em qualquer etapa da existência. Pode-se ter uma vida de sucesso e depois não encontrar mais o suspiro de vida, por um trauma, desemprego ou qualquer outra alteração brusca na vida. É necessário que a família e os amigos próximos estejam atentos para perceber o recolhimento, a tristeza da pessoa vítima de depressão e outros transtornos d´alma para poder ajudar.

A ajuda não pode ser aleatória, deve contar com a assistência de profissional, de preferência Psiquiatra, pois em casos agudos da doença psicossomática, o uso de medicação é imprescindível.

O pedido para que a pessoa reaja, em certos casos, até agrava a situação pois o depressivo sente-se ainda mais incapaz, ao saber que não pode reagir. Ajude-o, leve ao psiquiatra. Evite pedir algo em troca, apenas ajude incondicionalmente. Sente com a pessoa na cama, leve-o ao médico, compre os remédios, acompanhe o uso da medicação e aguarde os resultados. Mais uma vida cheia de sonhos pode ser salva com pequenos gestos.

Baseado em uma história real. Nome fictício para preservar a identidade da pessoa.

Por Ana Creusa

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