AQUELAS MÃOS

Por Gracilene Pinto

(Para Odila dos Anjos, in memoriam).

Um pedaço de chão, 

Uma tamarineira, 

E em volta muito mato sem divisas,  

Sem cerca, sem moirões, 

Como a continuação 

Do campo que além se estende. 

Mais adiante um cajueiro, duas mangueiras, 

E é tudo que restou do velho casarão. 

Nada há que relembre os tempos idos! 

Nem a mangueira manteiga resistiu 

Com suas mangas tão doces, saborosas, 

Que faziam a disputa de quem a viu 

Carregada das frutas olorosas. 

Onde estão as escadas, assoalhos e porões? 

Onde o velho pêndulo do corredor, o lavatório? 

Onde estão aquelas ternas e meigas mãos 

Que me mimaram, cuidaram, e que de graça 

Me ofertaram tanto amor e atenção? 

Tábuas, tijolos, telhas,  

Nada restou do antigo casarão. 

Mas, como uma fada alvar 

A sua alma amiga 

Ainda povoa o lugar, 

E a voz antiga 

Que me ninava nos tempos de criança 

Ficou guardada em meu coração 

Na feliz lembrança 

Da mais linda canção, 

E da presença, que se faz  

Sem cheiro, toque ou cor, 

Em forma de saudade 

E do mais sublime amor. 

Nota: Odila era prima da avó da autora, morava em São Vicente Férrer/MA.

MELHOR QUE DINHEIRO

Por Joaquim Haickel*
Comecei minha jornada na política em 1978, como assessor parlamentar. De lá para cá fui deputado estadual, deputado federal constituinte e secretário de Estado, voltando depois a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa do Maranhão, mas desde janeiro de 2011, não sou mais político, pelo menos desses com mandato eletivo. Depois dali ainda exerci funções como secretário de esportes do Estado e de comunicação do Município de São Luís.
Ao todo foram 40 anos de vida pública, cujo saldo, em meu ponto de vista, acredito tenha sido bastante positivo. Nunca perdi uma eleição; não trago nenhuma mácula moral ou ética no meu currículo; não cultivei inimigos e fiz nesse trajeto uma infinidade de bons companheiros e amigos, e até mesmo os poucos adversários que tive, sempre me trataram de forma respeitosa.
Estou comentando isso aqui hoje, pelo fato de mesmo sem manter nenhum cargo ou laço formal com os poderes constituídos, ainda sou procurado por pessoas, no sentido de ajudá-las a resolver algum assunto de seu interesse. Isso acontece não apenas comigo, mas com qualquer pessoa que tenha sido político, ou que mantenha algum nível de poder, mesmo que só informal ou aparente, como é o meu caso.
Mas a razão pontual e específica de abordar esse assunto, se deve ao fato de eu ter sido procurado por um amigo, no sentido de ajudar uma pessoa que precisava tratamento médico de urgência, pois corria risco de perder a vida se não fosse atendido imediatamente.
Não me lembro da última vez que eu tenha ficado atônito com um caso assim. O fato de não conhecer o secretário de saúde do Estado me deu certa sensação de obsolescência, e essa é uma sensação horrível, posso garantir a vocês.
Imediatamente, meu temperamento irreverente e brincalhão fez troça de mim mesmo e me fez pensar que se não conheço o secretário de saúde, conheço o chefe dele, que foi meu contemporâneo no Colégio Batista, e é um dileto amigo meu, mas resolvi não recorrer a COBF e pedi ajuda a um outro querido amigo, que ainda está na política e tem o instrumento necessário para ajudar as pessoas. Poder.
O senhor que precisava de tratamento urgente, foi atendido e passa bem, graças à ajuda daquele meu bom amigo e das pessoas a quem ele deve ter acionado para resolver tal questão.
Quando soube do desfecho satisfatório do caso, vi que a sensação de estar ficando obsoleto é inversamente proporcional a de conseguir ajudar alguém, de fazer o bem para uma pessoa. Essa em minha opinião é a função principal do poder.
Esse acontecimento serviu para reafirmar uma das primeiras lições que aprendi na minha vida, e que já foi até tema de propaganda de um banco, no tempo em que eu ainda era criança. “Melhor um amigo na praça do que muito dinheiro no caixa”.
Muito obrigado, meu amigo ABF!…
*Joaquim Elias Nagib Pinto Haickel, ou apenas Joaquim Haickel, é um advogado, escritor, jornalista, cineasta, empresário e político maranhense e brasileiro, que representou o povo do estado do Maranhão na Assembleia Legislativa do Maranhão e na Câmara dos Deputados.

Plantio do Bosque das Mangueiras: um dia histórico

Por Ana Creusa

Em um sábado ensolarado do dia 26/02/2022, o Fórum em Defesa da Baixada Maranhense (FDBM) e seus parceiros procederam ao plantio das primeiras mudas do Bosque das Mangueiras em Matinha. O bosque é uma parceria da comunidade quilombola do povoado Graça, Fórum da Baixada, Prefeitura Municipal e Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).

Uma expedição de São Luís, com uma comitiva de 15 membros do Fórum da Baixada, participou do evento, que contou também com moradores, convidados, estudantes e lideranças políticas. A programação contou com uma entrevista na rádio Maracu, onde o presidente do FDBM, Expedito Moraes, a vice Ana Creusa e o coordenador do projeto, Dr. Gusmão Araújo, explicaram as ações em Matinha.

Os entrevistados forneceram informações sobre o Projeto Bosques da Baixada, que visam conscientizar, na prática, sobre a importância da preservação ambiental, por meio de plantio de bosques com a participação das comunidades envolvidas e órgãos do poder público. Um café da manhã, oferecido pela emissora, e uma recepção pelos forenses como o secretário de Gabinete de Viana, Nélio Júnior; do engenheiro agrônomo Henrique Travassos; e do vice-prefeito de Matinha, Narlon Silva, iniciaram a programação na região.

Expedito Moraes apresentou um breve histórico da iniciativa, enquanto Dr. Gusmão, como responsável técnico pelo projeto, e Ana Creusa, falaram sobre a importância do projeto, vez que possibilita que algumas espécies ameaçadas de extinção, ou que são importantes para os municípios sejam cultivadas nos bosques que serão cuidados pela comunidade.

Em seguida, dirigiram-se à comunidade Graça, onde participaram de uma solenidade de implantação do Bosque das Mangueiras, em Matinha, e foram recepcionados pelos moradores e lideranças políticas e comunitárias. Lá, além dos coordenadores do projeto e do Fórum da Baixada, usaram da palavra a prefeita Linielda de Eldo, o vice-prefeito Narlon Silva; o ambientalista Cesar Brito e lideranças do povoado, que destacaram a criação e a importância do bosque.

Dr. Gusmão Araújo lembrou que o trabalho de cuidados com o Bosque cabe aos moradores, mas que o Fórum da Baixada e demais parceiros estarão sempre prontos para ajudar e acompanhar, inclusive prevendo o plantio de outras mudas.

 

Após isso, os moradores, as lideranças e estudantes plantaram as mudas das mangueiras, após processadas e acompanhadas pela Universidade Estadual do Maranhão. Ao fim da programação, os participantes foram convidados pelo vice-prefeito do município, Narlon Silva, para um almoço em sua casa, no povoado Itans, e um passeio pela comunidade que é exemplo na piscicultura do Maranhão.

O BOSQUE DAS GRAÇAS DE DEUS

Por Expedito Moraes

Saímos do local de embarque exatamente no horário estabelecido, 4 horas da manhã. Nosso destino era o município de MATINHA, mais precisamente, o povoado de GRAÇA. E durante o trajeto a conversa rolou solta pela Van. Falou-se e ouviu-se de tudo. Política, futebol, piadas (destaque para Deuzenir), muito riso, muita alegria, tudo sempre disciplinado, quando o exagero aparecia era acalmado pelo com o apito da competente Secretaria Elinajara.

Antes, porém, teríamos uma parada obrigatória e fundamental na RÁDIO E TV MARACU (uma das mais significativas parceiras da região). O nosso companheiro BENITO, empresário e proprietário da emissora nos honrou com um irrepreensível café da manhã, com um seleto cardápio composto de frutas, sucos, café, chocolate, bolos etc. RANY (como é chamada pelos seus inúmeros ouvintes) esmerou-se no serviço, educada, gentil e caprichosa. GILVAN nos surpreendeu com um excelente conhecimento sobre o Fórum e de suas missões. Entrevistou-nos com a maior deiscências e competência; ARTUR esmerou-se durante todo o evento para registrar com precisão os mínimos detalhes.  Como dizemos na Baixada:  Ficamos sem palavras para agradecer tamanha gentileza e generosidade a essa equipe maravilhosa da MARACU. Para ser mais simples e direto: BENITO e equipe, VALEU, 10.

Na MARACU tivemos a honra da presença dos companheiros forenses: NÉLIO JÚNIOR, HENRIQUE TRAVASSOS e o empresário e vice-prefeito de Matinha, NARLON.

Seguimos para o povoado GRAÇA.

Grande surpresa na chegada. Em primeiro lugar a comunidade toda, como poderia dizer? em FESTA. Todos ali reunidos, alguns com seus produtos à venda, uma feirinha, ZÉ PINHEIRO, cantador de boi de matraca, vendia bananas e cantou uma toada.

 

Na mesa reservada às autoridades foi lastrada de bolos e pães de excelente qualidade produzido na padaria da comunidade. Devemos lembrar que essa comunidade é um quilombo e com alto grau de organização e preservação dos valores tradicionais.

MANOEL (ex-presidente) e DOMINGOS (atual presidente), humildes e perseverantes acreditam num futuro melhor para aquela comunidade.

Não há e nunca houve sucesso sem disciplina, conhecimento, determinação e, sobretudo, humildade, porque são estes componentes que determinam o sucesso de qualquer empreendimento, sociedade ou nação.

Durante a semana a comunidade com o comando e providências de CÉSAR BRITO, HENRIQUE TRAVASSOS, DOMINGOS, MANOEL e voluntários organizaram tudo para que o plantio ocorresse da melhor forma possível.

A PREFEITA, seu esposo ALDO, NARLON e seu FILHO, secretários etc. participaram do Evento. A prefeita LINIELDA disse que o povoado GRAÇA estava em estado de GRAÇA. NARLON anunciou que ITANS será a próxima parceira em um novo projeto de BOSQUE. Um dos desejos da comunidade é implantar um bosque de Jussara em dois hectares. A terra, eles têm.

Depois das autoridades e forenses plantarem suas mudas, com a competente cobertura de TV e RÁDIO MARACU, rumamos para ITANS, mais precisamente para a residência do empresário NARLON, onde sua esposa OLINDINA serviu um suculento e saboroso almoço, cujo cardápio, não poderia ser diferente, à base de peixe, sucos etc.

No final, houve discurso do Presidente do Fórum da Baixada enfatizando a importância do Projeto BOSQUE DA BAIXADA e da existência de políticos realmente comprometidos com as questões da Baixada. SILVEIRA lembrou da importância da união e do sucesso de ITANS que motivou a aceitação e mudança na política de MATINHA. A entrada de NARLON na política e a efetiva participação nas eleições, marcaram um novo grupo político no município. SILVEIRA e CIBALENO, grandes líderes em ITANS, foram fundamentais neste processo.

DO REINO DO FAZ DE CONTA

Por Zé Carlos

Há muito, não escuto uma verdadeira história. História, do reino do faz de conta. Que dirá dormir no meio de uma história do reino do faz de conta!

Na verdade, não encontrei mais alguém com “fome” de histórias do reino do faz de conta. Desconfio, até, com certa certeza, que está “fora de moda” gostar de histórias do reino do faz de conta.

Na ausência da bisavó Rosa e do avô Antônio do Rosário, fiquei órfão das histórias do reino do faz de conta. Talvez, por isso durmo tão pouco. O sono já não vem mais, firme e profundo, nas asas do pombo encantado, nem na argúcia da manhosa tia onça, quem dirá na malandragem do coelho sabido. Também, a situação ficou pior. Afinal, “comeram” os desenhos animados; os que ficaram, ficaram piores. A turma da Mônica cresceu. De verdade, ficou chata. E, como “paparam” as “bancas”, fiquei sem o meu Chico Bento.

Há algum tempo, fui a um evento, em que, de minuto a minuto, era anunciada uma contadora de histórias. Que alegria me invadiu! Cheguei a suar. Tive a certeza de que ali estava a minha salvação. “Até que em fim” – que atentado à gramática – eu iria “matar a minha sede de uma história do reino do faz de conta”. O certo é que fiquei muito mais empolgado do que as muitas crianças, “zumbinizadas”, pela tela do celular.

No entanto, tamanha expectativa escafedeu-se. Só restou decepção. Foi terrível. A contadora de histórias “não coisou”. Enrolou, enrolou-se e nao soube contar histórias do reino do faz de conta. Não soube, não sabe, nem saberá contar história alguma.
A minha frustração cresceu.

Fiz, como bom e obediente aprendiz, o que sempre me dizia a minha “bisa” no fim de cada uma de suas histórias do reino do faz de conta. “Enfiei a viola no saco” e, “de fininho, vazei”, antes que “a dita cuja”, a vil contadora de histórias, “vinhesse” a devorar a minha calma, a minha alma, a minha cama.
Mas, ainda procuro, mesmo que não seja, assim, “novinha em folha”, uma história do reino do faz de conta!

INÍCIO DO INVERNO NA BAIXADA MARANHENSE

TAPETE VERDE NO RIO

Por Expedito Moraes

Amanhece chuviscando grosso. Durante a noite choveu tanto que alagou tudo. Nos campos, o capim ficou debaixo d’água. As águas escorrem pelos córregos até os igarapés, a correnteza é grande e leva tudo que encontra pela frente; animal afogado, galhos de árvores, estercos, troncos secos, derruba barreiras, arrasta tudo e despeja nos lagos e rios, assoreando os seus leitos.

Depois da tempestade, ouve-se o troar das águas despejadas pelos igarapés no rio. Nessa brenha mistura-se uma incômoda sinfonia executada por sapinhos, jias e cururus. Passam a noite nessa festa que só acaba com o raiar do sol. Acordo zonzo. Quase não dormi com toda essa barafunda. Ainda mais que, a embira que amarrava a meaçaba da porta da sala arrebentou com a força da trovoada e invadiu a sala, molhou a minha rede armada de um esteio à grade do meio me obrigando a desarmá-la e procurar outro lugar que não tivesse goteira.

Desço a escada para o terreiro e me deparo com um dos mais belos cenários do Rio Pindaré neste período. Estava coberto de um lindo tapete verde de uma margem a outra. Era início de janeiro.

SEM AMOR DE CARNAVAL!

Por Zé Carlos

Já vem chegando o carnaval. E, as loucuras, também. Há para todos e muitos gostos. O “império”, no entanto , é dos bêbedos, que desfilam altivos e livres de quaisquer perigos, pois “são os protegidos de Deus”, tais como as crianças, os professores e os carecas. Podem crer. É vero! Nessa insana passarela, arriscam-se alguns poucos mascarados, embora estejam “fora de moda”, a “assombrar” ninguém, já que os medos são outros. Alguns outros se trajam de mulher.

O que já não surpreende nem choca mais alguém, uma vez que a prática faz parte do cotidiano e “As Patifas” vêm, para “lavar a alma” de quem há muito queria. Quantos loucos de loló, e de outras coisitas mais, a reafirmarem “as lombras” de todo instante?! E, “no rabo” da última ala, surgem, meio sem graça, “os normais”. Se é que ainda haja alguém assim.

É dessa forma, portanto, que chega o carnaval. A nossa mais sadia e democrática loucura. A dose de coragem de quem é muito corajoso, ou não. A mais pura ilusão, a nos iludir que problemas não nos afetam. Muito pelo contrário, joga-nos confetes, ao preço dos últimos trocados ou do consignado em 06 parcelas, para dar a margem segura de garantir um novo e oportuno “socorro”, para o reveillon.

Assim, chega o carnaval, um pouco sem graça, afinal, “vivi” os salões de Dondona Soares, de Floriano Beckman, de Zé Pedro Amengol, do Casino, do Sindicato. “Vivi” a escola de samba Princesa da Baixada, as festas nas ruas, o samba pulsante e as contagiantes marchinhas.

Assim, chega o esfuziante carnaval e seus amores. Até porque ninguém é de ferro! Vem, pois, quebrando regras, quebrando tabus. Amores em todos os credos, em todas as cores, em todos os tons. Em especial, os desconhecidos e improváveis amores.

Assim, vem o velho carnaval, desconstruindo a sua máxima máxima: o “amor de carnaval não dura mais que três dias”. O que já era uma eternidade, para os dias de hoje, em que a ficada é “a pedida”. Só um flash, instantâneo e vazio, que não eterniza mais nem um amor de Carnaval!
Aí, vem o carnaval …

URGENTE: Encerram hoje (27/01/2023) as inscrições para os mestrados em Meio Ambiente, Design e Políticas Públicas da UFMA

A Universidade Federal do Maranhão (UFMA), por meio da Agência de Inovação, Empreendedorismo, Pesquisa, Pós-graduação e internacionalização (AGEUFMA), publicou os editais de diversos cursos de Mestrado para o ano letivo 2023.

Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente: inscrição até 27 de janeiro de 2023. Pode participar quem já concluiu qualquer curso superior, desde que seja nas áreas de ciências agrárias, biológicas, da saúde, exatas e da terra, humanas e sociais aplicadas. As aulas são presenciais em São Luís – MA.

Mestrado em Design: inscrição até 27 de janeiro de 2023. Pode participar quem tem curso superior nas áreas de Design, Arquitetura, Engenharia, Ciência da Computação, Psicologia, Educação, Comunicação, Biblioteconomia, Ciências Sociais, Artes. As aulas são presenciais em São Luís – MA.

Mestrado em Políticas Públicas: inscrição até 27 de janeiro de 2023. Pode participar quem tem curso superior em qualquer área. As aulas são presenciais em São Luís – MA.

odos os mestrados da UFMA são presenciais, com aulas de segunda a sexta (conforme turno e locais especificados em cada edital). Os cursos são grátis, sem cobrança de mensalidades. No entanto, para participar dos seletivos a taxa de inscrição pode variar de R$ 150,00 a R$ 200,00, mas é possível pedir isenção, conforme as normas e procedimentos de cada edital. As vagas nos editais de Mestrado da UFMA estão divididas entre ampla concorrência, cota para servidores da UFMA, cota para pessoas negras, cota pessoas com deficiência e cota para pessoas indígenas.

Link para os EDITAIS de mestrado da UFMA em 2023

Atenção: em caso de publicação de outros editais (além destes, a UFMA oferece diversos outros programas de mestrado e doutorado), todos serão disponibilizados nos links abaixo. Os editais para doutorado também estão nos links abaixo.

Tribunal de Justiça do Maranhão disponibiliza consulta a Documentos Raros

O Tribunal de Justiça do Maranhão – TJMA tem a guarda de alguns dos mais antigos documentos judiciais do país. Somente o acervo histórico (permanente) do Arquivo do TJMA é constituído por uma massa documental que abrange aproximadamente 537,84 metros lineares (o equivalente a 3.888 caixas arquivo, contendo uma média de 15 processos cada uma, correspondendo a aproximadamente a ½ km de extensão) de documentos jurídicos textuais (manuscritos, datilografados e impressos) dos períodos Colonial, Imperial e Republicano, mais precisamente do período entre o final do século XVIII (2ª metade) até o século XX (1ª metade), de várias comarcas do estado maranhense.

Um levantamento preliminar de toda a documentação existente hoje no Acervo Histórico identificou 36 fundos ou comarcas, incluindo os estados do Pará, Piauí e Ceará, e quantificou as peças documentais em um total aproximado de 60.000 mil documentos.

Para se ter uma pequena ideia dos documentos valiosos que são custodiados pelo Arquivo do TJMA apresentamos abaixo alguns desses documentos que já foram restaurados, em sua maioria peças documentais do início do século XIX, correspondentes ao período Colonial e Imperial da história brasileira e maranhense.

Principais documentos históricos já restaurados

Justificação de emancipação de Joaquim de Sousândrade (1857)

Inventário de Francisco Sotero dos Reis(1871)

Inventário do Barão de Grajaú/ Carlos Fernando Ribeiro (1890)

Inventário do Ouvidor Manoel Antonio Leitão Bandeira(1832)

Inventário de João Manoel Gonçalves Dias (pai) (1843)

Inventário de Catarina Rosa Ferreira de Jesus “Catarina Mina”(1886)

Livro de Registro de Notas da Comarca de Viana (1776-1791)

Registro de Carta Régia enviada ao príncipe regente D. João VI (1813)

CONDIÇÕES E REQUISITOS PARA ACESSO E USO

A consulta pode ser realizada nas dependências do  Arquivo, na Sala de Pesquisa, mediante o preenchimento da Ficha de Referência e Pesquisa, que será efetuado apenas na primeira consulta. Quando desejado, poderá ser solicitada e agendada pelo endereço eletrônico coarquivo@tjma.jus.br.

Atendimentos remotos deverão ser solicitados após a leitura prévia do Guia do acervo e do Guia do Usuário (Regulamento), disponíveis no site do TJ, onde são fornecidas informações a respeito dos instrumentos de pesquisa relacionados aos fundos e coleções sob a guarda da instituição.

Os SERVIDORES do  Arquivo NÃO REALIZAM PESQUISAS, apenas prestam atendimento e orientações sobre a documentação custodiada que venha a ser solicitada para uma consulta.

Fonte: http://www.tjma.jus.br/

O CAPITÓLIO TUPINIQUIM

Por Joãozinho Ribeiro*

A quem interessar possa / A história embora seja / Coisa escrita no presente / Sempre vasculha o passado / E traça o futuro da gente.

Quando afirmo que o futuro é pra ontem, é porque pelo passado recente nem teríamos direito ao amanhã. O tempo que se nos apresenta é de reconstrução e construção das relações humanas. A mudança é um processo permanente. A única coisa perene em todo o sempre do Universo em desalinho.

Implacável e contínua, a marcha dos acontecimentos convoca os sujeitos e os objetos da história para os atos, cujas digitais ficarão para os anais dos feitos das suas (des)humanidades. Uns cometerão canções e versos; outros, crimes e genocídios, que serão lembrados pelas vindouras gerações. A História continuará sendo o tribunal do mundo. Dela, não escaparão os ratos, ainda que abandonem as embarcações e retornem aos esgotos, ou que intentem dissimulados discursos, com auras de um intelectualismo reacionário e defensor do silêncio dos culpados.

Uma linha no horizonte / Um ponto no firmamento / A humanidade do Planeta / Despenca a todo momento.

 Devemos ser, cada vez mais, criteriosos e seletivos para escolher os confrontos e conflitos pelos quais valha a pena lutar. A nossa passagem por esta estação terrena é breve e única. Precisamos valorizar as coisas aparentemente pequenas e insignificantes, que valem e justificam o milagre da existência.

A paz e o reencantamento do mundo retornam como bandeiras necessárias para serem içadas nos pavilhões das nossas esperanças. Sem a pieguice contemplativa das omissões, nem o açodamento das ações destemperadas, inoculadas nos discursos de ódio e na pregação da violência, como meios e fins de resolução da peleja da sobrevivência.

Quem sabe, o recado de Modigliani ainda esteja bastante vivo e adequado para o momento: “O dever de todo artista é salvar o sonho!”. Quem se habilita e se credencia para esta tarefa coletiva e urgente? Qual parte caberá aos ditos intelectuais e acadêmicos nesta contenda de enfrentamento da barbárie e do obscurantismo?

Tormenta, degredo, tragédia / Silêncio que se alimenta / Do roteiro da comédia / Desumana e tão sangrenta.

 Trago comigo algumas respostas, sem nem mesmo conseguir formular as perguntas correlatas. Talvez estas nem existam, porém é importante não negar a possibilidade de suas existências, assim como se dizia das bruxas, em tempos de cumplicidades e pensamentos medievalescos, para justificar a inquisição e a queima dos corpos das mulheres, condenadas sem o mínimo direito de presunção de suas inocências.

Labaredas da vida / Acendendo as razões / E o Planeta girando / Em muitas revoluções.

Quem sabe precisemos retornar ao dilema de Galileu, diante do Tribunal do Santo Ofício, com todas as controvérsias das narrativas, e afirmar com todas as letras: “E pur si mueve!”

Navegar é preciso, Pessoa! Mais do que antes, por mares nunca e sempre navegados! Ou não! Valendo o risco que toda descoberta oferece! Os rios nos cios, as águas vão rolar, apesar daqueles contrários aos seus movimentos! A Terra gira, o mundo gira, o planeta respira, a natureza conspira! A poesia inspira!

A barca da existência / Navega sua leveza / Flertando com a natureza / Nas águas da paciência / Mergulho na finitude / Desejo e delicadeza / Deságuam na correnteza / Da fonte da juventude.

Hora da arte mostrar que existe porque já não basta a vida; e que esta, sem dignidade e respeito, não merece assim ser denominada. Vida e sonhos não são excludentes. Não precisamos importar caricaturas deformadas de atos que glorificam a barbárie e a incivilidade, com seus negacionismos baratos e dantescos. Prefiro finalizar o presente com uma preciosa exaltação da existência, do escritor angolano que nos visita, José Eduardo Agualusa: “A vida não é menos incoerente do que os sonhos; é apenas mais insistente.”

(*) Joãozinho Ribeiro (poeta e compositor, membro da Academia Ludovicense de Letras)