Aluna nota 1000 na redação do Enem ganha apoio e vai conseguir estudar  

Por Renata Giraldi

A estudante Rilary Manoela Coutinho, 18 anos, aluna nota 1000 no Enem, mora em Itapiranga, a 340 quilômetros de Manaus (AM). Mas, sem condições financeiras para o transporte e também para se manter na capital, ela estava ameaçada de perder a vaga para Engenharia Civil.

A notícia boa é que a história dela viralizou e o Departamento de Assistência Estudantil (Daest) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) se colocou à disposição para ajudar a jovem a estudar sem custos.

A universidade parabenizou a estudante e emitiu uma nota de apoio informando que a inscrição na universidade e totalmente on-line, e por isso, não há necessidade da jovem ir até a capital para se inscrever.

5 horas de viagem

Em 2022, Rilary  tirou nota máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e foi aprovada no curso de engenharia de materiais da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), mas o percurso entre Manaus e Itapiranga, de 5 horas de viagem, e o custo diário com passagem, ao valor de R$ 78,00, inviabilizaram os estudos.

Durante a pandemia o irmão mais velho de Rilary precisou trancar o curso de engenharia de software pelos mesmos motivos que amedrontam a estudante.

“Antes mesmo de saber as pontuações do Enem, já tinha conversado com a minha família e dito que iria continuar estudando para fazer os vestibulares que são das próprias universidades e tentar ingressar somente em julho”, afirmou a estudante.

Bastante consciente, Rilary calculou cada detalhe sobre as necessidades que têm. “Não consigo agora, no início do ano, por questões logísticas mesmo, como moradia e meio de transporte, iniciar uma faculdade em Manaus”, disse. Mas, certamente, agora com o apoio da universidade a estudante conseguirá realizar o sonho.

Ajuda em boa hora

No site da UFAM, o Daest parabeniza Rilary e informa que o departamento dispõe de editais de apoio àqueles universitários em vulnerabilidade socioeconômica, ofertando auxílio-acadêmico, auxílio-moradia, auxílio-residência universitária, auxílio-inclusão digital, auxílio-creche e auxílio-material acadêmico de alto custo, com o objetivo de garantir a permanência do discente na universidade.

A UFAM tem nove Restaurantes Universitários (Rus) que oferecem refeição subsidiada à comunidade discente e gratuidade no café, almoço e jantar aos alunos que recebam os auxílios da instituição.

É a segunda vez que a estudante se vê no dilema de perder a vaga na faculdade pública pelas dificuldades financeiras.

Íntegra da nota

“Departamento de Assistência Estudantil da UFAM (Daest) vem parabenizar aos/às amazonenses que foram aprovados nos processos seletivos de ingresso nas universidades públicas do país. Sentimo-nos muito felizes com o desempenho nota 1.000 na redação do ENEM dos jovens Rilary Manoela Coutinho e Luiz Henrique Nogueira, e em nome deles parabenizamos todos que fizeram as provas do Exame Nacional do Ensino Médio. Vocês são o nosso futuro.

O DAEST aproveita esse momento para informar que as aulas dos calouros (semestre 2023/1) iniciarão em 24 de julho de 2023 e que nossa matrícula institucional é totalmente online, não havendo necessidade do(a) aprovado(a) se deslocar até Manaus para se tornar parte de nosso corpo discente.

Também divulgamos que o DAEST possui editais de apoio àqueles em vulnerabilidade socioeconômica, ofertando auxílio acadêmico, auxílio moradia, auxílio residência universitária, auxílio inclusão digital, auxílio creche, auxílio material acadêmico de alto custo e que o objetivo é garantir a permanência do(a) discente na universidade.

A UFAM possui 9 Restaurantes Universitários, ofertando refeição subsidiada à comunidade discente e gratuidade no café, almoço e jantar aos alunos que recebam nossos auxílios. Temos compromisso com a ciência, educação e responsabilidade social.”

Fonte: https://www.sonoticiaboa.com.br/

O CANTO DO GALO E O PASSADO GLORIOSO

Por Nonato Reis*
Os galos já não são como antes. Perderam fama, função e entusiasmo. Perderam, sobretudo, a capacidade de encantar com seu canto lírico que, reunido em coro, mais parecia uma orquestra naquela variedade de sons em harmonia.

Hospedei-me por dois dias em Camocim no carnaval e fiquei frustrado ao acordar e não ouvir a profusão de cantos que embalava as madrugadas das cidades e vilarejos do interior pelo país afora. O galo, simplesmente, desapareceu do cenário das alvoradas.

Muito diferente de outras épocas, em que reinava como o personagem noturno de maior destaque.

Além da função natural de reprodutor dos galinheiros, cabia-lhe marcar as horas a partir da meia-noite até às 6 da manhã, atuando como um autêntico despertador dos que precisavam acordar cedo para cuidar dos afazeres, como pastorear os rebanhos, navegar os rios e lagos seguindo a trilha dos peixes e até enfrentar o desafio dos livros – caso dos moradores em idade escolar.

De tão importantes e famosos, os galos se tornaram personagens de adivinhações. Lembro-me de uma que era mais ou menos assim: “À meia-noite acorda o inglês/sabe das horas, não sabe do mês/tem espora, não é cavaleiro/cava no chão e não acha dinheiro”.

No Ibacazinho, terra de lendas e mistérios, eles carregavam ainda a pecha do sobrenatural. Muitas histórias de aparição de espíritos ocorriam após o primeiro cantar do galo.

Tinha a de um primo que, ao voltar para a casa, de madrugada, dava de cara com um galo preto no meio do caminho, botando faísca pelos olhos e a repetir a frase: “Seu Lega é homem”.

Também havia um pesqueiro de bagrinho encantado que, após o cantar do galo, ninguém mais podia ali permanecer, porque dois gatinhos, que na sequência se transfiguravam em touros selvagens, emergiam do meio das águas e se atracavam numa luta renhida, se mordendo e se rasgando, dando urros medonhos.

Medo à parte, eu amava o canto do galo, que entendia como uma verdadeira celebração pelo anúncio de um novo dia.

Galo bom era o galo-guia, que atuava como o maestro da orquestra. Cabia-lhe anunciar a passagem do tempo, como a batida do relógio assinalando a hora. Ele sacudia as asas contra o peito e soltava o canto: “ô gô gô ôôôô”, no que era seguido por um desfile de cantos que se tornavam mais ou menos perceptíveis, conforme a distância de cada poleiro.

Agora vive-se essa melancolia dos tempos idos. A evolução das coisas trouxe a reboque os ovos e pintos de proveta, que praticamente dizimaram a espécie, apagando o brilho das madrugadas.
Disse no início deste texto que não ouvi o cantar de um único galo em Camocim. Pois bem. Na terça-feira de carnaval, pela manhã, eu me preparava para deixar a cidade, e fui alertado por Josy que detectara o sinal de um galo. Apurei os ouvidos e percebi o canto da ave. Longe, ausente, isolado, quase inaudível. Para lembrar que não se fazem mais galos como antigamente.

*Nonato Reis é escritor, natural de Viana, Baixada Maranhense. Autor de vários livros. Esta crônica integra o livro de contos e crônicas “A menina e o sol poente“, em processo de edição.

A Baixada descortina sua singular epopeia

Por Ana Creusa

O lançamento do Livro Ecos da Baixada que ocorreu no dia 14 de novembro de 2017, foi um marco na história da literatura maranhense, notadamente nos anais das letras baixadeiras, e revelou-se um evento grandioso para o Fórum em Defesa da Baixada Maranhense – FDBM.

Importante destacar que o citado Fórum é uma sociedade civil, sem fins lucrativos, o qual trabalha por sua região e por sua gente, visando chamar a atenção do Poder Público para os graves problemas enfrentados por aquele conjunto de municípios, bem como auxilia as comunidades locais a superarem obstáculos ao seu desenvolvimento.

O evento foi um “sucesso retumbante”, conforme relato de muitos participantes. Segundo o imortal, membro da Academia Maranhense de Letras, Benedito Buzar, foi “o dia em que a Baixada parou o trânsito da Avenida dos Holandeses, em São Luís”, algo inimaginável para os 32 escritores das crônicas e para a maioria dos baixadeiros ali presentes.

Na abertura, Simão Pedro, professor de música e natural de Matinha, interpretou o Hino Nacional e uma Canção em homenagem à Baixada, de autoria de Gracilene Pinto, natural de São Vicente Férrer, cujas crônicas o leitor pode encontrar nas páginas 156 e 191.

Em seguida, o “Poema para a Baixada Maranhense” foi declamado pelo seu autor, Hilton Mendonça, natural de Arari. O belo poema consta no introito da obra. Hilton também empresta o seu talento literário por meio de duas crônicas que poderão ser encontradas nas páginas 143 e 180.

Elinajara Pereira, natural de Bequimão, declamou o poema denominado “Ecos …”, composto por Rafael Marques em homenagem aos Ecos da Baixada e à sua amiga Elinajara, esta possui uma bela crônica, que pode ser encontrada na página 56.

 A Presidente do Fórum da Baixada, Ana Creusa, ressaltou a importância da união dos baixadeiros em prol da Baixada, e destacou que o Fórum é composto de pessoas com tendências e preferências, teorias, modelos e concepções políticas diferentes. Porém, o que os une é o sentimento único de amor à Baixada, que os torna irmãos. Os textos de Ana Creusa estão nas páginas 67 e 160.

Em sua fala, o primeiro Presidente do Fórum da Baixada, idealizador e organizador da obra, Flávio Braga, natural de Peri-Mirim, agradeceu aos ecoerios, como carinhosamente são chamados os cronistas, e ainda discorreu sobre a importância da obra Ecos da Baixada para região. As belas crônicas de Flávio estão dispostas nas páginas 83 e 98.

O Superintendente do Sebrae, João Martins, natural de Bequimão, demonstrou apoio ao Fórum da Baixada, do qual é filiado. Em sua fala, destacou a importância da obra “Ecos da Baixada”, a qual ajudará a Baixada a ecoar longe, inclusive em Brasília e outros recantos do Brasil, quiçá do exterior.

O Presidente da Academia Maranhense de Letras, brincou que os ecos da Baixada chegaram a Itapecuru, sua terra natal, e que a Baixada parou o trânsito de uma das principais avenidas de São Luís.

Natalino Salgado, com seu talento peculiar, brindou os baixadeiros com a crônica “A Baixada Maranhense e sua Vocação para a Grandeza”, que pode ser encontrada à página 35.  Como representante dos ecoeiros, saudou a todos. Em seguida, nos brindou com um texto dedicado a seu pai, matéria que evidencia o amor do seu genitor pela a sua bela Cururupu.

Em seguida foi servido um coquetel que, como se diz na Baixada “não deu para quem quis”.

Foi gratificante ver tantas pessoas disputando autógrafos, tirando fotos e fazendo selfies com os ecoeiros, numa verdadeira pororoca de emoções, como disse o ecoeiro Manoel Barros, natural de São João Batista, ao descrever o festival de emoções, envolvidas em todo o processo de lançamento do livro Ecos da Baixada.

Eis que a Baixada descortina sua singular epopeia, por meio dos Ecos da Baixada!!!

Texto de Ana Creusa, presidente do Fórum em Defesa da Baixada Maranhense, com revisão de Hilton Mendonça, ambos cronistas do Livro Ecos da Baixada.

O VELHO PORTO DA RAPOSA EM SÃO JOÃO BATISTA, MARANHÃO

Por João Batista Duarte Azevedo*

Não sei ao certo quando surgiu o Porto da Raposa. Quando me entendi, ele já existia. Mas só vim conhecê-lo de fato quando vim para a cidade pela primeira vez. Tinha que se passar por ali. Era lá o embarque nas lanchas que nos traziam até a capital.

Encravado às margens de extenso Igarapé que rasga continente adentro, o antigo Porto da Raposa ficava no povoado campestre de mesmo nome, a poucos quilômetros do Golfão Maranhense (Baia de São Marcos) e do estuário do Rio Mearim. De um lado uma extensa cortina verde formada por manguezais, de outro, mais para dentro do continente, extensas áreas de campos e tesos.

Ao longo de muitas décadas foi a única porta de entrada e saída de muitos municípios da baixada, especialmente São João Batista, São Vicente Férrer, Matinha, entre outros. Estamos falando de mais de meio século. Naquele tempo não havia estradas que ligassem estes municípios à Capital do Estado. O porto cumpria assim então a sua primordial finalidade. Era ponto de escoamento de mercadorias que iam e vinham e de embarque de passageiros que se destinavam rumo a São Luís e vice-versa.

Ainda lembro vagamente de algumas particularidades daquele lugar. Eram dois os principais atracadouros, exatamente para duas lanchas que costumavam fazer o transporte de cargas e passageiros. Eram dois pares de extensas passarelas, construídas de achas e mourões de mangue que nos levavam até ou a parte baixa, ou à parte alta da lancha, o convés, onde ficava o timoneiro, ou mestre, e onde ficavam os passageiros.

Nas lanchas, percebia-se um hiato de classes plenamente justificável. Na parte de baixo, costumavam viajar aqueles que transportavam cargas além de suas bagagens pessoais. Um odor forte de óleo e amônia exalava em meio ao cheiro de café e cozidão que costumava vir das bandas da cozinha. Já na parte alta, o segundo andar, vinham os mais destemidos, os que não tinham muito medo dos constantes balanços no alto mar e não costumavam expelir involuntariamente suas comidas boca a fora.

Às vezes três ou mais lanchas ancoravam por ali. Todas bem nomeadas. Maria do Rosário. Santa Teresa, esta, pequenina e valente, boa de navegação. A Proteção de São José, que sucumbiu na maior tragédia náutica ocorrida naquela travessia. A Ribamar. A Fátima. A Nova Estrela e a Imperatriz foram as últimas dos tempos auge do transporte marítimo. Nestas últimas fiz a maioria das minhas viagens.

A Raposa era um lugar como muitos outros numa área de campo. As casas de jirau, mostravam que ali em épocas de inverno costumava ser úmido e encharcado. Eram habitações de madeiras, desde o assoalho até as paredes. As cobertas, algumas eram de telhas de barro, outras de pindobas. Naqueles tempos de plena atividade do velho porto, Raposa devia ter cerca de cinquenta casas. A maioria eram de pessoas que viviam em função do porto. Pequenos comerciantes, estivadores, donos de pequenas embarcações e até mesmo ambulantes que viviam da compra e venda de mercadorias e produtos. Eram todos hospitaleiros. Lembro de Seu Dominguinhos, sempre cortês, atencioso, mas, dizem os que mais o conheciam, de uma astúcia e malícia sem precedentes.

Entre as muitas peripécias atribuídas a Seu Dominguinhos está a de ter dado um pernoite ao Padre Dante que certa vez se deparou numa noite escura e não quisera voltar pra sede. Fora aconselhado a ficar por ali. Após acomodar o Padre em uma rede, contam que Seu Dominguinhos acendeu uma fogueira de pau de siriba, uma espécie de mangue que ao queimar expele uma fumaça ardente aos olhos de qualquer cristão, ainda mais a quem não era acostumado, como o sacerdote italiano. Contam que o Padre passou a noite em claro, rezando para que logo amanhecesse, enquanto Dominguinhos se contorcia de risos. Ao amanhecer os olhos do reverendo pareciam duas bolas de sangue.

As principais casas de comércio e pequenos restaurantes estavam ali em redor do armazém. Um velho prédio de alvenaria que servia como uma espécie de alfândega. Era lá que trabalhavam os fiscais da receita estadual. Ali eram expedidas e pagas as guias de impostos sobre o que era embarcado, fossem cofos de farinha, cofos de banana, cofos de criações, pequenos e grandes animais. Quase nada passava sem as vistas dos coletores de impostos. Nos dias de embarque e desembarque era bastante intenso o movimento de pessoas por ali. Fossem os que viajavam, os que ali trabalhavam, e os que apenas buscavam estar no meio do vai e vem das pessoas. Não faltavam também os donos de bancas de jogo de caipira. Mas era uma alegria só. O povoado era tão movimentado que ganhou até um gerador de luz para garantir a permanência das pessoas que por ali transitavam e trabalhavam até o zarpar das lanchas.

Nos dias que não se tinha esse movimento proporcionado pelas lanchas, o povoado de Raposa mantinha um quotidiano normal. Moradores em suas tarefas diárias preparavam-se para o dia seguinte. O incremento maior do porto fora sem dúvida quando da construção da “barragem da Raposa”. Esta grandiosa obra – tanto pela extensão como na forma de como fora construída, realizada pelo então prefeito Luiz Figueiredo – permitiu um tráfego maior de veículos por mais tempo ao longo do ano.

A partir da abertura da Estrada da Beta, nome que fora dado inicialmente pela população para o ramal São João Batista – Bom Viver, que ligou a sede do município à MA -014, começaram ainda que com muitas dificuldades por conta das condições da estrada, os transportes de cargas e passageiros por via terrestre, fato este que atingiu frontalmente o cerne da economia gerada no Porto de Raposa por conta do transporte marítimo. Os primeiros ônibus a fazerem linha para São João Batista e até mesmo para outros municípios da Baixada foram os da Expresso Florêncio, que inúmeras vezes não completavam o trajeto da viagem.

Hoje, com poucas casas e sem aquele fervilhar de pessoas que faziam dali um marco da economia do município, o Porto da Raposa precisa se redescobrir com um outro propósito já que a rodovia nos leva até a capital São Luís, ou a terras além do estado.

Sempre defendi que o antigo e outrora próspero Porto da Raposa deveria absorver em tempos atuais outras finalidades. Ao que parece, por obra e graça do tempo e pela resistência de alguns poucos moradores que ali ainda residem, esta é uma realidade próxima das novas gerações. Por conta de sua aprazibilidade e beleza natural, o velho Porto de Raposa poderá ressurgir como um ponto de lazer rústico. Para tanto falta-lhe estrutura e muito precisar ser feito.

Com a palavra os homens dos poderes!

* João Batista Duarte Azevedo é natural de São João Batista (MA), graduado em Letras pela UFMA, professor e editor do blog “São João Batista On-Line”, coautor do livro Ecos da Baixada, postulante a uma cadeira na Academia de São João Batista.

Fonte: https://fdbm.org.br/

COISAS DO MARANHÃO: Polo Ecoturístico Floresta dos Guarás

Por Expedito Moraes

O Polo Ecoturístico da Floresta dos Guarás que está localizado nas Reentrâncias Maranhenses e o Polo Amazônia Atlântica no Pará constituem a maior floresta contínua de manguezais do mundo (8.900 km2, justamente na Costa Amazônica brasileira. O Polo Ecoturístico Floresta dos Guarás compreende os municípios de Cedral, Guimarães, Mirinzal, Porto Rico do Maranhão, Serrano do Maranhão, Cururupu, Bacuri e Apicum Açu.

A exuberante Costa Amazônica maranhense, marcada por manguezais, estuários, ilhas, praias e baías, se estende da Baía de Tubarão até a divisa com o Pará, e compreende o Golfão Maranhense (onde está a Baía de Tubarão, Região do Munim, a Ilha de São Luís, Alcântara e a Baía de Cumã) e o litoral ocidental. São as intricadas Reentrâncias Maranhenses e o Pólo da Floresta dos Guarás, um litoral semi-selvagem e preservado, extremamente recortado por uma infinidade de ilhas, enseadas, baías, golfos, penínsulas e estuários que fazem parte da seleta lista das zonas úmidas de relevância planetária (RAMSAR). As Reentrâncias Maranhenses é um dos trechos costeiros mais originais e irregulares do país e do mundo.

A região possui altos e exuberantes manguezais que podem chegar a 40 metros de altura são onipresentes, são vitais para o equilíbrio ambiental de toda a zona costeira e servem de abrigo e habitat para inúmeras espécies da fauna aquática e terrestre; especialmente as aves, migratórias e residentes, dentre tantas se destaca o Guará (Eudocimus Ruber) – extinto na maior parte do país e típico do litoral amazônico. O guará chama a atenção pela sua belíssima plumagem vermelha e pela suas magníficas revoadas.

Outra figura marcante na região é o guará que apresenta uma coloração vermelha marcante, resultado do alimento à base de caranguejos (chama-maré ou sarará, e o maraquani). Os caranguejos têm ligação com a cor dos Guarás.

O vermelho das penas dos Guarás se deve a um pigmento chamado “cataxantina”, que é um derivado do caroteno. O caroteno é o responsável pela cor da cenoura e da casca dos caranguejos e camarões, mais evidente quando cozidos. Os guarás são capazes de absorver o pigmento de suas presas e acumulá-lo em suas penas, tornando-as vermelhas.

Fonte: https://fdbm.org.br/

Uma imperatriz de muitas faces: Teresa Cristina de Bourbon, uma napolitana nos trópicos!

Por Renato Drummond Tapioca Neto*

Nascida em Nápoles no dia 14 de março de 1822, Dona Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias cresceu em uma região que na antiguidade era conhecida como Magna Grécia. Não obstante, no golfo de Nápoles, encontrava-se o sítio arqueológico de Pompéia, com seus edifício bem preservados, dando para a posteridade um testemunho das habitações do antigo império romano.

Bebendo dessa rica fonte cultural, a soberana representava aos olhos dos brasileiros a latinidade transplantada para a América. Ela importou para o país diversas peças de Pompéia e Herculano, que hoje compõe o acervo de muitos museus brasileiros. Foi chamada por isso de “a imperatriz arqueóloga”.

Amante da ópera italiana, dizia-se que a própria soberana possuía uma voz belíssima, encantando aqueles que tinham a oportunidade de escutá-la cantando. Era uma amante das ciências e principalmente das inovações tecnológicas, como a fotografia. Em diversos registros fotográficos, ela pode ser observada posando na companhia dos livros que lhe eram tão caros, testemunhando assim sua erudição e apreço pelo conhecimento. Todavia, seu protagonismo permanece ensombreado pelo marido, sempre exaltado nos livros.

Desconhecemos, por exemplo, a influência que ela exerceu na imigração italiana para o Brasil, assim como Dona Leopoldina havia feito com a imigração alemã em seu tempo de vida. Ambas as soberanas foram chamadas pelos seus contemporâneos de “mãe dos brasileiros”, graças aos seus trabalhos de caridade em benefício de famílias pobres.

Atualmente, a terceira imperatriz do Brasil aparece como personagem na novela “Nos Tempos do Imperador”, interpretada pela atriz Letícia Sabatella. Através dos capítulos da trama da rede Globo, o público pôde conhecer um pouco mais acerca da personagem, sobre sua sensibilidade artística manifestada pelos trabalhos artesanais no Jardim das Princesas e seu interesse pela arqueologia. Nesse sentido, a ficção, a despeito de sua falta de compromisso com a veracidade dos fatos, pode ser uma interessante porta de entrada para aqueles que buscam se aprofundar mais nos acontecimentos adaptados para a tela da TV, procurando em registros historiográficos, os fatos por trás da narrativa inventada pelos roteiristas.

* Renato Drummond Tapioca Neto Doutorando em História pela UFBA, Mestre em Memória: Linguagem e Sociedade pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB (2017) e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC (2014). É escritor e desde 2012 mantém o site Rainhas Trágicas, dedicado à História das Mulheres no Antigo Regime. Fonte: Rainhas Trágicas – Mulheres Guerreiras Soberanas.

Qual o seu nome?

Por Ana Creusa

A Vida é Combate

Combate pela manhã: 1) Evitar maus pensamentos  Provérbios 15:26; 1) Afastar a preguiça (Pv 10:5 e 19:15); 3) Mexa-se 4) Fazer uma boa ação.

Para evitar maus pensamentos: Faça uma meditação antes de levantar da cama; ou uma oração. Não contamine o seu dia com noticiário. Evite ouvir ou assistir notícias antes do seu café da manhã; ouvir músicas clássicas, se possível.

É quarta-feira de cinzas (22/02/2023). Desde o dia anterior, sabia que tinha que ir à feira. Tentei evitar a preguiça. Feira não é algo que me atraia, até chegar lá. Depois que chego, me sinto feliz, falo com as pessoas, que eu conheça, ou não. Hoje, a feira estava vazia: poucas pessoas se atreveram abri depois do Carnaval e vender pouco.

Encontrei uma senhora várias vezes: fui comprar chá, lá estava ela, perguntando sobre o mesmo chá. Fui compara manga, lá estava ela, comprando pequi. Ela queria comprar juçara – fui com ela onde um amigo meu de São José de Ribamar, apesar de o ter conhecido na feira, já sei a vida dele toda – exageros à parte.

Vi que ela já tinha uma certa idade, perguntei:

– Onde moras?

Falou-me que mora no Cohatrac. Novamente perguntei: 

– Vais dirigindo?

Ela disse que ia a pé porque aquelas compras eram para sua irmã que fraturou o pé e que morava próximo dali. Eu disse que a levava em casa e comecei a pegar as sacolas dela. Ela ficou assustada e eu disse: 

– Vamos conferir quantas sacolas levas, para ela ficar tranquila e assim fizemos, em 8 sacolas, eu peguei quatro e me encaminhei para o carro. Acomodei as sacolas no banco de trás com ela próxima. A casa da irmã era bem próximo. Encontrei a porta aberta. Provavelmente já a estavam aguardando, até preocupados porque ela foi somente comprar uma coisa, que não ouvi o que era.

Ela foi me contando a vida dela, eu só ouvia, uma história bem bacana. Saltei do carro para ajudá-la a retirar as compras do carro. Ela me abraçou e perguntou:

– Qual o seu nome? Eu disse me chamo Ana. Ela agradeceu demais. Disse que eu era um Anjo.

Peguei as coisas dela, ajudei-a a colocar na casa. Saí de imediato. Mas, assim que saí, fiquei incomodada. Não fiz a pergunta que não podia faltar:

– Como é o seu nome?

Cheguei e passei o dia pensando: como seria o nome daquela senhora? Pensei em voltar para perguntar, mas algo me impediu: o que ela iria pensar? Outro dia, passo lá, ocasionalmente, e pergunto.

O certo é que esta foi a minha boa ação do dia. O nome da senhora importa só por curiosidade? Com certeza não! Quero fazer a pergunta que não fiz: 

– Qual o seu nome?

Creio que hoje não fiz um bom combate: procrastinei por medo de dar mau impressão. Amanhã vou ter mais cuidado! Nem pude passar para o bom combate do turno vespertino.

Por que os mosquitos gostam de zumbir em nossos ouvidos?

Por Natalie Rosa | Editado por Luciana Zaramela | 02 de Junho de 2021 às 08h15

Nas noites quentes, principalmente no verão, já sabemos que iremos receber uma visita daquele pernilongo que aparece para zumbir em nossos ouvidos antes de sugar um pouco de nosso sangue. Nós sabemos que esses insetos gostam de se alimentar de sangue, isso não é novidade, mas você já parou para pensar o motivo de eles gostarem de ficar perto de nossos ouvidos?

A dúvida que já intrigou alguns pesquisadores parece ter sido resolvida. Michael Riehle, professor de entomologia da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, revela primeiramente que esse barulho nada mais é do que o som das asas batendo. “O som não tem alcance muito alto, então você percebe mais quando eles estão voando perto de suas orelhas”, diz, revelando ainda que o barulho vem, principalmente, das fêmeas.

O profissional explica que mosquitos machos e fêmeas vivem vidas diferentes. Enquanto os machos gostam de voar por aí e beber o néctar das flores, deixando os humanos de lado, as fêmeas precisam encontrar uma refeição com sangue depois do acasalamento para ter energia suficiente para produzir os ovos. Riehle explica, então, que os mosquitos fêmeas são atraídos por uma “nuvem” de gás carbônico que liberamos de nossos pulmões pela boca ou pelo nariz, ou seja, na região da cabeça.

Isso não significa, no entanto, que a busca por sangue aconteça sempre acima do pescoço, pois eles também se interessam por pés, que contam com bactérias que exalam cheiros. Porém, é mais fácil ouvir os zumbidos do que está perto das nossas cabeças do que em nossos tornozelos. Um desses mosquitos, inclusive, o que serve de vetor para transmissão do parasita da malária, é atraído pelo cheiro de uma bactéria chamada Brevibacterium linens, que existe em nossos pés e que também é usada para a produção do queijo belga limburger.

A fêmea consegue identificar a nuvem de gás carbônico nuvem usando sensores que ficam em seus pés, que vão determinar se o sangue que será ingerido realmente servirá como uma boa refeição. Estudos anteriores sugerem que o tipo de sangue preferido dos mosquitos é o tipo O, mas Michael diz não confiar muito nesses estudos, acreditando que a escolha se deve ao fator genético de cada vítima, ou até mesmo de sua dieta. Outro estudo diz ainda que os mosquitos fêmeas se atraem mais por pessoas que têm uma diversidade menor de bactérias na pele do que aqueles que tem muitas, e também que a preferência é por pessoas que usam roupas de cores mais escuras.

Quando o mosquito fêmea encontra um alvo, suas asas se batem cerca de 500 vezes por segundo em uma frequência de 450 a 500 hertz, que é ajustada para a nota lá central do piano –  a mesma afinação utilizada por uma orquestra. O zumbido, que vem do bater de asas, também são atraentes para os machos que estão em busca de parceiras. Inclusive, eles batem as asas com mais frequência que as fêmeas, achando o som delas mais suave e atraente.

Fonte: LiveScience e https://canaltech.com.br/ e https://oimparcial.com.br/

Auxiliar de pedreiro de 50 anos é aprovada para Engenharia Civil na UFPA

Aos 50 anos, Nazaré Silva dos Santos, conseguiu o que muitos tentam a vida toda e não alcançam: passar numa universidade pública. Trabalhando como auxiliar de pedreiro, ela acaba de ser aprovada no curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal do Pará (UFPA).

“É uma realização imensa estar vivendo essa nova etapa!”, afirmou a nova universitária, que concluiu o ensino médio aos 38 anos e, de lá para cá, nunca mais parou de estudar.

Moradora de Marituba, na Grande Belém, Nazaré disse que a aprovação foi possível porque aliou força de vontade, muito estudo e a oportunidade de fazer um cursinho municipal gratuito da região.

Os desafios

Nazaré contou que dividia o seu tempo entre o cursinho, o trabalho como ajudante de pedreiro e o curso técnico em Edificações no Instituto Federal do Pará (IFPA) .

“Chegava muitas vezes atrasada, no segundo horário, por conta da distância e do trânsito. Em casa ainda tinha que fazer os trabalhos do curso, estudar para provas, além dos afazeres domésticos”, relembrou a nova universitária.

Nazaré foi aprovada com nota 630.98, segundo ela, a idade não a impediu de estudar, mas se viu muitas vezes cansada por ter que dividir seu tempo entre os estudos, ser esposa, mãe e tomar conta de casa.

“É um sentimento de muita alegria, satisfação, e alívio por estar vivenciando os frutos de tanto esforço. Em dezembro de 2022 eu concluí o curso técnico e hoje tive a alegria de ter o meu nome presente no listão da UFPA.”

Que orgulho!

A filha de Nazaré, Lucilene dos Santos, destacou a garra e força de vontade da mãe. “Quando eu tinha uns 5 anos, minha mãe voltou a estudar e terminou o ensino médio, mas com uma rotina corrida acabou deixando a faculdade para depois.”

Lucilene Santos disse que, no entanto, a mãe nunca desistiu de aprender.

“Em 2018, eu entrei para o IFPA para fazer Técnico em Química, e falei pra ela tentar também. Em 2020 ela fez a prova e entrou para o IFPA para seguir o sonho de se especializar e seguir a área como técnica em edificações.”

A notícia da aprovação veio como uma surpresa, segundo Lucilene dos Santos. “Ela estava no trabalho, não tinha visto nada ainda. Ligaram do cursinho para ela ir à biblioteca, e lá que ela foi saber”, concluiu.

https://www.sonoticiaboa.com.br/

As máscaras ausentaram-se das ruas

Por Zé Carlos Gonçalves

CENAS DO COTIDIANO IV

Ainda é carnaval.” Sum Pedro”, talvez saudoso do São João, “quis se amostrá. Mandô uns relâmpu, pra nóis si alembrá de suas fugueiras”. “Tombéim uns toró, pra dá uma lavage” e despertar a alma, que andava tão adormecida, da cidade. É! “Sum Pedro, cum certeza, quê provocá ciúme ni Dioniso”.

O fofão está muito triste. Sua aproximação, perigosa. “Caiu na desconfiança”. Qualquer bandido, astucioso, pode vir, com bandidagem, habitando o seu interior, dele, do fofão. “E, aí, né, babou. E babau pro carná”, que se atirará no rio Anil, ainda que a maré esteja seca.

O salão de festa, o confete e a serpentina se recolheram, rumo ao esquecimento. Até já são palavrões proibidos “nos bate papo sério”. Deles, ainda eu lembro. “Tu não lembra. E nóis não si importa”. Afinal, a rua, tão desnuda, nos arrasta, sem direção, em todas as direções.

A maisena, felizmente, “saiu de moda”. Fugiu até da papa e do mingau. “Não dá pra ajeitá cara de marmanjo, cum essa caristia”. “Sim, sinhô!” Muitos escondiam suas feiúras nas sacras máscaras de maisena e saíam a fazer “gatimonhas, por aí”. “A cara néim trimia. Iam iludidos e convencidos”.

E por falar em máscaras … ausentaram-se das ruas. Tão e muito temerosas de serem reconhecidas e recolhidas à Papuda ou à Colmeia. Hoje, de verdade, “papuda e só a mina, qui si faiz de besta”, na falta de um adjetivo mais apropriado. E colmeia, graças a Deus, é “a salvação certa da lavoura”.

A minha praça – em ritmo de rima – tão maltrapilha, “frivilha na alucinação da galera”, que, mui alucinada, segue alheia à agonia da velha praça. Insano, o folião delira; a praça sangra; o palácio fecha as portas e silencia.

Meu bloco de sujo negou-se a sair, ante a sujeira que toma de assalto a cidade, que há muito já foi assaltada pelos “momos glutões”. O carnaval, assim, se perpetua “para todo o sempre”. Dura de janeiro a dezembro, “como no reino do faz de conta”. Aí, nem a turma da reciclagem vai conseguir “alimpá”.

O ferryboat resolveu “pular” carnaval, “charlando a estrada despovoada de veículos e bordada em buracos”… e saiu rasgando as vagas do voraz Boqueirão, “louco” e alucinado por uns dois tragos de algum lubrificante “batizado”, ao som do mais “puro axé”. “Por ironia do destino”, ou por muitos e outros mortíferos mistérios, navegantes da nau encantada de Dom Sebastião, só não se faz suficientemente eficiente para o baixadeiro, no decorrer do ano. O sofrimento continua “terrívi”.

A gigantesca “fila de espera”, na Ponta da Madeira, deveria fazer “uma quilométrica greve” e tornar o carnaval mais divertido. Que legal, um carnaval quilométrico, e grevista, a vingar o desdém que sofre o povo Baixada.

E ainda será carnaval até os lava pratos, a pipocarem na quaresma. Depois, “nóis não sabe pur que tantos sapo de rabo”, a desfilarem nos carros alegóricos, da vida!