ALCAP: Quinta Feira de Troca de Mudas, Sementes e Saberes na VIII Ação de Graças na Jurema

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense  (ALCAP) em parceria com a VIII Ação de Graças na Jurema  promoverão a quinta Edição da Feira de Troca de Mudas, Sementes e Saberes, no dia 20 de setembro de 2025, a partir das oito horas da manhã, no Sítio Jurema, Povoado do Cametá, no município de Peri-Mirim-MA.

A referida feira será realizada por meio do Projeto Plantio Solidário “João de Deus Martins”, que tem como gestora, Ana Cléres Santos Ferreira, que sempre contou a colaboração de Maria do Carmo Pinheiro e sua filha Ana Sheila, as quais preparam um ambiente aprazível para receber a comunidade. A Ação de Graças na Jurema foi idealizada por José dos Santos, para promover a União em sua Comunidade.

Por iniciativa da acadêmica e atual presidente da ALCAP, Jessythannya Carvalho Santos, a feira tem o objetivo de auxiliar na preservação da biodiversidade, promover a educação ambiental, bem como estimular a alimentação orgânica e saudável. As mudas serão fornecidas pelo Jardim Botânico da Vale S.A. Porém, a maioria das mudas são oriundas do Sítio Boa Vista, de propriedade da gestora do Projeto.

Além de mudas de hortaliças, legumes e outros vegetais, serão trocadas/disponibilizadas plantas ornamentais, mudas de árvores frutíferas e não frutíferas, plantas medicinais, sementes e muito conhecimento e diversão. Esperamos contar com a participação de engenheiro agrônomo ou outro especialista, para orientar as pessoas.

Ação de Graças na Jurema recebe o Clube de Leitura da ALCAP

No dia 21 de setembro de 2025, a Ação de Graças na Jurema receberá a Academia de Letras Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) em um encontro inesquecível do Projeto Clube de Leitura “Prof. João Garcia Furtado”, que tem como gestora, a acadêmica Edna Jara Abreu Santos. Desta vez, o cenário escolhido foi a comunidade da Jurema, localizada no povoado Cametá, lugar onde literatura, memória e coletividade se entrelaçam.

O projeto da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense – ALCAP mobiliza não só alunos das escolas públicas e particulares da cidade, mas também a comunidade em geral que aprecia este momento cultural. A experiência promete ser mais que um simples encontro: será uma celebração da leitura como espaço de resistência, reflexão e pertencimento.

Nesta edição, o destaque vai para a obra Cantos à Beira-Mar, de Maria Firmina dos Reis, considerada a primeira romancista brasileira e um dos nomes mais expressivos da literatura afro-brasileira. O livro, além de integrar a lista de leitura obrigatória para o Processo Seletivo de Acesso à Educação Superior da UEMA em 2026, carrega em si a força de uma escrita engajada, lírica e profundamente crítica.

Maria Firmina, cuja voz atravessa séculos, é reconhecida como uma das mais potentes na denúncia e no combate às opressões sociais de sua época — entre elas, a escravidão. Sua obra ecoa como manifesto e inspiração, reafirmando a importância da literatura como arma contra as doenças sociais que ainda persistem.

Por isso, nosso encontro na Jurema será muito mais do que uma atividade escolar. Será um ritual coletivo, onde juventude e memória se entrelaçam; onde professores, alunos e comunidade poderão beber da mesma fonte literária e refletir sobre o Brasil que fomos e o Brasil que ainda podemos construir.

Que cada página lida, cada verso compartilhado e cada silêncio respeitado nesse encontro sejam também sementes plantadas em nossos corações. A obra pode ser acessada por meio do link abaixo:

https://literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=117651

Gratidão pela Vida Abençoada

Por Família Martins Santos

Sempre evitávamos levar nossa mãe, Maria Amélia (96 anos), ao Hospital, com receio de ela não voltar. Porém, no dia 14 de junho de 2025, a sua internação foi inevitável. À noite a levamos ao Hospital São Domingos – na chegada foi logo entubada e depois ocupou um leito da temida Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Parecia que estávamos em um mar revolto em uma lancha de madeira. A cada momento uma novidade, um susto: pressão alta, pressão baixa, febre, transfusão de sangue, exames dos mais variados. Não falávamos sobre o assunto, porém, muitas vezes pensávamos que Miminha não resistiria à turbulência daquele tratamento. Que seu corpo fatigado pela idade e pelos desafios da vida iriam sucumbir.

Submeteu-se aos procedimentos de Traqueostomia e Gastrostomia que permitem que as funções de respiração e alimentação sejam feitas de forma automática. Os médicos disseram que ela usará esses equipamentos para sempre, que lhe privarão da fala e da alimentação via oral.

Muitas vezes, vinha para casa, orava para que pudéssemos suportar os desígnios de Deus, pois sentia que o fim de uma vida de muitas batalhas estava próximo. Porém, ela resistia bravamente. Teve alta da UTI e foi para o apartamento em 7 de julho de 2025, enquanto o processo de Home Care se encaminhava pela dura burocracia entre o plano de saúde, a empresa de home care e o hospital.

Nesse ínterim, ela foi acometida de febre altíssima, com calafrio e sinais de bronco aspiração.  Retornou à UTI onde fez a troca do tubo da traqueostomia. Porém, os sinais vitais continuavam instáveis e a alta hospitalar era novamente uma incógnita.

A nossa família sentia-se numa tempestade ruidosa. Quem estivesse com mamãe no hospital se encarregava de fotografar os aparelhos que mediam os sinais vitais e encaminhava para quem estava em casa, que permanecia de plantão à distância, às vezes em reunião on line.

Mamãe raramente abria os olhos, mas costumava apertar nossas mãos com força, como se quisesse proteção. Esse pequeno fôlego de vida era motivo para comemoração.

Como a situação mudou, todo o processo de alta foi revisto, novas exigências médicas surgiram. Finalmente no dia 19 de agosto às 14 horas, mamãe foi transportada em uma ambulância para casa.

Apesar de ainda estar sob cuidados médicos, como se estivesse internada, vê-la em casa é uma vitória incomensurável, que só nos resta comemorar.

A gratidão à equipe médica e de enfermagem é tão grande, que não cabe em nós. Aos familiares que cuidaram dela no hospital, aos que oraram, enfim, nossa Gratidão a Deus e aos anjos humanos por nos dar a oportunidade de nossa mãe voltar para sua casa, onde dedicou carinho e proteção aos frequentadores do seu lar, que encontravam alento em suas asas acolhedoras.

Maria Amélia voltou …

Saudação ao Sol

Por Ana Creusa

Papai era um exímio observador da natureza. Ele se guiava pelos planetas e estrelas. Venerava o Sol, contemplava-o todas as manhãs com uma saudação de louvor e admiração, recebendo dele a energia necessária para mais um dia de trabalho.

José Santos se conectava ao Universo de forma peculiar e poderosa. Ele, a cada dia se lapidava como uma pedra preciosa de alto quilate – José era um ser humano ímpar. Tinha sua forma própria de captar Sabedoria, como disse Sodrezinho no artigo Palavras ditas e não ditas: não se sabia o que ele não sabia.

Atribuo a sabedoria de meu pai à obediência às leis universais. Por meio dessa conexão habitual à natureza, ele alimentava o sentimento de amor e devoção a Deus.

Todas as manhãs, José dirigia sua atenção ao Sol nascente. O momento em que o Sol aparecia no horizonte, na direção leste, era sagrado para José. Ele não perdia esse momento mágico por nada neste mundo. Sempre lá estava ele, em posição de sentido aguardando para saudar o astro rei, em completo silêncio.

No inverno, as imagens do campo cheio misturavam-se à imensidão do céu que se espreguiçava do repouso da noite anterior. José era envolto àquela paisagem inédita a cada alvorecer.

No verão, a relva molhada da noite encontrava-se com as nuvens furta cor, formando um todo, incapaz de se estabelecer qualquer divisão. José era envolto àquela dança, flutuava no mesmo compasso. Ele fazia parte daquele Universo multicolorido. Sem perceber, fechava os olhos.

Naquele estado letárgico, ele permaneceria a eternidade. Quando, aos primeiros clarões ao leste, o canto e revoar das graúnas, fazia com que ele abrisse os olhos. Com espanto, via que o cenário era outro, tudo mudara. Nada do que via antes do estado letárgico existia mais.

Estabelecia-se uma nova harmonia, que se juntava a ele, desta feita ornamentando tudo com o brilho do Sol, para dizer que o dia chegou!

Sempre tive a curiosidade de saber qual a fonte de Sabedoria do meu pai, como ele aprendeu tantas coisas. Quem conheceu meu pai, sabe que ele tinha algo especial. Ele sabia de coisas que jamais tivera experiência.

Lendo Deepreck Chopra, não tive dúvidas: era nesse encontro com o Sol que ele acessava a Sabedoria Infinita.

O sol nasce para todos. Mas nem todos... Ely Santos - Pensador

CONHEÇA O IDEALIZADOR DA AÇÃO DE GRAÇAS NA JUREMA

Por Ana Creusa

Quem conheceu José dos Santos pessoalmente sabe que ele não era um ser humano comum. Alguns dizem que, pessoas como ele, nascem de cem em cem anos. Eu, porém, os afirmo: ele foi e será único. Não como todos nós somos, mas pela sua história e trajetória de vida. Tudo parece ter sido meticulosamente planejado, cada evento, cada experiência que ele viveu.

Ciente dessa singularidade desse ser humano, não podemos deixar morrer a sua história e não basta a passagem verbal de pais para filhos e netos. É necessário que se deixe registros definitivos de sua passagem entre nós.

Foi com esse espírito de missão que me aventuro em registrar parte da experiência marcante que tive com meu pai, desde a minha infância, até sua morte aos 95 anos.

Lembrando da história do meu pai, comparo-a aos pais de figuras famosos da literatura como a que relata Frank Kafka, em sua memorável Carta ao Pai, a qual retrata o devastador acerto de contas com a figura tirânica de seu pai. Também, na obra Ribamar de José Castello que relembra os momentos terminais de seu pai, que declara: “Não vou adoçar nada: seu corpo, murcho e disforme, me enoja”. Também ouvi relatos de amigos que relembram seus pais pela dureza, com surras cruéis e totalmente injustas.

Papai era o oposto disso, como relatado no prefácio por seu neto José Sodré Ferreira Neto, ele educava pelo exemplo com mansidão e amor. Ele sempre fora assim, não apenas quando ganhou experiência pela idade, como era de se supor. Suas atitudes, gestos e palavras pareciam ser sempre meticulosamente planejadas. Era possuidor de uma inteligência rara, que lhe permitia um humor respeitoso e extremamente engaçado.

Possuía sorriso fácil, era extremante dócil. Porém, todos lhe dispensavam um respeito comovente. Todos pareciam querer agradá-lo em suas preferências. Era sempre muito gratificante servi-lo. Atender às suas vontades. Ele possuía uma aura de luz que irradiava naqueles que dele se aproximavam.

Meu pai era um ser humano perfeito. Até aquilo que poderia ser considerado defeito para alguns, para nós era um charme, um elemento diferenciador de sua personalidade marcada pela ternura, sabedoria e sensibilidade.

José dos Santos é natural de Palmeirândia, terra de seus pais. Foi criado no Povoado Cametá, no Sítio Jurema – Peri-Mirim/MA, nasceu eu 02/02/1922, filho de Ricardina Santos e Máximo Almeida, o nome do seu pai não consta no seu registro de nascimento, pois seus pais não eram casados. Sua mãe era negra e seu pai, louro de olhos azuis. Pelos padrões da época, não havia casamento entre essas raças.

Na época predominava os bailes separados pela cor da pele. José na adolescência, apesar de não ser negro, geralmente, sofria resistência para entrar nos “bailes dos brancos”, por ser filho de Ricardina.

Sua mãe teve oito filhos, mas faleceu muito jovem, quando José tinha apenas 18 anos. Na época, sua mãe não tinha nenhum companheiro – criava os filhos sozinha.

Homem de poucas letras, estudou apenas três meses. Naquela época não tinha escolas, os professores eram contratados pelos fazendeiros para educar apenas os seus filhos. João Guilherme e Mariana Martins contrataram uma professora para ensinar seus filhos e Ricardina pediu para que os amigos deixassem seus filhos maiorzinhos estudarem na casa deles.

Após três meses José já sabia ler e rabiscar algumas letras. A professora mandou comprar-lhe livro de 2.º Ano, porém, a professora teve que ir embora, por se envolver em um triângulo amoroso que contrariava a vontade dos patrões.

A professora pediu a Santoca (alcunha da mãe de José), para que levasse José consigo, para que ele pudesse aprender mais. Mas a mãe não podia deixar: José era seu filho mais velho e já lhe ajudava nas tarefas da vida.

Sem a professora, mas com o Livro de 2.º Ano nas mãos, José leu e releu o livro. Memorizou todas as lições, que mais tarde viria a contar para seus filhos e netos: ele sabia os afluentes da margem direita e esquerda do Rio Amazonas e várias lições como: “Vá e entrega-se ao vício da embriaguez” e tantas outras que contaremos neste livro.

Antes de falecer, Ricardina pediu a José e Maria Santos que cuidassem dos seus irmãos. O irmão mais novo, Manoel Santos, tinha apenas 2 (dois) anos de idade.

Os filhos de Ricardina são: 1) Joelzila; 2) Maria dos Santos; 3) José dos Santos; 4) João Pedro; 5) Alípio; 6) Antônio; 7) Izidorio e 8) Manoel. Destes, apenas João Pedro ainda está vivo.

José tinha muitos sonhos, o mais forte deles era servir a Pátria Amada. Ele gostaria de seguir a carreira militar no Exército Brasileiro e tocar clarinete na Orquestra do Exército, mas com a missão de continuar a criação dos seus irmãos, não pôde realizar esse sonho.

Com esse sonho ainda vivo, José estimulou os seus irmãos a servir o Exército, Alípio e Antônio engajaram na Polícia Militar (PM) do Maranhão. Antônio foi destacado para o município de Coelho Neto, para dar segurança à família Duque Bacelar e depois deixou a PM e por lá casou-se e tive seus filhos.

Alípio permaneceu na PM, galgando a maior posição que um Praça pode alcançar, cargo em que se reformou.

José e Maria Santos criaram seus irmãos com princípios e valores sólidos: todos lhe tomavam a bênção e lhes deviam respeito. Os irmãos homens tinham o hábito de somente sentar-se à mesa na cabeceira, mas quando Zé Santos os visitava, na hora das refeições, todos eles cediam o lugar da cabeceira da mesa para José, que comandava a Família do irmão naquele momento solene, sempre antecedido de orações. Pode-se ver que José cumpriu muito bem a missão que a sua mãe lhe confiou.

José na mocidade, cumpre registrar, era um jovem simpático, forte e musculoso, campeão de cana-de-braço, amansador de burro bravo, pé de valsa, brincante de bumba-meu-boi, comparecia às festas com terno de linho belga “arvo”[1], sapatos de couro, sorriso fácil, era muito cobiçado pelas moças do lugar.

José começou a namorar uma moça, filha do fazendeiro Benvindo Mariano Martins. Ela é Maria Amélia, sabia ler, escrever, fazer belas costuras e bordados e tinha um belo jardim, que costumava cuidar no final da tarde, quando Zé Santos já saía do trabalho e por ali conversavam.

Casaram-se e tiveram muitos filhos: 1) Francisco Xavier; 2) Ademir de Jesus (in memoriam); 3) Cleonice; 4) Edmílson José; 5) Ricardina; 6) Ademir; 7) Maria do Nascimento; 8) Ana Creusa; 9) Ana Cléres; 10) José Maria e 11) Carlos Magno (in memoriam).

José era um exímio educador, pois educava com amor, carinho e, principalmente pelo exemplo, pois era líder comunitário em Peri-Mirim, juntamente com Pedro Martins. José Santos era um homem de Fé.

Antes de falecer, José ainda queria realizar um sonho: construir uma casinha no exato lugar onde fora criado (na Jurema), para que fosse celebrado o seu aniversário, com uma missa em homenagem à sua mãe Ricardina. Ele realizou esse sonho como idealizou, aos seus 94 (noventa e quatro) anos.

Também idealizou que uma vez por ano fosse feita uma reunião na Comunidade de Cametá, na casa que construiu para homenagear a sua mãe, para que todos se reunissem para celebrar a união e gratidão pelas pessoas do lugar.

Ao evento deu-se o nome de Ação de Graças na Jurema. José faleceu antes que fosse realizada a 1.ª Ação de Graças que idealizou para que fosse realizado todo ano. Já foram realizadas sete ações de graças, nas seguintes datas:

I – 29 de julho de 2017 (utilizada a mesma camisa da missa de mês da morte de José Santos, na cor branca);

II – 28 de julho de 2018 (camisa de cor branca, com logomarca provisória);

III – 27 de julho de 2019 (camisa na cor amarela com logomarca definitiva);  em 2020 não houve o evento devido a Pandemia da Covid-19;

IV – 20 de novembro de 2021 (Camisa cor Azul);

V – 19 de novembro de 2022 (Camisa cor Verde);

VI – 14 de outubro de 2023 (Camisa cor Abóbora);

VII – 16 de novembro de 2024 (Camisa Rosa Pink) e

VIII – 20 de setembro de 2025 (Camisa cor Verde Limão).

José dos Santos era um líder, um educador nato, possuidor de uma inteligência ímpar, um homem digno, que mereceu entrar para a imortalidade ao ser escolhido para ser um dos patronos da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense, para que sua história seja contada às futuras gerações – foi um homem exemplar, motivo de orgulho para toda a sua descendência.

José dos Santos sempre pregou a União, vivia na graça, era um Homem Feliz, faleceu no dia 25 de fevereiro de 2017, aos 95 (noventa e cinco) anos, em São Luís, onde está sepultado juntamente com seu filho mais novo, Carlos Magno.

[1] Refere-se à cor branca.

A OITAVA AÇÃO DE GRAÇAS NA JUREMA VEM AÍ

A Família Santos e Amigos já se preparam para a VIII Ação de Graças na Jurema que será realizada no dia 20 de setembro de 2025. José dos Santos  idealizou o evento, prevendo que, uma vez por ano, fosse realizada uma reunião na Comunidade do Cametá, no mesmo local em que foi criado, denominado Sítio Jurema. Ao completar 90 (noventa) anos, José apressou-se em construir uma casinha para homenagear a sua mãe, por meio de uma missa em Ação de Graças. A casinha ficou pronta e, quando José completou 94 (noventa e quatro) anos, seu sonho foi realizado. Vestido em seu terno arvo, recebeu os familiares e amigos para comemorar seu aniversário, a fim que se reunissem para celebrar a união e gratidão pelas pessoas do lugar.

Ao evento deu-se o nome de Ação de Graças na Jurema. José faleceu antes que fosse realizada a 1.ª Ação de Graças que idealizou para que fosse realizado todo ano. Já foram realizadas sete ações de graças, nas seguintes datas:

I – 29 de julho de 2017 (utilizada a mesma camisa da missa de mês da morte de José Santos, na cor branca);

II – 28 de julho de 2018 (camisa de cor branca, com logomarca provisória);

III – 27 de julho de 2019 (camisa na cor amarela com logomarca definitiva);  em 2020 não houve o evento devido a Pandemia da Covid-19;

IV – 20 de novembro de 2021 (Camisa cor Azul);

V – 19 de novembro de 2022 (Camisa cor Verde);

VI – 14 de outubro de 2023 (Camisa cor Abóbora);

VII – 16 de novembro de 2024 (Camisa Rosa Pink) e

VIII – 20 de setembro de 2025 (Camisa cor Verde Limão).

PERI-MIRIM: Ana Cléres Santos Ferreira

Ana Cléres Santos Ferreira nasceu no Povoado Cametá, Peri-Mirim/MA, em 30 de setembro de 1964. Filha de José Santos e Maria Amélia Martins Santos. Casada com Antônio Campos Sodré Ferreira, com quem tem dois filhos: José Sodré Ferreira Neto e Paulo Victor Santos Ferreira. Educou, desde pequena Ana Carolina Silva Martins, filha do seu irmão caçula que veio a óbito em 05 de setembro de 2011. Tem uma neta, filha do seu filho mais velho e de sua nora Cibelle Rocha: Manuela Rocha Santos Sodré, que mora em Fortaleza/CE.

Ana Cléres é a nona filha de uma prole de onze irmãos: 1) Francisco Xavier Martins dos Santos; 2) Ademir João Martins dos Santos (in memoriam); 3) Cleonice de Jesus Martins Santos; 4) Edmilson José Martins dos Santos; 5) Ricardina Militina Martins dos Santos; 6) Ademir Martins Santos; 7) Maria do Nascimento Martins dos Santos; 8) Ana Creusa Martins dos Santos; 9) Ana Cléres Santos Ferreira; 10) José Maria Martins Santos e 11) Carlos Magno Martins Santos (in memoriam).

Estudou as primeiras letras na Escola Sá Mendes, no Povoado Ilha Grande. Com seis anos de idade foi estudar a 1ª série no Grupo Escolar Carneiro de Freitas, tendo que caminhar 10 km para ir e vir à Escola. Por ser muito pequena, suas pernas doíam e ela tinha que ser carregada pelos irmãos mais velhos: Edmilson e Ademir. Também tinha muita dificuldade para acordar às quatro horas da manhã para tomar banho e depois tomar o café e caminhar os 5km entre o Cametá e a sede do município. Seu pai, sempre carinhoso, a estimulava a tomar banho, enquanto exibia a batata ou macaxeira fumegante para acompanhar o café da manhã. Na saída, os pais sempre estavam à porta para abençoar os filhos, desejando boa sorte e falando para prestarem bastante atenção às aulas. Por volta das 13h chegavam em casa de volta.

Aos domingos toda a família ia aos cultos, na Ilha Grande, ou na casa de Santinho no Cametá. O culto era celebrado, ou por seu pai José Santos, ou por Pedro Martins. Uma vez por mês, o Padre Gerard Gagnon celebrava a Santa Missa. Ana Cléres logo se destacou para compor o Coral, viajava para sede de Peri-Mirim para treinar os cânticos com Ana Lúcia e equipe.

Nos cultos Ana Cléres era destaque com sua bela voz entoando os cânticos de Entrada, Ofertório, Comunhão e Cântico Final. Aquele momento para as crianças servia mais como diversão que, verdadeiramente, ato de Fé. Para José Santos e sua família, o domingo era sagrado, naquele dia não se fazia o trabalho duro da roça. Somente à tarde José se liberava um pouco para exercer a barbearia, pois, cortava o cabelo dos amigos que o visitavam, sempre acompanhado de longas conversas e gargalhadas. A criançada ficava sentada no chão para ouvir as conversas e sair em disparada carreira caso José pedisse água – aquele momento era disputadíssimo para beberem o restinho de água que ficava no copo.

Sua mãe se ocupava de fazer pequenas consertos de roupas, dobrar roupas e conversar sobre histórias de príncipes e princesas. Todos dormiam cedo. A mãe falava “hora de se agasalhar”. A reza do terço e da oração ao Anjo da Guara eram sagrados, não dormiam sem rezar, para não terem pesadelos e serem protegidos: “Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarda, me governa, me ilumina. Amém”, todos entoam ao mesmo tempo.

A religiosidade era marcante na década de 60 e 70. Na Comunidade do Cametá e Ilha Grande, no final do ano, armava-se o Presépio para homenagear o nascimento do Menino Jesus. Geralmente o presépio era levantado nas casas de Maria de Nhonhô ou de Lourdes de Pedro Martins. Era pura diversão para crianças e jovens. Antes da reza, faziam muitas brincadeiras. Depois da reza, sempre se servia um lanche, fornecido por um novenário. No dia 6 de janeiro (no dia de Reis) era desmontado o Presépio e queimadas as palhinhas, levantando um cheiro maravilhoso da murta usada no presépio. Era um momento muito triste, em que se cantava: “adeus meu menino, adeus meu amor; até para o ano se eu viva for”.

Ana Cléres gostava de histórias de lobisomem, mula sem cabeça e outras “visagens”. Ela se disfarçava de criaturas “do outro mundo” usando um lençol branco sobre um socó na cabeça e uma lamparina.

Quanto à sua vida escolar, Ana Cléres cursou parte do primário no Colégio Carneiro de Freitas em Peri-Mirim (1ª à 3ª série). A 4ª série cursou em São Luís, no Colégio Ivan Saldanha, na época residia com sua irmã Cleonice na Rua da Estrela, no Centro da cidade. Retornou a Peri-Mirim para cursar a 6ª e 7ª séries do Ginásio na Escola Municipal Cecília Botão e a 8ª cursou no CEMA em São Luís, onde as aulas eram televisionadas, tendo apenas um orientador fisicamente.

Após concorrida seleção, foi aprovada e estudou o primeiro ano do Ensino Médio no Liceu Maranhense. O 2º e 3º ano do Ensino Médio, foi selecionada para estudar na Escola Técnica Federal, no curso técnico de Agrimensura. Lembra com carinho dessa época em que fez muitas amizades, as quais mantém até os dias de hoje.

Em 1986 teve seu primeiro filho José Sodré Ferreira Neto. Em 1988 foi aprovada em 1º lugar no Concurso do Banco do Brasil. Foi lotada no município de São Luís Gonzaga. Teve de deixar seu filho com apenas dois anos de idade aos cuidados dos seus avós maternos e de sua irmã Cleonice. Apesar da confiança, foi um tempo muito sofrido, pois, somente via seu filho nos finais de semana. Seu filho, aos dois anos foi estudar no Colégio Menguinho e logo depois, no Colégio Marista, onde terminou o ensino médio. Quando Sodrezinho tinha sete anos, o levou a São Luís Gonzaga para estudar a primeira série. Ele que era um menino muito esperto, não quis ficar, pois, percebeu que o ensino estava muito aquém daquele que costumou ter no Colégio Marista.

Paulo Victor que nasceu 1991 ficou com Ana Cléres e por lá estudou as primeiras letras, depois, foi para São Luís estudar no Colégio Dom Bosco. Seus dois filhos biológicos são formados em Direito e nessa área construíram suas carreiras.

Quanto à sua vida laboral, Ana Cléres era conhecida como trabalhadora, muito esperta, sabia montar a cavalo, empurrar canoa, correr pelos campos atrás de gado, sabia laçar, enfim, era uma menina destemida.

Sua vida profissional no Banco do Brasil foi marcada por muitos desafios e alegrias – amava o seu trabalho. Após aprovação no concurso, tomou posse no município maranhense de São Luís Gonzaga em 14 de março de 1988, ficando na Agência até abril de 2004, transferindo-se para Pinheiro no dia 12 de abril de 2004.

Sua trajetória de funções no Banco do Brasil foram: inicialmente, Escriturária, depois, cargo de Caixa Efetivo. Em 1994 houve reestruturação da Agência, o quadro foi reduzido onde atuavam em todos os setores de Caixa, Supervisor e até Gerente Geral. Depois de anos foi efetivada como Gerente de Serviço.

Em abril 2004, foi transferida para Pinheiro como Caixa Executivo, sendo cedida para Agência de Alcântara para implantação daquela agência. Retornou à Agência Pinheiro, tempo depois assumiu a Gerência de Expediente. No dia 18 de dezembro de 2016 aposentou-se, encerrando um ciclo de muito aprendizado e, ao final, encerrou a carreira com a sensação do “dever cumprido”.

Atualmente, Ana Cléres dedica-se às obras sociais, especialmente em sua comunidade, às atividades de agricultura e pecuária no Sítio Boa Vista em Peri-Mirim. Ela é feliz com o que faz, e sente-se grata pelo ambiente acolhedor em que vive. Ela plantou um bosque ao qual denominou Santuário das Anas, em homenagem às várias Anas da família. Cultiva um grande jardim com muitas espécies de flores. Ela é gestora do Projeto Plantio Solidário da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) e presidente da Associação Ação de Graças na Jurema.

PLANTIO SOLIDÁRIO DA ALCAP: Sumaúma de José dos Santos

Por Ana Cléres Santos Ferreira

A Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP) lançou o projeto intitulado: Plantio Solidário “João de Deus Martins”. A primeira etapa do projeto prevê que cada membro da ALCAP deverá plantar uma árvore duradoura em homenagear ao seu patrono.

Para representar o patrona da Cadeira nº 24 da Academia, José dos Santos, o acadêmico ocupante da referida cadeira, José Sodré Ferreira Neto escolheu a Sumaúma ou Samaúma (Ceiba pentranda), árvore conhecida pela sua grandiosidade e beleza. A árvore foi plantada nas terras do Sítio Boa Vista, localizado no Povoado São Lourenço.

Árvore rainha da Amazônia, gigantesca e sagrada para os maias e povos indígenas. Pode chegar a 50 metros de altura e viver cerca de 120 anos.

É das famílias das Malvaceae, encontrada em florestas pluviais da América Central, da África ocidental, do sudeste asiático e da América do Sul. No Brasil, ela ocorre na região da Amazônia, onde existe também uma ilha denominada Sumaúma, no rio Tapajós. Suas gigantescas raízes, são chamadas de sapopemas (palavra do tupi que significa raiz chata).  Conhecida como a “árvore da vida” ou “escada do céu“. Os indígenas consideram “a mãe de todas as árvores“.

Curiosidades sobre a Sumaúma

Seus frutos são cápsulas amareladas de 5 a 7 centímetros de diâmetro, por 8 a 16 cm de comprimento, onde cada uma pode conter de 120 a 175 sementes, envoltas em uma paina (fibra natural semelhante ao algodão), de características leves, brancas e sedosas.

Das sementes também pode se extrair o óleo que, além do uso alimentar, é usado também na produção de sabões, lubrificantes e em iluminação, além de ser eficiente no combate à ferrugem. Rica em proteínas, óleo e carboidratos, a torta das sementes serve de ração para animais e como adubo.

A fibra natural que envolve os seus frutos, é utilizada como alternativa do algodão, usada para encher almofadas, isolamentos e até colchões.

A samaúma também possui propriedades medicinais Da seiva da sumaúma é produzido medicamento para o tratamento da conjuntivite. A casca tem propriedades diuréticas e é ingerido na forma de chá, indicado para o tratamento de hidropisia do abdômen e malária. Certas substâncias químicas extraídas da casca das raízes combatem algumas bactérias e fungos. Em margens de riachos secos, as raízes descobertas da sumaúma fornecem água potável no verão.

Quanto à sua veneração, de acordo com a sabedoria da floresta, na base da sumaúma há um portal, invisível aos olhos humanos que conecta esta realidade com o universo espiritual. Os seres mitológicos das matas entram e saem por esse portal.

A muda de Sumaúma foi plantada em 2023 pela gestora do Projeto, Ana Cléres Santos Ferreira, a semente foi coletada de uma árvore localizada no bairro do Outeiro da Cruz em São Luís, esta árvore que já é tombada pelo município.

ASSOCIAÇÃO AÇÃO DE GRAÇAS NA JUREMA É REGISTRADA EM CARTÓRIO

Aos dezesseis dias de novembro de dois mil e vinte e quatro, reuniram-se durante a sétima Ação de Graças na Jurema, no Sítio Jurema, Povoado Cametá, localizado no município de Peri-Mirim, Estado do Maranhão, os signatários desta Ata, com a finalidade precípua de fundarem a ASSOCIAÇÃO AÇÃO DE GRAÇAS NA JUREMA, entidade de direito público privado que tem a missão institucional de promover a assistência social; promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata a Lei nº 9.790/99; promoção da segurança alimentar e nutricional; defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; promoção do voluntariado; promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza; experimentação, não lucrativa, de novos modelos socioprodutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar; promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais; estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas; estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização; promoção do ecoturismo e a implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de transporte; de ser um canal de interlocução com as diversas esferas do Poder Público para discussão, reivindicação, proposição e superação das necessidades históricas da sua área de atuação, teve seu estatuto aprovado nessa oportunidade e registrado em Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas no dia 19 de dezembro de 2024, sob o nº 1.633 do Cartório de Registro Único de Peri-Mirim/MA.

A Primeira Diretoria Executiva da entidade eleita, para o mandato de 04 (quatro) anos, está assim composta: Presidente: ANA CLÉRES SANTOS FERREIRA; Vice-Presidente: EDMILSON JOSÉ MARTINS DOS SANTOS; Presidente de Honra: ADEMIR MARTINS SANTOS; Primeira Secretária: ANA CREUSA MARTINS DOS SANTOS; Segunda Secretária: RICARDINA MILITINA DOS SANTOS PIRES; Primeiro Tesoureiro: JOSÉ DOS SANTOS NETO; Segunda Tesoureira: MARIA DO NASCIMENTO MARTINS DOS SANTOS, brasileira e Membros do Conselho Fiscal: FRANCISCO XAVIER MARTINS DOS SANTOS; CLEONICE DE JESUS MARTINS SANTOS e JOSÉ MARIA MARTINS SANTOS.

Estatuto da Ação de Graças na Jurema

Ata da Assembleia de Eleição

Relação dos Membros da Diretoria

Relação dos Presentes à Assembleia

VII AÇÃO DE GRAÇAS NA JUREMA: Cantinho Ecológico

Seguindo a tradição, desde a primeira Ação de Graças na Jurema que o Cantinho Ecológico faz sucesso na distribuição e troca de mudas de árvores e plantas ornamentais. Nesta VII Ação de Graças ocorrida em 16 de novembro de 2024, além da participação da Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), com a quarta edição de trocas, mudas e saberes dentro do Projeto Plantio Solidário, que tem como gestora Ana Cléres Santos Ferreira, este ano, a Ação de Graças lançou o Projeto “Sabedoria Ambiental: quem pensa preserva!

Além da distribuição de brinquedos, kits de higiene bucal, garrafinhas para água, da presença dos palhaços JU, RE e MA; a criançada contou com o talento especial de Ana Sheilla Pinheiro Pimentel, estudante da Escola Municipal Carneiro de Freitas, filha de Maria do Carmo Pinheiro, amiga da Academia de Letras Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP). Sheilla e sua mãe e Alice passaram o dia inteiro distribuindo mudas e orientações ecológicas. A dupla ofereceu cartões de lembranças – com frases motivacionais – lembrando a Ação de Graças do ano passado.

Os registros do Cantinho Ecológico são emocionantes, Sheila se revelou uma exímia fotógrafa. Parabéns e Gratidão a todos os envolvidos.