Ministério Público Federal recomenda a suspensão imediata da autorização concedida para início da operação da embarcação José Humberto

A Capitania do Portos do Maranhão tem prazo de 48 horas para informar sobre acatamento da recomendação e medidas adotadas para seu cumprimento.

O Ministério Público Federal (MPF) expediu recomendação, na quarta-feira (6), para que a Capitania dos Portos do Maranhão, representada por seu Capitão de Mar e Guerra, Alexandre Roberto Januário, promova a imediata suspensão da autorização concedida para início da operação da embarcação José Humberto, no Sistema de Transporte Aquaviário. A embarcação responsável por fazer a travessia entre os Terminais da Ponta da Espera e Cujupe tem apresentado sérios problemas durante a sua operação, com diversas ocorrências relatadas pela população usuária do transporte.

De acordo com nota divulgada pela Capitania dos Portos do Maranhão, no dia 21 de junho de 2022, foram encontrados problemas na documentação e nas condições estruturais do ferry boat, como, avarias de casco, meios de comunicação de segurança inexistentes, vazamento de óleo, dentre outras graves irregularidades. Além disso, a vistoria paralelamente realizada pelos peritos do MPE/MA no dia 20 de junho, apontaram 24 graves deficiências na embarcação que prejudicam a segurança da navegação, da vida humana e do meio ambiente.

Já na inspeção realizada pelos agentes de segurança do MPF no dia 28 de junho, o Capitão Alexandre Januário informou que houve correção parcial dos problemas, mas sem ficar estabelecido prazos para a correção das demais anormalidades. Desde o dia 28 de junho, a embarcação opera com 100% de sua capacidade de lotação. No entanto, de acordo com especialistas na área, não houve tempo suficiente para o solucionamento dos problemas identificados.

O MPF também emitiu ofício ao procurador-geral da Justiça para cientificar o MPMA, a respeito da recomendação e para pedir a adoção das providências cabíveis em relação aos atos comissivos e omissivos praticados pelo estado do Maranhão, principalmente através da atuação da Agência Estadual de Mobilidade Urbana e Serviços Públicos (MOB), que estão causando sérios e inúmeros transtornos à população maranhense usuária do serviço de ferry boat.

Dessa forma, o MPF recomenda a paralisação imediata da embarcação José Humberto no Sistema de Transporte Aquaviário, tendo em vista a ausência da devida comprovação de todas as correções das irregularidades documentais e, principalmente estruturais que constam no relatório técnico da vistoria realizada pela Marinha, como também pelo laudo elaborado pelo MPMA, bem como pelas deficiências identificadas pela Comissão de Procuradores da República e Promotores de Justiça que acompanharam o ato fiscalizatório. Além disso, ressalta-se que a Capitania poderá ser responsabilizada cível e criminalmente por quaisquer eventos futuros que evidenciem sua omissão.

Assim, a partir da entrega da recomendação, fica concedido o prazo de 48 horas para que a Capitania informe sobre o acatamento e as medidas adotadas para o seu cumprimento. Em caso de ausência de resposta no prazo estabelecido pelo MPF, medidas judicias serão cabíveis.

Íntegra da recomendação expedida pelo MPF

Fonte: Assessoria de Comunicação do Ministério Público Federal no Maranhão

PGR investiga Flávio Dino e Brandão por fraude na licitação de R$ 1,5 bilhão do ferryboat

A Procuradoria Geral da República (PGR) instaurou investigação para apurar o envolvimento do ex-governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), em suposta fraude licitatória, cujo objeto é a concessão do serviço de transporte aquaviário intermunicipal via ferryboat de valor estimado em R$ 1.568.570.346,00 (um bilhão, quinhentos e sessenta e oito milhões, quinhentos e setenta mil, trezentos e quarenta e seis reais).

Obtido com exclusividade pelo Blog do Neto Ferreira, o documento mostra que o caso está sendo analisado pela Assessoria Criminal do Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde começam a tramitar as ações que envolvem governadores. Na investigação, também foi descoberta a ligação do atual governador Carlos Brandão (PSB), com empresários vencedores da licitação bilionária.

Há indícios de graves irregularidades na Concorrência Pública nº 1/2021 – CSL/MOB/MA – Processo Administrativo nº 0085837/2021 – realizada pela Agência Estadual de Mobilidade Urbana e Serviços Públicos (MOB), na qual sagram-se vencedoras as empresas Celte Navegação, do Pará, e Internacional Marítima, localizada em São Luís. A denúncia foi formalizada pelo deputado estadual Wellington do Curso (PSC).

Sob a coordenação da subprocuradora-geral da República, Lindôra Maria Araújo, que também comanda a Assessoria Criminal do STJ, foi realizada consulta ao sistema Radar do Ministério Público Federal (MPF), onde os sócios das empresas aparecem com comunicações de ofício do Conselho de Controle de Atividades Financeiras – Coaf por movimentações financeiras atípicas.

Com base nas informações, a representante ministerial determinou o aprofundamento das investigações e solicitou os relatórios completos da Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise (SPPEA) da PGR sobre o procedimento licitatório e de inteligência financeiro do Coaf.

A análise da SPPEA relata que há um elo entre os sócios da Internacional Marítima, Luiz Carlos Cantanhede Fernandes, Cristiano Barroso Fernandes e a cúpula do Governo do Maranhão.

Segundo o cruzamento de dados, o governador Carlos Brandão possui forte vínculo de amizade com o empresário Cristiano Fernandes, que também preside a Associação Comercial do Maranhão (ACM). A empresa de Cristiano continua operando no transporte aquaviário de maneira precária.

Quando vice-governador, o socialista chegou a marcar presença na cerimônia de posse do sócio da Internacional na presidência da ACM, cargo para qual foi eleito em 2020. Há imagens retratando o nível de amizade entre os dois durante o evento.

Em outro trecho do documento, a PGR aponta para a ligação de Flávio Dino com o advogado Willer Tomaz em um processo que tramita sob sigilo no Superior Tribunal de Justiça. O senador Weverton Rocha (PDT) é citado no documento pela relação de amizade que mantém com o causídico.

A apuração sobre o envolvimento da cúpula do Palácio dos Leões é sigilosa. Se os investigados forem denunciados, podem se tornar réus e responder judicialmente por peculato e fraude no processo licitatório de R$ 1,5 bilhão.

Procurados pela reportagem de Neto Ferreira, o ex-governador Flávio Dino, o governador Carlos Brandão e os empresários não se manifestaram até o fechamento da matéria, atualizada em 13:33h de hoje (05/07/2022).

Fonte: Neto Ferreira e Rádio Maracu

COISAS E LOAS XX (A CASA BEM ASSOMBRADA)

Por Zé Carlos

Trago comigo a casa dos meus avós, situada na esquina da rua Floriano Peixoto e da travessa Artur Sá, como uma parte essencial da minha jornada. De verdade, é uma referência forte, que me deu, me dá estrutura e me forjou para a caminhada segura e feliz; embora, algumas vezes, se apresente tão árdua e cheia de imprevistos.

A casa, de minha infância, esteve sempre repleta. Em um vivo movimento e com histórias fantásticas. Histórias, que permeiam a vida de muitas e muitas pessoas. Histórias reais, em que a presença marcante da minha avó impõe-se, a evitar, sempre, que houvesse um colapso, sem medidas.

Senão vejamos. Os meus avós receberam, como morador, o compadre AJ, com acentuados distúrbios mentais, que era o terror para nós, quando crianças. E, como crianças, em nossas curiosidades infantis, queríamos desvendar tanto mistério. O que faltava era somente a coragem. Então, só nos restava o medo, ao passar pela porta do seu quarto, sempre fechada, em um silêncio aterrador, quebrado apenas pela tosse seca e persistente, que assustava sem medida. Hoje percebo que o proibido dava-nos uma tamanha adrenalina, que nos empurrava a tentar descobrir o que não nos cabia. Mas, a verdade é que a simples menção me faz tremer ainda hoje.

Marcante, também, é o pouso de um “preto velho”, misterioso, que meu tio resgatou do frio e da fome, da fila do FUNRURAL. Ele vinha das bandas do Turi e, sem a menor cerimônia, mentia “que só”, passando o dia todo, todo dia, a comer “fumo de mólho”. Deixava-se ficar por um longo tempo, até partir, para retornar 4, 5 meses depois. Essa visita fez-se constante por anos e anos. Ao cessarem suas idas e vindas, só nos restou imaginar que já tinha feito a passagem. Partiu desta para melhor. Bateu as botas. Desencarnou.
Invariavelmente, os músicos, do interior ou de municípios vizinhos, vinham em busca de hospedagem, pois tocavam com o meu tio. Aí, eram vários dias de ensaios e um espalhar de rede pela corredor, varanda e sala, num contar de causos e gargalhadas até altas horas.
Nesse cenário, uma moradora do Bom Viver, Chica Polícia, era uma presença constante. Acho, até, que passava mais tempo na minha casa sagrada do que em sua própria. Ainda mais que estava, invariavelmente, às voltas com pendências policiais e jurídicas, vivendo em um mundo paralelo, em que buscava vantagens e mendicância, sempre.

Se parasse por aqui, já estaria de bom tamanho, mas preciso dizer que a minha avó criou muitas “filhas alheias”. O que invariavelmente rendeu boas histórias. Só, para termos uma pequena ideia disso tudo, houve uma, que, ao lhe ser pedido para verificar se o óleo, na frigideira, estava quente, mergulhou o dedo e saiu “sabrecada”. Que palavra desenterro! Infame!

E o que dizer da comadre M, moradora do Alto do Braga, que, depois de uma “descansada”, após o almoço, deitada numa rede, armada na pequena despensa, ao despertar do sagrado cochilo, questionou a minha avó. Queria saber “quem era a velhinha feia, que estava dentro da portinha a espiar”. Já estava, vejam só, incomodando!? Minha avó, um pouco cismada, foi verificar o ponto indicado e descobriu que a velhinha feia era a própria comadre, refletida no espelho do guarda-roupa, que ficava à frente da rede, em que ela descansara. Barbaridade!

E, para fechar, sem entrar no universo político, das inúmeras reuniões realizadas na sala grande, era comum encontrar, na cozinha da vovó, em serenidade impressionante, Domingas e Felicidade Bucho Pôdi, que lhe vinham pedir “abênçãos”. Haja vovó, a ser o fiel “fiel da balança” e equilibrar tudo isso!

Agora, tenho certeza de o porquê da casa da minha vida ser bem assombrada! Axé!

Reflexos da criação extensiva de bubalinos nos campos da Baixada Maranhense

Por Valdeci Assunção*

Os campos naturais da Baixada Maranhense enfrentam muitos problemas, entre eles destaco:
1. Criação ultra extensiva de búfalos;
2. Caça e pesca predatória e
3. Salinização em decorrência do inevitável aumento do nível das marés.

No caso da criação ultra extensiva de búfalos tecemos as seguintes considerações:

1. Chegaram na Baixada no início da década de 60, estimulados pela visão desenvolvimentista do governo, por meio da SUDAM e EMBRAPA, com a promessa de redenção da pecuária local, porém, não foi feito nenhum estudo prévio com o objetivo de avaliar os reais impactos na região levando em conta suas peculiaridades e comportamento dos animais.

2. No início, com grande oferta de alimentos em relação ao número de animais, num primeiro momento a premissa salvadora da atividade pecuária pareceu verdadeira.. Mas, com o aumento dos rebanhos e o fato de que os campos naturais não se constituírem no habitat do búfalo, ao longo dos anos as consequências negativas ao ecossistema foram avassaladoras, com sérios reflexos econômicos e sociais para as populações que dependiam e ainda dependem dos campos.

2. Mas, no decorrer dos anos foi revelada a verdadeira face nefasta da bubalino cultura, os resultados altamente negativos para o meio ambiente e, consequentemente, para as populações de baixa renda que viviam secularmente em equilíbrio praticando atividades extrativas, principalmente caça e pesca, além da criação de suínos.

Segundo parecer do IBAMA, a criação extensiva de búfalos gerou os seguintes impactos ambientais:
– Redução da qualidade hídrica, pois a grande concentração na água aumenta e excreção de dejetos que fermentado produzem gases prejudiciais à vida aquática;
– O constante deslocamento deixa a água escura e barrenta, imprópria para consumo e com má qualidade para os peixes;
– A vegetação é destruída pelo pisoteio e caminhada prejudicando os demais animais, principalmente bovinos e
– O maior problema é o assoreamento de açudes, rios e lagos

3. A combinação que resultou na degradação ambiental dos campos naturais da Baixada via criação extensiva de búfalos foi: Crédito fácil e barato via Basa e BEM, mas infelizmente beneficiou somente os grandes proprietários e residentes na capital, totalmente descompromissados com a realidade local.

4. Esse quadro levou à adoção de um manejo que não visava a preservação e exploração sustentável dos campos naturais da Baixada. Pelo contrário, predominava a irracionalidade. Tanto que em São João Batista é corrente a história de que dois grandes criadores competiam para ver quem tinha mais búfalos.

5. Situações como essa e outras levaram à superpopulação de animais.

6. A degradação ambiental foi de tal monta que chamou a atenção internacional. Essa realidade se traduz no fato de que o Banco Mundial (nações unidas) condicionou a liberação de um empréstimo de bilhões de dólares para o Maranhão e com foco na Baixada somente após a solução da problemática da criação extensiva de búfalos nos campos naturais.

7. Depois de muitas pressões, celeumas foi editada em 1991 uma Emenda à Constituição Estadual (dá para perceber o tamanho dos interesses) que não só prévia a retirada dos animais criados soltos nas áreas de campos inundáveis como proibia a criação mesmo presa em áreas públicas:

Art. 46. O criador de gado bubalino, no prazo previsto no § 2º do art. 24 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição do Estado, deverá efetuar a retirada dos búfalos que estejam sendo criados nos campos públicos naturais inundáveis das Baixadas Ocidental e Oriental Maranhenses, observadas as condições estabelecidas nos §§ 1º e 2º deste artigo.
§1º A retirada dos búfalos dar-se-á imediatamente após o julgamento dos processos discriminatórios administrativo ou judicial, cabendo ao Poder Executivo a adoção de medidas para o cumprimento do disposto neste parágrafo. (Acrescentado pela Emenda Constitucional nº 05, de 03/10/1991)
§2º Das áreas definida neste artigo que tenham sido discriminadas até 05 de outubro de 1991, a retirada dos búfalos dar-se-á, improrrogavelmente, no prazo de seis meses a contar desta data. (Acrescentado pela Emenda Constitucional nº 05, de 03/10/1991).
§ 3º Encerrado o prazo a que se refere o caput deste artigo, não será permitida a criação de gado bubalino nas Baixadas Ocidental e Oriental Maranhense, ressalvado o direito de proprietários de terras particulares legalmente registradas e reconhecidas pelo Estado, desde que o criatório se processe em regime de propriedades cercadas. (Acrescentado pela Emenda Constitucional nº 05, de 03/10/1991).

8. Apesar da determinação constitucional em proibir a criação extensiva de búfalos na Baixada, a prática continua. Por meio da impressa local se tem conhecimento de ações na Justiça Federal impetradas por criadores que travam o processo. Ressalvando que um dos grandes criadores da Baixada é um expoente importante da Justiça Federal.

9. Em síntese: A criação extensiva de bubalinos nos campos naturais da Baixada produziu alterações negativas irreversíveis ao ecossistema. Em São João Batista eu cito como locais emblemáticos dessa degradação: Teso dos Cajazeiras, Malhada, Baixa do Taumatiuá, Madeira e Perapindiba.

10. Se por um lado, há aspectos da degradação considerados irreversíveis, por outro, há exemplos em que, se a natureza tiver um mínimo de oportunidade de alguma forma, ela volta a mostrar sua pujante beleza e produção.

11. Embora haja proibição legal no que tange ao uso de cercas nos campos, este tem sido um procedimento posto em prática por alguns moradores das áreas mencionadas.

12. No início das chuvas estão cercando algumas áreas de baixas e com grande concentração de búfalos e a resposta está sendo impressionante. Livres do excesso de pastejo, a vegetação cresce rápida e exuberante, com destaque para o guarimã, de elevada importância na alimentação de animais domésticos (patos e porcos principalmente) e como viveiro de jaçanãs.

13. As imagens a seguir, falam por si sós:

a) Primeiro, as áreas abertas, desprotegidas, predominância de algodão bravo e água barrenta;

b) segundo, as áreas protegidas, com bastante vegetação;

c) Imagem nos limites entre a parte protegida, sem búfalos e as áreas abertas.


* Valdeci Assunção. Teve os seguintes êxitos no campo profissional: Em 1983 foi aprovado em concurso do Banco do Brasil galgando o cargo de gerente. Em 1992 foi aprovado no concurso do Tribunal Regional do Trabalho em Recife-PE. Em 1994 foi aprovado sucessivamente nos seguintes concursos: a) Tribunal Regional do Trabalho do Amapá. b) Tribunal de Justiça do Amapá. c) Ministério do Trabalho e Emprego. Em 2003 foi selecionado para compor comissão especial no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego, Tribunal de Contas da União-TCU e Controladoria Geral da União-CGU. Na atividade profissional exerceu os seguintes cargos, empregos e funções: de 1983 a 1990 foi empregado no Banco do Brasil, chegou a gerente de suporte. De 1991 a 1994 ficou na iniciativa privada. De 1994 a 1995 atuou no Tribunal Regional do Trabalho no Amapá. De 1996 até 2019 atuou no Ministério do Trabalho e Emprego exercendo as funções de Auditor e também Superintendente Regional no estado do Amapá. Foi integrante de Comissão de Tomada de Contas Especial, em conjunto com o Tribunal de Contas da União e Controladoria Geral da União. Importante destacar que nesse período, durante todos esses anos manteve intensa conexão com o seu lugar de origem. Os campos da Baixada Maranhense de maneira ordenada listamos as ações desenvolvidas ao longo de mais de 30 anos: 1 Desenvolvimento de tecnologias adaptadas à realidade dos campos inundáveis ou encharcados e rotinas voltadas para o manejo animal. 2. Introdução de espécies vegetais novas em especial de capins. 3. Intenso trabalho de conscientização visando a redução das rotineiras queimadas nos campos durante os períodos secos. 4. Introdução de reprodutores e matrizes melhoradas. Finalmente, em consonância com a linha de que uma imagem fala mais do que mil palavras, que se vê a seguir reflete de forma clara as lutas e mudanças ao longo do tempo.

Marinha constata discrepâncias na documentação e nas condições estruturais no Ferry Boat José Humberto

Por meio de Nota, datada de 21 de junho de 2022, a Marinha do Brasil informa que:

“A Marinha do Brasil (MB) informa que foi realizada, na manhã de ontem (20), uma vistoria no Ferryboat “José Humberto” para verificar suas condições perante a Autoridade Marítima. Na ocasião, foram constatadas algumas discrepâncias na documentação e nas condições estruturais. Somente após serem sanadas estas discrepâncias, uma nova vistoria será realizada pela Capitania dos Portos do Maranhão. Cabe destacar que o transporte de ferry boat é uma importante via de integração da ilha de São Luís com a Baixada Maranhense, portanto a ação visa garantir a segurança da navegação e a salvaguarda da vida humana no mar”. (grifou-se). Leia aqui a Nota da Marinha.

Confira o Jornal da Difusora do dia 21/06/2022 que veicula a notícia sobre a inspeção da Marinha no Ferry Boat José Humberto.

Mais um grande passo para a composição do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Turiaçu

Hoje (21/06/2022) aconteceu mais um grande passo para a composição do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Turiaçu, de forma remota, pelo streaming com transmissão ao vivo via YouTube.

? Estiveram presentes o Secretário Municipal do Meio Ambiente de Santa Helena, Saulo Arouche, a Vice Coordenadora do Fonasc, Thereza Christina Castro, Gabriel Silva, representando a Sema Estado, Nathalia Pinheiro, representando Associação Maranhense dos Engenheiros Ambientais-AMEA, Deuzilene reapresentando a Colônia de Pesca de Nova Olinda do Maranhão, Ana Ilda representando a Associação dos Pescadores e Pescadoras do Município de Santa Helena, Marlon Ribeiro, OAB – Subseção de Pinheiro, Luís Carlos, SAMAR – Sociedade Ambiental de Materiais Recicláveis e convidados.

A criação do comitê da bacia hidrográfica do Turiaçu surgiu por meio de um diagnostico situacional da cidade de Santa Helena, onde percebeu-se que se fazia necessária a visão macro de mecanismos para a gestão e gerenciamento de ações no referido rio, por se tratar de um bem que exibe muita exuberância e riquezas e essas articulações foram sendo feitas com a administração municipal que teve sempre a sensibilidade para com as causas ambientais.

?O comitê da bacia hidrográfica do Rio Turiaçu tem como função debater e executar interesses comum de representantes da bacia hidrográfica, que discutem e deliberam a respeito da gestão dos recursos hídricos.

Comissão externa do Senado vai acompanhar situação dos ferry boat no Maranhão Fonte

O Plenário do Senado aprovou, na noite de segunda-feira (13), a criação de uma Comissão Externa para acompanhar a situação da travessia de ferry boat que conecta a região ocidental do Maranhão à ilha de São Luís, capital do estado (REQ 442/2022). A Comissão será composta de três senadores titulares e igual número de suplentes e terá 120 dias de prazo para concluir seus trabalhos.

O requerimento é de autoria do senador Roberto Rocha (PTB-MA). De acordo com o senador, esse sistema de transporte é fundamental para os maranhenses e vem passando por uma crise sem precedentes, que tem impedido os cidadãos de exercer seu direito de ir e vir, colocando “em risco a segurança daqueles que, após enfrentar filas quilométricas, precisam utilizar diariamente as embarcações ainda disponíveis”. Roberto Rocha informa que a situação precária vem desde o ano de 2015 e que as reclamações têm aumentado nos últimos tempos.

Fonte: Agência Senado

Ministério Público Federal é acionado para ajudar na fiscalização dos serviços Ferry Boats

O Ministério Público Federal foi acionado no sentido de fiscalizar a atuação da Marinha do Brasil/Capitania dos Portos do Maranhão no que se refere ao procedimento de emissão dos documentos (I- Certificado de Segurança de navegação; II- Cartão de Tripulação de Segurança; III- Licença de construção para embarcação já construída; IV- Certificado nacional de Borda; V- Certificado de Classificação de Casco e Estrutura e VI- Certificado de Classificação de Máquinas, Equipamentos e Eletricidade) relativos a embarcação José Humberto, apresentada pela empresa RODOFLUVIAL BANAV LTDA, CNPJ nº 02.584.987/0001-64, para realizar a travessia via ferry-boat entre os Terminais da Ponta da Espera e Cujupe.

O acompanhamento do Ministério Público Federal na emissão dos documentos a serem expedidos pela autoridade marítima se revela de fundamental importância para resguardar os legítimos interesses dos usuários do transporte aquaviário do mencionado trecho marítimo, ressaltou o Ofício do Ministério Público Estadual dirigido ao Procurador Chefe da Procuradoria da República no Maranhão – MPF, Dr. THIAGO FERREIRA DE OLIVEIRA.

No último dia 01 de junho, o Fórum em Defesa da Baixada Maranhense (FDBM) reuniu-se com o Ministério Público Estadual pedindo providências, conforme matéria publicada em seu site: LEIA A MATÉRIA AQUI.

O FDBM solicitará audiência com as autoridades que possam agir no sentido de minimizar os graves transtornos e segurança aos usuários dos serviços do ferry boat.

O APARELHO

Por Wellington Matos

Segundo relatos e depoimentos das vítimas, em 1977 foi considerado ano das visitas e ataques de “aparelhos” na região da Baixada Maranhense. Os Objetos Voadores Não Identificados (Óvnis), também chamados APARELHOS pelos nativos baixadeiros, causaram medos e dúvidas sobre esses fenômenos desconhecidos, se eram de outros planetas ou tecnologias dos norte-americanos e russos pela corrida espacial.

Agentes de Jornais impressos, rádios e TVs, ufólogos, e oficiais da aeronáutica, estiveram na baixada coletando depoimentos de pessoas vitimadas, sobretudo, daqueles que tiveram contato de 2° e 3° grau, como, por exemplo, nesta parte do depoimento senhor Vicente Chacho, natural do povoado Belas Águas, ao jornal “O Estado do Maranhão” (a cidade, ano V, n° 1316, 16/07/1977):

“Eu viajava montado em um animá pela estrada da beta, na proximidade do lugar Iguarapiranga. Era boca da noite e a tempo de lua nova, quando eu ouvi um barulho seguido de uma luz, a luz clareou o lugar que parecia o dia. Olhei pra riba e me deparei com um aparelho medonho enrriba de mim. Ele me foquiou com uma luz, e eu caí do animá já sem sentido. Quando acordei já era dia, acordei fraco e pálido, como se tivessem chupado uma parte do meu sangue…”

Outro detalhe, nesse caso, a matéria não abordou que o Seu Vicente havia sido socorrido ao amanhecer pelo amigo João de Lídia, que tinha a fama de aumentar os fatos e colocar-se em cena. Disse ele ao amigo:

“Compade Chacho, antes de lhe atacar esse aparelho quase me mata lá na Santa Rosa! Ele botou o facho enrriba de mim, eu ranquei pelo facão e renei em me defender, mas vi que não tinha jeito de brigar com um aparelho, entonssi eu corri para o mato e escapei pra debanda de uma pinduveira. Mas ele ainda ficou me caqueando e depois foi embora”.

O ufólogo norte-americano Bob Pratt, já falecido, esteve em São Bento no mesmo período à procura de depoentes, mas teve que sair às pressas para o município Cajapió para investigar o caso dos pescadores atacados e mortos na Ilha dos Caranguejos. Ele investigou os casos do Maranhão e Pará e no ano seguinte publicou o livro “Perigo Alienígena no Brasil”.

Não esquecendo de frisar, que quando o norte-americano Bob Pratt saiu às pressas de São Bento, esqueceu no hotel da Dona Isaltina uma lista com nomes dos conterrâneos que seriam entrevistados, nomes escritos em inglês, e agora traduzidos pela primeira vez:
Green Cable (Cabo Verde),
Eats People Blessed (Bento Come Gente)
Shit Bone (Caga Osso)
Treads Gold (Pisa Ouro)
Shit in The Can (Caga na Lata)
Brito’s Donkey (Jumento de Brito)
Frog Rump (Garupa de Sapo)
Wash Chicken (Lava Pinto)
Coke Dam (Coça Ova)
Crazy Pig (Porco Doido)
Mutated Shellfish (Cascudo Mutacado)

O TIO BOBO VII (A VÍTIMA DO TURI)

Por Zé Carlos

Após a fúria das tempestades últimas, que inundaram o chão sedento da Chapada, as águas baixaram com uma tremenda rapidez. Algo, que impressionou a todos.

A expectativa, criada, portanto, era de uma temporada de pesca “lá pras bandas” do Turi. Afinal, “o tempo prometia”. Fartura de peixes secos, para “entupir” o paiol e garantir, até o fim do ano, o assado, a torta e o cozidão ao leite de coco.

Com essa atmosfera festiva, tio Bobo, o maior personagem e filósofo da Baixada, animou-se. Preparou o seu “balaio” e partiu, depois de acertar todos os quês e porquês, “tintim por tintim”, com um dos seus (dele) compadres, que morava nas proximidades do Rosário. A única tristeza, nessa aventura, foi não ter Zefa, a sua companheira de sempre, ao seu lado, a acompanhá-lo. Ela sabia que o Turi tem seus mistérios e seus caprichos. Pediu-lhe que fosse ao Pericumã. Mas, nada o fez mudar de opinião. Nem quando lhe disse que suas (dela) carnes não iriam ser comidas pelo rio. Vil profecia. Palavras ditas, palavras cumpridas. E, assim, a vontade do rio fez-se. O tio Bobo “viu-se às voltas” com a sezão, que ia e vinha, num ritual diário. Santo “impaludismo”!

O seu compadre desdobrou-se em cuidados. O chá de quinino fez-se onipresente e foi a sua salvação, pois já estava bem castigado. Vista turva, “injôos”, baldeação, “zumbido nozouvido”, “fastio terrive”.

Após todo esse “dileme”, o tio Bobo voltou só a “titela”. Um espírito cadavérico, sustentado em dois “cambitos”, arqueados e bambos, que incomodavam a quem os visse arrastarem-se como se estivessem dançando, definitivamente, ao sabor do vento. Até parecia que o tio Bobo trocou-se pelos peixes e foi para a secagem no jirau, de talos de palmeira babaçu.

O seu retorno foi uma delicada operação, para “uma saúde tão delicada”. Mas, enfim, viu-se em casa. E, com uma tremenda vontade de viver, recuperava-se, como dizia a minha avó, “a olhos vistos”, sob os cuidados de Zefa, que, incansável, não o deixava um minuto sequer. Haja canja de galinha!

Durante sua convalescença, na varanda do seu velho casarão, passou a tresvariar, o que levou a funda e surrada “baladeira”, dos embalos refrescantes, e o “urinol” a serem as testemunhas mudas e fiéis das inquietações, a lhe assaltar. Inquietações, traduzidas em um mar de lembranças, que lhe se apregaram com uma vitalidade tremenda, remetendo-lhe a mais fortes e inusitadas situações, que estavam adormecidas.

Assim, viu-se menino marcado pelas doenças. Sempre amarelo e barrigudo, “lombringuento”, a arrastar-se pelo terreiro, repleto de “criações”. Escapou do quebranto, com as rezas da “tia” Zuzu, que também lhe livrou de um nó nas tripas e lhe “fechou a arca”. Mas, “tinha o corpo doce”. Então, foi acometido por bexiga, “papeira, dor d’olho, ferida braba, sarampo, turica”. Sem falar, da tossizinha insistente, que mais parecia “um pinto com gôgo”. Tudo combatido com chá de todos os gostos e matizes: raiz de algodão do campo, cabelo de milho, melão de São Caetano, coquinho, buchinha, boldo. Além de leite de janaúba, mijo de vaca preta, gemada, ovo batido com farinha e açúcar, azeite de carrapato, aguardente alemã, salsa três quinas, cerveja preta.

Lembranças, que lhe faziam tremer, mas, paradoxalmente, lhe faziam um bem enorme, por mais irônico que pareça. Via-se no tempo, em que as pescarias eram recorrentes, levando-o a se entreter com chumbada, caniço, linha, para fazer a alegria de sua mãe, quando retornava com as cambadas de jejus e traíras, que iriam aliviar a fome, sempre a rondar os seus 12 irmãos. Ou espreitando e assaltando as arapucas, que, fartas, sempre se apresentavam (…) Além de que “faziam a festa”, com ele, no jogo de petecas, improvisado com as “mucajubas”; e na guerra de piões, vorazes e perigosos, feitos com o coco babaçu.

Benditas reminiscências, que o levavam a um sorriso pleno, a lhe dar a certeza de que, mesmo com todas “essas dificulidades”, valeu a pena!
Eita, tio Bobo, porreta!