.. É UMA BISCA! (… É UM BISCATE!)

Por Zé Carlos Gonçalves

Ainda inebriado “pela viagem” em meu “indioma baixadeiro”, não consegui dormir “dereito”. Sempre acompanhado por uma “gastura”, “qui num quê mi largá, meu Deus, neim mi dá sussego”. Até pensei estar perseguido por “um exército de expressões”, querendo se apresentar na crônica anterior.

Desconfiei até que eram umas almas penadas, que queriam me assombrar. E, aí, capitulei. “Tremi todo. Caguei fino. Arreguei”. Fui vencido. Só me resta dar passagem ao linguajar, que, de repente, me trouxe à memória duas figuras fantásticas. E não sei por quê. Chiquitó e “Me Dá Cem”. Encastelados em suas peculiaridades.

Mas, deixemos “de papo furado”. Matei “foi, um tiquinho, a sordade du meo falá”. Por onde ando, ultimamente, “a moda” é câmbio, deficit, superavit, flutuação, feminicídio. E, por aí vai. “Coisas”, que não escutava “no meu tempo”. Esta expressão, sim, é “porreta!” “No meu tempo!” Será que, hoje, eu ando perdido, “fora de tempo”?! “Sem documento e sem lenço?!” E “outras coisitas” mais?!

O certo é que “não ouvia nada”, há muito, como “tá ti olhano de rabo de olho, ou só anda cum a barriga desarranjada, ou tá cum u bucho afulozado”.

O que posso afirmar é que me empolguei em minhas lembranças e, no maior flagra, me peguei balbuciando “caxa di fôfi e aqui tá vasqueiro”. E, para completar a minha alegria, ataquei de “Oh, nojo!” Só para me vingar de tanto tempo ausente dos meus.

O interessante, nisso tudo, é que um sincero e leve sorriso brotou em mim, ao “me tomar a cabeça” a palavra BISCA. Vejam só! BISCA e sua plurissignificação. Ainda mais, bem acompanhada. “Êssi diabo quê levá ‘o raio’ de umas bisca. Êssis aí tão como ‘um raio’ jogano bisca. Êsse daí é ‘um raio’ de uma bisca”.
Acredito até que há um estreito parentesco, desta última, com a expressão “é um biscate!”
Que doidiça!

Síndrome de abstinência do baixadês: PANDU (… o vital baixadês)

Por Zé Carlos Gonçalves

Há muito tempo ausente, e saudoso, da Baixada, começo a ter síndrome de abstinência do baixadês. E só quem é “da gema” sabe o tanto que dói essa falta de contato com o “nosso falá”. E sofre!

Aí, a minha única saída é tatear a memória e buscar “o meu combustível”, que me mantém vivo.
E, “nessa louca viági, mi indentifico cum argumas” pérolas. E que maravilhas!
Maravilhas, que me fazem respirar, “de novo, outra vez”.

E, aí, me vejo acalentado por expressões, que “me lavam a alma”. E exemplo é o que não falta. Por isso, “Mi encho de corági i seim sabê ôndi mora u perigo”, para afirmar categórico e desafiador, com uma autoridade “qui só”. “Eu sou eu, e boi não lambe”. Ou quase “morrê di raiva”, ao ser associado a “um caniço”, dado a meu aspecto esquelético. Mas, o pior era ser chamado de “tisguinho”; o que acho está associado à terrível palavra “tísico”. Que medo! “Bato inté na madera trêis veiz”.

E, ainda, não “sastifeito”, busco, nas madrugadas infindas. De repente, me sinto no meio dos meus, a ser bombardeado, como se nos comunicássemos em outro “indioma”. Para indicar que havia pouco tempo para terminar um trabalho: “sol virô tá di tárdi”. Falta de espaço, na despensa: “intupetada de bregueço”. A mostrarem que “eu não passo” de um ingênuo e até incapaz “de pensar”: “êssi caiu numa esparrela”.

“Se viravam”, em dois animais, a esperteza e a ignorância: “quer dar uma de urso e é um cavalo batizado”. E o reflexo da gula “vem” em autênticos neologismos: “com bucho ‘afolozado’ e ‘impazinado”.

São tantas expressões baixadeiras, que nos irmanam! E muitas sem “nenhuma” necessidade de explicação. Se bastam e nos fartam. “Irgá um carrapeta; respeito é bom e eu gosto; e é melhor cair na graça do que ser engraçado”.

No entanto, nem só de situações desagradáveis “vêvi o ômi”. Então, trago a palavra mais bonita de minha infância. “Nadica de nada” de reles “chibé e tiquara”. Sim, sinhô! Sem dúvida, a sonoridade, mais sonora, agradável, alegre e convidativa é PANDU! De café, de leite, de água com açúcar, de maracujá, de juçara, de murici … de … de quarqué invençonice!
“Dá inté pra lembê us bêçu!”

GRANDES LÍDERES

Por Aroucha Filho*

As eleições para prefeito e vereadores ocorrerão no próximo ano – 2024, mas para a política é uma data bem próxima, embora a antecedência seja de 15 meses.

As movimentações na classe política, fase preparatória para esse pleito eleitoral, já iniciaram. Filiações e migrações partidárias ocorrem neste momento. Os presidentes dos partidos começam a selecionar, por meio de reuniões, possíveis candidatos para o cargo de prefeito e vereadores. Nessa etapa preliminar, é bastante comum na região, os pré-candidatos a prefeito coordenarem e/ ou participarem ativamente desse processo. Focam na coesão dos grupos aos quais pertencem e na conquista de novos aliados. É uma atividade que demanda muita conversa e articulações políticas, em busca por mais alianças partidárias. Portanto, é uma atividade ainda no âmbito dos bastidores …

Em tempos recuados, a nossa política não possuía essa dinâmica. Os Grupos, basicamente dois, eram praticamente imutáveis. Dois lados, duas “ bandas” políticas. Assim perdurou por décadas.
Esse início de dinamicidade foi possível com o surgimento de novos atores políticos, todos desta geração que exerce esse papel no palco da nossa política atualmente.

Lembro do processo político das décadas de 50 e 60, que compreende o período entre a emancipação até os anos 1970.

Apesar de não ter sido o primeiro prefeito eleito, pois essa escolha recaiu sobre o Sr. Aniceto Mariano Costa – elegendo-se como único candidato; o grande líder político, o senhor João Amaral da Silva, conhecido como Juca Amaral, era um expoente político que reunia muitas virtudes. Tinha a humildade como um dos seus maiores valores. Não obstante, fosse o homem mais rico do município, a ostentação e arrogância era abominada por ele. Na condição de liderança, foi o protagonista da emancipação política de Matinha. Nessa luta, contou com a parceria dos deputados Afonso Matos, federal e Santos Neto, estadual.

Matinha foi emancipada através da Lei Estadual n° 267 de 31 de dezembro de 1948. Vale sublinhar que o senhor Manoel Antônio da Silva, foi o prefeito nomeado para implantar o município e organizar a primeira eleição para escolha do prefeito por meio do voto popular.
Juca, foi o segundo prefeito eleito de Matinha. Disputou e venceu essa eleição com Dr. Francisco das Chagas Araújo, que se tornara o grande líder da oposição.

Dr. Araújo, na eleição seguinte, concorreu com o Sr. Benedito da Silva Gomes, perdeu a eleição e Bibi Gomes tornou-se o terceiro prefeito de Matinha.

A quarta eleição foi disputada entre Juarez Silva Costa, filho de Aniceto e sobrinho de Juca Amaral, contra Dr. Araújo. Nessa contenda eleitoral, Dr. Araújo sagrou-se vencedor, vindo a ser o quarto prefeito eleito. Na sucessão de Dr. Araújo a disputa foi entre Raimundo Silva Costa (Pixuta), irmão de Juarez e José Conceição Amaral. Pixuta elegeu-se para o seu primeiro mandato de prefeito.

Após esses comentários introdutórios, passaremos a declinar a pretensão principal do texto, o qual elencará os Grandes Líderes Políticos do nosso território, denominado “Centro”.
Os líderes da região dos Campos será objeto de outro capítulo.

A nominata desses líderes terá como critério a minha percepção da atuação deles na política, considerando suas ações de liderança no âmbito das comunidades onde residiam e aquelas sob suas influências.

Nesses tempos pretéritos, a prática política era de uma pureza singular, as ações e atitudes eram direcionadas para o bem comum, o coletivo social. Os líderes eram altruístas e buscavam amparar as comunidades. Não havia pecúnia na atividade política. As reinvidicações prioritárias sempre eram focadas no setor da educação. Conseguir a contratação de uma professora era uma conquista festejada. Vejam, nessa época, as aulas eram ministradas na casa das professoras leigas, não havia unidades escolares construídas. A construção da primeira escola, de alvenaria e telha, fora na sede do município, só veio a ocorrer na administração do Prefeito Dr. Araújo, 1966/1969. Aliás, a educação foi prioridade no governo de Dr. Araújo. Nesse governo foi criado o Ginásio Bandeirantes em nossa cidade, um grande passo para a formação educacional dos jovens matinhenses.

Outra demanda requerida por esses líderes, consistiam nos “roços” e “cavação” das estradas, as quais não passavam de caminhos enlarquecidos.

Essas provincianas lideranças eram imbuídas do mais nobre princípio da política, o bem comum coletivo. Não exerciam a política com interesse patrimonialista, todos, sem exceção, durante suas atividades políticas, não tiveram acréscimo em seu patrimônio econômico financeiro. Sou testemunha desse fato.

Os mais destacados líderes desse período, anos 50/60, na zona rural, no alcance da minha memória, foram:
• Com base política no povoado Nova Olinda – assim era chamado o povoado pertencente a Matinha antes da emancipação do município de Olinda Nova do Maranhão -, o mais destacado líder político foi o Senhor OSÉAS DA MOTA COTRIM – grafia do seu assentamento civil. Uma liderança absoluta e incontestável. Sempre lutou pelos interesses de Nova Olinda, tudo o que foi levado de benefícios para esse povoado, foi conduzido pelos esforços dessa forte liderança. O senhor OSÉAS nunca perdeu uma eleição em Nova Olinda. Elegeu-se vereador por vários mandatos. Dele descende a maior expressão política do município de Matinha, retratada em seus filhos e netos.

Cito-a: Raimundo Freire Cutrim – prefeito de Matinha, 1989/1992. Prefeito de Olinda Nova do Maranhão, 1997/2000 e 2005/2008. Edmar Serra Cutrim – deputado estadual com três mandatos – 1991/2000. Glalbert Cutrim – deputado estadual no terceiro mandato, início do primeiro mandato/2015. Gil Cutrim – prefeito de São José de Ribamar, 2010/2016 Presidente da Federação dos Municípios do Maranhão -FAMEM, 2013/2016. Deputado Federal, 2019/2022.

• No Povoado Cutias II e povoados adjacentes o senhor MARCELINO PAIVA CANTANHEDE foi a grande liderança política. MARCELINO era um idealista, usava a sua influência política para carrear benefícios à região em que atuava como líder. Mesmo com grandes condições de eleger-se vereador, nunca se candidatou. MARCELINO era um entusiasta da educação,embora semi- analfabeto. Era muito amigo de Juarez Silva Costa e por extensão, a amizade dos irmãos Justino Cantanhede e Pixuta foi também muito sólida. Em sua homenagem o prefeito Pixuta eternizou o nome MARCELINO PAIVA CANTANHEDE numa escola no povoado Cutias III.

• Preguiça Nova e Preguiça Velha a liderança foi exercida pelos Irmãos Martins, principalmente o senhor JOÃO MARTINS. Era uma referência nas duas Preguiças e povoados circunvizinhos. JOÃO MARTINS ocupou cadeira na câmara de vereadores.
• ANANIAS ANTÔNIO MENDES se consolidou como grande liderança de São Felipe e redondezas. Com simplicidade, elegância e paciência conseguiu exercer com altivez o papel de grande líder. A exemplo das demais lideranças citadas, a sua luta direcionava-se na defesa dos interesses dos seus liderados. Nada em causa própria.

Seu ANANIAS foi vereador por dois mandatos – 1966/1970.
• No Piraí, o destaque vai para EDNA SILVA que exerceu essa liderança dentro das adversidades impostas pela época, uma vez que a questão de gênero tolhia a ascensão das mulheres no protagonismo político.
Ainda assim, EDNA foi eleita e exerceu o mandato de vereadora.
Finalizando o elenco das grandes lideranças do “Centro”, lado esquerdo da MA – 014, listo uma exponencial liderança desse período político de Matinha.

• JUSTINO CIPRIANO CUTRIM, com base política no povoado Tanque de Valença, consolidou-se em expressiva liderança, mesmo sem ter exercido mandato eletivo. Candidatou-se a vereador, porém não foi eleito, mesmo atingindo mais de 90% dos votos da seção eleitoral do Tanque. Em 1965 formou chapa com Juarez Silva Costa, como candidato a vice prefeito.
JUSTINO fazia política por gostar de fazer a boa política, tinha alegria em praticá-la. Era vibrante e atuante! Mantinha uma liderança paternal. No povoado Tanque, a maioria era seus parentes, seus descendentes ainda vivem lá.
Nas suas vindas para a sede, foi nosso hóspede várias vezes. Raimundo Viana, seu neto, morou conosco.
As idas de seu JUSTINO à sede do município, em quase todas as ocasiões, eram movidas na busca de benefícios para seu povoado. Assim, na administração do Prefeito Juca Amaral, conseguiu implantar a primeira escola pública no povoado Tanque. Uma pequena escola, construída com taipa e coberta de palha. As crianças assistiam às aulas sentadas em comprimidos bancos de madeira, sem o apoio das costas.
A professora nomeada para ensinar as crianças do Povoado Tanque foi a professora Lili Pinto, procedente do povoado Aquiri.

A grande amizade do senhor JUSTINO com meu pai, oportunizou a minha aproximação com esse ícone da política matinhense, o admirava, gostava de conversar com ele.
Apesar de ser mais próximo do senhor JUSTINO, conheci os aqui citados como grandes líderes da nossa política.
Texto em construção, aberto a correções e acréscimos.

Texto escrito em 01/08/2023.

José Ribamar Aroucha Filho (Arouchinha) é natural do município de Matinha-MA, Engenheiro Agrônomo aposentado do INCRA, exerceu os cargos de Executor do Projeto Fundiário do Vale do Pindaré e Executor do Projeto Colonização Barra do Corda. Ex Superintendente do INCRA Maranhão. Foi Superintendente da OCEMA e Chefe de Gabinete da SAGRIMA.

ABELHAS SÃO CAPAZES DE IMAGINAR, RECONHECER ROSTOS E TER EMOÇÕES, AFIRMA PESQUISADOR

Professor da Universidade Queen Mary de Londres estuda os insetos há mais de 30 anos e defende que eles têm algum nível de consciência.

O pesquisador Lars Chittka, professor de ecologia sensorial e comportamental da Universidade Queen Mary de Londres, acredita que as abelhas são capazes de imaginar, de reconhecer rostos, de ter algum nível de emoção e de aprender conceitos abstratos. Chittka pesquisa os insetos há mais de 30 anos e é autor do livro “The Mind of a Bee” (A mente de uma abelha, em tradução livre), que será lançado amanhã (19) no Reino Unido.

“Temos evidências sugestivas de que há algum nível de consciência nas abelhas – uma sensibilidade, que elas têm estados de emoção. Nosso trabalho e o de outros laboratórios mostraram que as abelhas são indivíduos muito inteligentes. Elas podem contar, reconhecer imagens de rostos humanos e aprender o uso de ferramentas simples e conceitos abstratos”, afirma o cientista em entrevista ao The Guardian.

Ele acredita que as abelhas têm emoções, podem planejar e imaginar coisas e podem se reconhecer como entidades únicas e distintas de outras abelhas. Chittka tira essas conclusões de experimentos em seu laboratório com abelhas operárias. “Sempre que uma abelha acerta em algo, ela recebe uma recompensa de açúcar. É assim que as treinamos, por exemplo, para reconhecer rostos humanos”.

Neste experimento, várias imagens monocromáticas de rostos humanos foram mostradas às abelhas, que descobrem que um deles está associado a uma recompensa de açúcar. “Então, damos a ela uma escolha de rostos diferentes e sem recompensas, e perguntamos: qual você escolhe agora? E, de fato, eles podem encontrar o correto”, explica o cientista.

As abelhas levam cerca de 12 a 24 sessões de treinamento para reconhecerem os rostos.

Em outra linha de pesquisa, Chittka descobriu que as abelhas também são capazes de imaginar como as coisas pareceriam: por exemplo, elas podiam identificar visualmente uma esfera que antes só sentiram no escuro – e vice-versa. E elas podiam entender conceitos abstratos como “igual” ou “diferente”.

Abelhas tem intencionalidade

O pesquisador começou a perceber que algumas abelhas eram mais curiosas e confiantes do que outras. As abelhas, descobriu, aprendem melhor observando outras abelhas completarem uma tarefa com sucesso, então “uma vez que você treina um único indivíduo na colônia, a habilidade se espalha rapidamente para todas as abelhas”.

Mas quando Chittka treinou uma “abelha demonstradora” para realizar uma tarefa de forma não tão excelente, a abelha que observava não imitou o demonstrador e copiou a ação que tinha visto, mas melhorou espontaneamente sua técnica para resolver o problema da tarefa de forma mais eficiente.

Isso revela não apenas que uma abelha tem “intencionalidade” ou uma consciência de qual é o resultado desejável de suas ações, mas que existe “uma forma de pensamento” dentro da cabeça da abelha. “É uma modelagem interna de ‘como vou chegar ao resultado desejado?’, em vez de apenas experimentá-lo”, explica Chittka.

Estados emocionais

Em um experimento, as abelhas sofreram um ataque simulado de aranha-caranguejo quando pousaram em uma flor. Depois, toda a conduta delas mudou. “Elas ficaram, em geral, muito hesitantes em pousar em flores e inspecionaram cada uma extensivamente antes de decidir pousar nelas”, observa Chittka.

As abelhas continuaram a exibir esse comportamento ansioso dias depois de terem sido atacadas, numa espécie de transtorno de estresse pós-traumático. “Elas pareciam mais nervosos e mostraram efeitos psicológicos bizarros de rejeitar flores perfeitamente boas, sem ameaça de predação. Depois de inspecionar as flores, elas voavam para longe. Isso nos indicou um estado emocional negativo”, diz o pesquisador.

Outro pesquisador ouvido pelo The Guardian, Jonathan Birch lidera um projeto sobre senciência animal na London School of Economics, e acredita que o nível de cognição sofisticada que as abelhas exibem indica que é muito improvável que elas não sintam nenhuma emoção.

“A senciência é sobre a capacidade de ter sentimentos”, diz.”E o que estamos vendo agora é alguma evidência de que existem esses estados emocionais nas abelhas”.

abelhas, bee, bees, abelha, insetos, (Foto: Unsplash)


Fonte: https://epocanegocios.globo.com/

PERI-MIRIM: Trilhando em Buritirana – uma manhã de alegria e conhecimento

Por Laércio Oliveira*

        Preservação do meio ambiente refere-se ao conjunto de práticas que visam proteger a natureza das ações que provocam danos ao meio ambiente. Devido ao atual modelo econômico, baseado em elevados níveis de consumo, o ser humano tem causado inúmeros prejuízos para a flora e fauna no planeta, ocasionando desequilíbrios ambientais, muitas vezes irreversíveis. Por isso, é fundamental a preservação para manter a saúde do planeta e de todos os seres vivos que  nele habitam.

        Apesar do protagonismo juvenil em questões ambientais ter se fortalecido nos últimos anos no Brasil, é preciso ainda investir em Educação sobre o tema para que essa grande parcela da sociedade possa se apropriar da questão. Isso é o que mostra a pesquisa “Juventudes, Meio Ambiente e Mudanças Climáticas”, divulgada em 4 de abril de 2023. O levantamento, conhecido pelo acrônimo “JUMA”, ouviu 5.150 pessoas com idades entre 15 e 29 anos, provenientes de todas as classes sociais e níveis de escolaridade nas várias regiões do Brasil, entre julho e novembro de 2022.

         Os resultados, considerados “curiosos e surpreendentes” pelos realizadores da pesquisa, revelam muito do que a juventude brasileira sabe e como ela é afetada pelas mensagens que recebem sobre meio ambiente e mudanças climáticas. Segundo o levantamento, 36% dos jovens respondentes não souberam identificar o bioma em que vivem.

        Nesse sentido, a Academia de Letras, Ciências e Artes Perimiriense (ALCAP), em parceria com a escola estadual Centro de Ensino Artur Teixeira de Carvalho (CEMA), instituição que trabalhei durante doze anos, promoveram no dia 30/06/2023, nos turnos matutino e vespertino, uma expedição ao Povoado Buritirana que fica a aproximadamente 9 km do centro de Peri-Mirim.

        A expedição em formato de trilha ecológica contou com a participação de membros da ALCAP, gestor, professores e de aproximadamente 30 alunos do 3º ano do ensino médio. Eu e meu filho Laerth, de 8 anos, participamos como convidados da ALCAP.

        Nossa expedição teve início às 08:00h quando saímos da escola em um ônibus em direção ao povoado Buritirana, percurso que durou trinta minutos. Na localidade funciona uma instituição de ensino que atende diversos alunos da Baixada Maranhense, com os cursos de Pedagogia e Agente Comunitário de Saúde. O local é muito bonito, repleto de árvores e animais situado à beira do campo, que nesta época do  ano  encontra-se  alagado devido ao período chuvoso. Uma paisagem digna de cartão-postal.

        Na chegada, fomos recebidos por dois funcionários da instituição que nos deram algumas orientações de como proceder na trilha. Após algumas recomendações dos instrutores, iniciamos nossa caminhada. A trilha pela mata fechada é muito estreita obrigando a nos manter sempre em fila, com o instrutor à frente. Em alguns pontos da trilha, parávamos para ouvirmos algumas curiosidades sobre a região. Uma delas é que pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) encontraram ali uma espécie de borboleta muito rara que já consideravam extinta. No percurso observamos grandes aranhas, abelhas e porcos do mato. A flora é predominantemente composta de babaçuais e outras palmeiras. Meu filho Laerth, muito curioso, escutava com atenção e questionava o instrutor.  A descontração e o entusiasmo dos alunos eram evidentes, alguns até faziam anotações, pois teriam que entregar um relatório da trilha como forma de avaliação. Após uma hora de trilha chegamos ao nosso ponto de partida onde descansamos e saboreamos um delicioso lanche. Às 11:00h retornamos à escola.

        De acordo com Sato (2004), “o aprendizado ambiental é um componente vital, pois oferece motivos que levam os alunos a se reconhecerem como parte integrante do meio em que vivem e faz pensar nas alternativas para soluções dos problemas ambientais e ajudar a manter os recursos para as futuras gerações”.

          Eu e meu filho Laerth agradecemos a amiga Ana Creusa, Presidente da ALCAP e Vice-Presidente do Fórum em Defesa  da Baixada Maranhense (FDBM), pelo convite.

          Agradecemos aos que participaram da expedição: Acadêmicos Ana Cléres, Diego e Ataniêta (Tata). Aos professores Fabio (gestor), André, Alex e Paula. Aos alunos do 3º ano do ensino médio e ao guia e instrutor Wanderson.


*Laércio Lúcio Oliveira é perimiriense, possui graduação em Matemática pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA (1997). Especialista em Docência do Ensino Superior-IESF (2008). Mestre em Ensino de Ciências e Matemática – UNICSUL(2012). Professor efetivo de Matemática (ensino médio) da rede estadual há vinte anos .Foi professor contratado da Universidade Estadual do Maranhão-UEMA, Programa Darcy Ribeiro de 2009 a 2012. Foi professor substituto da Universidade Federal do Maranhão-UFMA(2013 a 2015) Atualmente, Professor da Faculdade do Maranhão – FACAM nos cursos de Engenharia Civil , Engenharia de Produção e Análise e Desenvolvimento de Sistemas – ADS. Ministra aulas nas seguintes disciplinas : Cálculo Básico, Calculo I e II, Estatististica e Probablidade, Álgebra Linear e Geometria Analítica, Matemática Financeira. 

CANTO DA ORIGEM DE MAURO RÊGO

Por Mauro Rêgo*

Eu venho de muitas datas
Nasci dos canaviais
Do ouro dos cafezais
Tirei o meu refrigério
Tenho o perfume do campo
Onde há beleza e mistério
Nasci em noite estrelada
Tive a fronte ornamentada
Pela coroa do Império.

Minhas águas são moradas
De entes da natureza
Dos campos eu sou princesa.
Sou um recanto de fadas
Foi delas meu nascimento
um berço de mururu
Pois nasci do encantamento
Das águas do Sipau.

Minhas flores são do campo
Minha luz é o pirilampo
O meu fruto é o anajá
Guardo todas as riquezas
Nas correntes indefesas
Das águas do Troitá.

Tenho ilhas isoladas
Onde ninguém mora lá
Pois elas guardam as estradas
De Rita do Paricá*.
Tenho recônditos santos
Frutos raros, e são tantos,
Como a guapéua e o ameju
Pois eu nasci dos encantos
Das águas do Sipau

Pelos campos, isolados,
Tenho morros encantados
– Pacoval e Graxixá –
Velando os sagrados entes
Que moram sob as correntes

Das águas do Troitá
E o meu solo sacrossanto
Retirado de um recanto
Da Vila do Mearim,
Também de Itapecuru
E de Rosário por fim,
Viu meu povo se formando
E nos campos navegando
Nas águas do Sipaú.
Sou de mito e de magia!
Que meu canto centenário.
Honre a Virgem do Rosário
E aos céus numa prece suba!
Encha o mundo de alegria,
Pois nasci Santa Maria
Dos campos de Anajatuba.

* Mauro Bastos Pereira Rêgo nasceu em  Anajatuba (MA),   no dia 15 de fevereiro de 1937.  Filho de Anastácio Pereira Rêgo e Maria Bastos Rego. Seus primeiros estudos foram em Anajatuba, depois ingressou no curso de  Técnico em Edificações, concluído em 1957, na Escola Técnica Federal do Maranhão. Mauro Rego é Licenciado em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão, com habilitação em Magistério Normal e Supervisão Escolar e também é  Licenciado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e pós-graduado como Especialista em Língua Portuguesa pela Universidade Salgado de Oliveira.

Padre Raymond Roger Gérard Gagnon

Biografia cedida à Academia Perimiriense pelo Prof. Carlos Antonio de Almeida (todos os direitos autorais a ele reservados).

Padre Gérard Gagnon, filho de Henri Gagnon e de Eva Thibeault, nasceu no dia 26 de novembro de 1928, em Wotton, Província de Québec/Canadá, e, faleceu no dia 23 de fevereiro de 1992, no Instituto do Coração, em São Paulo. Seu corpo encontra-se sepultado na Igreja de São Sebastião, em Peri-Mirim/MA, onde sempre desejou ficar. O funeral foi dirigido pelo Bispo da Diocese de Pinheiro, Dom Ricardo Pedro Paglia, além de contar com a presença de vários padres canadenses de outras Dioceses do Canadá, e também de outras paróquias e da grande multidão perimiriense.

Padre Gérard chegou ao Brasil, vindo do Canadá, no dia 13 de agosto de 1962, e, já no dia 15 de agosto deste mesmo ano chegou em Peri-Mirim. Ainda, em 1962, foi nomeado Padre Superior da Missão de Sherbrooke no Brasil. Em Peri-Mirim, inicialmente, foi Vigário Coadjutor onde permaneceu até janeiro de 1968, quando foi nomeado Vigário da Paróquia de São Sebastião, até janeiro de 1988, quando, por problemas de saúde pediu seu afastamento, uma vez que a doença o enfraquecia, cada vez mais, desde 1982.

Padre Gérard era graduado em Teologia e Filosofia, além de possuir os cursos de Língua Francesa, Língua Grega, Língua Portuguesa, Catequese, entre outros, incluindo-se aí, cursos de âmbito social. Ordenou-se padre em 03 de abril de 1954 e celebrou sua primeira Missa no dia 04 de abril de 1954, na Igreja Matriz da cidade de Wotton, local de seu nascimento. Foi professor de Francês, Grego e Capelão dos Escoteiros, no Seminário de St. Charles. No Brasil, foi Superior dos Padres Missionários da Diocese de Sherbrooke, compreendendo as Paróquias de São Luís (bairro do João Paulo), Bequimão e Peri-Mirim.

Serviços prestados em Peri-Mirim
Pode-se dizer, sem nenhuma demagogia, que ele foi uma das pessoas que mais trabalhou para que esta terra fosse o que é hoje. Lutou contra a incompreensão de alguns e enfrentou grandes obstáculos.

1963 – Iniciou o projeto de “forno” para casa de farinha a fim de facilitar o trabalho do lavrador e procurou contratar médico para dar assistência à saúde, que na época, era “zero”.

1964 – Começou a ajudar os estudantes para que fossem para Guimarães/MA, a fim de estudar com as Irmãs Canadenses de Nicolet (foi o primeiro passo para Peri-Mirim ter hoje muitos doutores).

1966 – Os padres canadenses organizaram o “Dispensário” – Posto de Saúde/Ambulatório Santa Thereza, recebendo medicação oriunda do Canadá. Neste Posto de Saúde, trabalhava Raimundo Martins Campelo tendo o apoio de uma religiosa canadense que logo foi embora. Os problemas de saúde eram muitos, além de ter um índice elevado de óbitos entre os homens pela esquistossomose (barriga d’água), e, as crianças, muitas morriam de desidratação, seguida pelas verminoses.

Padre Gérard, após decisão com os outros dois padres da Paróquia de Peri-Mirim (Padre Edmond e Padre Bertrand) pediram ajuda ao prefeito José Ribamar França (Bacaba) para pagar uma enfermeira com nível superior para vir trabalhar no município, que após relutar bastante, terminou por concordar. A partir daí, Padre Gérard que se encontrava no Rio de Janeiro, foi até a Universidade do Brasil – Faculdade de Enfermagem Ana Néri e contratou duas enfermeiras: Silvia Alves Barbosa e Ana Lúcia de Almeida, que chegaram para trabalhar em Peri-Mirim no dia 24 de janeiro de 1967.

O ambulatório era mantido exclusivamente com recursos vindos do Canadá, sendo a maior parte destes, oriundos do fundo particular de Padre Gérard, que pagava funcionários, financiava treinamentos para auxiliares de enfermagem, de laboratório e de parteiras leigas. Providenciou vindas de vacinas específicas para crianças e adultos, comprava medicação de rotina para complementar as que vinham do Canadá, além de comprar medicação de urgência e equipamentos básicos para determinadas urgências. É bom ressaltar que o Ambulatório era tão bem equipado e constituído por uma equipe profissional competente, como Dr. Manoel Sebastião, médico e filho da terra, que realizou várias cirurgias, dentre elas: cesarianas, apendicectomia e até miomectomia (retirada de mioma).

Padre Gérard também fez convênio com a Caritas Diocesana e recebia alimentos, como: feijão, arroz, trigo, manteiga, queijo, açúcar, e outros, que eram destinados às famílias cujos chefes trabalhavam como voluntários na abertura e manutenção de estradas e barragens, como as que foram feitas em Santana, Feijoal, Poções, Meão, Minas, entre outras. Construiu pontes com recursos próprios em Pericumã, Meão, Serra, Santana, etc. Também fez convênio com o Governo do Estado e recebia, mensalmente, para o Ambulatório Santa Thereza, leite, açúcar, feijão, arroz e farinha que eram distribuídos para ajudar na alimentação das crianças, gestantes, idosos e doentes crônicos.

Quando a Previdência Social criou o FURURAL – Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural, Padre Gérard legalizou o Ambulatório Santa Thereza junto aos órgãos competentes, com CNPJ, e assim, mensalmente, recebia uma pequena quantia que ajudava na manutenção do Ambulatório. Porém, após três anos, o Governo Federal suspendeu os recursos porque no País havia sido criado um novo sistema de saúde: era o preparativo para o SUS.

Retrocedendo um pouco no tempo, quando o Governo iniciou a aposentadoria para o trabalhador rural e aos “inválidos”, Padre Gérard foi buscar a lei que amparava, sobretudo os portadores de hanseníase (lepra), já que, naquela época, início dos anos 1970, dentre a população de Peri-Mirim, foram diagnosticadas 33 pessoas com hanseníase, as quais viviam em condições sub-humanas, isoladas em pequenos quartos de tetos bem baixos, chão batido, sem fossa, sem poder sair do quarto, não tocavam em dinheiro e nem podiam se misturar com os outros e, sobretudo, nem na igreja podiam entrar.

Diante dessa situação, Padre Gérard localizou todos e com a ajuda das enfermeiras os levou para aposentá-los. Levava-os para São Bento, em um jeep da Paróquia, entrando com eles pela parte dos fundos da Unidade de Saúde para o médico fazer a perícia e dar o laudo para eles receberem uma pensão mensal. Muitas vezes, alguns chegaram a dormir na Casa Paroquial por morarem em área de difícil acesso, pois, pela manhã tinham que estar em São Bento, onde, até o médico ajudava a levar os mutilados (sem pés, sem mãos) para o exame. Este foi o passo inicial no nosso município para a reintegração dos hansenianos na sociedade, pois, a partir daí, eles saíam mais, entravam no ambulatório (o povo fugia um pouco), já não ficavam fora da igreja principalmente quando batizavam o filho. Foi, sem dúvida, um avanço da equipe de saúde local que trabalhava para mudar e acabar com o estigma, entretanto, a Paróquia foi fundamental, especialmente na pessoa de Padre Gérard, para a transformação e a realidade de hoje. Também foram aposentados outros doentes portadores do mal da barriga d’água, consequência da esquistossomose, que ainda hoje, em menor incidência, acomete à população. Eis algumas pessoas que foram beneficiadas pela aposentadoria, com problemas de hanseníase: João Pindova (Meão), Maria Pindova (irmã de João – Meão), Chico (das Minas), Maria José (Juçaral), Curujinha (Portinho) e muitos outros, em sua maioria do Meão. Também teve um do Poço Dantas (irmão de João), outros do Rio da Prata e também da Sede.

Da mesma forma, levou alguns jovens e adultos para Teresina/Pl, em seu carro próprio, a fim de consultar e operar, quando necessário, com Dr. Mansueto Martins Magalhães, oftalmologista e cirurgião oftalmologista, especialista glaucoma e catarata, pagando hospedagem com alimentação, inclusive para acompanhantes quando havia cirurgia para algumas pessoas. Dentre essas pessoas, citam-se Inácia de Jair, Herbelino Pereira, Aluísio Pereira, dois primos jovens do Centrinho cujos nomes não são lembrados, mas há fotos deles, que fizeram cirurgia e ficaram curados, entre outras pessoas.

Procurou, juntamente com um agrônomo que contratou, introduzir a agricultura rotativa, para evitar as queimadas e mudança de local para as roças, usando um trator da Paróquia para destocar e arar as terras, mas não avançou muito. Também introduziu as hortas comunitárias, com campo experimental em Santana e que foi um sucesso, pois abastecia todas as famílias do local. Todavia, pela falta de estradas para escoamento, não teve continuidade. Portanto, procurou implantar várias fontes de renda para melhorar a vida de todos de Peri-Mirim.

Na Festa da Fraternidade reunia todas as comunidades (27). Era um dia de brincadeiras (cada comunidade apresentava alguma coisa) e também ocorriam orações, abraços, almoço partilhado, procissão, culminando com a Santa Missa que quase sempre contava com a participação do Bispo da Diocese, em algumas ocasiões, pelo Bispo do Canadá, além de vários padres e amigos convidados.

A Casa Paroquial, Salão Paroquial e todo terreno do Ambulatório Santa Thereza, com o fechamento da Diocese de Sharbrooke em Peri-Mirim, ficaram para o Padre Gérard, por decisão e recompensa do Canadá, mas que diferente dos demais padres de outras Paróquias não vendeu nem doou a terceiros, deixando tudo para a Diocese de Pinheiro. Do mesmo modo, durante os anos de permanência dos Padres canadenses em Peri-Mirim, a Paróquia foi mantida exclusivamente com recursos do Canadá, e, no final, com recursos próprios de Padre Gérard.

Padre Gérard fundou as Comunidades Eclesiais de Base, que em princípio eram poucas, mas ele conseguiu elevar para vinte e sete. Abaixo a relação das comunidades. As que têm asteriscos eram visitadas mensalmente, usando sempre os sábados e domingos, fazendo sempre três em cada um desses dias. Durante a semana celebrava a Missa às 6:15 horas (de segunda a sábado). Também pregou e incentivou a devoção a Virgem Maria e incentivou a vocação sacerdotal e religiosa.
Eis a relação das vinte e sete comunidades:
*Sede / *Portinho / Minas / *Jaburu / Sacoanha / Meão / *Santa Maria / *Igarapé-Açu / *Centro dos Câmaras / Canaranas / *São Lourenço / Poções / Feijoal / *Ilha Grande / *Taocal / *Inambu / Ponta de Baixo / *Santana / *Torna — Rio Grande / *Miruíras / *Baiano / *Pericumã / *Conceição / *Poço Dantas / *Rio da Prata / *Tijuca / *Três Marias.

Outros serviços prestados
Fundou e organizou escola para adultos em várias comunidades;
Fundou a Cooperativa, começando pela Comunidade de Santana, e, em 1969, criou a Cooperativa Agro-Pecuária de Peri-Mirim Ltda., com sede própria, onde, atualmente funciona o Sindicato dos Produtores Rurais, (também teve uma filial da Cooperativa em Pericumã – casa do Sr. João Dias);
Comprava redes das rendeiras, coco de babaçu, apenas para ajudar essas pessoas;
Beneficiava arroz para vender mais barato, com máquinas próprias, em sede própria, no prédio onde funcionou a Central da Telma, atualmente, funcionando o Conselho Tutelar;
Comprou búfalos e uma ilha (Ilha das Pedras) mandando cercá-la com mourões e arame (entretanto, tudo que compunha à Cooperativa, foi repartido igualmente com os associados no momento da dissolução da mesma, que aconteceu por causa de sua saúde que não permitia tamanha responsabilidade).
Construção de estradas com participação da comunidade, como: Meão, Centro dos Câmaras, Santana, entre outras;
Construção de pontes no Meão, Pericumã (perto da casa de Sr. Honório), Santana, etc. Construção de barragem no Feijoal e em Santana;
Ambulatório: fundou e equipou com material básico e medicamentos; contratou duas enfermeiras formadas para assumir a parte da saúde;
Colégio Bandeirantes: primeiro ginásio, ou seja, curso secundário de Peri-Mirim, que só foi implantado porque Padre Gérard aceitou ser Diretor, em 1967, já que, naquela época, nenhum professor tinha curso para desempenhar essa função. Portanto, Padre Gérard, de certa maneira, abriu as portas para a educação e para a cultura do município;
Pagou para alguns filhos de Peri-Mirim o curso secundário (alguns até a faculdade), como foi o caso do ex-prefeito João França Pereira.

Eis a relação dos cidadãos de Peri-Mirim que foram para Guimarães/MA ou para São Luís/MA, para estudar na Escola Normal, na Escola da Fé (Guimarães/MA) ou no Seminário São José ou Santo Antonio (São Luís/MA). Todos com bolsa de estudo integral (maioria) ou parcial, pagas por Padre Gérard Gagnon (uma pequena ajuda do Canadá): Itapoã França Santos, Maria Campos Botão, Francisco Viegas Paz, Izidoro Ferreira Nunes, Regina Braga, Raimundo Martins Campelo, Graça de Maria França, Antonio João Pereira, Esdras Serra Maia, Maria das Graças Serra Maia, Vital Boás (catequese), Anastácio Florêncio Corrêa (catequese), José de Jesus Câmara, Miriam Costa Pereira, José Carlos Durans (catequese), João Amorim Pereira, Ednaldo Pereira (catequese), Lilázia Ribeiro, João Garcia Câmara, José João Lopes, Raimundo João Santos , Raimundo Martins dos Santos Filho, Nadir Alves Nunes, Terezinha Botão Melo, Maria de Lourdes Santos, Torquato Leandro Santos (catequese), Francisco Antonio Câmara, Ana Maria Câmara, Rosevelt Silva Ferreira, Maria Botão Melo, Luís Martins, João Garcia Furtado, Waltemar Braga, João França Melo, João França Pereira (até a Faculdade, ex-prefeito), José de Ribamar Silva, Ione Serra Maia, Pedro Alfredo Câmara (catequese), Manoel Lopes (Nhozinho – catequese), Manoel Azevêdo Martins, Pedro Pinheiro Martins (catequese), José Dias Pinheiro (catequese), João Ferreira (catequese), Raul Mendes Filho, Luzinete França Pereira, Cloves Ribeiro Filho, Maria Pinto Pinheiro, Antonio Lima, José Raimundo Pinheiro, Irene Cecília Nunes, José Mariano da Silva (catequese), Raimundo Martins Nunes, Afonso Pereira Lopes (catequese, ex-prefeito), Francisca Maria Câmara e Conceição de Maria Botão.
Observação: outros jovens ou adultos também foram beneficiados com bolsa de estudos mas, infelizmente, não foram relacionados. Também, alguns dos nomes mencionados poderão ter seus nomes incorretos, a quem se pede desculpas.

Semana Escolar: quatro dias por semana, nas férias dos estudantes, custeava despesas para que eles pudessem dar sua colaboração às comunidades com culinária, artesanato, aulas de português e matemática (à noite);

Clube das Mães: incentivou e colaborou na construção de sua sede;
Escola da Fé: curso de preparação para catequistas em Guimarães/MA, para onde enviava representantes de nossa comunidade, sendo custeadas pela Paróquia as despesas de viagem e hospedagem, sem contar a ajuda que dava aos familiares que aqui ficavam, como por exemplo: Anastácio Corrêa, José Silva, José Dias, João Silva Ferreira, entre outros que também participaram.
Legião de Maria: fundou várias capelas para incentivar e cultuar a devoção à Virgem Maria, sua Santa preferida, chegando a fundar em 1967 a Consagração da Paróquia a Ela.
Além disto tudo, sua maior preocupação foi sempre a pessoa humana voltada para Deus. Por isso, manteve sempre as comunidades com Missas regulares, os casamentos para todos, cursos bíblicos, cursos para Batismo, para Crismas e para Casais. Foi padre, “pai” e amigo, pois, sua maior alegria era ver seus paroquianos tementes a Deus e devotos de Maria, deixando como legado para todos nós, que é a oração: “Ó Maria, minha mãe, / Oferecei por mim a Deus Pai, / O Sangue de Jesus.”

Adepto da PAZ, quando havia desunião dentre os membros da comunidade, inicialmente não rezava a Missa, porém, realizava encontros comunitários com os desafetos, em particular, e, no final, rezava a Missa da Reconciliação, com celebração festiva.

Quando ainda era capaz de trabalhar, mas dependia dos amigos para que os sinais de sua doença não aparecessem, muito sofria em ser mal interpretado. Porém, antes de morrer, balbuciando disse que “foi feliz com o povo de sua terra, Peri-Mirim”.
Diagnosticado com o “Mal de Alzheimer” desde 1973, em Belém/PA, corria contra sua perda de memória para trabalhar pela evangelização e pelo bem dos mais pobres. Peri-Mirim tem motivo demais para agradecer a Missão Canadense, em especial a Padre Gérard Gagnon, que com sua visão de um futuro melhor, concedeu a inúmeras pessoas uma formação humana e cristã. Muito do que temos hoje, deve-se à iniciativa e ao esforço deste grande homem e padre. Ao longo de seus vinte e cinco anos à frente da Paróquia São Sebastião deixou a lembrança para muitas famílias que foram abençoadas por meio do batismo, casamentos, missas, comunhão, reflexões, ajuda espiritual, moral, financeira e material. Foram inúmeras as maneiras de ajuda que a população perimiriense recebeu gratuitamente pelas suas simples e humildes mãos, mesmo sentindo diminuírem sua memória e suas forças em virtude da doença que a cada dia só progredia, jamais os abandonou.

Finalmente, aquele que deu tudo, precisava receber tudo (orações) para continuar vivendo até o dia em que faleceu: 23 de fevereiro de 1992, às 19:45 horas, um domingo que poderia ser de alegria, mas terminou triste e saudoso, no Instituto do Coração, em São Paulo. O corpo de Padre Gérard foi trazido para Peri-Mirim e sepultado no dia 25 de fevereiro de 1992, onde sempre desejou ficar: “sua casa” como costumava chamar a Igreja de São Sebastião.

Autismo e a deficiência de vitamina d3 e k2

A hipovitaminose D é bastante comum atualmente. Um estudo holandês de 2015, compreendendo 6.100 jovens e crianças, identificou que apenas 33% tinham 25- (OH)-Vitamina D3 em 20 ng/mL (a Sociedade de Endocrinologia recomenda 40–60 ng/mL) . Isso sugere que a deficiência de vitamina D pode ser um fator contribuinte para o autismo.

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O desenvolvedor do estudo é Wander Marques Silva

Sou de Pouso Alegre, formado na universidade de Alfenas. (Unifenas). Trabalho na região de Pouso Alegre.

Estudo associação da vitamina d3 com a vitamina k2 mk7. No carreamento do cálcio para os ossos e dentes. No autismo acontece que os pacientes encontram-se com níveis muito baixos de Vitamina D3, por isso que cada dia aumenta o número de crianças com autismo. Por isso a minha luta para diminuir esse mal e maltrata muitas pessoas.

JUCA MARTINS, UM LÍDER INESQUECÍVEL

Por João Martins*

Dia 11 de junho será, para sempre, o dia de Juca Martins, um nome que está marcado na história de Bequimão. Ele foi um verdadeiro expoente da política local, responsável por inúmeras obras e benfeitorias que contribuíram para o desenvolvimento do município.

Juca Martins se destacou por suas realizações e também por sua proximidade com as pessoas. Sua casa sempre estava de portas abertas para receber o povo, que encontrava nele um líder e um amigo. Ele ouvia as necessidades da comunidade e estava sempre disposto a ajudar.

Seus ensinamentos deixaram marcas profundas nos corações daqueles que o conheceram. Nos momentos em que preciso de orientação, chego a sonhar com ele, pois suas palavras e exemplo continuam vivos em minha memória. A emoção ainda toma conta de mim quando recordo tudo o que ele representa para mim e para a vida de muita gente de Bequimão.

A trajetória de Juca Martins se entrelaça com a história do município, ao longo do último século. Seu nome está intimamente ligado às conquistas e transformações, para melhor, do nosso povo.

Hoje é um dia de saudade, mas também uma oportunidade de honrar seu nome e seu legado. Que possamos manter viva a memória desse grande líder. Que Juca Martins seja sempre lembrado como um exemplo de dedicação, compromisso e amor.


* João Batista Martins é prefeito de Bequimão, formado em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual  do Maranhão, foi Superintendente da Codevasf e do Sebrae, Presidente do Fórum em Defesa da Baixada Maranhense no biênio  2019/2021.

Khadija: a mulher de Maomé

Por Evandro Filho*

Khadija, a primeira esposa do Profeta Maomé, pertencia à nobre família de Quraish, filha de Khuwailid (pai) a Omm Saada (mãe). Khadija nasceu em 555 d.C. Assim, ela era dezesseis anos mais velha do que o Sagrado Profeta, que nasceu em abril de 571 d.C Seu pai era um conhecido chefe de Meca. Ele era um comerciante de sucesso que negociava com óleos, linho, perfumes e outras mercadorias raras. Ele morava em um prédio de dois andares ao lado de uma colina não muito longe da Ka’bah. Desde a infância, Hazrat Khadija possuía nobres qualidades. Ela cresceu e se tornou uma jovem piedosa, quieta e inteligente. Devido às suas virtudes morais, o povo de Meca havia conferido a ela o título Taahirah, que significa o ‘Puro’, ou o ‘Virtuoso’.

Ela tinha um coração terno e compassivo. Foi generosa, usado seu dinheiro para ajudar os pobres, os necessitados, os órfãos e as viúvas.

Casamentos anteriores de Khadijah

Quando Khadija cresceu, seu pai deu sua mão em casamento a Abu Haallah, filho de Zaraarah. Abu Haallah era um comerciante. Eles viveram felizes. Deus os abençoou com um filho chamado Hind e uma filha chamada Zainab. Segundo alguns historiadores, Abu Haallah teve três filhos, Haallah, Hind e Haarith. Alguns anos mais tarde, Abu Haallah adoeceu e morreu. Khadija chorou de dor pela perda do marido. Mais tarde, seu pai escolheu Ateeq, filho de Aaiz, um rico comerciante, como seu marido. Eles estavam levando uma vida feliz, mas quando Ateeq continuou uma expedição de negócios à Síria, ele morreu no caminho de volta. Khadija ficou viúva pela segunda vez. Ela teve um filho e uma filha deste casamento.

Após a morte de seu segundo marido, vários respeitados homens influentes dos coraixitas tentaram pedir sua mão em casamento, mas ela rejeitou suas ofertas e resolveu que não ia casar-se novamente e decidiu viver uma vida independente. Ocorreu que logo após a morte de seu segundo marido, seu pai também faleceu. Isso foi uma grande perda para Khadija, pois ela mesma tinha que cuidar do negócio. Era realmente um momento difícil para ela.

Expedições de Negócios

Para administrar o negócio com sucesso, Khadija empregou agentes comerciais, que costumavam transportar mercadorias para outros países e trazer de volta itens úteis para serem vendidos em Makkah.

Khadija a trabalhou duro e logo foi considerada uma mulher comerciante inteligente de grande dignidade e riqueza. Naquela época, Maomé era um menino. Seu pai tinha morrido antes de seu nascimento e sua mãe morreu quando ele tinha seis anos. Após a morte de sua mãe, ele passou aos cuidados de sua avô Abdul Muttalib. Abdul Muttalib tinha oitenta anos naquela época. Ele gostava muito do neto. O avô morreu logo depois, aos aos oitenta e dois anos.

Após do avô (Abdul Muttalib), um tio de Maomé (Abu Taalib), tornou-se seu guardião. Abu Taalib tinha muitas virtudes nobres e era um respeitado líder coraixita. Ele amava muito seu sobrinho. Maomé , também, amava muito seu tio. Foi durante este período que Abu Taalib empreendeu uma viagem à Síria junto com uma caravana comercial. Ele pretendia deixar seu sobrinho para trás, pois ele tinha doze anos naquela época e poderia cuidar de si mesmo. Mas quando o carro estava prestes a partir Muhammad se agarrou a seu tio e insistiu em ir com ele.

Abu Taalib ficou comovido e decidiu levá-lo junto com a caravana. Esta foi a primeira viagem de Maomé a um país estrangeiro. Um incidente estranho aconteceu durante esta viagem. Tem a ver que quando a caravana chegou a Bosraa, acampou perto de um mosteiro onde viveu um grande estudioso das Escrituras. Seu nome era Baheerah. Monk Baheerah notou muitas coisas na aparência de Maomé, que se encaixava na descrição do Profeta que as pessoas estavam esperando. Ele disse a Abu Taalib para cuidar bem do jovem e protegê-lo das travessuras do Povo do livro. Ele disse a Abu Taalib que de acordo com as Escrituras esse menino parecia ser a pessoa que Deus escolheria para interpretar uma grande parte do mundo. Deve-se notar que a cidade de Bosraa estava situada na estrada para Damasco, no sul da Síria, e estava a cerca de oitenta milhas ao sul de Damasco. Era uma bela cidade com muitos edifícios romanos e foi um ponto de encontro de cinco rotas de caravanas. A cidade Bosraa não deve ser confundida com a famosa cidade de Basrah, que está situado no Iraque.

Maomé cresceu e se tornou um homem bonito com boas maneiras e qualidades extraordinárias de honestidade e piedade. Pessoas chamam-o de Al-Ameen, significa o ‘confiável’ e Al-Saadiq significando o ‘verdadeiro’. Quem entrou em contato com ele foi profundamente impressionado com sua personalidade e inteligência. Ele foi manso e obediente aos mais velhos, afetuoso com os companheiros e cheio de compaixão por aqueles que precisavam de ajuda. Ele ajudou sua tia com os afazeres domésticos e ajudava seu tio realizando qualquer trabalho que lhe foi atribuído.

Nessa época, Khadija tinha ouvido falar da honestidade, piedade, confiabilidade e alto caráter moral de Maomé. Ela ficou muito impressionada pela sua integridade. Ela, portanto, abordou o tio de Maomé, Abu Taalib com a sugestão de que ele deveria deixar seu sobrinho liderar uma caravana comercial dela para a Síria. Abu Taalib mencionou isso para Maomé, com o que ele concordou.

Khadija se ofereceu para pagar a ele o dobro do que ela pagou aos outros. Quando a caravana começou sua jornada, Khadija enviou seu servo de confiança Maisarah junto com a caravana. A caravana seguiu o caminho habitual para a Síria, que Maomé viu que havia empreendido com seu tio treze anos antes. Maomé conduziu o negócio de tal maneira e desempenhou suas funções tão bem que a expedição encontrou grande sucesso. Foi sua honestidade e maneira inteligente de lidar com os assuntos que ele obteve um lucro inesperado.

Khadija se casa novamente

Khadija tinha agora quarenta anos. Ela estava convencida das qualidades nobres e maneiras refinadas de Maomé. Ele tinha vinte e cinco anos de idade. Khadija queria fazer-lhe uma proposta de casamento. Ela procurou a opinião de sua melhor amiga Nafeesah, que aprovou a ideia e ofereceu sua ajuda. Um dia Nafeesah foi até Maomé e durante a conversa perguntou-lhe por que ele não se casou. Maomé respondeu que não era rico o suficiente para casar. Nafeesah perguntou-lhe se ele estaria disposto a se casar com uma respeitável mulher rica. Maomé perguntou: ‘Quem é essa mulher?’ Nafeesah contou a ele sobre Khadija. Maomé pediu desculpas e disse: ‘Como isso pode ser possível? Khadija é demais para mim.

Khadija era uma mulher rica e eu sou uma pobre pessoa.’ Nafeesah disse, ‘Deixe-me cuidar disso.’ Maomé comentou: ‘Nesse caso, não tenho nada a dizer senão concordar.’ Quando Nafeesah contou a Khadija o resultado de sua conversa com Maomé, ela lhe enviou uma proposta de casamento. A oferta foi feita para ele através de seu tio Abu Taalib. Maomé consultou Abu Taalib, que o aconselhou a aceitar a oferta. Como o pai de Khadija havia morrido antes, Abu Taalib chamou o tio de Hazrat Khadijah Amr bin Asad, e pediu a mão de sua sobrinha em casamento com Maomé.  Amr bin Asad, sendo seu wali, deu seu consentimento para o casamento. Assim, o casamento entre Maomé e Khadija foi resolvido.

A cerimônia de casamento foi solenizada por Abu Taalib e o haq mahr foi fixado em quinhentos dirhams em dote. Khadija organizou uma grande festa e convidou parentes e amigos de ambas as famílias. A noiva e o noivo passaram sua primeira noite na casa de Abu Taalib, e então Khadija voltou para sua casa junto com o marido.

O casamento trouxe contentamento doméstico e felicidade para ambos. O casal foi abençoado com filhos. O primogênito era um filho. Eles o chamaram de Qaasim. De acordo com o costume árabe, Maomé ficou conhecido como Abul Qaasim, que significa o pai de Qaasim. Eles tiveram outro filho a quem deram o nome de Abdullah. Ele também era conhecido como Tayyab e Taahir. Alguns historiadores cristãos, no entanto, dizem que Maomé, teve três filhos de Khadijah Todos os seus filhos morreram na infância enquanto todas as filhas cresceram e aceitaram o Islã, mas não viveram muito. Apenas Hazrat Faatimah, sobreviveu ao Santo Profeta Muhammad, e viveu cerca de seis meses após sua morte.

Khadija, a primeira pessoa a aceitar o Islã

Maomé tinha agora mais de trinta anos de idade. O amor de Deus começou a possuí-lo cada vez mais.  Começou a dedicar mais do seu tempo para orações e meditação. As pessoas costumavam adorar ídolos. Diz-se que havia trezentos e sessenta ídolos colocados ao redor da Caaba.

Os árabes costumavam se entregar a muitos vícios como adultério, beber, jogar, saquear, assassinar e muitas outras práticas ilícitas. Maomé ficou profundamente magoado ao ver os atos maliciosos do povo de Makkah e o declínio moral e espiritual em que o povo havia caído. Não havia como resgatá-los exceto através da orientação e ajuda divinas. Ele, portanto, escolheu um lugar de solidão e retiro na Caverna de Hira, cerca de três milhas fora da cidade. Ficava no topo de uma colina, uma espécie de caverna, em forma de de pedra. Ele costumava ir lá sozinho ou às vezes com Khadija e passar vários dias e noites em meditação.

Quando Maomé, que tinha quarenta anos, ele teve uma visão. Isto foi em uma segunda-feira nos últimos dez dias do mês do Ramadã. Enquanto ele estava envolvido em adoração, ele viu alguém presente na caverna. Foi o anjo Gabriel, que ordenou que ele recitasse. Maomé respondeu que não sabia o que ou como recitar. Então, o anjo o apertou contra seu peito e o apertou duro. Jibraa’eel então o soltou e o instruiu novamente a recitar. O anjo o apertou pela segunda vez e pediu-lhe que recitasse. Mais uma vez Maomé deu a mesma resposta.

Khadija foi a primeira pessoa a acreditar no Santo Profeta. Ela havia testemunhado sua pureza e grandeza em sua juventude e passou quinze anos em sua companhia. Ela, portanto, aceitou-o sem qualquer hesitação. Ela teve muita sorte, pois o Islã, a religião da paz, começou em sua casa. Ali, que tinha dez anos na época e Zaid, o liberto escravo do Sagrado Profeta, eram ambos membros de sua família. Eles também acreditaram nele, no momento em que anunciou sua missão.

O apoio de Khadija foi fundamental para a missão do Profeta, uma vez que foi ela quem o confortou nos momentos mais difíceis, defendendo-o das difamações e injúrias que tanto sofria dos coraixitas. Não somente, mas de fato acreditou na Profecia de Muhammad, encorajando-o em sua missão e no desenvolvimento do Islã.

O boicote

Os líderes da tribo coraixita conduziram uma reunião na qual eles concordaram com um plano. Eles decidiram que, a fim de parar ainda mais a propagação do Islã, todas as tribos deveriam se juntar à campanha contra o Sagrado Profeta e seus seguidores. Além disso, os anciãos de cada tribo deve forçar tais de seus membros, que abraçaram o Islã, para renunciar a isso. Eles pensaram que por este dispositivo Maomé, seria abandonado por seus seguidores e sendo deixado sozinho, não seria capaz de continuar com sua missão.

Khadija usou de suas riquezas para ajudar seu marido, principalmente nos momentos em que os coraixitas tentavam de toda maneira boicotar sua missão, pagando assim pelo resgate dos muçulmanos aprisionados pelos líderes da tribo e também libertando escravos muçulmanos que eram oprimidos pelos seus mestres simplesmente por terem abraçado o Islã.

Os coraixitas declararam um boicote comercial contra o clã Hashim. Os pagãos atacaram, prenderam e espancaram os muçulmanos, que às vezes ficavam dias sem comer ou beber. Entretanto, apesar de todas as dificuldades e ameaças, Khadija continuou ajudando a manter a comunidade até que o boicote fosse debelado no final de 619.

Porém, o ano de 619 seria um ano obscuro para Maomé, que perderia sua fiel esposa e também seu tio Abu Talib. Esse ano ficou conhecido como “O Ano da Tristeza”.

A melhor mulher do seu tempo

Maomé, casou-se com várias mulheres após a morte de Khadija, mas nunca esqueceu sua primeira esposa. Durante todo o resto de sua vida, ele acalentava a memória dela com ternura e muitas vezes recordava sua lealdade, bondade e devoção a ele. Ele costumava dizer que ela foi a melhor mulher de seu tempo.

Cadija, a rica e poderosa mulher que foi chave no nascimento do Islamismo - BBC News Brasil

Khadija foi fiel do princípio ao fim ao Profeta, sendo a primeira a confiar em sua mensagem, um verdadeiro exemplo de esposa, amiga, companheira e muçulmana desde o primeiro dia do Islã até o presente. Sem ela a mensagem do Islã jamais poderia se espalhar pelo mundo, uma vez que teria parado ali mesmo na cidade de Meca, até então dominada pelos coraixitas que tanto ofenderam e atacaram Muhammad e a religião islâmica. Após isso, o Profeta teve que enfrentar momentos difíceis em sua vida, porém sempre com Khadija em sua memória, sofrendo pela sua partida, mas lembrando sempre da mulher que foi e que nunca o deixou desistir de sua Missão.

“A primeira esposa do profeta muçulmano Maomé e primeira pessoa a se converter à religião pregada pelo marido. Ela é comumente reconhecida pelos muçulmanos como “Mãe dos Crentes”. Foi uma das figuras femininas mais relevantes do islamismo ao lado da filha Fátima e permaneceu monogamicamente casada com Maomé por mais de 25 anos. Era a mais próxima dele e vários hádices narram que era a mais confiável e favorita entre todos.” Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cadija.

Este texto trata-se de fichamento do livro Khadija: A Mulher de Maomé, de Marek Halter.

* Evandro Gomes Pires Filho é natural de São Luís/MA, é Bacharel  Biblioteconomia pela Universidade Federal do Maranhão, pesquisador, responsável pela ficha catalográfica de vários livros.