Na semana passada, na fila de um self service, uns jovens estudantes vieram chegando com a algaravia que lhes é peculiar. Muita alegria. Querendo chamar a atenção. O tom de voz alto, incomodativo. E, sempre, alguém tentando levar vantagem sobre o outro. O que, “no meu tempo de escola”, se chamava “fobar”.
O certo é que queriam se mostrar, ali, como os maiores entendedores de comida. E, nós sabemos bem o que é isso. “Querer se aparecer!” Afinal, quem nunca chamou a atenção para si, que atire “a pedra”. A segunda, a terceira … ou qualquer outra pedra.
E, como não podia ser diferente, condenaram a comida, toda, que estava disposta nas cubas. Viam com desmedido desdém até os demais clientes.
O clima não era dos melhores, mas … Mas, a conversa daqueles jovens aguçou-me os ouvidos, ao descambar para um desfecho, hiper, super, por demais fantástico. E, não duvidem.
A mais jovenzinha, “uma magricela”, que mais gritava que falava, veio desfilando uma fileira de pratos japoneses. Juro que só conheço, e de nome, sushi. Mas, saiu sashimi, tempurá, guioza, hamuraki, missoshiru, temaki … Eita, Santo Inácio de Loiola, fiquei “de boca aberta”, com tanta novidade! E não foi de vontade!
E, não poderia ser de outra forma. Eu, “como todo baixadeiro da gema’, conheço é comida de verdade. “Cará pitanga e peba, piaba, jandiá, tarira, sarapó, baguinho, cabeça gorda, camuri, jeju, bucho de sarro, pampo, cascudo, bodó, jurará, galinha, pato, catraio, carneiro, leitão, bode e vaca! É, séro! E, a mais verdadeira da mais verdadeira comida”. Arroz, feijão, ovo frito, banana e farinha!
A verdade é que cada um foi “se amostrando” mais. Um desfilar comida, que não “me arrisco” a escrever, quanto mais pronunciar. Se tentar, com toda certeza, “quebrarei a minha língua”. Só em pensar. Misericórdia! Até parece “nome” de remédio, super amargo! Aquele, que “revira a boca do estômago!”
Bem poderia acabar a narração aqui; mas, se tal fizesse, estaria sendo leviano. Há mais “algumas coisinhas”.
Um dos jovens, à medida que seus amigos “fobavam”, ia se retraindo. A minha atenção já se concentrava só nele, que estava desconfortável. E, para piorar a sua situação, “um desassuntado” lhe pediu que falasse a sua comida preferida. O tímido “cabra” suou com vontade. Mas, de repente, a todos surpreendeu. Mandou direto e certeiro. “Lá, em casa, mamãe só faz pra mim é tatachi”.
“Tatachi?! É comida japonesa?! Não conheço. Nunca ouvi falar”. Em pura inocência, se manifestou “a magricela”.
“Rá, rá, rá. Tatachi … Mamãe solta o ovo do alto, e, com a colher, ‘tá… tá …!’ Ele cai na frigideira e faz ‘chiii!” Tá … tá … chiii!
A gargalhada foi geral.
Eu saí dali feliz, “pela vitória do rejeitado” e por acrescentar mais “uma semântica” a “ovo frito”. Agora, tenho o repertório mais rico. “Bife do olhão, ovo estralado, estrelinha, tatachi, disco voador!”
E, não fica só nisso. Em minhas andanças, dando curso no interior do estado, ouvi, mais de uma vez, “filé de pobre” e “bife de toda ocasião!” Agora, só faltou a farinha!