Sinta em versos o drama de uma parturiente pobre

ESTRADA DA DOR

Por Gracilene Pinto

Pobres vestes, pés descalços
Que caminham contra o tempo…
E os percalços
Em silêncio vai vencendo
O pequeno grupo
Pelo caminho lamacento.
Só a esperança e a fé
Sufocando os lamentos.
Mantendo a velocidade
Da caminhada,
Trocam-se os ombros,
Aligeira-se o pé,
Que o tempo urge
No estirão de estrada,
E longe ainda está a cidade.
Na rede, em estertores, a mulher
Geme e chora,
Por ver aflita
Aproximar-se a hora.
Se nasce-lhe o filhinho
De repente
No meio do caminho
À vista de toda gente?
Que vergonha, meu Deus!
Pior ainda, se morrer no parto,
Não resistindo
À tamanha provação.
Merece um filho de Deus,
Um ser humano
Sofrer os horrores
Da triste condição?
Porém, a dor maior da mãe
É pensar nos outros filhos seus…
Quem deles cuidará?
Quem lhes dará carinho,
Se ela nesta hora lhes faltar?
Só resta a pobre mãe
Pedir bênçãos e força
Aos ombros que a carregam,
Aos pés abençoados.
Só resta à pobre gente
Confiar em Deus!

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