Por Zé Carlos
Atendendo a uma sugestão especialíssima, volto a saga da música pinheirense, temática já abordada em ROSÁRIO & PESSOA: a harmonia perfeita.
Tarefa extremamente agradável, que me levou, um “pouquinho” mais, às minhas RAÍZES, onde pude reafirmar a importância dos PESSOA, para a vida musical de nossa Princesa da Baixada.
Nesse cenário, vamos encontrar, do segundo para o terceiro quartel do século XX, Filipinho Pessoa, que comandou algumas formações musicais, a animar os galantes bailes e a invadir a noite com suas famosas e sensacionais serenatas. Então, o que dizer dos carnavais! Carnavais homéricos, a “endoidecer” a cidade. Lembranças carnavalesca, que despertaram em um saudosista ferrenho, o meu pai Zé Carrinho Pessoa, até o ensaio de uma das músicas da época. “Seu Mané Garrincha, como é que se faz gol / Seu Mané Garrincha, como é que se faz gol / Seu Mané Garrincha, pega a bola e dribla um, dois, três, quatro, cinco, seis / E depois dá de bandeja, pra marcar / Quem faz o gol? É o Pelé”. Eita, lembranças!
Voltemos a Filipinho Pessoa. Um músico pleno, que lia e escrevia partituras, para todos os instrumentos. Verdadeiramente, um mestre, que teve a felicidade de ver-lhe os filhos “trilhando a sua mesma trilha”. Músicos. E que músicos! Fernando, Zé, Raimundo, Inácio, João, Heiter, Isabel (tia Bela, arrasando no violão). A exceção masculina fica por conta de tio Antônio Pessoa, que tocava nenhum instrumento.
Nesse “mergulho” musical, encontrei, como primeira referência, uma “orquestra”, liderada por ele (Filipinho Pessoa), no trombone, junto com Luís de Iria e irmãos. Luís de Iria, no violino; um irmão, que infelizmente não consigo nomear, na bateria; e o outro irmão, Zé, no piston.
Há de se ressalvar que provavelmente houve outras incursões nessa seara. Não consegui outras informações. Assim como aproveitar para já me desculpar se, por ventura, esqueci alguém. Espero que venham contribuições, que possam completar minhas informações e / ou elucidar algumas lacunas apresentadas aqui. A curiosidade, pois, que me consome agora, é saber quem o levou à tamanha maestria.
O certo é que desfeita a formação citada, vovô Filipinho, ainda no trombone, partiu para nova empreitada. Criou a banda Jazz Pinheirense, referência musical a toda a Baixada e influência às gerações seguintes. “Bandaço“, em que contava com a companhia de Bigodinho, no pandeiro; Fernando Pessoa, no banjo; Guadêncio Peocapá, no violino; Heiter Pessoa, na bateria; e José Tomé, no piston. Haja talentos!
Filipinho Pessoa tinha apenas um irmão, Mundico Pessoa. Este não tocava, mas a genética musical fez-se presente em seus descendentes: Geovane Pessoa, no sax, e Álvaro, o genial Caeira, “mestríssimo”, no pandeiro.
Para não ser injusto, necessário se faz ressaltar que nossa querida cidade “acalentou” outros monstros sagrados e respeitados, com quem meu avô conviveu, ora trocando conhecimentos, ora dividindo o palco, como o senhor Hernane Leite, professor de música; a família Soares, composta pelos irmãos Parmenas (saxofone), Arlindo (piston), e Lourenço (não consegui saber o instrumento); mestre Valeriano (violino); Zé Derinho (bateria); Belírio (bateria); Zé de Cristina (cabaça e pandeiro); os meus tios Hamilton, morador da Enseada (banjo) e Benedito do Rosário (saxofone); Zé Chagas (saxofone); Chiquinho Oliveira (saxofone); e os irmãos de Queimadas, liderados por Mundoca, com o seu piston, a assombrar e embalar os pés-de-valsa em nossas festas.
Diante dessa plêiade, pode-se entender o caminho musical, que Pinheiro trilhou. Pena que se perdeu “o fio da meada”. O “fio” musical!
Nota: O Fernando Pessoa da foto é bisneto de Filipinho Pessoa.