O Mercado de Matinha

Autor Aroucha Filho*

Verdadeiramente um mercado moderno, bem construído e funcional, bela fachada. Era, sem dúvidas, o melhor mercado da região, em todos os aspectos.

Na década de 50, na gestão do Prefeito Aniceto Costa, primeiro prefeito eleito de Matinha, portanto no início da emancipação política do município, período das obras estruturantes tão necessárias para a sede do município adquirir a feição de cidade, foi construído o Mercado Municipal de Matinha.

O mercado apresentava-se como uma obra bastante avançada àquela época, tanto pelo aspecto arquitetônico, como pela concepção urbanística. A localização escolhida foi o centro da cidade, buscando equidistância de percurso aos frequentadores daquele importante logradouro público.

O conceito arquitetônico da obra, optou pelo formato geométrico de um quadrilátero, com acesso pelos quatros lados, possibilitado por amplas portas em arcos, no centro de cada lado. Chamava à atenção a sua fachada simétrica, igual em qualquer ângulo de visão frontal. Quatro faces iguais. Destaque ao telhado com quatro águas invertidas, isto é, a queda d’água era para a parte interna do mercado, em um quadrado de piso rebaixado, essa área era descoberta e bem no centro existia um poço, devidamente revestido com tijolos compactos, com poial e tampa de madeira.

O destaque, da bonita fachada do prédio, era o “platibanda”, recurso da arquitetura moderna, que permitia embutir, encobrir a vista do telhado. A primeira obra em Matinha com esse recurso da arquitetura.

O ponto alto dessa simbólica obra foi a funcionalidade projetada, concebida para esse período tão remoto. A começar pela localização na parte central da cidade, edificado quase no centro de um grande espaço vazio, hoje Praça Juarez Silva Costa, antes, Praça Professora Etelvina Gomes Pinheiro. Diz-se que a edificação não ocorreu no centro desse espaço para não sacrificar um frondoso pé de bacaba (Oenocarpus bacaba ), ali existente. Demonstração de avançado sentimento de preservação ambiental.

O prédio era circundado por uma larga calçada, em torno de dois metros de largura. Em razão do desnível do terreno o lado que ficava voltado para a praça, a calçada era alta com degraus. Nos quatros cantos, face externa, tinha espaço reservado para lojas, mercearias ou quitanda como denominávamos esse tipo de estabelecimento comercial. Eram espaços razoáveis, com uma porta de cada lado. Pela parte interna, em cada canto, ficavam os cortes, açougues, destinados à venda de carne verde (bovina e suína) e pescados. Os ambientes eram equipados, com ganchos, mesa, balança com conjunto de pesos e uma tora de madeira onde os açougueiros com a ajuda de machado de cabo curto, cortavam os ossos das rezes em desmonte.

Açougueiros que a memória alcança, trabalharam no mercado, os senhores: Seixas, Maneco Sena, Machado, Domingos Serra, Zé Sena (Zé de Maneco).

* José Ribamar Aroucha Filho (Arouchinha) é natural do município de Matinha-MA, Engenheiro Agrônomo aposentado do INCRA, exerceu os cargos de Executor do Projeto Fundiário do Vale do Pindaré e Executor do Projeto Colonização Barra do Corda. Ex Superintendente do INCRA Maranhão. Foi Superintendente da OCEMA e Chefe de Gabinete da SAGRIMA.

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