Por Zé Carlos
(…)
… amanhece tão … as notícias do Zé Pereira caducaram e se perderam nos ecos de sentimentos angustiantes e nas parafernálias tecnológicas.
Assim, a cidade repousa no mais profundo silêncio, que a tudo e a todos silencia. A cidade, sonâmbula, pálida e insossa, colhe o sabor da desfolia, que se recolhe e some no dissabor de uma grande e infernal ressaca, de outros e longínquos carnavais.
Mas, é carnaval! Mais um carnaval, a sumir no meio de tanta angústia e temor, a nos mostrar o quanto andamos perdidos.
O tamborim recolhe-se amedrontado. Recolhe-se tímido, em uma mudez gritante, a congelar o barracão, por inteiro.
A cuíca, roufenha, já não chora nem geme. Cala-se, perdida no esquecimento do mais novo enredo.
O surdo sonambula, no canto direito, do outro lado da quadra, sedento do grito do cavaco, que se perdeu em meio de tiros e explosões, de um “puto” e insano verdugo.
O pandeiro, nervoso, ensaia uma roda de samba, porém, hesitante, suspira e desfalece por entre dedos trêmulos.
A porta bandeira desvalsa em uma tristeza tamanha, que a assalta implacável, para despi-la de sua imponência.
O mestre sala perde-se nos rodopios e acrobacias, eternizados apenas em boas e fantásticas lembranças.
As alegorias, disfarçadamente, recolhem-se em traços perfeitos, fincados no teimoso papiro, que parece gargalhar do enredo de uma vida de erros e egoísmo.
O samba atravessou ao pedir clemência ao guerreiro-padroeiro São Jorge!
Já é carnaval!!!
Que venham nossas bênçãos!