… minha avó contou histórias
mágicos
canavial
tia onça
coelho
lobisomem
pombo correio
“prinspe incantado”
pote de ouro,
no fim do arco-íris
… tremi, feito vara verde
me perdi no fundo da rede
acordei sobressaltado
tomei a sacra benção
a torto e a direito
meio sonâmbulo
bebi o bule de café
e revisitei o cochilo
… ainda errante fiz promessa,
do que não tinha,
a São Longuinho
e não me achei
… desembestei nas asas
dos ventos
nadei peixe
exalei flores
soprei campo
corri cavalo
voei passarinho
assombrei o currupira
assustei a sisuda coruja
fantasmei a alma penada
acolhi o gato, fujão e vadio,
descaretei o boi da cara preta
murmurei sacaninhas ninares
e jejuei a pão e água
no sábado de aleluia
… berrei o rascante berro,
a me rasgar a garganta
na última lua minguante
e tomei lambedor de hortelã
gemada com raiz de cantan
e
chá de romã
… com as últimas forças,
subi na coragem,
que ainda restava,
e me atirei,
sem receio,
nos becos dos medos!