É TEMPO DE CARNAVAL! (A MULHER ADIVINHONA)

Por Zé Carlos Gonçalves

Eita, período para ter o que “contar”. Olha aí, dr Nordman Ribeiro, resgato a façanha de um autêntico folião, um bom conterrâneo, “lá pelos idos de 60”, que só queria um pouco de diversão.

Pois bem, reza, nos profanos anais carnavalescos de nossa Pinheiro, que o dito cidadão, que vou nomear de JJ, para evitar qualquer tipo de fuxico, não quis dar ouvido ao pedido de sua esposa, que só queria o seu bem, dele.

JJ havia chegado, cansado, de uma cansativa viagem à Chapada, que durava desde a madrugada. Foi-lhe implorado que não saísse, o que era sua vontade manifesta, e que logo fosse a “um senhor banho”, e jantasse e descansasse. Tal pedido, ‘tão” encarecidamente pedido, não foi aceito. Não teve jeito. JJ “desarreou” seu querido e fiel alazão; banhou, com o maior desvelo; “botou a sua melhor beca”; abusou do Madeira do Oriente; e saiu, se achando. E, ainda, “saiu com esta”:
– Eu vou é dá uma expectada no baile da imoralidade, logo depois venho fazer bochecha e vou imitar morto.
– Rapaz, deixa de doidice e vem jantar. Só escuto que só tem briga nessas festas. Um verdadeiro inferno! Procura descansar. Não é mais como no nosso tempo. Acho que tu tá procurando é apanhar.
Mas, como dizia minha doce avó, “o que não tem remédio, remediado está!” Então … JJ não deu ouvido. Nem ligou. E foi.

Chegando à entrada do clube, “afoito, que só”, foi logo subindo a pequenina escada, que dava acesso ao salão de festa; mas não havia de ter sorte pior. “Foi de encontrão” com a insana briga, que vinha lá de dentro. Sem como fugir, ganhou, olha só, “foi um baita tabefe no pé do ouvido”. Aí, né, tudo acabado!

“Com tudo escuro”, JJ rolou, rolou e chegou, atordoado, e bastante machucado, à dura calçada. Foi “pisoteado” pela turba enfurecida, que fugia amedrontada. “Ninguém ligou pra ele”. “Com muito custo”, voltou a si e voltou para casa. “Com o rabo entre as pernas”, murcho, e com os conselhos da esposa, “a lhe consumirem o juízo”, arrastou-se em total frustração. Afinal, não tivera tempo de “molhar o bico” que dirá, meu Deus, de “peruar” alguma coisa, como bem queria. Muito menos o “baile da imoralidade”! Só lhe restou “entrar mudo e ficar calado!” Como se não tivesse sofrido “nada”, JJ fez a sua bochecha (comeu “sua bóia”) e procurou imitar morto (foi dormir), com os anjos!

Que sábia e “adivinhona” era a sua mulher!

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