UMA DÉCADA DE OURO EM PINHEIRO – MA (1920/1930)

Há algum tempo, venho me consumindo sobre a vida sócio-político-intelectual pinheirense. Fui à luta. Luta árdua, porque, mesmo que haja muitas publicações a respeito, há uma grande dificuldade em encontrá-las. O que não deixa de ser intrigante, face a riqueza bibliográfica existente. Algo não justificável; mas perfeitamente compreensível, uma vez que o poder público não tem a política (o legítimo compromisso) de levar aos seus cidadãos o conhecimento de sua história.
E, assim, os imediatos, e terríveis, reflexos são as nossas tradições, costumes, crenças caírem no ostracismo, principalmente, com uma juventude alheia à nossa riqueza cultural.
Como desabafo está bom!
A verdade é que se sabe que a nossa PINHEIRO, na BAIXADA MARANHENSE, originou-se de uma fazenda, implantada por Inácio Pinheiro, oriundo de Alcântara, no século XIX.
Mesmo enfrentando provações, as mais díspares; importantes e inúmeras conquistas “abraçam-lhe” nos aspectos sociais, políticos, históricos, urbanísticos, culturais; o que lhe vem conferindo um “ar” de “centro importante”, “socorrista”, influenciador e irradiador de novos hábitos e atividades, que a vem alcançando e afetando um extenso entorno, constituído por um número considerável de municípios (…).
Essa Pinheiro, progressiva e produtiva, “viveu”, na década de 20 (1920 / 1930), um momento ímpar, tão profícuo, “fértil”, implementador e disseminador de conhecimentos e ações, que, em definitivo, lhe vieram mudar os “caminhos”. Isso nos leva a classificá-la como a sua “Década de ouro”.
Época, em que Pinheiro teve a “sorte” de ser agraciada com a chegada do Dr. Elizabetho Barbosa de Carvalho, natural de Amarante, do estado do Piauí, que veio como juiz de direito e lhe promoveu uma saudável e avassaladora mudança no cotidiano pinheirense, dando-lhe uma nova dinâmica em todos os seus aspectos, com a amizade e o auxílio de alguns abnegados.
Os acontecimentos, buscados em Aymoré de Castro Alvim, Jornal Cidade de Pinheiro, Josias Peixoto de Abreu e IBGE, justificam nossa assertiva, haja vista serem os “protagonistas” da efervescência causada, na e para a cidade, mudando-lhe o comportamento, em definitivo, em suas mais variadas nuances; provocando e lhe garantindo o “aparecimento” de uma rica e consistente cultura, a qual vem “provendo” o Maranhão, o Brasil, quiçá, o mundo, de filhos capazes de serem os atores basilares, em todas as áreas de conhecimentos.

Senão, vejamos. No decurso da citada década, importantes acontecimentos vieram mudar, e para melhor, a realidade, de total isolamento, em que Pinheiro vivia.

Em 1920, iniciou-se o Movimento Cultural Pinheirense, promovendo o crescimento cultural, intelectual e artístico, de seus filhos; iniciativa do juiz Elizabetho Barbosa de Carvalho. Pinheiro foi elevada à categoria de Cidade. Fundou-se a Loja Maçônica Renascimento de Pinheiro.
Em 1921 – fundou-se o Jornal Cidade de Pinheiro, por Dr. Elizabetho, Clodoaldo Cardoso e Brasiliano Barroca. Fundou-se o teatro Guarany. Dr. Elizabetho e alguns companheiros fundaram uma Escola Noturna.
Em 1922 – implantou-se a luz elétrica; luta do prefeito Josias Peixoto de Abreu e colaboração, com um empréstimo, de Albino Rodrigues de Paiva. Dr. Elizabetho Barbosa de Carvalho contribui na elaboração de um projeto urbanístico e o novo Código Municipal de Posturas. Instalou-se o Instituto Pinheirense, com os cursos de primeiras letras, primário e secundário, para ambos os sexos.
Em 1923 – instalaram-se, por Dr. Elizabetho, a Biblioteca Popular e o Salão de Leitura.
Em 1924 – fundou-se o Casino Pinheirense.
Em 1924 – Domingos de Castro Perdigão fundou o primeiro salão de leitura, a “Biblioteca Popular”.
Em 1925 – José Alvim fundou o semanário A Vanguarda. Fundou-se a Escola Antônio Souza, para crianças pobres, pela Maçonaria.
Em 1926 – fundaram-se o Teatro Santo Inácio e a Escola Normal;
Em 1927 – fundou-se o Grupo Escolar Odorico Mendes. Veio-lhe o primeiro veículo motorizado, um caminhão. Instalou-se a Usina dos Franceses, na região da Chapada, beneficiando o coco babaçu e produzindo coque (carvão), ácido acético, álcool metílico e alcatrão.
Em 1929 – fundou-se o Guarany Esport Club, o primeiro time de futebol de campo, presidido pelo Dr. Elizabetho Barbosa de Carvalho; trazendo junto o primeiro teatro, o Guarany, e uma escola noturna.


Diante de tão magníficos feitos, resta-nos agradecer a todos os que nos deram desenvolvimento e engrandecimento. Entretanto, uma dorida constatação: o “desprezo” e o esquecimento, por completo, de nosso maior benfeitor, que teve sua última referência, no cotidiano pinheirense, transformada em um camelódromo.
Uma pena!

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2 Replies to “UMA DÉCADA DE OURO EM PINHEIRO – MA (1920/1930)”

  1. Sou fã cidade de Pinheiro busco informações do meu pai Mário fontes Pereira , que é segundos relatos foi um Home muito rico na década de 49 e 50 !! Não encontrei nada ainda sobre ele ! Aceito sugestões sobre locais que eu possa pesquisar!!

    1. Boa tarde, João Soeiro.

      Enviei seu comentário para o autor do texto, Zé Carlos Gonçalves da seguinte forma: “Boa tarde, Zé Carlos. Esse comentário no site sobre seu artigo: “UMA DÉCADA DE OURO EM PINHEIRO – MA (1920/1930)”. Se tiver informações sobre Mário Fontes Pereira, por favor, mande para ele, no e-mail: joaosoeiro40@hotmail.com“.

      Não te mando o e-mail dele porque, infelizmente, não disponho.

      Cordialmente,
      Ana Creusa Martins

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