COISAS E LOAS
(… olho no olho)
Um dia desses, ao esperar o meu filho na porta da escola, vi uma cena, que me chamou atenção. Ali se achava “um casalzinho, no maior grude”. Mas o grude não os grudava. “Que crazy!” Estavam juntos, e tão distantes. Cada qual em seu mundinho, aprisionados às telas mágicas, que os hipnotizavam.
O grude era, na verdade, com os sacripantas dos celulares. A garota estava mais contida, “soltando uns sorrisinhos disfarçados”. Já o garoto se retorcia todo, fazia caretas e caretas; e, o mais incrível, mastigava a língua numa insistência desmedida. Até lembrei da brincadeira de “cabo de guerra”. Quem não tinha como sustentar a força braçal, ia transferindo-a para a língua. E haja mascar a língua, como “uma brejeira”.
Mas, voltemos “ao namoro”. Será que estavam “namorano atravéise di mensági. Cad’um ligando pr’ôto. Só pôdi!”
Bom mesmo foi não termos vivido plugados e alheios. Os eletrônicos “ero a nossa praia, não, tio”. O olhar, geralmente, discreto. O interesse nascia. A coragem nem sempre se apresentava; mas, quando vinha, o valente e enamorado “indivíduo” se manifestava. “E, com força!” Se manifestava de todos os modos, mas com modo. Um psiu, abafado; uma tímida piscadela; um aperto discreto das mãos bobas; um bilhetinho, que era traficado pelos melhores amigos; uma dança nervosa; cabia até uma abordagem direta.
E, como tudo isso é verdade, a cena referida no início desta crônica me remeteu ao meu estimado e “danado” parente, Batista Pessoa, que sempre se refere ao início do namoro, “daqueles menos corajosos”, inclusive ele, que se muniam de infalíveis armas: pedrinhas milagrosas, “avoadoras” e tão certeiras, a serem verdadeiros cupidos, com o único intento de conquistar a cara paixão. O início era difícil, trabalhoso e trabalhado. Hoje é ausente. Não há início … Não há … Não há …
E veio a me remeter, também, ao apogeu de “uma conquista bendita”. O nervosismo, cruel e pilantra, dum indivíduo, que, “seim papu, au su vê nu mato seim cachorro”, e sem gato, se “chegou à pretendida” e direto, sem preâmbulo, “se saiu com esta”. “Sou fã teu!” E, para sua sorte, a “piquena, insensívi li disculhambô, num li deu bola e ind’o chamô di dismiolado”. Digo, sim, sorte. Sorte … pois se fosse “ôji” … ! “Arre égua!”‘ e outras zebras … Com toda certeza!
E, com toda certa certeza, havia mais olho no olho!