TOADA PERIGOSA

Por Gracilene Pinto

Sobre a questão de toadas na Baixada Maranhense, tem uma história, com H mesmo, de dois homens de um município vizinho que fizeram uma viagem à Viana. Chamavam-se Benedito e Nicolau (os nomes são fictícios para preservar a identidade dos protagonistas).

Lá, Benedito “tomou gosto com uma viúva”. Ela contou para seus irmãos, que a orientaram a marcar um encontro depois das 22 horas em sua residência com o saliente. A mulher marcou o encontro e os irmãos ficaram de tocaia dentro da casa esperando o sujeito, que chegou acompanhado do parceiro.

Logo, a dupla estava amarrada igual a porcos para o abate. Sobre a mesa havia, de um lado uma faca e um revólver destinados ao Benedito, por ser o autor do insulto. Do outro lado, um prato de pimenta malagueta e uma garrafa de azeite de carrapato, à espera de Nicolau. Os dois teriam que escolher a sentença que mais lhes conviria. Benedito, optou pela faca. Deixaria um importante pedaço em Viana, mas preservaria a vida. Curau, preferiu o azeite de carrapato à pimenta malagueta, pois, além de não arder ainda faria uma limpeza intestinal. Terminado o serviço os vianenses soltaram a dupla, que caiu no mundo, voada.

Seguiram a longa estrada de volta pra casa, Benedito se esvaindo em sangue e Nicolau em merda. Benedito, quase não resistiu, mas como não era ainda sua hora, não morreu. Nicolau, intestino limpo, a saúde melhorou. Os dois até engordaram, depois do evento. Os cantadores de boi tiveram novo assunto para inspira-los, e no São João matracas e pandeirões apanharam na homenagem aos dois “heróis”:

“Eu não vou mais em Viana
Que é lugar de gente mau,
Caparam Benedito
E deram azeite a Nicolau”.

(Imagem Lago de Viana – Maranhão em clic de Richard Leite).

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