CENAS DO COTIDIANO VIII
(… o Carlos, que “não é eu!”)
Muito ouvi “dos mais velhos” que “os tempos são outros”. E, agora, mais do que nunca, venho confirmando a máxima das “máximas”. Vivemos os tempos de “muita doidiça” … e de violência. Que lástima!
O feminicídio e o estupro de vulneráveis, cada vez mais, se tornando onipresentes em todos os meios difusores de notícias. Quanta tristeza! A barbárie se tornou corriqueira e crescente, a vitimar “nossas guerreiras”, em “uma guerra” cruel. Desigual, silenciosa e infame. É a surda covardia a alcançar o mais deplorável grau da indecência. Parece uma roda viva, a se alimentar de casos mais escabrosos e mais escabrosos, a cada dia. Estamos no limite. Em nossa sociedade não cabe prática tão selvagem.
Sem entrar em polêmica, descobri que já não posso “nem” mais usar a gíria antiga, que ainda carrego comigo, “pra mode di num criá neium pobrema”. Vejam que coisa. O inofensivo “Tudo jóia!” agora é motivo de discórdia. Verdade verdadeira. Um dia desses, vi uma cena de tanta violência, porque um cidadão empregou tão imperioso insulto. Quanta loucura! Quão bruto se tornou o ser vivente! O certo é que vivemos uma “involução” em todos os aspectos. E, a pior, é a cultural. “Cega e mata”, em definitivo.
Nesta semana, fiquei pasmo, e medroso, com “um papo”, ocorrido na fila de um banco. “Ah filas benditas, que ‘vivem’ a me perseguir!” E o casal a se exasperar. Acredito que era um casal de docentes. E massacraram, sem piedade e sem dó, o Carlos. “É sêro!” Só falaram no Carlos. E socaram o Carlos. E deram rasteiras no Carlos. E, até, mandaram o Carlos “coisar”. Aí, a minha angústia começou a crescer. Afinal, é dessa forma que sou tratado em família.
Bastante “discunfiado, procurei sair, de fininho”, e me postar em uma fila bem longe daquela. Mas, como o ouvido é “terrívi, né?”, escutava ainda, quem sabe até imaginando, ante o medo, aquele Caaarrlos, Caaarrlos, Caaarrlos. Se eu fosse só um pouquinho corajoso, tinha ido lá falar ao casal. Sou o Carlos, mas sou o Zé. O Carlos, de quem o acompanhante sofre um belo “metaplasmo”. Vem reduzido. O outro Carlos, ao contrário, carrega, assim, um acompanhante imponente, pomposo e no “aumentativo”. E, com toda certeza, não está aqui, em fila alguma. E, ainda bem, né?! Acho que nem um “leão” poderia salvá-lo de tão insana selvageria.
“Não sei, não”, mas acho que agi certo. Ante tamanha ira “o melhor foi logo meter o rabo entre as pernas e vazar!”
“Que doidiça!”