voo abraçado às lembranças,
que se insinuam,
pulsantes,
a me carregar nas entranhas
dos teus encantos
voo as tuas manhãs,
a explodir em vital energia,
que me alimenta,
abraçado pelo azul celeste
e
pelo verde campestre,
que me sustentam
leve
e
livre
voo os teus caminhos,
trançados em sabedorias,
abraçados pelas veredas,
que me conduzem
livre
e
leve
voo leve,
a te apreciar
em tuas belezas humanas,
acobreadas pelo sol,
baixadeiros benditos,
enrijecidos no trato da terra
no cabo da foice e da enxada
no caniço prenhe de piaba
de acará
de bagruinhos
na corda de couro
a domar o sacro leite,
alimento de todo dia
e
pelos teimosos sonhares
dos teus filhos bem amados
voo livre,
a receber o verdor do vento
a essência do capim
de marreca
o sussurro do Pericumã
e
os mistérios da Juçareira,
a te carregar amuleto meu,
único
e
único
voo, voo, voo,
nas asas das saudades,
impulsionado pela tua leveza
e
pela tua infinda liberdade.