Lembranças

Por Marcone

Ontem à noite, esticando até às primeiras horas da madrugada de hoje, fiz um passeio interessante dentre as lembranças. Vi-me em um lugar delicioso, que me marcou profundamente e nunca será esquecido, em seus mínimos detalhes. As pessoas fervilhavam e eu sentado, atento a tudo que me circundava e envolvia, muito observador e analista reafirmava a ideia sobre quanto o ser humano romântico, sentimental, sensível a qualquer forma de beleza, nunca está totalmente imune ou protegido em uma redoma, que lhe anule as chances de encontrar alguém capaz de sensibilizar seu coração, tocar-lhe ternamente a alma. Hoje, essa lembrança reafirma-me essa óbvia conclusão.
Conheço muitas histórias passionais, Em cada uma delas, os sentimentos que fluem são reativos. Algumas se asseguram na constante disposição do espírito ao exercício do bem e desprovimento do mal, exatamente o quê nós chamamos VIRTUDE. Mas nem sempre é assim e, às vezes, as pessoas tornam-se impulsivas, cedem ao ciúme, incitam-se à maldade, à vingança, quando se deixam levar pelo inconformismo de uma dor, atropelam-se com as palavras, constroem e vivem as mais diversas tramas, mescladas de amor, ódio, desejo, traição, revanches oportunistas, hipocrisia, falsidades, e interesses pessoais em detrimento do intento alheio e tantas vezes de seu próprio interesse. Agindo por fora e comumente com direta incidência sobre a manutenção ou destruição do relacionamento, ainda há a força negativa da inveja – sentimento mesquinho, sórdido, capaz das maiores atrocidades e perversões por parte daqueles que se sentem inferiores e descriminam-se, atestam-se incapazes, no entanto, altamente competentes para arquitetarem armadilhas e puxarem o tapete do SER oponente.
Conheço histórias de grandes relacionamentos que começaram em cabarés, casas de prazeres, prostíbulos, abafadas pela maioria de seus protagonistas, escondidas, ignoradas, transfiguradas ao perfil de lendas, por livres, fantasiosos e inibidores pensares, porém que, admiravelmente se equilibraram e subsistem na compreensão, na confiança e no respeito, independentemente de suas ascendências – lições, referências para evidenciarmos e compararmos pelo resto da vida, tanto de mulheres quanto de homens.
Lembro que nessa noite eu conheci mais uma história com essas particularidades tão comuns aos aventureiros do amor, dublês dos tentadores prazeres de alcova.
Enquanto me concentro para digitar, ao longe toca, e toca-me, uma música que gosto muito de cantar e já cantei para ouvidos atentos, receptivos, que me privilegiaram, cuja letra muito afina com essa questão aventureira, essa busca de suprimento das carências, uma bela página musical que tem tudo a ver, como se diz popularmente, que reforça minha reflexão sobre relacionamentos: “Garoto de aluguel”, de Zé Ramalho – a obra encaixa-se direitinho em nossa realidade de fugas, sonhos e prazeres alugados no burburinho dos sons de mil palavras simultâneas e música para embalar, ou nos sussurros da calada noite preta!

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