Por Família Martins Santos
Sempre evitávamos levar nossa mãe, Maria Amélia (96 anos), ao Hospital, com receio de ela não voltar. Porém, no dia 14 de junho de 2025, a sua internação foi inevitável. À noite a levamos ao Hospital São Domingos – na chegada foi logo entubada e depois ocupou um leito da temida Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Parecia que estávamos em um mar revolto em uma lancha de madeira. A cada momento uma novidade, um susto: pressão alta, pressão baixa, febre, transfusão de sangue, exames dos mais variados. Não falávamos sobre o assunto, porém, muitas vezes pensávamos que Miminha não resistiria à turbulência daquele tratamento. Que seu corpo fatigado pela idade e pelos desafios da vida iriam sucumbir.
Submeteu-se aos procedimentos de Traqueostomia e Gastrostomia que permitem que as funções de respiração e alimentação sejam feitas de forma automática. Os médicos disseram que ela usará esses equipamentos para sempre, que lhe privarão da fala e da alimentação via oral.
Muitas vezes, vinha para casa, orava para que pudéssemos suportar os desígnios de Deus, pois sentia que o fim de uma vida de muitas batalhas estava próximo. Porém, ela resistia bravamente. Teve alta da UTI e foi para o apartamento em 7 de julho de 2025, enquanto o processo de Home Care se encaminhava pela dura burocracia entre o plano de saúde, a empresa de home care e o hospital.
Nesse ínterim, ela foi acometida de febre altíssima, com calafrio e sinais de bronco aspiração. Retornou à UTI onde fez a troca do tubo da traqueostomia. Porém, os sinais vitais continuavam instáveis e a alta hospitalar era novamente uma incógnita.
A nossa família sentia-se numa tempestade ruidosa. Quem estivesse com mamãe no hospital se encarregava de fotografar os aparelhos que mediam os sinais vitais e encaminhava para quem estava em casa, que permanecia de plantão à distância, às vezes em reunião on line.
Mamãe raramente abria os olhos, mas costumava apertar nossas mãos com força, como se quisesse proteção. Esse pequeno fôlego de vida era motivo para comemoração.
Como a situação mudou, todo o processo de alta foi revisto, novas exigências médicas surgiram. Finalmente no dia 19 de agosto às 14 horas, mamãe foi transportada em uma ambulância para casa.
Apesar de ainda estar sob cuidados médicos, como se estivesse internada, vê-la em casa é uma vitória incomensurável, que só nos resta comemorar.
A gratidão à equipe médica e de enfermagem é tão grande, que não cabe em nós. Aos familiares que cuidaram dela no hospital, aos que oraram, enfim, nossa Gratidão a Deus e aos anjos humanos por nos dar a oportunidade de nossa mãe voltar para sua casa, onde dedicou carinho e proteção aos frequentadores do seu lar, que encontravam alento em suas asas acolhedoras.
Maria Amélia voltou …