Querido irmão, compadre, filho,
Não vou falar de tristeza. A tua trajetória não permite. Ela é especial. Desde os passos primeiros, na companhia do nosso avô Antônio do Rosário, formando a mais perfeita dupla da vida: Pelé e Rivelino, às fugidas, para driblar as dificuldades de nossas jornadas. Desde a tua mudez, ante as reprimendas, dos que não te entendiam em tua genialidade, às estripulias do moleque, a voar livre e a espalhar certezas.
Não vou falar de tristezas, ainda que a doída saudade me invada, me destroce e me reafirme a necessidade de tua presença física; porque, em espírito, estamos ligados para sempre.
Vou falar do que olhamos, do que falamos, do que sonhamos, do que sorrimos, do que vivemos. Das preocupações e das satisfações.
Hoje, estou insone, tal qual muitas e muitas madrugadas me deixaste. Quantas vezes, corri a tua procura, quando querias apenas o reggae, a lua e as estrelas?! E, agora, queria ainda poder te esperar por muitas e muitas outras. Mas, o nosso Pai eterno te quis com Ele, pois bem sabe que a tua missão é bendita. E, por ser bendita, leva um pedaço de mim, mas deixa o melhor de ti. A alegria, eternizada no teu olhar, nas tuas tiradas geniais, na tua sinceridade, no desespero do falar e na gargalhada única e verdadeira. Gargalhada, a te conduzir pelas tuas escolhas, pela tua determinação, pelos teus caminhos. Gargalhada, que te fez sorrir com a vida, sorrir da vida, sorrir para viver.
Só tenho a te dizer que vou quebrar a nossa promessa e te afirmar que “naquela mesa estás faltando tu e dói a tua saudade em nós”; mas, não te preocupes, porque as tuas lembranças nos confortam.
Só tenho a te dizer que a família Rivelino continua, em cada parente, em cada amigo, afinal, Francisco Antônio traz a força de nossos dois avôs, que te deram a sabedoria de te tornar Chico. Chico, em tua simplicidade e generosidade.
Só tenho a te dizer que a família Rivelino continua a acompanhar as trajetórias de Giovana, Luíza e Miguel.
Só tenho a te dizer que Deus te abençoe e possa gargalhar de tuas gargalhadas.
E … não vai tomar as chaves do céu de São Pedro.
Um forte abraço.
Zé Carlos Gonçalves