Às vezes, vago perdido
de mim …
as mais fantásticas belezas
não me encantam
não me dizem
não me satisfazem!
carrego comigo o verde,
terra-mãe,
mais e sublime,
e
o azul,
mais vivo e alentador,
a me enfeitiçarem
no calor chamante
da curacanga!
devaneio pelas trilhas,
cheias de mistérios
e
sabenças,
dos infindos campos,
que me forjaram
menino e poeta,
nas horas vagas
de todos os dias!
ouço,
em todos os instantes,
os “ecos da Baixada”
a me confessarem
a sagrada origem
e
a me sussurrarem
o amor materno,
que me vela
e
me conduz!
atendo ao chamado
do tambor grande
queimo palhinhas,
para alegrar os Reis
tiro jóia para o divino
Espírito Santo
faço falar a matraca,
a acordar São João
passo fogueira,
a reafirmar a amizade
revivo presépios,
a celebrar o Nascimento
jogo pião, no terreiro santo
da Floriano Peixoto
sento na porta,
a fortificar os meus laços
sou o filhote,
a não se desgarrar
da ninhada!
assim, sigo convicto
do que sou:
baixadeiro da gema,
comedor de beiju
de chibé
de murici
de juçara
de sarapó
de jaçanã
de bacaba
de tapiaca
de marreca
de surubim
de mussum
de baguinho
de piaba frita
de tarira seca
de leite de bufa
de farinha dágua
de angu com isca
de bucho de sarro
de bolo de tapioca
de café com farinha de galinha ao molho pardo
de mandi no leite de coco
e
bebedor do Turi
do Mearim
do Pindaré
do Pericumã!