Por Mauro Rêgo*
Eu venho de muitas datas
Nasci dos canaviais
Do ouro dos cafezais
Tirei o meu refrigério
Tenho o perfume do campo
Onde há beleza e mistério
Nasci em noite estrelada
Tive a fronte ornamentada
Pela coroa do Império.
Minhas águas são moradas
De entes da natureza
Dos campos eu sou princesa.
Sou um recanto de fadas
Foi delas meu nascimento
um berço de mururu
Pois nasci do encantamento
Das águas do Sipau.
Minhas flores são do campo
Minha luz é o pirilampo
O meu fruto é o anajá
Guardo todas as riquezas
Nas correntes indefesas
Das águas do Troitá.
Tenho ilhas isoladas
Onde ninguém mora lá
Pois elas guardam as estradas
De Rita do Paricá*.
Tenho recônditos santos
Frutos raros, e são tantos,
Como a guapéua e o ameju
Pois eu nasci dos encantos
Das águas do Sipau
Pelos campos, isolados,
Tenho morros encantados
– Pacoval e Graxixá –
Velando os sagrados entes
Que moram sob as correntes
Das águas do Troitá
E o meu solo sacrossanto
Retirado de um recanto
Da Vila do Mearim,
Também de Itapecuru
E de Rosário por fim,
Viu meu povo se formando
E nos campos navegando
Nas águas do Sipaú.
Sou de mito e de magia!
Que meu canto centenário.
Honre a Virgem do Rosário
E aos céus numa prece suba!
Encha o mundo de alegria,
Pois nasci Santa Maria
Dos campos de Anajatuba.
* Mauro Bastos Pereira Rêgo nasceu em Anajatuba (MA), no dia 15 de fevereiro de 1937. Filho de Anastácio Pereira Rêgo e Maria Bastos Rego. Seus primeiros estudos foram em Anajatuba, depois ingressou no curso de Técnico em Edificações, concluído em 1957, na Escola Técnica Federal do Maranhão. Mauro Rego é Licenciado em Pedagogia pela Universidade Federal do Maranhão, com habilitação em Magistério Normal e Supervisão Escolar e também é Licenciado em Letras pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e pós-graduado como Especialista em Língua Portuguesa pela Universidade Salgado de Oliveira.