Por Zé Carlos
Há muito tempo, e muitas vezes, venho narrando sobre os costumes da Baixada. E, como é assunto “pra mais de metro”, sigo em minha deliciosa lida.
E, dessa forma, me embrenho em lembranças, que resgatam, mesmo que um pouquinho, as superstições, que embala(ra)m as crendices, de quem quer(ia) acreditar.
Além da “chinela imborcada”, a que já me referi várias vezes, presenciei a gana de adivinhar o futuro, associada a um misto de curiosidade e temor, que as mãos suadas e trêmulas bem atestavam. E, aí, se “punha a mesa”, para se jogar o jogo com uma tesoura ou com um copo. E, na ineficiência deste, se corria às cartas, que, sisudas, iam revelando o que se queria ouvir.
E, “nessa toada”, para não se perder de vista o período junino, hoje, “duplo”, quem mais sofre é Santo Antônio. Afogado no desespero da solterice ou dependurado de cabeça para baixo, vai tecendo casamentos, que, geralmente, se enredam em meras promessas.
E, para não ficar só em meras promessas, o perigo, palpável e temido, rondava “o sucesso alheio” e, principalmente, as plantas. Afinal, quem já não tremeu ante um “ôio di secá pimentêra?!” E esse temor podia ir além. Conheci uma senhorinha, simpática e afável, mas que “mi mitia muitho mêdo”. O pessoal “diziam” que ela deixava uma cobra hirta, “durinha da silva”, só pelo olhar. Misericórdia! Até esconjuro, com o poder de meu santinho Santo Inácio de Loiola!
E, para fechar, com o maior respeito, eu respeitava muito um velho e sábio amigo, que, a partir das 6 horas da tarde, não deixava que se pegassem frutas em seu quintal. Curioso, “qui só”, e, até certo ponto, ingênuo, fui inquiri-lo. A resposta veio certeira, e certa. “Ais pranta tãu durmino!!!” Que fantástico!
Bendita superstição!
