SALVEMOS A NOSSA LÍNGUA!

Por José Carlos Gonçalves

(Qui linguági é éssa, mermão?!)

Desde que a Linguística, uma ciência espetacular, “invadiu” a universidade, o que deveria ser um efetivo instrumento de enriquecimento da nossa Língua, decretou-se o desaparecimento da Gramática. O que é uma lástima! O povo, que não domina a sua Gramática, tende a se enveredar por caminhos tenebrosos. Sem conexão, sem concordância, sem argumentação. E “outras coisitas mais”. E, olha que não sou um pai de santo, muito menos um purista!
 A verdade é que o ato comunicativo empobreceu de tal forma que a Língua vem-se desfigurando em uma assustadora velocidade. E ninguém que venha com o chocho argumento de que o que importa é se comunicar.

A verdade é que o desastre está posto. E pode ser notado em todas as nossas manifestações. Do incentivo às crianças, que se perdem em uma língua pobre, chula, sem consistência, a esdrúxulas e erradas construções dos telejornais, que não prezam mais nem pelos caracteres a esclarecer o telespectador. Dos livros, sem revisão, eivados de erros gramaticais, aos diálogos de todo instante. Das letras das “músicas modernas” a centenas de influencers, que não estão influenciando. Tem-se quase “um novidioma”.

Se se decreta o fim da Gramática, está junto o fim de bons profissionais. Principalmente, redatores e comunicadores. O pior é que isso já se sente fortemente. E posso bem afirmar, afinal, tenho recebido monografias e TCCs, para correção, que beiram à infantilidade. Haja vista se constituírem de pseudo pesquisas, fundamentadas em “copiar e colar”; trazerem paupérrima, ou nenhuma, argumentação e quase nenhuma observância gramatical. Sem surpresa, não há leitura. Só resta, de verdade, um emaranhado de informações desencontradas, que nada diz. O que será de um profissional desse, que não se empenha no último e vital trabalho de sua formação?! Como será o desempenho em uma entrevista ou na execução de um laudo?! Certamente não terá a perspicácia de um aluno, que tive, em uma grande escola da capital. “Enrolado” em uma prova final, criou, e com criativa criatividade, um fenômeno gramatical, gigantesco, ao fazer uma análise morfossintática. Literalmente. “Profe, esta palavra nada mais é do que um tal de ‘substantivo apronominado’, que, também, é o sujeito”. Misericórdia! Atribui uma bela nota ao nascente “geniozinho”. Mereceu!

E, só para se ter uma ideia de como a “bagunça” é geral, nos últimos dias ganhou repercussão “o ato heroico” de algum técnico do MEC, que “suprimiu” a Língua Portuguesa do tão propalado “Concurso Nacional”. Mas, “de novo”, não há surpresa alguma! Há muito, a Língua já não está nos concursos. O predomínio é de “uma interpretação de texto”, que ninguém desvenda. Acho, até, que nem “os capacitadíssimos elaboradores”. E, interpretar texto, também, passa, e como, por conhecimento gramatical. E, nessa zorra “babélica”, recorrer a quem?! Eita, que já inventei “côsa!” E mais virá. Já irá começar “o festival de preciosidades”. A campanha política.

A verdade é que “tamo no mato, ‘com’ cachorro”. E, dos grandes! Por isso, esta crônica descambou para um desabafo, guardado há muito, ao receber uma mensagem de um leitor, que me pede a volta do Tio Bobo. E, não é brincadeira, não. Foi, simplesmente, telegráfica. Esta última palavra, por pura ironia minha, só a entenderá quem mandou e recebeu telegramas, em longínquas eras. “Zé mermão vc n devi acaba c/ tio bobo e/ é mais manero fdp qui conheço. É do _aralho e mi faiz ri muito. Trás e/ di volta, tá valeno”.

Quase atribuo essa adjetivação a … Mas, “deixa pra lá”. Dos males o menor, pelo “ao” menos, esse leitor tem bom gosto. Gosta do Tio Bobo!
E, “aproveitando essa vibe, parça”, eu, também, faço um pedido. “Salvemos a nossa Língua!”

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